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O Bombardeamento do sector A13 |
Eu estive lá, no local do
acontecimento, isto é, no sector do Estádio (A13) bombardeado pelas tochas,
petardos, cadeiras, isqueiros... basicamente tudo o que dava para ser
arremessado a partir da bancada B, onde se encontravam os adeptos do Benfica. A
minha "sorte" foi estar sentado mais acima, numa fila já coberta pela
bancada B. Assim, apenas tive o “privilégio” de ver tudo ali a acontecer, 20
metros à minha frente.
As bocas foleiras ou mesmo
javardas que se ouvem e escrevem, os gestos provocadores e/ ou obscenos, até as
ameaças de agressão que se fazem de parte a parte, tudo isso é triste e reles,
mas... mas não mata! Já o lançamento de objectos pirotécnicos ou contundentes para
cima de outros seres-humanos provoca efectivo perigo de ferimentos graves e até
de vida, pelo que se afigura como uma atitude inqualificável… Mais ainda quando
temos o histórico conhecido, que inclui a morte de uma pessoa em pleno Estádio
de futebol, provocada por lançamentos de engenhos desse tipo. Qualquer adepto
de futebol, em Portugal, por mais distraído que seja, sabe disto, pelo que
reiterando esses gestos apenas mostra possuir um completo desprezo pela vida
humana. São energúmenos e com esses, não vou perder o meu tempo.
O que é inacreditável, e o que deixa
qualquer pessoa decente perplexa, é que perante esse acontecimento, tenha que
levar com declarações do porta-voz do SLB a classificar os legítimos lamentos do
SCP / Bruno de Carvalho (BdC) como, passo a citar: FOLCLORE!!! (Eu não sou
suspeito porque, como se sabe, BdC não me agrada minimamente, mas aqui, apenas
declarou o que se impunha. O corte de relações surge na sequência da lamentável
e indecorosa reacção oficial do SLB).
Vejamos:
-Não é folclore ver uma multidão
em debandada, para fugir à chuva de objectos perigosos e que colocavam a sua
integridade física em causa;
-Não é folclore ver crianças a
chorar de terror durante e após a fuga;
-Não é folclore ver um grupo de miúdas
adolescentes agarradas entre si e a tremer de pânico;
-Não é folclore ver dois jovens de
20 anos levar bastonadas da PSP, apenas porque se enganaram na porta de saída
das bancadas para as escadarias, desconhecendo que essa saída tinha ligação
para o sector onde se encontravam as claques do Benfica;
-Não é folclore ouvir, já fora do
Estádio, pessoas ao telefone a acalmar os familiares com promessas de ser a
ultima vez que vai ao futebol.
Recupero o assunto porque,
finalmente, Luís Filipe Vieira (LFV) sentiu a necessidade de se pronunciar…
Mas LFV não só reage tarde como o
faz mal. E reage mal porque, ao mesmo tempo que acusa BdC de mentir, mente também
ele quando afirma que passaram 3 anos sem que alguém do SCP criticasse o
incêndio no Estádio da Luz, mas também porque dá importância e se desculpa sobre um episódio que
é reles, mas acessório e ignora / desvaloriza / despreza outro fundamental. Apesar
de ambos os episódios serem gravíssimos, creio, pelas razões já aludidas, que foi muito pior o bombardeamento
que aconteceu em Alvalade, do que a tarja nojenta a que alguns deram luz no
pavilhão da Luz. E disso (do bombardeamento)… nem uma palavra. Para finalizar e
utilizando as próprias palavras de LFV parece-me mesmo “que querem branquear parte da história deste fim de semana”…
O
silencio (ensurdecedor) é tal, que parece estar tudo arranjado, para se ignorar
o bombardeamento ao sector A13 e, com isso, passar impune mais um acontecimento
gravíssimo no futebol português que, só por mera sorte, não causou mais do que seisferidos ligeiros como vitimas.
Quem
nos acode? Quem vem por cobro a esta situação? Ficam, mais uma vez, a clamar os amantes pacíficos do futebol.
O lobby lampião que já ganhou um campeonato. Só se aparecesse alguém sem um bocado, o que faz todo o sentido.
ResponderEliminarRicardo Costa, antigo presidente da Comissão Disciplinar da Liga, não acredita que o Sporting venha a ter sucesso com o pedido efetuado à Comissão de Instrução de Inquéritos da Liga, no qual pretende que o clube da Luz seja obrigado a atuar entre um e dois jogos à porta fechada, de acordo com os dados disponíveis até ao momento.
A razão é, aparentemente, muito simples. De acordo com o especialista em Direito Desportivo, para o Benfica ser obrigado a jogar sem o apoio dos adeptos, nesse período, é necessário que se verifiquem duas situações de forma cumulativa.
“Para esse castigo ser aplicado é necessário que os ataques sejam realizados por um conjunto de pessoas, de forma organizada. Além disso, é preciso que se verifique uma lesão de especial gravidade”, assinalou o colunista Record, que defende que aquilo que foi tornado público não se enquadra nestas situações: “Não sabemos certamente tudo o que aconteceu, mas, até ao momento, não foi tornado público que alguém sofresse uma lesão desse género, como é necessário que se verifique.”
A lei é clara nesta matéria, e para uma lesão ser considerada de especial gravidade é necessário que se “mutile ou desfigure o lesado, lhe tire ou afete de maneira grave as suas capacidades físicas e psíquicas ou lhe provoque doença grave e incurável, impedindo-o, designadamente, de poder exercer a sua atividade profissional”.
Nos dados divulgados até ao momento “não há factos que apontem estas circunstâncias”. Agora, para o Sporting vencer esta batalha fora de campo é necessário que o relatório policial enumere situações deste tipo.
http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Sporting/interior.aspx?content_id=930882
Virgilio infelizmente tb assisti a tudo ao vivo e a cores ... mais que o golo do empate do Gil o que me deixou revoltado foi assistir a esse triste acontecimento sem nada puder fazer e acrescento que passaram 1/2 minutos até a policia por cobro aos "festejos" da claque ... felizmente que nada mais grave aconteceu.
ResponderEliminarSobre o mentiroso compulsivo LFV bem nada de anormal, mas ao contrário de BdC a CS amiga de LFV está a trabalhar bem com vista ao branqueamento!
Virgílio, fiquei profundamente impressionado com a tua descrição vivencial dos acontecimentos que se verificaram em Alvalade na bancada A13. Foi tudo tão terrível que a palavra escabroso para qualificar o que se passou parece moderada. O que aconteceu não decorre do futebol propriamente dito, mas é consequência da ausência de cultura e de urbanidade da esmagadora maioria daqueles que dirigem os clubes desportivos. A maior parte deles eram empresários manhosos e mal sucedidos que encontraram no futebol a escada social e financeira que almejavam para si próprios.
ResponderEliminarO futebol sempre coexistiu com determinadas formas de violência. Era miúdo e pasmava-me com as cenas de pancadaria à volta de um Farense-Olhanense. Recordo-me como se fosse hoje, do que se passou num Farense-Sesimbra em 1970 decisivo para a subida à 1ª divisão. Estava em Alvalade, em Outubro de 1972, quando num Sporting-Leixões os adeptos sportinguistas invadiram o campo… e Alvalade foi interditado e os jogos disputados no Jamor.
A própria linguagem futebolística possui algo de agressivo (ataque, táctica, luta, disparo à baliza, etc.) e, de certa forma, o jogo de futebol substituiu os torneios medievais e outras demonstrações de força e de valor. Os futebolistas, quando regressam de uma vitória importante, são recebidos como heróis. Por vezes diz-se, para exaltar o esforço físico que envolve um jogo de futebol que é para “homens de barba rija”. Mas, tudo isso, o futebol é (foi?) capaz de integrar e canalizar para a extraordinária dimensão estética e humana que decorre de um jogo disputado por grandes atletas.
A convivência nos estádios de futebol alterou-se, progressivamente, com o aparecimento das claques. A acção de determinados grupos organizados em claques tem outra dimensão e coloca-se a um outro nível da pulsão agressiva normal em seres humanos. É algo teorizado, organizado e planeado que não decorre essencialmente da paixão e da emoção do jogo, mas resulta do ódio e da vontade de estabelecer outras regras que estão para além daquelas que decorrem da organização social e desportiva.
O que descreves sobre os acontecimentos nas bancadas de Alvalade corresponde em rigor ao que se passou. Foi uma sorte que as consequências tenham sido “apenas” as que citaste. Mais outra situação semelhante e estaremos a lamentar feridos ou mortes.
Perante isto, exige-se que os dirigentes desportivos encontrem formas de entendimento e de negociação que salvaguardem o futebol enquanto extraordinário espectáculo desportivo e cultural de massas, onde com naturalidade se possa conviver, discutir e partilhar alegrias e tristezas desportivas. Percebe-se que, no contexto actual de divisão e críticas mútuas, isso torna-se mais difícil e imprevisível. Mas, se os principais dirigentes desportivos não conseguirem chegar a um entendimento que coloque as rivalidades clubísticas num nível aceitável, então alguém terá de o fazer por eles. A não ser que se queira acabar com o futebol tal como o conhecemos e se pretenda criar outra coisa. E, como se sabe, a insanidade consiste em, num mesmo contexto, continuar a agir da mesma maneira e esperar que os resultados sejam diferentes.
Em Inglaterra os dirigentes desportivos perceberam a causa e o efeito dos fenómenos associados à violência e, hoje, um jogo de futebol inglês é um acontecimento fantástico de estética e de cultura!
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ResponderEliminarVirgilio, eu tive naquele estádio em 96 e vi as coisas a passarem-se não muito longe de mim.
ResponderEliminarCria-me uma grande revolta que se tenha decidido "relembrar" esse episodio daquela forma tão triste e pior ainda, ante a ameaça do "amanha há mais", ter acontecido aquilo que aconteceu e depois ter que ver aquele atrasado mental ( não há mesmo outra palavra) a apelidar isto como "Folclore" !?????
WTF???
Tá tudo doido?
Hoje é um dia óptimo para os brunecos conseguirem os seus intentos no sentido de correrem com o Marco Silva. Desta vez foi o Sporting a marcar no último minuto, evitando o pior, depois de Rui Patrício ter oferecido um golo ao adversário, não fez auto-golo logo a abrir a primeira parte porque não calhou.
ResponderEliminarConstatou-se que jogar com Montero ou Tanaka é jogar com um a menos, ambos completamente inconsequentes. Mas claro que, para ilibar o presidente na construção do plantel, só se vai falar na falta de jogo interior. Jogo interior contra uma equipa que não sai do buraco e portanto jogar pelo meio é insistir em tentar encontrar um buraco para a agulha, tal a floresta de pernas. Claro que com Slimani seria diferente, desde logo porque haveria alguém na área, coisa que se pede a uma equipa de futebol. Mas neste Sporting já pouca coisa é normal.
Normal mesmo são provocações ordinárias, como aquela que o facebook do Sporting fez ao Belenenses, como se os adversários precisassem de mais motivação para desfeitear o Sporting. Mas pronto, o próximo treinador fará melhor com tantos "craques", de certeza, porque o presidente não merece isto. Derrotas e empates não são nada com ele, só as vitórias.
O Sporting devia cortar relações com o Belenenses. E também com a peida do Paulo Oliveira, que faz a assistência para o golo do Belenenses. O Sporting devia cortar relações com todos os clubes que jogam contra o Sporting com intenção de não deixar que o Sporting ganhe. A culpa também é do treinador. Creio que o Bruno Carvalho devia encomendar mais um ou dois textos ao José Eduardo.
ResponderEliminarEu também assisti a muito do que te referes. Só que ao longe. Estive no topo sul.
ResponderEliminarNão vou acrescentar mais nada aos que já foi dito, até porque tu, devido à proximidade viste com certeza, tudo o que se passou melhor que eu.
Vou falar de algo que é pouco concensual, mas que a mim me incomoda profundamente. As nossas claques!
Houve muitos sócios das claques, na tribuna norte! Bem perto dos adeptos benfiquistas! Não terá havido provocações? Porque é que o Sporting deixa que as suas claques vendam bilhetes para outro sitio, que não a curva sul? Será porque assim os responsáveis de uma determinada claque podem vender bilhetes a não sócios a 40€ em vez dos 20€ pedidos pelo clube? Não será perigoso de juntar adeptos adversários com elementos da nossa claque num espaço tão curto? Sabia a PSP que isto se passava?
Adiante. O nosso presidente tem atacado justamente os adversários. Lançou se em mais uma luta, onde a vitória parece difícil, devido aos poderes instalados preferirem resolver estes problemas com silêncio, na tentativa de abafar a coisa. Em Inglaterra, seria diferente.
Ainda a respeito das nossas claques, o presidente devia castigar quem entra com petardos e potes de fumo. O clube não pode andar a fazer economias de um lado, a pagar multas do outro. Já que os responsáveis da dita claque nada fazem, alguém tem de fazer
MLV
"Houve muitos sócios das claques, na tribuna norte! Bem perto dos adeptos benfiquistas! Não terá havido provocações? "
ResponderEliminarClaro que houve, MLV e eu falo diso no post: bocas, provocações, ameaças "que se fazem de parte a parte". Agora, se eram ou não membros de claques nossas já não posso confirmar...As provocações começam de um ou outro lado e já não param, no resto do jogo...
Infelizmente, tendo a concordar com a proibição de pirotecnia. Está visto que o uso que se faz desses engenhos é mts vezes perverso: cd vez serve menos para embelezar o espectáculo, e mais para atacar adeptos adversários. Sendo assim, o melhor é proibir essa tralha toda de entar nos estádios.
SL
"Anónimo disse...
ResponderEliminarAo futebol o que é do futebol e deixem o que é das autoridades, da FPF e da Liga para as autoridades competentes. Em parte nenhuma do mundo as autoridades resolvem acidentes/incidentes em 24 horas. Que já não deviam acontecer no sec. XXI são outros quinhentos mas vale mais tarde que nunca...."
Agradeço que este comentário anterior do "anónimo" seja apagado, visto ter sido eu o receptor desse e-mail, que apesar de ter divulgado em determinado local, não foi para ser partilhado. Lá por estar na net, não quer dizer que o possam usar sem perguntar.
Obrigado
Pedro Miguel
Caro virgilio
ResponderEliminarAs provocações verbais, são normais num estádio de futebol. Da norte,nada voou para os adeptos de vermelho
SL