Pavilhão
Foi com surpresa que fomos confrontados com a noticia da ruptura de contrato entre a empresa construtora a quem foi adjudicada a obra, a Somague, e o Sporting. Os motivos aduzidos pelo clube - aumento injustificado dos custos - parecem-me pertinentes. Falta ainda ouvir o que tem a dizer sobre isto a construtora, uma vez que o próprio clube admitiu no comunicado que havia trabalhos não previstos inicialmente, tais como ar-condicionado, acréscimo de balneários, acessibilidades para pessoas com dificuldades motoras, tabelas electromecânicas de basquetebol e alteração aos campos de futebol.
O diferendo esteve, ao que percebi, nos valores propostos pela empresa para a realização daqueles trabalhos, tendo o Sporting, depois de consultada a FICOPE, empresa responsável pela gestão do projecto, não concordado com as condições propostas. A referida empresa entendeu que as verbas pedidas eram exageradas (618.900+IVA), tendo sido decidido entregar a obra à empresa Ferreira Build Power, a segunda classificada no concurso. Esta aceitou a realização das obras consideradas adicionais por cerca de metade do preço (297 mil+IVA).
Algumas considerações:
- Truques de acréscimo de preços por obras não orçamentadas em empreitadas são muito comuns. Aliás, a desorçamentação dos custos totais nos lançamentos de obras são o truque mais utilizado para justificar quer social quer politicamente grande parte das obras que se realizam neste país, porque quase ninguém se dá ao trabalho de saber qual o seu custo final. Não parece que seja este o caso.
- Até que se saiba mais sobre este caso, e se o agora sucedido foi tentativa abusiva de adulterar o que havia sido negociado previamente, a razão está do lado do clube.
- Há no entanto uma implicação directa imediata que é o facto daquele que tinha sido considerado o melhor projecto e com as condições mais favoráveis ter sido substituído pelo que tinha ficado em segundo lugar, por isso aparentemente não tão bom nem tão favorável.
- No custo final da obra não haverá diferença significativa no seu custo final uma vez que a obra adjudicada à Somague tinha o custo de 7,2 milhões inicialmente previstos e que ficaria no final, acrescentando os valores pedidos pela empresa para os trabalhos adicionais, em cerca de 7,8 milhões. Ora a Ferreira Build Power apresentou uma proposta de 7,5 milhões o que, acrescidos dos 297 mil euros pretendidos para execução do campo de futebol de 7, muros de suporte e tabelas de basquetebol, aquele valor é praticamente igualado.
- Fica então a pergunta: vale a pena ficar com o projecto e obra do pavilhão que não tinha sido considerados nem o melhor nem mais favorável por uma diferença de verbas tão pequena, atendendo a que estamos a falar de uma obra de uma geração, ou até talvez mais?
- Qual foi o critério primordial para adjudicação: a qualidade do projecto, o preço ou a conjunção de ambos? Vale a pena lembrar os erros cometidos aquando da construção do estádio e o seu resultado?
- Não menos importante parece ser de salientar que, à altura do lançamento da primeira pedra, não havia contrato assinado nem projecto aprovado, e que a obra continua sem orçamento aprovado para a sua realização. Contudo a data prevista para o inicio das obras é o próximo mês.
Castigo UEFA
Face aos
resultados financeiros de todos conhecidos (43 milhões de passivo em
2012/13) impendia sobre o clube a possibilidade de um castigo da UEFA a
propósito da célebre
lei do fair-play financeiro. Esta lei é necessária, atendendo ao objectivo principal de fazer com que os clubes gastem de acordo com as suas receitas.
Porém
ela contém alguns anacronismos que protegem os clubes mais ricos e que
diferem do modelo associativo, como são a maioria. Um clube com um dono
rico gasta mais do que tem, pelo menos enquanto este injecta capital,
mas a UEFA não parece estar preocupada com o que acontecerá no futuro,
caso um desses donos se canse de brincar aos clubes.
Sem
sentido nenhum é a possibilidade de existirem penalizações pecuniárias
sobre os clubes que a própria UEFA reconhece estarem em dificuldade
financeira. Será esse o caso do Sporting caso falhe num futuro próximo
as condições que foram agora impostas, isto é, que "o Sporting não consiga um resultado positivo no actual exercício de 4,9 milhões de euros, necessário para atingir o
limite de défice de 30 milhões de euros do conjunto das 3 últimas
épocas."
Há
ainda um aspecto nesta matéria que me parece merecer reflexão. Os
resultados acima invocados e a possibilidade de um castigo pela UEFA
ainda hoje condicionam a forma como se pensa ser a melhor estratégia
para o clube que renovações de jogadores importantes como Carrillo trazem novamente à ordem do dia.
Ora
o Sporting para melhorar a sua competitividade tem tido, entre outros, dois problemas
facilmente identificáveis e que, sem a sua resolução, o impedirão de,
realisticamente, almejar mais do que tem conseguido:
- O Sporting tem revelado enorme dificuldade em diversificar as fontes
de financiamento e de obtenção de receitas que o
aproximem mais, mesmo que não da totalidade, das dos seus rivais.
- O modelo até agora seguido de contratar muitos jogadores baratos, oriundos de campeonatos tidos como emergentes, não tem sido muito eficaz em aportar valor ao plantel, sem o qual se torna difícil de competir ao nível dos rivais.
Faça a si próprio a seguinte pergunta autor: olhando para este projecto, tratando-se de um pavilhão com TRÊS MIL lugares e ainda mais campos de jogos, acha que aquilo tudo custaria só "7,2 milhões" ou 7,5 milhões de euros? Eu não.
ResponderEliminarO esturro começa logo aí, e se a Somague apresentou os valores que o Sporting queria para ganhar a obra e depois começou a subi-los, qual é a admiração? Qual é a construtora que faz uma obra para dar prejuízo? E daqui a uns tempos será a Ferreira e fazer o mesmo, e como é um empreiteiro do Porto, depois virá a criançada com outra teoria da conspiração por ser uma construtora do Porto, logo quer "entalar" o Sporting.
Você devia era perguntar se este processo tem algum cabimento. Nunca vi tanta "moda nova" junta, mas deve ser devido à "experiência" do Bruno de Carvalho enquanto "empresário da construção civil". Mas a culpa é do Godinho Lopes, avanço já para poupar trabalho. E por último, acredito no novo pavilhão quando o vir acabado.
Mais uma frente de batalha aberta, nesta espécie de guerra global que o SCP promove... O que vale é que os nossos recursos são ilimitados!...
ResponderEliminarhttp://www.somague.pt/site/shownews.asp?lg=pt&idn=885
É uma vergonha. Até com o pavilhão o trafulha do Bruno de Carvalho mete água.
EliminarPor falar em água, como está o caso dos barcos que o Godinho alugou à Expo?
Eliminar"Por falar em água, como está o caso dos barcos que o Godinho alugou à Expo?"
EliminarAí estão eles a falar no Godinho Lopes. É tão certo com'a morte! HAHAHA
Mais uma batalha jurídica em vista.
ResponderEliminarLdA,
ResponderEliminarA questão a por é: Que acontece ao clube se TAS der razão à Doyen e Somague vencer processo que indica ir colocar?
Sobre o Pavilhão parece-me um caso típico do "oportunismo" das grandes empreiteiras da nossa praça que, à imagem do que fizeram no país em que em obras publicas derraparam mais do que o inicialmente era previsto. Não obstante da parca informação existente do ponto de vista técnico vai ser um diferendo que a Somague terá com o SCP igual a outras tantas que já teve na sua história por situações análogas...é só fumaça por agora.
ResponderEliminarSobre o castigo da UEFA, fica então factual (tantas vezes apregoados por muitos dos que aqui comentam) o estado que estava a "bandalheira financeira" e de como ficou o Sporting Clube de Portugal antes desta direcção ter tomado posse. Fora esta questão,que para os pró-BdC é a razão de todos os males e para os anti-BdC são as "desculpas do costume", lá vamos nós contar tostões para ver se conseguimos ter um lucro de 4,9M€...o costume portanto.
Depois queremos negociar Carillo's e contratar "trutas"...não há dinheiro...não há palhaços
Noddy
Caro LdA,
ResponderEliminarParece-me que há aqui alguma confusão quanto aos argumentos apresentados pelo Sporting para a ruptura com a Somague.
Digo isto baseado no seu post e no comunicado (e anexos) do clube, que são as minhas únicas fontes de informação.
O LdA afirma: “o próprio clube admitiu no comunicado que havia trabalhos não previstos inicialmente, tais como ar-condicionado, acréscimo de balneários, acessibilidades para pessoas com dificuldades motoras, tabelas lectromecânicas de basquetebol e alteração aos campos de futebol”
Contudo no comunicado é referido que o ar-condicionado, as acessibilidades para pessoas com dificuldades motoras e outros trabalhos são parte integrante do projecto (e valor) adjudicado, não entendendo o clube que haja lugar a custos adicionais para a sua realização. A Somague pretendia trabalhos a mais de 287.000€.
O acréscimo de balneários exteriores, alteração dos campos de futebol e tabelas electromecânicas são reconhecidamente trabalhos adicionais, tendo o clube pedido orçamento para tal. A Somague apenas apresentou cotação para as tabelas, de 331.900€, faltando a cotação para o restante (ao contrário do que menciona o LdA).
Ao retomar as negociações com a Ferreira BP, esta admitiu e aceitou incluídos os trabalhos que a Somague considerava não incluídos, aceitando o valor de adjudicação pelo qual a Somague ganhou o concurso (penso que a proposta final da Ferreira BP seria da ordem dos 7.500.000€). Além disso, cotou as tabelas electromecânicas e as alterações nos campos de futebol em 296.962€, valor abaixo do cotado pela Somague por apenas parte do fornecimento.
Fazendo contas, a Somague pretendia os 7.200.000€, a que acresciam 287.000€ por trabalhos que o Sporting considerava incluídos, a que acresciam 331.900€ pelas tabelas, a que iria ainda acrescer um montante pelas alterações dos campos de futebol. Portanto: 7.828.900€ mais alguma coisa, pelos trabalhos não cotados.
A Ferreira BP realizará os trabalhos pelo valor firme de 7.496.692€ (abaixo do valor da sua proposta a concurso, englobando ainda os trabalhos a mais das ditas tabelas e da alteração dos campos exteriores.
Importante nisto tudo é que pelos vistos a Somague queria abandonar o modelo de “chave na mão” que sempre foi considerado neste projecto.
Portanto, há uma diferença significativa (superior a 300.000€ com possibilidade de aumentar, um valor com a mesma ordem de grandeza da diferença entre o vencedor original do concurso e a segunda proposta), a que deve acrescer a alteração da modalidade “chave-na-mão” do projecto, que, na minha opinião, seria razão suficiente para a anulação da adjudicação, mesmo sem as divergências técnico-económicas entretanto surgidas.
Quanto aos méritos de qualidade de projecto e de execução da obra, não tenho dados que possam diferenciar os dois concorrentes. Acredito que o critério primordial para a decisão de adjudicação foi o preço, postas em igualdade técnica as propostas, no cumprimento dos objectivos enunciados no caderno de encargos.
Peço desculpa de comentar como anónimo, mas apesar de leitor assíduo de alguns blogs, não costumo comentar.
LMAC
Caro LMAC,
EliminarConfesso que a leitura do comunicado me deixou dúvidas, sobretudo em relação ao acordo final com a Ferreira BP. Admitindo que a sua interpretação está correcta e a minha não, incluindo a que faz aos méritos de qualidade e execução da obra, bem como dos critérios seguidos, a diferença é considerável, sem dúvida. Contudo a rescisão do contrato só terá valido a pena caso seja reconhecida razão ao Sporting, caso contrário aos valores que tiverem que ser pagos a quem construir terão que ser acrescidos os que forem pagos em indemnização à Somague. Esperemos pois que a razão nos assista.
Mais claro que o comunicado é o anexo, com as comunicações da empreesa coordenadora do projecto. Sinceramente não fiquei com grandes dúvidas, quer quanto aos valores, quer em relação aos argumentos invocados.
EliminarSe esses argumentos são válidos, é outra história, que será esclarecida, em última análise, em tribunal.
Não sou jurista, mas acho que não podemos falar em 'rescisão de contrato', pois o mesmo não tinha ainda sido assinado. Aliás, foi na preparação da assinatura que este caso foi desencadeado. O que não quer dizer que a Somague não se sinta prejudicada nos seus direitos e não tenha legitimidade de recorrer para tribunal.
LMAC
Muito bem explicado caro sportinguista LMAC. Foste um verdadeiro defensor do nosso clube!
EliminarPorque é que o meu comentário foi censurado? Também aqui?? Só fazia algumas questões sobre o rocambolesco processo do pavilhão e se tal tinha a ver com a "experiência" de Bruno de Carvalho na construção civil. Pelo que se tem visto bate certo, mas pelos vistos é inconveniente abordar o assunto.
ResponderEliminarPosso garantir que não foi censurado nenhum comentário. A ter existido algum problema nada teve a ver com o blogue pelo que convido-o a repetir o comentário.
EliminarPosso garantir que não foi censurado nenhum comentário. A ter existido algum problema nada teve a ver com o blogue pelo que convido-o a repetir o comentário.
EliminarMuito bem. Nem me vou alongar. Pense só um bocadinho. Numa altura em que há tanta falta de obras no país, porque é que das grandes construtoras apenas a Somague se interessou pelo pavilhão Sporting, e de qualquer modo já pôs o Sporting em tribunal? Como é que uma obra que inclui um pavilhão com três mil lugares custaria menos de 8 milhões de euros? Não acredito em tal valor, nem por sombras. E se a Somague entrou na fantasia do Bruno de Carvalho para sócio ver, passando para a execução da obra fia mais fino e aí nenhuma construtora quer ficar a perder dinheiro.
EliminarBasicamente, parece haver claramente uma suborçamentação e dado que o financiamento é tudo menos claro, concluo que acredito no pavilhão quando o vir acabado. Ah e a carreira de Bruno de Carvalho como "empresário da construção civil" já faz parte do anedotário e se calhar explica este processo amadorístico, para não dizer embuste, em torno do pavilhão João Rocha.
A Ferreira Build Power do Gaspar Ferreira no Google.
ResponderEliminarFuncionária de Valentim Loureiro denuncia favores. Na Câmara de Gondomar, existem "ordens superiores" para privilegiar no tratamento o empreiteiro Gaspar Ferreira. A denúncia é de uma funcionária da tesouraria do Urbanismo que diz ter sido obrigada a falsificar um documento para beneficiar aquele empresário.
O construtor civil, estabelecido no Marco de Canaveses mas com obras em autarquias de várias zonas do país, é conhecido por estar ligado à edificação de empreendimentos de habitação social e, também, por ter construído a sede da Liga de Clubes de futebol, no Porto. Em Gondomar, foi também o responsável pela construção de milhares de apartamentos que vieram a ser adquiridos pela Câmara.
Gaspar Ferreira começou ontem a ser julgado no Tribunal de Gondomar, sob acusação de falsificação de documento, a par de uma funcionária da tesouraria da Câmara, Rosa Maria Marques.
Em causa está uma presumível adulteração de documentos relacionados com a data do pagamento de 53 mil euros por taxa de licença de construção. Tudo tem a ver com a publicação, a 18 de Julho de 2003, de um decreto-lei que determinou a possibilidade de as autarquias locais adquirirem por ajuste directo - sem concurso público e sem fiscalização do Tribunal de Contas - apartamentos de habitação social se os respectivos projectos tivessem dado entrada até àquela data.
No caso concreto, o projecto da empresa de Gaspar Ferreira deu entrada na Câmara a 18 de Julho de 2003, foi aprovado por Valentim no mesmo dia e teve imediata emissão de licença de construção.
Valentim Loureiro explicou ontem ter sido aquele o dia em que o projecto lhe “foi apresentado” pelo director da secção de obras particulares, Manuel Carneiro. Mas, a par do próprio Gaspar Ferreira, alertou a juíza que o projecto estava “a ser trabalhado desde há dois anos”.
Além disso, o major disse que, em 2001, a própria autarquia, mediante proposta de Jorge Costa, então vereador e mais tarde secretário de Estado das Obras Públicas do Governo PSD, Gaspar Ferreira iria ficar isento de taxas.
“Tudo o que viesse da Efimóveis era sempre a correr. Tinha sempre preferência. Foi a secretária do presidente, Ana Paula Tavares, que transmitiu as ordens”, confessou Rosa Maria Marques.
Em 1º lugar gostava de dar os parabéns ao blogue pelo novo visual e melhoria na funcionalidade.
ResponderEliminarRelativamente ao tema não há muito a dizer a não ser que se vai entrar em mais uma guerra sem se saber as consequências. Como se diz no post talvez se devesse avaliar melhor as diferenças e as consequências antes de se rasgar contratos. Mas entretanto já vem ai mais uma guerra, agora com o Zahavi. Vai-se empurrando com a barriga deve ser por isso que o BdC a tem deixado crescer de forma tão visivel. Só pode.
Vejam a "doutrinação" deste fulano Alex Nogueira um dos "chefes de claque" no fórum da carneirada (basicamente aquilo já tem pouco movimento, porque quem pensa um bocadinho por si, leva logo na "cabeça" e é mandado calar, por isso são sempre os mesmos utilizadores). Vejam o "testamento" deste tipo (um de muitos...), o trabalho a que estes profissionais se dão para arregimentar os pobres dos adeptos.
ResponderEliminarO próximo alvo, a próxima desculpa é o "o grupinho lampião da Câmara de Lisboa". Isto vai durar, e durar, e durar, e durar, mas obra, nem vê-la...
http://www.forumscp.com/index.php?topic=6842.4340
Aconselho a leitura deste documento, que consiste no parecer elaborado pela FICOPE que levou o Sporting a romper com a Somague.
ResponderEliminarSe, por algum motivo que não me ocorre agora, não tivéssemos razão neste processo, a responsabilizada em última instância seria sempre a FICOPE, nunca o Sporting.
Um abraço caloroso ao Anónimo que passados mais de 2 anos ainda não se conseguiu refazer.
http://www.sporting.pt/incscp/pdf/cartas_FICOPE_30042015_e_07052015.pdf
Daqui as uns tempos ficas de molho... As melhoras.
EliminarHá uma coisa que não entendo.
ResponderEliminarEntão mas aquando da venda de Rojo, não foi dito que parte do dinheiro da transferência iria servir para pagar o pavilhão?
Ou seja, já havia verba e estava destinada a este fim. Que lhe aconteceu??