Histórias do Dérby: o Gényo, o Capitão e o Ogre
O Gényo
Quem acreditaria que era possível transformar um irregular extremo-esquerdo no ala direito que se afirmaria como titular primeiro, para decidir um dérby e logo com um bis? Quem imaginaria que o mesmo Catamo que, depois do golo madrugador, falharia cruzamentos e assistências, seria o autor do momento sublime que faria explodir Alvalade de alegria e um pouco por todo o lado onde moram os corações dos Sportinguistas? Talvez só mesmo Amorim e o próprio Catamo.
Ninguém no estádio, ou por esse mundo fora onde a alma Sportinguista pulsava de ansiedade, acreditaria já que aquele pé direito, que parecia servir para pouco mais do que para subir do balneário para o relvado, seria capaz de superar o que o esquerdo já havia conseguido no dealbar do derby. Ninguém, não. O Geny sim! Percebendo a singularidade e importância do momento não pensou sequer que aquele não era o seu outro pé. Aquele era o pé de TODOS NÓS, o pé do desejo para se cumprir e materializar em golo. Um momento Genyal!
O Capitão
Enquanto todos gritávamos extasiados, um gigante discreto corria para a bola a saltar dentro da baliza. O mesmo gigante que na volta final, em que um Alvalade uníssono cantava o “Mundo Sabe Que…” deitaria as mãos à cabeça. Que filme lhe estaria a passar diante dos olhos não sabemos. Mas sabemos que é um dos protagonistas imprescindível dos relatos de dor e sucesso da nossa história recente. Chegou na época 15/16, a dos padres e vouchers e da canelada do Ruiz na sorte, ficou quando podia sair e até lucrar com isso, para ser o primeiro a receber nas mãos o regresso aos títulos. No derby foi tão discreto como importante: no futuro falar-se-á do bis de Catamo e poucos se lembrarão do hat trick de golos que a sua experiência e concentração evitou. Um capitão é isto: o exemplo, a luz. Coates é um Leão, há muito que deixou de ser “um estrangeiro”, é um de nós e assim permanecerá na nossa memória.
O Ogre
O derby poderia ter outro desfecho, tão igual como o teve o jogo da “mão de Rony” e tantos outros que, por erros nossos e alheios, ensombraram futuros por cumprir e nos desviaram do percurso de vitória. Bastaria por certo que a estirada de Israel não tivesse encontrado com a ponta dos dedos o remate do Di Maria para podermos estar a falar de resultado e de um campeonato diferente. Esse mesmo Di Maria, que desde os trinta minutos de jogo já devia estar debaixo de uma chuveirada de água gelada.
A arrogância de Soares Dias só tem paralelo na falta de respeito que exibe à custa daqueles que lhe põem as chorudas verbas que aufere na conta: nós os adeptos, mas em primeiro lugar aqueles que correm e se esfalfam: os jogadores. A cara pétrea e enfatuada com que cumprimentou os jogadores no momento protocolar que antecedeu o jogo devolve a imagem de um ser presunçoso de ser “o melhor”, mas que é a negação do que deve ser um juiz: falta-lhe a coerência a julgar, independentemente da cor das camisolas, e por isso logo o gosto pela justiça e pela verdade. Falta-lhe a inteligência de saber que não lhe é possível hoje tentar enganar e passar despercebido, mesmo que tenha padrinhos influentes que fecham os olhos aos seus actos e às respectivas consequências.
Não há razão entendível que suporte o que Soares Dias fez em Alvalade. Quando se olha ao espelho deve ver-se como o príncipe da arbitragem mas aquele não lhe deveria devolver outra imagem que não a de um ogre, que se alimenta da sua soberba e vaidade.
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