O contraste tremendo entre o jogo na Pedreira deste ano e aquele que se assistiu na época passada é um resumo ilustrado do fracasso a que se resumirá a presente época. Enquanto a viagem do ano transacto ainda foi efectuada sob o signo da esperança e da qualidade do futebol produzido, a deste ano acontece de bornal vazio e sem outro objectivo que não seja honrar o emblema. E é com uma dose muito razoável de frustração que se constata que bastaria ter conservado os três pontos dos jogos em casa com Guimarães e Benfica para podermos estar ainda na corrida por um pouco mais do que ir deixando a época acabar.
Mas ainda que seja penoso fazer a crónica, há alguns aspectos que merecem destaque. Uns de carácter positivo, outros de sinal negativo e que, de certa forma contribuíram para o desfecho da época.
De sinal negativo a forma como continuamos a sofrer golos. Uma permissividade defensiva que se instalou desde o inicio da época e que se arrastamos até ao seu final. Algo a que não estávamos habituados com JJ e que ele não conseguiu resolver. Permissividade que foi responsável em grande parte pela falta de confiança da equipa, que a impediu de estar num plano mais elevado.
A forma fácil e sem reacções ou respostas adequadas às circunstâncias dos dois golos sofridos ontem estão ai para o ilustrar. O preocupante aqui é que não se trata de um problema meramente individual mas de natureza colectiva. JJ reconheceu isso no final do jogo, vamos ver que respostas ou soluções vai encontrar. A ser verdade que as defesas ganham campeonatos, como se costuma dizer, talvez seja a sua principal tarefa ou dor de cabeça.
De sinal positivo, a capacidade de reacção da equipa, apesar da menor importância do resultado para a nossa classificação final. Um bom sinal. De igual modo a capacidade goleadora de Bas Dost. Mantê-lo para o ano e integrado numa equipa mais consistente é crucial para as nossas ambições. Porém tal não deverá anular a ideia de que a dependência é excessiva e, a manter-se, pode ser um ponto de fragilidade. Uma preocupação que aumenta com o deserto de alternativas que se perfilam à sua volta.
Igualmente negativa deve ser considerada a lesão de Alan Ruiz, como terá que ser sempre a de qualquer jogaodor. Mas não se pode ignorar o contraste provocado pela velocidade de execução, qualidade de movimentações, do reportório de soluções e pelo sobressalto permanente que representou a entrada de Podence.
Tendo em conta o sucedido ao argentino, parecer-me-ia cruel a utilização do aforismo "há males que vêm por bem". Ficar-me ia pela comparação com o carros: estamos sempre satisfeitos com o nosso até darmos conta que podíamos ter algo melhor. E no caso, calcule-se, até já estava na garagem e é mais barato...
Um totoloto a lesão do Ruiz ontem na Pedreira. Nunca vou compreender tanta apetência para gastar dinheiro no futebol. E os laterais também fui eu que os comprei.
ResponderEliminarMeu caro Leão de Alvalade aqui neste blogue qualquer um de nós reconhece o qualificado espirito critico que não minimiza a paixão clubística, antes a engrandece. Tantas e tão boas foram as análises muitas vezes, justamente, aos erros próprios, que aqui chegados podemos sempre olhar para trás e determinar momentos na época em que as "coisas" se decidiram. Por culpas nossas, por uma atitude competitiva imprópria, como nos jogos referidos no post, em que esturricámos quatro pontos que .... Mas, há que recordar -e isso foi aqui feito exaustivamente ao longo da época - os jogos em Guimarães e na Luz foram marcantes porque aí foram-nos retirados 5 pontos, o que faz toda a diferença.
ResponderEliminarMas, voltando ao jogo julgo que a melhor síntese do que se passou é a diferença entre os jogos do ano passado e o deste ano. Uma diferença abismal. Jogar com todas as esperanças no coração com uma fé enorme fundamentada na qualidade do futebol que se praticava ou cumprir apenas e só calendário.
Mesmo nesse contexto o jogo mostrou a diferneça entre as duas equipas e as razões pelas quais equipas como o Braga e outras de nível bem inferior se fartaram de nos roubar pontos. Culpas próprias. Culpas das opções de mérito duvidoso na constituição do plantel e culpas de JJ nas opções que foi tomando. Más opções, como ontem mais uma vez aconteceu.
Ontem com a saída de Alain Ruiz, pelas piores razões possíveis para um atleta, e a entrada de Podence podémos verificar in loco a diferença que existe entre os dois atletas e constatar como JJ está errado quando, consecutivamente, prefere o argentino em detrimento do jovem da academia. Que mudança trouxe Podence ao jogo, que velocidade, que capacidade para ligar as linhas, para fazer o último passe, para procurar a baliza, ou descobrir o colega melhor preparado para o fazer. Que contraste com o melhor Alain Ruiz que já vimos esta época.
Que infelicidade nas escolhas de JJ ao manter tanto tempo um Bruno César outra vez num dia não e chamar um Brian Ruiz que confirmou uma época para esquecer. Que dificuldade impede JJ de num dia assim chamar Geraldes ao jogo e somar ao que Podence trouxe ao jogo todas as qualidades do jovem leão.
Que opções tão incompreensíveis vai tomando JJ. Porque razão coloca agora JJ o dedo na ferida da defesa. Não viu o que se estava a passar ao longo do ano. As suas aquisições para o centro da defesa passaram pelo famigerado Douglas - talvez com perfil de campeão - e acabaram no reconhecimento que Paulo Oliveira é entre os disponíveis o mais fiável depois de Coates. Mas e os laterais? JJ tem mostrado uma fixação nos dois que jogaram ontem. Ambos defendem pessimamente e a atacar oscilam entre o bom - algumas vezes - e o péssimo. na maioria das vezes. JJ tem cometido um erro crasso: tem as suas escolhas e recorre pouco aos outros jogadores para estimular a concorrência interna. A esse soma-se o facto de manifestar - por preconceito, porque não o posso classificar de ignorante - uma evidente aversão aos jogadores que "estão na garagem"
Caro JG,
EliminarNão me referia aos jogos fora com essas equipas, mas sim aos jogos em casa. Mas tem razão, embora me pareça que do jogo em Guimarães há à considerar também muita incompetência do nosso lado.
E só não lembrei esses jogos por me parecer que a desculpa com os erros alheios, sem apuramento das nossas responsabilidades, começa a tornar-se numa forma de estar que nos impede alcançar as melhorias de que necessitamos.
Meu caro Leão de Alvalade, subscrevo o seu comentário, sem reservas. Concordei com o post porque também eu entendo que nesta altura o desafio com que nos deparamos e as condições para o sucesso passam sobretudo pela capacidade para reflectirmos sobre os nossos erros.
ResponderEliminarSL