Fora de Jogo
Estádio Municipal de Leiria, 3.ª Eliminatória da Taça de Portugal, entre a União Desportiva de Leiria e o Sporting Clube de Portugal. Aos 23 minutos, com o resultado em branco, Polga remata forte à barra, na recarga, Hélder Postiga cabeceia para o fundo das redes adversárias, fazendo o 1.º golo do Sporting, mas Carlos Xistra, árbitro da Associação de Futebol de Castelo Branco decidiu anular o tento por pretenso fora de jogo do atacante leonino, que na verdade, não existiu.
Estádio dos Arcos em Vila do Conde, partida realizada entre o Rio Ave e o Sporting a contar para 7.ª Jornada da Liga Sagres. Por volta do minuto 63 da 2.ª parte, o Sporting ganhava por 1 – 0. Liedson aproveitando a defesa incompleta de Paiva após remate forte de Rochemback, cabeceia para a baliza, mas Jorge Sousa, árbitro da Associação de Futebol do Porto, anula o golo por alegado fora de jogo, que na verdade, não existiu.
Estádio José de Alvalade, 10.ª Jornada da Liga Sagres, o Sporting recebe o Vitoria de Guimarães. Decorriam apenas 2 minutos de jogo, quando Duarte Gomes não assinala grande penalidade de João Alves sobre Izmailov, na sequência de um pontapé de canto. O melhor estava no entanto para vir, quando aos 72 minutos, Helder Postiga, após grande jogada de Pereirinha pela direita, remata para defesa fraca de Nilson, que vai buscar a bola dentro da baliza, sacudindo-a para fora, tentando evitar aquilo que toda a gente viu, menos Duarte Gomes, árbitro da Associação de Futebol de Lisboa.
A única diferença entre esta partida e as outras duas é que desta vez o golo do Sporting não foi anulado por suposto fora de jogo, porque, não restam duvidas de que há muito tempo que o nosso Clube está fora de jogo. Poderia relatar outras situações já ocorridas noutros desafios da Taça de Portugal e da Liga Profissional de Futebol na presente temporada, mas bastam estes 3 exemplos concretos para concluir aquilo que há muito tempo está decretado. O Sporting Clube de Portugal está fora de jogo.
Não era minha intenção, ainda por cima na segunda vez que partilho convosco as minhas ideias sobre o nosso Sporting, abordar a questão da arbitragem, ou do sistema em que ela se insere. Mas torna-se inevitável, especialmente porque a repercussão daquilo que se vai passando está a ser amplamente danosa para o nosso clube.
Não gosto de enveredar pelo discurso de critica aos árbitros. Eles fazem o seu trabalho, que na verdade, não é nada fácil. Os árbitros são peças de um sistema há muito implantado no futebol português. É esse sistema que deve ser criticado, desmontado e anulado, pela ética no desporto, pela verdade desportiva, pelo desenvolvimento educacional e formativo de uma sociedade que se quer saudavelmente competitiva, especialmente no plano desportivo, com regras e valores, com igualdade de oportunidades para todos os intervenientes.
O Sporting, tal como todos os restantes clubes em Portugal, na Europa e no mundo, já foi beneficiado e prejudicado pelas arbitragens. É perfeitamente natural que assim aconteça. Existem erros que se despirmos o fulgor clubista acabamos por considera-los normais. Acontecem em todas as profissões, fazem parte das vicissitudes da própria actividade profissional, acontecerão sempre apesar da evolução do homem e da ciência. Porém, existem erros deliberados, provocados, intencionais, que derivam de um sistema há muito implantado e que apenas servem os interesses de uma determinada oligarquia dominante no plano desportivo nacional.
Esse sistema levou um pequeno abanão, mas não ruiu como deveria ter ruído. É um castelo muito bem construído, cuja ocupação vai alternando, mas que jamais poderá ser ocupado por quem esteja interessado em manter a ética no jogo. Assim, quem está fora de jogo, arrisca-se às consequências nefastas que isso origina, quer no plano desportivo quer no plano financeiro. Ao invés, os ocupantes do castelo vão enchendo os museus de títulos e os cofres de dinheiro, tornando-se consequentemente mais fortes. Tudo gravita à volta disto e foi assim que o sistema se construiu, principalmente desde que as provas europeias passaram a ser cruciais para a gestão financeira dos clubes da envergadura do Sporting e seus directos competidores no plano nacional. As 14 épocas em que o nosso clube se viu privado de aceder à prova milionária, essencial do ponto de vista financeiro para o sucesso desportivo, podem caracterizar-se como o auge desse sistema.
A memória desportiva foi assinaladamente enterrada num célebre jogo realizado no Estádio José de Alvalade entre o Sporting e a Académica de Coimbra. Simbolicamente tentamos dizer que estamos fartos, cansados, frustrados de ver o nosso clube enxovalhado, desonrado e consecutivamente prejudicado, precisamente por não nos revermos no sistema instalado, no qual não queremos participar, mesmo que sejamos convidados a entrar. O Sporting prosseguiu a sua cruzada. Denunciou, apontou, ameaçou, pressionou, tentou de tudo para que o palco principal do desporto nacional não tenha cascas de banana estrategicamente colocadas para que os actores escorreguem no meio da peça.
Hoje o nosso clube parece estar adormecido, quase resignado nessa cruzada. Os adeptos e sócios de uma maneira geral, também se sentem cansados de assistir às situações descritas na primeira parte desta crónica. Já não acreditam e estão desmotivados. Essa é porventura a principal razão e pelos vistos ainda não apontada, para as fracas assistências registadas esta época em Alvalade.
Como disse, os Sportinguistas, não deixaram de amar o seu clube, muito menos de o viver na plenitude. Mas estão cansados de semana após semana verem o resultado do jogo em que o seu clube participa adulterado. A apatia é tanta, que alguns de nós, já nem manifestam veementemente aquilo que se tornou normal em Alvalade. Talvez fosse isso que Paulo Bento quis dizer quando afirmou que precisamos de criar mau ambiente a quem consecutivamente erra em nosso prejuízo.
Mais preocupante é o facto de que neste momento, o único protagonista a contestar o evidente, seja Paulo Bento, na tentativa de proteger e preservar os seus jogadores. Que motivação poderá ter o plantel leonino quando entra em campo a pensar que o seu esforço, talento e golos marcados poderão ser anulados e não reconhecidos no final da partida?
O poder político, como de resto, a sociedade em geral, assiste impávida e serena a esta situação. Condena, lamenta, mas não actua verdadeiramente onde deve actuar. Tudo parece continuar na mesma e é neste estado de coisas, que domingo após domingo, os nossos filhos vão assistindo e verificando que afinal de contas, no desporto tudo vale para ganhar, porque o que interessa é isso mesmo, ganhar, mesmo que de forma desonesta.
O Sporting, deve continuar fora deste jogo, independentemente dos custos que isso continuará a originar para o clube e os Sportinguitas devem estar preparados para isso, porque para nós, nem tudo vale para ganhar. Mas não se deve nem pode demitir de liderar a cruzada para acabar com o mal endémico que prejudica gravemente o desenvolvimento harmonioso do desporto nacional, pela ética, honra e verdade desportiva, sob pena de todos deixarmos de acreditar.
Estádio dos Arcos em Vila do Conde, partida realizada entre o Rio Ave e o Sporting a contar para 7.ª Jornada da Liga Sagres. Por volta do minuto 63 da 2.ª parte, o Sporting ganhava por 1 – 0. Liedson aproveitando a defesa incompleta de Paiva após remate forte de Rochemback, cabeceia para a baliza, mas Jorge Sousa, árbitro da Associação de Futebol do Porto, anula o golo por alegado fora de jogo, que na verdade, não existiu.
Estádio José de Alvalade, 10.ª Jornada da Liga Sagres, o Sporting recebe o Vitoria de Guimarães. Decorriam apenas 2 minutos de jogo, quando Duarte Gomes não assinala grande penalidade de João Alves sobre Izmailov, na sequência de um pontapé de canto. O melhor estava no entanto para vir, quando aos 72 minutos, Helder Postiga, após grande jogada de Pereirinha pela direita, remata para defesa fraca de Nilson, que vai buscar a bola dentro da baliza, sacudindo-a para fora, tentando evitar aquilo que toda a gente viu, menos Duarte Gomes, árbitro da Associação de Futebol de Lisboa.
A única diferença entre esta partida e as outras duas é que desta vez o golo do Sporting não foi anulado por suposto fora de jogo, porque, não restam duvidas de que há muito tempo que o nosso Clube está fora de jogo. Poderia relatar outras situações já ocorridas noutros desafios da Taça de Portugal e da Liga Profissional de Futebol na presente temporada, mas bastam estes 3 exemplos concretos para concluir aquilo que há muito tempo está decretado. O Sporting Clube de Portugal está fora de jogo.
Não era minha intenção, ainda por cima na segunda vez que partilho convosco as minhas ideias sobre o nosso Sporting, abordar a questão da arbitragem, ou do sistema em que ela se insere. Mas torna-se inevitável, especialmente porque a repercussão daquilo que se vai passando está a ser amplamente danosa para o nosso clube.
Não gosto de enveredar pelo discurso de critica aos árbitros. Eles fazem o seu trabalho, que na verdade, não é nada fácil. Os árbitros são peças de um sistema há muito implantado no futebol português. É esse sistema que deve ser criticado, desmontado e anulado, pela ética no desporto, pela verdade desportiva, pelo desenvolvimento educacional e formativo de uma sociedade que se quer saudavelmente competitiva, especialmente no plano desportivo, com regras e valores, com igualdade de oportunidades para todos os intervenientes.
O Sporting, tal como todos os restantes clubes em Portugal, na Europa e no mundo, já foi beneficiado e prejudicado pelas arbitragens. É perfeitamente natural que assim aconteça. Existem erros que se despirmos o fulgor clubista acabamos por considera-los normais. Acontecem em todas as profissões, fazem parte das vicissitudes da própria actividade profissional, acontecerão sempre apesar da evolução do homem e da ciência. Porém, existem erros deliberados, provocados, intencionais, que derivam de um sistema há muito implantado e que apenas servem os interesses de uma determinada oligarquia dominante no plano desportivo nacional.
Esse sistema levou um pequeno abanão, mas não ruiu como deveria ter ruído. É um castelo muito bem construído, cuja ocupação vai alternando, mas que jamais poderá ser ocupado por quem esteja interessado em manter a ética no jogo. Assim, quem está fora de jogo, arrisca-se às consequências nefastas que isso origina, quer no plano desportivo quer no plano financeiro. Ao invés, os ocupantes do castelo vão enchendo os museus de títulos e os cofres de dinheiro, tornando-se consequentemente mais fortes. Tudo gravita à volta disto e foi assim que o sistema se construiu, principalmente desde que as provas europeias passaram a ser cruciais para a gestão financeira dos clubes da envergadura do Sporting e seus directos competidores no plano nacional. As 14 épocas em que o nosso clube se viu privado de aceder à prova milionária, essencial do ponto de vista financeiro para o sucesso desportivo, podem caracterizar-se como o auge desse sistema.
A memória desportiva foi assinaladamente enterrada num célebre jogo realizado no Estádio José de Alvalade entre o Sporting e a Académica de Coimbra. Simbolicamente tentamos dizer que estamos fartos, cansados, frustrados de ver o nosso clube enxovalhado, desonrado e consecutivamente prejudicado, precisamente por não nos revermos no sistema instalado, no qual não queremos participar, mesmo que sejamos convidados a entrar. O Sporting prosseguiu a sua cruzada. Denunciou, apontou, ameaçou, pressionou, tentou de tudo para que o palco principal do desporto nacional não tenha cascas de banana estrategicamente colocadas para que os actores escorreguem no meio da peça.
Hoje o nosso clube parece estar adormecido, quase resignado nessa cruzada. Os adeptos e sócios de uma maneira geral, também se sentem cansados de assistir às situações descritas na primeira parte desta crónica. Já não acreditam e estão desmotivados. Essa é porventura a principal razão e pelos vistos ainda não apontada, para as fracas assistências registadas esta época em Alvalade.
Como disse, os Sportinguistas, não deixaram de amar o seu clube, muito menos de o viver na plenitude. Mas estão cansados de semana após semana verem o resultado do jogo em que o seu clube participa adulterado. A apatia é tanta, que alguns de nós, já nem manifestam veementemente aquilo que se tornou normal em Alvalade. Talvez fosse isso que Paulo Bento quis dizer quando afirmou que precisamos de criar mau ambiente a quem consecutivamente erra em nosso prejuízo.
Mais preocupante é o facto de que neste momento, o único protagonista a contestar o evidente, seja Paulo Bento, na tentativa de proteger e preservar os seus jogadores. Que motivação poderá ter o plantel leonino quando entra em campo a pensar que o seu esforço, talento e golos marcados poderão ser anulados e não reconhecidos no final da partida?
O poder político, como de resto, a sociedade em geral, assiste impávida e serena a esta situação. Condena, lamenta, mas não actua verdadeiramente onde deve actuar. Tudo parece continuar na mesma e é neste estado de coisas, que domingo após domingo, os nossos filhos vão assistindo e verificando que afinal de contas, no desporto tudo vale para ganhar, porque o que interessa é isso mesmo, ganhar, mesmo que de forma desonesta.
O Sporting, deve continuar fora deste jogo, independentemente dos custos que isso continuará a originar para o clube e os Sportinguitas devem estar preparados para isso, porque para nós, nem tudo vale para ganhar. Mas não se deve nem pode demitir de liderar a cruzada para acabar com o mal endémico que prejudica gravemente o desenvolvimento harmonioso do desporto nacional, pela ética, honra e verdade desportiva, sob pena de todos deixarmos de acreditar.
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