O ambiente em Alvalade foi próprio dos grandes jogos: bancadas repletas, incendiadas pela paixão e crença dos adeptos. Golos, incerteza no resultado a estender-se até final.
Para o derby ser perfeito só faltou mesmo tê-lo ganho. Como, para quem viu o jogo, ficou o sentimento que tal podia ter acontecido, saí do jogo com sensação de me ter sido servido uma óptima refeição, bons vinhos, excelente companhia, mas alguém se esqueceu da sobremesa.
A vitória não aconteceu porque se no futebol tudo pode mudar num minuto, os dez minutos iniciais da segunda parte foram fatais para as nossas ambições. O Sporting não soube adaptar-se às mudanças produzidas por Jesus. Faltou sangue frio, provavelmente experiência competitiva para enfrentar um ataque instalado a toda a largura do terreno, mas que partia muito rapidamente para o centro, onde se multiplicavam as opções para finalizar as jogadas.
Faltou o sangue frio de recuar as linhas e esperar cá trás, à semelhança do que se havia feito com a Fiorentina. E faltou experiência para fazer o mesmo que o adversário fez quando nos recompusemos e voltamos a ficar por cima: faltas estratégicas nos primeiros momentos de construção do que poderiam ser mortíferas transições.
De alguma forma também me parece que o SLB teve alguma sorte que explico de forma contraditória: foram as lesões que obrigaram JJ a produzir mais cedo as alterações que proporcionaram a reviravolta na tendência que o jogo levava. O mais estranho foi perceber que o empate satisfazia o adversário, quando o receio de que não ficassem por ali, tal era a supremacia que então evidenciavam, passava por muitos rostos na bancada.
Algumas razões explicam este nosso regresso à vida, depois dos fatídicos minutos iniciais:
- As alterações de Jardim produziram os efeitos pretendidos, a que me parece a razão principal.
-O SLB não me pareceu capaz de continuar a imprimir o mesmo ritmo durante mais tempo.
- JJ é capaz de ter sentido receio de manter tanta tracção à frente e, dessa forma, poder ser apanhado desprevenido.
Este jogo serviu para confirmar algumas impressões que já havia deixado no post de lançamento do jogo:
- Somos, neste momento, melhor equipa, mesmo partindo de uma desvantagem nítida na comparação com o valor individual.
- Essa diferença nota-se ainda mais quando os técnicos olham para o banco e começam a equacionar as alterações.
- Estamos melhor preparados fisicamente.
- Na construção dos alicerces da presente época a decisão da contratação de Leonardo Jardim foi acertada e feliz. Será provavelmente crucial em toda a época.
- O mesmo se poderá dizer relativamente a Jefferson, no esforço que significa a continuidade de Adrien, no achamento do caminho marítimo para Seatle, onde se foi resgatar Montero.
Mas a boa prestação da equipa neste dérby, que é motivo de esperança, não nos deve impedir de constatar as nossas próprias limitações. Mesmo sem competições europeias, o plantel é curto e sobretudo desequilibrado entre as primeiras linhas e os que se podem perfilar em caso de lesões e castigos.
As saídas de Bruma* e Ilori, embora com importantes entradas de capital, são importantes, particularmente a do primeiro, com reprercussões no imediato. E necessitam de substituição, que não vislumbro poder ser feita por alguém que esteja na equipa B. Como a saída deles equivale a importantes entradas de dinheiro oxalá ainda haja tempo para, com o mesmo acerto e felicidade revelada nos exemplos acima, fazer a recomposição que Jardim está a provar que merece.
Dérby que é dérby tem sempre polémica associada. Não perco tempo a contestar o óbvio: a jogada do golo de Montero é precedida de fora-de-jogo. Mas é preciso ter muita lata para, quem ainda há poucos meses conseguiu fazer uma barrela a uma dos maiores esterqueiras que me foi dado assistir, ao ponto de ver tudo limpinho num ápice. Seria melhor manter algum decoro e período de nojo sobre a matéria.
*Se Bruma tiver dois neurónios e um deles estiver a funcionar deve ter sentido que o jogo de ontem era perfeito para ter brilhado. Se os dois funcionarem percebeu que esta equipa era perfeita para fazer dele uma das figuras do campeonato.
Muito boa analise
ResponderEliminarEm relação ao plantel é certo que é curto, mas temos que contar com a nossa formação e tínhamos no banco - jogadores como capel, slimani, rinaudo magrão e Dier
Onde acho que estamos um pouco pior é nas alas - tirando os que têm jogado - temos depois salomão e possivelmente Chaby e Medeiros, que talvez até rendam mais no centro.
Não haverá lá para Seatle um extremo bom também ?
Se o Labyad acabar por não sair, há que muito pragmaticamente voltar a chama-lo à equipa sénior.
ResponderEliminarE como não poderia deixar de ser em todas as pré-épocas há o zumzum do Quaresma. Perigo...
Para além do aqui já foi dito, quero destacar algo que me parece importante:
ResponderEliminarO chamado maior clube do mundo, depois de ter contratado este ano mais 312 jogadores, para jogar conosco teve que recorrer a dois casos de indisciplina: Cardozo por aquilo que se viu na final da taça e Luisao no jogo anterior, além dos gestos que dirigiu aos seus adeptos ainda lhes chamou filhos da puta! Como se não bastasse, não se mostrou arrependido!
Jorge Jesus disse que não se passou nada!
A um clube que gere estes casos de indisciplina, premiando os prevaricadores não se augura nada de bom no futuro. E por esta razão será merecido.
Sporting Sempre!
Boa análise.
ResponderEliminarAchei perfeita a leitura de jogo de Leonardo Jardim, ao colocar o Dier a central e Rojo na esquerda (que pena ter-se agora lesionado), adiantando o Jefferson que já não tinha forças para fazer todo o corredor. O Golo deles, foi fruto da inexpriência - um encostozinho naquele sérvio (e respectivo amarelo) e hoje o nosso júbilo seria ainda maior. Um senão: A entrada de Capel parecu-me tardia. O Carrillo quando desencarrilha, raramente volta a encarrilar e devia ter saído mais cedo - incrivel como parou o jogo em duas jogadas de contra-ataque, permitindo a recuperação da equipa de "estrelas sem luz" à sua defesa, perdendo assim escelentes oportunidades. Um preto com "brancas" é a morte do artista!
Notas + :Rui Patricio, Jefferson, Mauricio, William Carvalho, Montero
Notas - : Carrilho e Wilson Eduardo (o 1° derby pesou sobre ele)
SL
SL
Tanta coisa em acordo e bem escrita que é complicado comentar (tudo).
ResponderEliminarO jogo foi nosso, e nisso não podem existir dúvidas. O Benfica jogou 15 a 20 minutos. Nesse período o Rojo ofereceu uma oportunidade de golo ao Markovic e o William ofereceu-lhes o golo (o sérvio tinha de cair), após uma falta inexistente de Carrillo sobre Cortez.
O resto foi Sporting. E foi muito Sporting. Um Sporting jovem, renovado, de formação e português. 6 jogadores portugueses, 7 da formação, contra 1 português (forçado) do Benfica e Zero da formação. A FPF agradece.
A equipa cresce e isto só fará sentido com uma vitória em Olhão e outra em casa com o Rio Ave. E esta exigência que, agora, me imponho (e que não tinha há 3 semanas atrás) pode ser perigosa. E o perigo é ainda maior quando essa exigência não é só minha. Quem foi a Alvalade, mais que falta da sobremesa na boca, saiu com a sensação que pode-se (já, agora) exigir mais que um 4º ou 5º lugar.
E isso será mesmo verdade? Ou ilusão? É para isso que se trabalha? Quais os objectivos para esta época?
O banco é limitado. À excepção de Dier (de Slimani conheço pouco para comentar), no nosso banco, no sábado, não existia ninguém de eleição. Capel é útil mas nem sequer é melhor que Bruma. Rinaudo é esforçado mas é limitado na compreensão de um jogo de futebol (a sua profissão). Então quem é que substitui os que são, agora titulares e os futuros castigados e lesionados?
Ainda mais a equipa é jovem e passará por fases de menor clarividência psicológica (Carrillo, Rojo, Carvalho, à cabeça). Repare-se que até já se diz que Wilson tremeu no 1º teste a sério (o que eu não concordo)!
Tudo dependerá daquilo que, internamente, se propuseram a alcançar nesta época.
Bruma encaixaria perfeitamente nesta equipa. Ilori seria um dos 3 centrais.
Vão embora. São da formação e portugueses. Nunca mostraram interesse em ficar. É triste.
Perde o Sporting, como sempre. Eles ganham (dinheiro, até ver).
Os negócios só serão bons se eles nunca voltarem a Portugal, onde poderão ser felizes. A aposta será, quem volta 1º? O que foi para um clube que nada ganha há anos e com mais 5 centrais no plantel, ou que foi para um país em instabilidade constante, com clubes cativos de milionários de ocasião e onde tudo se altera a qualquer momento (onde anda o Besiktas e veja-se o que aconteceu ao Fernebahce).
Parece-me novos demais para algo tão inseguro. Mas eu não sou pai deles, nem sequer tutor, advogado, empresário ou proxeneta.
Só quero o Sporting salvaguardado e a crescer, sempre.
Mas isso converge
Alguém tem uma cópia do jogo que possa disponibilizar? É que lá no trabalho há um c#$%€ de um lampião que só viu o fora de jogo(?) no nosso golo e o agarrão ao Cardozo...
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