Trabalhos forçados na Capital do Móvel
O Sporting viu-se obrigado a recorrer a trabalhos forçados e a horas extraordinárias para chegar à quarta eliminatória da Taça de Portugal. Ainda que sempre se esperem dificuldades nesta competição, foi constrangedor constatar que o adversário de sábado – que havia perdido de forma clara para a nossa equipa B e se vem arrastando na II Liga – nos obrigou a despender energias que serão necessárias já na quarta-feira.
A equipa perdeu-se muitas vezes por falta de dinamismo e criatividade, revelando-se passiva tanto na construção ofensiva como nas finalizações. Manteve a posse de bola sem conseguir transformá-la em oportunidades reais, num jogo marcado por um ritmo moroso e pouco incisivo. Quando o resultado começou a pôr em causa os objetivos, a equipa não conseguiu acordar completamente, obrigando-se ao prolongamento.
Apesar das dificuldades, não vale a pena dramatizar em excesso o sucedido. Em circunstâncias como esta, é muito difícil fazer os jogadores focarem-se num encontro contra um adversário tecnicamente inferior, depois de regressarem de compromissos internacionais e com um jogo importante da Liga dos Campeões no horizonte. Seguramente, Rui Borges não precisará de se esforçar muito na palestra para motivar o grupo. Não devia ser assim, mas é como é.
Há ainda outro motivo para não sobrevalorizar a exibição: em condições normais, com VAR, o segundo golo do Paços de Ferreira nunca teria sido validado, e isso teria alterado substancialmente o rumo da partida. Mesmo assim, convém colocar tudo em perspetiva: a equipa continua a criar muito, mas também a desperdiçar inúmeras oportunidades – ação criativa que se perde muitas vezes na precipitação e no atabalhoamento na definição dos lances. Fosse este um jogo da I Liga, o Sporting teria deixado escapar dois pontos preciosos.
É verdade que o principal objetivo foi cumprido: a qualificação está assegurada. Contudo, o desempenho ficou aquém do desejável. A equipa revelou-se apática e pouco intensa, o que acabou por forçar um prolongamento evitável. Durante os 90 minutos, faltou energia, ambição e capacidade para acelerar o jogo. Foi uma exibição pálida, de um Sporting sem identidade, que se soma a outras manifestações descoloridas recentes e suscita dúvidas sobre o momento de forma do coletivo.
A partir de agora, prepara-se um duelo de máxima exigência: na próxima quarta-feira, o Sporting recebe o Olympique de Marseille, atual líder da Ligue 1 e com exibições consistentes na Champions League, provavelmente o adversário mais difícil que enfrentará até agora.
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