São vários os jornais que desde sexta-feira publicaram artigos sobre a transferência de André Carrillo para o SLB. A versão do Sporting pode ser conhecida
neste link, onde Bruno de Carvalho conta a sua versão dos acontecimentos. Este sábado o Expresso publicou um artigo, com o mesmo titulo do post, onde contam a versão que resulta da audição de todas as partes (segundo os próprios). É esse artigo que partilhamos com os leitores do blogue.
"A dada altura neste artigo, o leitor sentir-se-á baralhado porque achará a informação confusa e difusa, mas é o que acontece quando há mais do que três partes envolvidas e no meio delas um negócio de milhões que se fez... e outros que deixaram de se poder fazer. O Expresso ouviu todos os lados na transferência de André Carrillo para o Benfica e esta é a história que deles se extrai.
Houve um tempo em que Elio Casareto, agente de Carrillo, e Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, se deram bem. Aconteceu logo no início do mandato de Bruno de Carvalho: Casareto pediu ao diretor desportivo Augusto Inácio uma reunião com o presidente para que os três encontrassem uma solução para o jogador. Porquê? Porque o passe de Carrillo estava dividido entre Pini Zahavi, o agente israelita, o Alianza Lima, clube ao qual o futebolista fora comprado, e o Sporting. Casareto disse a Inácio que aquilo tinha tudo para correr mal dali a três anos, quando chegasse o momento de renovar contrato.
No dia em que Casareto se encontrou com Bruno de Carvalho, num jogo contra o Penafiel, ambos concordaram que o assunto tinha de ser resolvido, que o Sporting iria recomprar parte do passe de Carrillo. Só que o Carrillo de então, inconsequente e pouco disponível para defender, não era o Carrillo de Marco Silva e Jorge Jesus. E, por isso, o Sporting até chegou a pô-lo numa lista para emprestar ou vender, deixando correr o marfim a seu favor. Quando Casareto pediu ao Sporting que revisse o salário do jogador por causa do aumento da carga fiscal, o clube disse não.
Em vez disso, apresentou uma proposta de três anos pelo mesmo ordenado, €300 mil anuais líquidos, que Carrillo não aceitou. Passaram-se meses sem que o agente, o futebolista e a direção do clube voltassem a falar, e quando o fizeram, em abril de 2015, o Sporting propôs €1 milhão brutos; o empresário contrapôs, dizendo que tinha quem pagasse €1,5 milhões líquidos. E depois veio a Taça de Portugal, que o Sporting ganhou, e depois a Supertaça, que o Sporting também ganhou. Carrillo foi importante nos dois jogos, e chegaram propostas a Casareto. O peruano começava a ficar bem cotado, e Bruno de Carvalho convocou uma reunião com Casareto para acordarem a renovação.
Neste ponto, as versões divergem: uma delas garante que o Sporting apresentou um ordenado de €1,3 milhões líquidos, 80% através de uma offshore em Malta e os restantes 20% (5% dos direitos de imagem e 15% do contrato de trabalho) a serem pagos em Portugal; a outra diz que a ideia partiu do próprio Casareto. “Foi dada a Carrillo uma folha em branco para lá pôr o salário que queria”, assegura fonte de Alvalade.
As negociações ficaram congeladas, o Sporting foi eliminado da Champions pelo CSKA, o fecho do mercado estava ao virar da esquina, e lá fora sabia-se o que se passava em Portugal. Um emblema francês acenou com €10 milhões a Casareto, e Bruno de Carvalho ter-lhe-á respondido que não, que não era suficiente; e foi então que o agente sul-americano informou o Sporting de que o Leicester pagaria €12 milhões. Um bom preço, faltava perceber como se faria o pagamento, porque o passe de Carrillo era detido em grande parte por Pini Zahavi. E Zahavi não queria ficar a arder.
Quem é de quem?
O Expresso teve acesso a documentos relativos às negociações entre o Sporting e o Leicester, que decorreram entre os últimos dias de agosto e os dois primeiros de setembro. As condições pedidas pelos leões implicavam um pagamento de €15 milhões, 25% de uma futura transferência e uma cláusula antirrivais (Benfica, FC Porto e Braga). O Leicester respondeu com €12 milhões, 17,5% de uma futura transferência e a impossibilidade de ter uma cláusula antirrivais ao abrigo das leis britânicas. No meio desta troca de informações entre Sporting e Leicester, o clube inglês pergunta ao congénere português quem é a Leiston (empresa de Pini Zahavi). “É uma entidade com quem tivemos negócios no passado mas que presentemente não tem direito a qualquer percentagem dos direitos económicos do jogador”, lê-se no texto da resposta. Mas Zahavi tinha direito a 45%, e o próprio Sporting reconhecera isso mesmo, 15 dias antes, num e-mail enviado à Leiston: “A Sporting SAD está disponível para aceitar a cláusula de 45% dos direitos económicos.”~
Falhado o voo para Inglaterra, André Carrillo ficou em terra. E desterrado. Jorge Jesus ainda tentou fazer-lhe a cabeça durante um almoço, disse-lhe que devia ficar, que faria dele um futebolista melhor, mas o processo causara mal-estar de parte a parte. Em outubro, o Sporting instaura um processo disciplinar a Carrillo e envia-lhe uma nota de culpa de 200 páginas. Para o Sporting, era clarinho como água que o agente e o futebolista estavam a agir de má-fé com o clube de Alvalade; o próprio Jesus revelou a Bruno de Carvalho que, ainda no Benfica, Luís Filipe Vieira lhe confidenciara que o peruano iria parar à Luz a custo zero. O Expresso sabe que Carrillo já teria sido contactado pelo Benfica no tempo de Godinho Lopes e que, em outubro, Paulo Gonçalves e Vieira terão abordado o futebolista para perceber as suas condições.
Mas, até ver a Luz, houve acordos que morreram na praia, jatos privados, fundos de investimento, agentes, clubes turcos, italianos e espanhóis — e os três grandes de cá.
Houve um momento em que André Carrillo e Marat Izmailov coincidiram no Sporting. Formavam um par estranho — um miúdo peruano extrovertido e um russo tímido e envelhecido pelas lesões —, mas ficaram amigos para a vida. E no dia em que Carrillo viu a vida andar para trás, lembrou-se de Izmailov e do agente dele, Paulo Barbosa, o português que falava russo como os russos. Carrillo chegou a uma encruzilhada, sem saber para que lado se virar, e virou-se para Barbosa. Foi ao apartamento do empresário, na Estrela, e ambos falaram sobre o futuro, num momento de fragilidade em que o peruano sentiu que Casareto não lhe contava tudo. Casareto já conhecia Barbosa através de um intermediário que trabalhava com o português, portanto não estranhou quando este lhe trouxe novidades da Turquia. Do Fenerbahçe. A solução falhou, mas Barbosa não perdeu Carrillo de vista, nem mesmo quando o extremo se viu metido num negócio em Valência, com dedo de Zahavi e Jorge Mendes, ou com a Juventus, via Doyen, com direito a lugar num jato privado em Roma.
Mas, por uma razão ou por outra, nenhuma das opções agradou a toda a gente, até que o Atlético de Madrid bateu à porta. Carrillo, que deixou Lisboa e se refugiou em Madrid durante 27 dias, efetuou exames médicos, mas a suspensão da FIFA (a impedir contratações durante um ano) ainda não fora levantada e o plantel já tinha extracomunitários a mais. Carrillo nunca chegou a assinar e saiu de Madrid, sozinho, para se encontrar com Vieira em Lisboa. Na quarta-feira, 27 de janeiro, foram ambos fotografados à saída do prédio onde fica o escritório de Paulo Barbosa, e levantou-se a lebre que pôs o FC Porto no encalço. Na quinta-feira, as negociações intensificaram-se, e na madrugada de 29 de janeiro, Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente, ligou à entourage de Carrillo. Eram três da manhã, mas já era tarde. Na manhã de sexta-feira, Pinto da Costa pôs tudo a nu: “Disseram-me que o Carrillo já assinou com o Benfica.” Não tinha assinado. Mas estava quase.
As usual. E a pergunta para quem gosta só de futebol e nem quer ouvir falar em dinheiro é: - como é os jogadores ainda conseguem jogar com esta trampa toda a acontecer ao mesmo tempo?
ResponderEliminarO Carrillo foi importante no jogo da Taça de Portugal? Tá bem.
ResponderEliminarSai mais um post no FB do Bruno não tarda nada...
ResponderEliminarÉ assim que ele "resolve" as situações do SCP.
Se o Carrillo ou os representantes do Carrillo tivessem contas no facebook e trocassem «likes» com o Bruno o assunto já estava tratadinho há 2 anos. Eles antes falavam muito no orkut mas depois perderam contacto quando os pais do Bruno cortaram a net lá de casa. Foi triste, o Bruno perdeu-se completamente. Ainda ameaçou os pais com um processo em tribunal mas quando viu o pai levantar a mão baixou logo a tola e foi dormir. Nessa noite jurou, «um dia vou ter a minha net e ai de quem me impeça de postar. Vão ver como elas mordem».
EliminarO Carrilho saiu ao intervalo na taça, creio.
ResponderEliminarEstava a fazer um jogo miserável, típico dele em jogos importantes.
Este artigo só vem provar que BdC falou verdade (pelo menos meia): foi o empresário quem travou o processo de renovação e tentou ganhar tempo. E conseguiu.
Miguel
O ponto fulcral de todo o processo foi uma carta enviada à Leiston em que Bruno de Carvalho tentou fazer ao Zahavi, o que tinha feito à Doyen. E depois teve que meter o ratinho entre as pernas e aceitar que afinal a Leiston tinha 45% do passe.
ResponderEliminarSó que o Zahavi não é o Mendes. O Zahavi vem de uma zona do mundo onde não se perdoam traições.
A ser verdade a "culpa" foi não se ter tomado uma medida drástica em abril de 2015, é já nessa altura o jogador pedia um valor exorbitante para a nossa realidade.
ResponderEliminarPor acaso o carrillo foi importante, saiu ao 54 min para entrar o mane que fez uma exibição de sonho a lateral direito.
ResponderEliminarRealmente ao que se chega para achincalhar o Sporting...
Não faço ideia o que aconteceu neste processo e suspeito que há culpas de parte a parte, ou seja, Bruno de Carvalho também tem responsabilidades na fuga do jogador.
ResponderEliminarAgora, do que tenho a certeza, é que Carrillo não foi importante na final da Taça de Portugal, pelo contrário, fez uma exibição miserável.
E isso diz tudo sobre a leviandade de quem escreveu o artigo, logo, fere de morte a versão do Expresso.
Rica prenda que o Jasus deu ao Bruno. Se fosse eu mandava-o ir receber o próximo ordenado ao Vieira. E ou muito me engano ou o Orelhas era capaz de pagar com vontade. Se calhar nem nunca lhe deveu tanto.
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