Sporting 2 - Alverca 0: Mais uma obra de arte de um jogador "preguiçoso"

Quem pensava que o segundo episódio da visita do Alverca a Alvalade seria uma reedição baseada no guião do primeiro, enganou-se redondamente. O jogo começou logo com um susto: uma lesão aparentemente grave de Fresneda. O Sporting começou por dominar, como era de esperar, mas as oportunidades eram escassas e de fraca qualidade. A chegada ao último terço era quase sempre atabalhoada, travada pelo emaranhado de pernas dos defensores do Alverca.

O adversário cedo mostrou ao que vinha, defendendo com linhas muito compactas, num claro 5x4x1, que facilmente se transformava em duas linhas cerradas junto à sua grande área. O Sporting revelou dificuldades constantes em lidar com a falta de espaço para explorar o seu jogo interior, e do jogo exterior não surgia grande perigo. 

Catamo esteve bastante activo mas pouco eficaz nas decisões. O meio-campo povoado do visitante reduzia as possibilidades de sucesso a João Simões, cuja condução é uma das melhores armas e neste caso era de dificil uso. Hjulmand por mais que quisesse distribuir melhor ou activar Pote ou Trincão não os descobria no meio da floresta de jogadores visitantes. Trincão primou pela ausência e haveria de ir para o balneário sem uma acção à altura do grande jogador que é.

O jogo arrastava-se, sem que o golo se vislumbrasse, apesar do domínio evidente dos leões. Foi então que Rui Borges decidiu intervir, mexendo no onze inicial. À saída de João Simões e Catamo corresponderam as entradas de Quenda e Gyökeres, com o avançado grego a ser determinante para desbloquear o nulo. Ao décimo canto, o Sporting suspirava de alívio.

Como uma sobremesa requintada, o melhor ficou guardado para o final. Foi então que Pote decidiu retirar do seu baú de inúmeros recursos uma joia que poderá muito bem figurar entre os melhores momentos desta Liga 2025/26. É difícil definir um jogador como Pote, mas é fácil imaginar que, quando se escrever a história destes anos do regresso do Grande Sporting, o seu nome estará entre os imprescindíveis. Este foi apenas mais um capítulo de uma história de glória. E mesmo a tempo de expor ao ridiculo um dos muitos escribas da nossa comunicação social que, ao contrário do nosso Pote, não se percebe que méritos lhe foram reconhecidos para estar onde está e falar sobre um dos melhores jogadores da nossa Liga nos últimos cinco anos. Provavelmente almoça muitas vezes com o selecionador nacional...

Assim se fixou o resultado final. Uma vitória suada, provavelmente mais difícil do que se esperava à partida. Com exceção do golo de Pote, o brilhantismo e a inspiração estiveram ausentes em grande parte das ações ofensivas. Ainda assim, merece destaque o regresso imperial de Diomande, insuperável no controlo do elemento mais avançado do Alverca. Nos duelos físicos, oferece um nível de segurança que eleva a solidez da defesa leonina. Quem está debaixo de olho é Ioanidis. Marcou um golo importante no momento certo e, no pouco tempo que esteve em campo deixou mais uma vez no ar a ideia de que o Sporting acertou em cheio na escolha que fez para companheiro de Suárez. E, quem sabe, além de companheiro um concorrente.

Vem aí agora a Liga dos Campeões. Um desafio bem mais exigente, ante uma Juventus que é uma grande incógnita, após a entrada de Spaleti para o comando técnico. Tal como o encontro de Nápoles, ao menor erro equivalerá uma penalização grande.