Caminha-se a passos largos para o encerramento do prazo de entrega de candidaturas e é cada vez mais evidente que da correria para o cumprimento dos prazos para o preenchimento dos muitos lugares vagos nas listas (Conselho Leonino, Conselho Fiscal, Conselho Directivo) é, mais do que uma corrida contra o tempo, uma corrida contra a coesão e racionalidade. Um processo assim tem pelo menos um mérito, reduz as expectativas, a possibilidade de me defraudar é cada vez mais diminuta.
No Sporting os erros repetem-se - nos chavões e nos métodos - e essa acusação tanto serve para qualificar as administrações passadas como os que se opõem, mimetizando os movimentos dos ratinhos de laboratório, nas suas voltas sem fim. As poucas coisas quem mudam são os dias, os meses e os calendários, subsistindo os mesmos problemas que, por não se darem solução, também mudam, mas de dimensão, tornando-se mais difíceis de resolver ou simplesmente minimizar o seu impacto.
Se a vitalidade de uma instituição se pode avaliar pela forma como responde aos desafios, em similitude como o corpo humano replica às infecções, facilmente se conclui que o Sporting está senão declaradamente doente pelo menos debilitado, asténico. Essa conclusão depreendo-a da forma como se tem respondido às sucessivas crises e que mais uma vez se verifica neste processo eleitoral: de forma fragmentada, parcelar, em que a ideia de agregação soa à mais abjecta heresia. Paradoxalmente foi nessa matriz associativa que se fundou um dos mais titulados modelos associativos que a sociedade portuguesa gerou: o Sporting Clube de Portugal.
Ontem, ao fim de muito tempo a evitá-lo, dei uma vista de olhos pelos famigerados programas "sobre futebol" que infestam os canais de televisão. De futebol não têm nada mas tinha alguma curiosidade de perceber o posicionamento dos nossos paineleiros relativamente ao momento do Sporting e ao acto eleitoral em concreto. Pura perda de tempo.
No canal do jornal "A Bola" José Eduardo dava uma lição do que há de mais vulgar na blogosfera, dissertando sobre o "milagre do Dortmund", com ar grave e sério de quem vai finalmente revelar a formula da pedra filosofal.
No canal de cabo da TVI Barroso revelava algum distanciamento relativamente a Bruno de Carvalho nos últimos 2 anos, (lista onde foi eleito...), para concluir que o seu voto e eventual apoio público a uma lista candidata iria não para o melhor projecto, para uma ideia vaga ou estruturada, mas contra qualquer lista onde se incluam ou alinhem os seus ódios de estimação, "aquela gente".
Na SIC Dias Ferreira tresandava ressabiamento por todo o lado, acusando Ricciardi de tudo e do seu contrário, esquecendo-se que nem todos perderam a memória nem o significado ou importância da palavra "accountability".
Dias Ferreira escolheu a saída mais fácil, dizendo o que é, neste momento, o mais popular e conveniente. Ou o PMAG ao tempo de Betttencourt, por sinal Dias Ferreira, e na sua qualidade de representante de todos sócios, não deveria ter colocado aos senhores do Conselho Fiscal, onde já estava Ricciardi, as perguntas que ontem deixou:
"- Então para que é que serve o Conselho Fiscal?"
"- Para que servem os auditores?"
"- O Conselho Fiscal não tem obrigação de chamar a atenção para os negócios que são feitos?"
"- Vêem os ordenados que são pagos, os negócios, etc, e não alertam para estas situações?”
Mas não só. Dias Ferreira que explique aos sócios onde estaria hoje o Sporting se estivéssemos a pagar o ordenado a Frank Riijkaard, a Futre e se este trouxesse a sua famosa lista de reforços, onde constavam Donadel, Trochovski, Taiwo, Wendt, Brian Ruiz, Stekelemburg, ou Alex Sanchis.
Para estes e muito outros o Sporting é um ponto algures depois da linha que dista do seu nariz ao umbigo. Por isso o "eu isto" e o "eu aquilo" vem sempre antes das propostas, das ideias e das soluções. E estes programas de TV estão para o Sporting como os receptadores da arte antiga para o património nacional: pagam a poucos e a bom preço o uso e o abuso do que de é muitos e que muitas gerações se danaram a erigir.
LdA, é compreensível o teu desencanto.
ResponderEliminarDe facto um clube que sempre se tentou afirmar como "diferente" (e embora isto do "diferente" já tenha sido muito debatido, existiam, e já não sei se existem, boas razões para essa diferenciação) acaba por cair no populismo mais execrável de que há memória.
Toda a gente perdeu a vergonha, e os "puros", com Dias Ferreira neste momento à cabeça, vão-se sucedendo à frente desse enorme, e cada vez maior, batalhão de oportunistas.
Não sei se isto é reflexo da recente condenação de Laporta, como quem diz "sabemos lá se isto não acontecerá aqui também...", originando esta necessidade de demarcação deste passado de gestão ruinosa, mas que fica mal, fica.
Cada vez será mais difícil aos adeptos em geral, e aos sócios em particular, encontrarem um caminho sem enormes pedregulhos colocados por todos os que, livremente, opinam diariamente sobre o Sporting.
Todos são corruptos, todos são aldrabões, todos têm interesses, todos têm rabos de palha, mas simultaneamente todos são inocentes, todos estiveram sempre de boa fé, todos foram enganados...
Não é fácil penetrar neste labirinto e ser-se sábio na escolha daquilo que apenas interessa a qualquer adepto, o sucesso desportivo daquele que escolhemos como maior clube do mundo, o Sporting Clube de Portugal.
Por isso só tenho a dizer:
Puta que vos pariu a todos!
E que a divina providência nos salve!
Bem dito, divã e que divina providência que nos salvar não tenha tiques de croquete/maçon nem de bancários/feudais porque o clube já não aguenta outra investida "deles", os que se acham donos deste grande, cada vez menos, clube.
ResponderEliminarA salvação reside na definitiva ""privatização"" do sporting enquanto marca...
ResponderEliminarEnquanto se mantiver o status quo da """clubitude""" e dos orgãos para isto para aquilo seremos sempre uma feira das vaidades daqueles que se querem servir do clube... e há boa maneira "tuga" há e tal... a culpa é sempre dos que lá estiveram...!!!
É preciso definições exactas do que se quer... ou nos mantemos neste definhamento por via do marasmo institucional e muito pouco profissional ou queremos uma marca vencedora... um desígnio que nos una... e nos encha de orgulho...
Capitalizar 3 milhões de fiéis vulgo consumidores... Mesmo que comecemos do zero... quase que garanto que não faltarão interessados em "nos" ter... o potencial será aliciante...
Eu prefiro abraçar um projecto do 0 (zero mesmo) a que sucedam outros números mais valiosos que continuar nesta sucessão de zeros atrás de zeros em expectativas da tanga... de interesseiros e galãs e que de sportinguistas têm muito pouco...
A melhor maneira de acabar com os que se querem servir do clube, é acabar com o próprio clube. Será isto?
ResponderEliminarSérgio Silva, fizeste o melhor comentário que li no último par de anos sobre o Sporting. Parabéns.
ResponderEliminar