Parece que os jornais combinaram as "caxas" de primeira página no que ao Sporting diz respeito. A recusa de Marco Silva em aceitar a rescisão proposta faz o pleno em todos eles.
Não vale a pena retornar aos já estafados argumentos que conduziram à situação actual. Fica apenas um paralelismo entre o caso que opõe o clube e o seu antigo treinador e o que dirimido entre a União Europeia e a Grécia.
Quem realmente toma as decisões na UE já deita os gregos pelos olhos e até está disposto a "pagar" para se ver livre deles. Sabe contudo que a saída dos gregos é já muito mais uma questão estratégica do que económica. O posicionamento geográfico daquele país confere-lhe um importante papel, entre outros, na contenção dos interesses de dois blocos - o islâmico e o russo - cada vez mais agressivos em relação às nações ocidentais. Por isso, continuidade da Grécia, com a concessão do imprescindível financiamento, é a factura que se percebe vai acabar de ter que ser paga. Ou isso ou a possibilidade de, no limite extremo, a UE ver encurtadas as distâncias para o inimigo russo, que assim anularia o efeito de tampão turco no Mar Negro. Os dirigentes europeus sabem que, a acontecer, teriam que arcar com custos imprevisíveis e de variadíssima ordem, daí que prefiram um acordo à situação incontrolável e imprevisível que se seguiria.
Ora o Sporting também não quer Marco Silva, mas também não o quer ver treinar nenhum dos adversários. Melhor dito, não se importaria de o ver treinar, mas não quer pagar a "factura política" que lhe seria cobrada em caso de triunfo. Acresce que a factura económica também não é de todo negligenciável: o Sporting está ciente da fragilidade do seu caso em sede de disputa jurídica, ou não abriria mão de forma tão rápida das razões que lhe levaram a invocar a justa causa. E tem justificado receio que essa factura possa vir a ter custos acrescidos, por impedir que o seu ex-treinador aceite as propostas que lhe venham a ser feitas, pelo que o acordo é melhor que a falta dele.
Há ainda mais duas facturas: a desportiva e as de danos de imagem. Enquanto não rescindir o contrato que ainda o liga Marco Silva o Sporting não pode inscrever o nome de Jesus nos seus quadros como técnico principal. Não faltarão outros expedientes para que JJ se possa sentar no banco, porém o seu recurso só fragilizaria ainda mais a imagem do clube, já de si bastante desgastada ao longo de seis meses de guerrilha interna entre a SAD e um dos seus principais activos.
Marco Silva é o Syrisa deste caso. Está disposto a fazer concessões porque, como treinador em inicio de carreira, sabe que parar não a favorece. Mas, tal como o governo grego, parece estar disposto a abrir mãos de alguns direitos, mas pouco interessado em sair completamente humilhado para poder seguir em frente. Curiosamente parece que o seu destino é precisamente a Grécia, mais precisamente o Olimpyakos, clube que não é conhecido pelas permanências longevas dos seus treinadores. Um sitio ideal para um treinador que seguramente continua com a ambição de triunfar no seu próprio país. Pois, é isso mesmo que todos estamos a pensar...
Nesta conformidade, o que parece é que é do interesse de todos - Sporting/Marco Silva UE/Grécia - que entendimento surja o mais rápido possível.
Quando se parte para um divorcio não se deve temer que a nossa futura ex parceira vá iniciar uma relação nova, eventualmente com o nosso maior amigo (ou inimigo). Se esse facto é um problema... se calhar não temos completa convicção no divorcio que estamos a pedir.
ResponderEliminarP.S.- Há sempre a possibilidade da poligamia, Jesus na A, Deus na B e Silva nos juniores, depois conforme os resultados de cada um, rodam. Uma aberração, mas como é de futebol que estamos a falar... tudo é possível!
Afinal o Braga sempre incomoda. Tanta letra aqui há uns tempos, até levaram o PR a ver o museu, agora já querem impedir o Marco Silva de poder treinar o mesmo estão com medo? Já agora porque não colocar uma cláusula para impedir o homem de treinar o Tondela? Ou mesmo o Real Madrid que até pode vir a ser adversário do SCP na CL.
EliminarC'um caraças... que a azia da Taça ainda não passou...
EliminarUnknown, numa negociação convém sempre colocar algumas propostas irrelevantes que depois se retiram com acordo de ambas as partes.
EliminarNão deixa de estar bem metida.
EliminarBom paralelismo... Apesar de que me parece que a questão económica na "guerra" UE vs Grécia tem mais importância que a que o post poderá dar a entender... Se lixarem a Grécia, presumo que alguém vai ficar a arder com o dinheiro (e respectivo juros) emprestado aos gregos...
ResponderEliminarBoa sorte Grécia, Boa sorte Marco Silva! Por mt que goste do meu clube, gosto muito mais dos valores com que me guio na vida. Sentido de justiça e dignidade, para mim, são fundamentais e não abro cá excepções.
Poderia e deveria ter sido tudo evitado caso o presidente Sporting assumisse as suas opções e consequentes obrigações. Muito por isso decidir não é fácil já que quase todas as opções têm custos. Da mesma forma que deve sempre zelar para que terceiros cumpram com aquilo a que se comprometem com o Sporting. Mas o chico-espertismo fala mais alto e o presidente do Sporting procura minimizar a compensação que terá (o Sporting) de pagar a Marco Silva. Este carácter dissimulado fora já evidente em Dezembro quando na sua postura sonsa afirmou ter ficado muito surpreendido e chocado com as notícias que davam conta da possível saída de Marco Silva do Sporting.
ResponderEliminarEm 2 anos já se percebeu que Bruno de Carvalho tem faro para escolher treinadores. Duas boas opções (Jardim e Marco Silva) seguidas de outra (Jesus) que não poderia ser melhor. Desde 2004/05 que o Sporting nunca esteve tão bem servido de treinador.
Tudo o mais deixa infelizmente a desejar quando muitas vezes nem são neccessárias apreciações de carácter pessoal, até porque aí já se percebeu há muito que Bruno de Carvalho tem tanto conteúdo quanto uma fralda usada. Naquilo que é o futebol do Sporting as decisões sobre jogadores que entram e saem / constituição de plantéis tanto para a equipa A ou B variaram nos últimos 2 anos entre o mau e o péssimo, algo infelizmente recorrente no Sporting pré Bruno de Carvalho.
Haja esperança que Jorge Jesus consiga inverter esta tendência já que treinadores muito bons são mais de meio caminho andado para a formação de plantéis igualmente bons. Assim não existam interferências bacocas no desenvolvimento do seu trabalho.
"Tudo o mais deixa infelizmente a desejar quando muitas vezes nem são neccessárias apreciações de carácter pessoal, até porque aí já se percebeu há muito que Bruno de Carvalho tem tanto conteúdo quanto uma fralda usada. Naquilo que é o futebol do Sporting as decisões sobre jogadores que entram e saem / constituição de plantéis tanto para a equipa A ou B variaram nos últimos 2 anos entre o mau e o péssimo, algo infelizmente recorrente no Sporting pré Bruno de Carvalho."
ResponderEliminarLindo. O carácter do homem afinal nao interessa, mas já agora deixa mandar esta piada da fralda usada (lol é só classe).
E as constituicoes do plantel oscilam entre o mau e o péssimo. Curioso que em 2 anos destas terríveis decisoes o Sporting tenha regressado à Champions e voltado a vencer um troféu. Com um plantel péssimo e um 11 titular que, na final da Taca, era formado por 5 jogadores da formacao e 5 contratacoes da actual direccao. E com um orcamento fixo em metado do dos rivais directos.
Eu diria mesmo "entre o péssimo e o catastrófico". Ele há coisas...