Não sei se corresponde ou não a uma intenção declarada ou apenas a mais uma especulação do momento, mas o que hoje vem relatado no DN faz todo o sentido: parece ser intenção de Couceiro constituir um Conselho Directivo reduzido e remunerado, logo uma direcção profissionalizada. Não só faz sentido como já vem tarde.
Se os números que vou citar de cabeça estiverem certos, o Sporting tem um orçamento anual a rondar os 60 milhões (Sporting Clube 18 milhões + SAD 40 milhões ). Mesmo que o orçamento da SAD venha a encolher dramaticamente, adequando-se à realidade, os números em causa continuam a ser elevados.
Se a gestão da SAD já é profissionalizada e remunerada há algum tempo, ainda o orçamento era metade do actual, porque não é ainda o do clube, que movimenta quantias semelhantes?
Que empresas que movimentam valores semelhantes são geridas em part-time, depois de uma dia de trabalho, muitas vezes exigente, como o são praticamente todos?
Poder-se-á dizer que o Sporting já remunera profissionais, figuras equiparadas a directores gerais, para esses efeitos. Mas quem assume as responsabilidades "politicas" da gestão são os eleitos. Sendo eles que dão a cara, não devem ser eles a assumir responsabilidades directas na gestão?
A remuneração dos cargos de direcção é sempre motivo de alguma controvérsia. Como em quase tudo na vida há a cara e a coroa. As más razões são frequentemente apontadas e sobejamente conhecidas e obviamente não devem ser negligenciadas. As boas são poucas vezes defendidas, pesem os méritos que possam encerrar, podendo representar vantagens para o clube e uma alteração positiva considerável nos resultados obtidos.
A profissionalização da gestão abre o leque de recrutamento dos seus dirigentes. O Sporting não pode exigir simultaneamente bons resultados sem dedicação exclusiva, obrigando os seus dirigentes a abdicarem das carreiras profissionais e familiares, ou permitindo apenas o acesso aos que estão "bem de vida", mas não necessariamente os mais competentes ou mais motivados. Ainda assim, e tendo em conta o limite temporal dos mandatos, tais cargos representarão sempre o assumir de riscos consideráveis na gestão da vida particular dos interessados.
NOTA IMPORTANTE: tendo em conta que estamos a atravessar um período eleitoral, factor que contribui para limitar a objectividade e razão, agradece-se que se comente este post sem o transformar num pretenso apoio à candidatura de Couceiro apenas porque ele aparece referenciado.
Também brevemente, parece-me uma decisao complicada, para nao dizer impossível de avaliar por si só. Haveria que juntar-lhe uma explicaçao clara e transparente de como seria a relaçao entre o clube e a SAD e também uma descriçao clara (para nao falar de comunicaçao constante, sóbria e rigorosa) das funçoes e do trabalho desenvolvido por cada membro eleito da direcçao. Actualmente, nao é fácil discernir o grau de envolvimento de cada membro da direcçao nos diferentes dossiers e, sendo assim, parece-me que é complicado avaliar se é justo que recebam remuneraçao por essa dedicaçao.
ResponderEliminarPor outro lado, se o clube é accionista maioritário da SAD, a separaçao presidencial entre clube e SAD é discutível (o que nao dispensa a contrataçao de uma figura de direcçao executiva na própria SAD).
Quando o programa e o plano for apresentado, veremos onde aterram exactamente estes pensamentos em voz alta.
saudaçoes leoninas,
tiago
Tiago,
ResponderEliminarTalvez não tenha sido suficientemente explicito mas a remuneração teria que prever a dedicação exclusiva, de outro modo manter-se-ia a actual situação.
Isso percebi, o que queria dizer é que esperava para ver como é que se distribuíam funçoes e responsabilidades assim como necessidades de dedicaçao, para saber se achava boa ideia ou nao.
ResponderEliminarsaudaçoes leoninas,
tiago
Concordo perfeitamente com a remuneração dos dirigentes até porque de facto a dedicação em certos casos exige profissionalização. Se queremos os melhores, temos de poder dar-lhes uma retribuição que lhes permita dedicarem-se a tempo inteiro ao Sporting. Excepto obviamente nos casos em que a vida das pessoas está organizada e não precisem disso...
ResponderEliminarAlém disso, a retribuição traz outra vantagem, pelo menos teoricamente: a responsabilização.
Em suma, concordo com o princípio. Mesmo não tendo intenção de todo de votar no candidato Couceiro. Mas isso são contas de outro rosário...
Lembrem-se da profissionalização dos arbitros e arrefecem já os prós de tal medida...
ResponderEliminarConcordo com a remuneração... mas como em quase todos os casos... o procedimento deverá sempre incidir sobre uma base mais ou menos razoável de acordo com a função (mas nunca decisiva) vindo a parte decisiva e substancial do rendimento, agregada ao cumprimento escrupuloso dos OBJECTIVOS... como sejam p.ex. títulos, promoção de jogadores, redução custos, cumprimento de orçamentos, promessas eleitorais, ...whatever
ResponderEliminarÉ impressão minha, ou, pelo menos, desde o tempo de José Eduardo Bettencourt que o presidente da SAD é remunerado (e muito bem ,diga-se)? Não percebo porquê esta intenção de Couceiro merecer menção sequer...
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