Ah, se o Al Capone soubesse...
Al Capone foi um "homem de negócios" que nos meados do século passado montou uma indústria do crime ligado às apostas, agiotagem, prostituição e, principalmente, comércio e contrabando de bebidas durante a era da Lei Seca. Apesar do infindável rol de crimes, incluindo assassinatos, conseguiu escapar à justiça americana devido a uma intrincada teia de corrupção, com homens de mão espalhados pelo poder e autoridades policiais. Acabou por ser condenado por crimes menores, mais concretamente por fuga ao fisco.
Se o famoso gangster soubesse teria estabelecido a sua actividade em Portugal e ainda hoje seria provavelmente lembrado como um grande homem de negócios, um empreendedor. Estaria provavelmente a dar lições a secretários de estado, que se desfariam em elogios. Alegademente ter-lhe-ia bastado delegar numa empresa de advogados especialistas em direito fiscal para se relacionar com a Autoridade Tributária e subcontratar a uma entidade externa a agiotagem, a eliminação física da concorrência e o contrabando. À luz do despacho de acusação de Cesar Boaventura, e tal como aconteceu já com Paulo Gonçalves pelos vistos o facto de não se pertencer à estrutura da SAD funciona como salvo conduto para escapar à acusação.
Vale a verdade que, pelo que se conhece do despacho do Ministério Público, a investigação ficou pela rama e pouco há de consistente e terá o mesmo destino que outros processos do género: a reciclagem de papel. Também, tal como aconteceu com o Apito Dourado, e todos os outros "casinhos" como as viagens dos manos Calheiros, etc, não se usou a máxima obrigatória nas investigações dos crimes deste género: "follow the money". Quem financiou César Boaventura?
Entretanto as autoridades desportivas, à semelhança do que aconteceu com o Apito Dourado, assobiam para o lado. O problema é assobiarem o João Mário.
Relativamente ao Benfica não se conhecem reacções. O mais estranho é o actual presidente ter sido à época vice-presidente e também não saber de nada. Nem do Paulo Gonçalves sequer com quem se cruzou anos a fio. Provavelmente o papel que lhe era atribuído era meramente protocolar e decorativo, como qualquer mero reposteiro obrigatoriamente encarnado nas salas onde Filipe Vieira urdia estratégias com Paulo Gonçalves, distribuiriam vouchers, convites, bilhetes e falava ao telefone com César Boaventura.
Plenamente de acordo. Parabéns pela visão.
ResponderEliminarO muito em voga "follow the money" esclareceria muita coisa....
Podiam começar pelo dinheiro depositado em contas de árbitros e outro encontrado em malas...de carro ou não.
Muita coisa seria esclarecida. Mas a Justiça parece que não quer. Ou certos Juízes ao serviço da mesma.
Follow the money...Go, go, go...