Cortar a crista ao galo
O Sporting foi a Barcelos cortar a crista do orgulhoso galo minhoto, que até ontem não apenas não tinha perdido em casa como não havia permitido mais do que um golo num jogo só. Tendo dominado quase o tempo todo não se pode dizer contudo que tenha tido como resultado final uma cabidela. Por duas razões que me parecem essenciais:
Por culpa própria, que veremos mais adiante, e pela forma aguerrida como o adversário se bateu. Este, apesar de limitado ao nível individual, - o guarda-redes, Viana e o Peixoto serão as excepções - denota alguns processos colectivos que denunciam o bom trabalho do seu técnico.
Equipa séria e coesa
Há duas qualidades da nossa equipa cada vez mais consensuais entre nós e reconhecidas até entre os nossos adversários, Elas são a forma séria e coesa como vem abordando os jogos em que intervém. Ontem foram mais uma vez essas qualidades a vir ao de cima quando, fazendo quase tudo bem, ia faltando o melhor acerto na definição dos lances. Os jogadores não esmorecem e voltam sempre à carga, numa demonstração de confiança nos processos. Confiança e uma crença quase pueril seriam mais duas qualidades que se poderiam associar.
Confiança e esperança no futuro
Não sou dos que acha que o adversário de ontem era fraco, mesmo concordando, como já foi acima afirmado, na menor valia individual de alguns dos seus executantes. Há muito mérito do Sporting no menor fulgor do Gil Vicente, e que começou pela forma como subiu as linhas, o que lhe permitiu pressionar muitas vezes de forma asfixiante o processo de construção gilista. Da recuperação da bola e partida para o ataque era um ápice mas, por uma razão ou por outra, quase nunca conseguíamos definir o último passe com acerto.
Estas dificuldades, já sentidas em jogos anteriores, podem ser também um indicio que, da equipa que Jardim está a construir, falta ainda completar o telhado. Isto é, se defensivamente a equipa vem denotando alguma consolidação, há ainda algo a fazer no mesmo sentido nos processos ofensivos. Se é certo que as limitações de Wilson Eduardo - que, além do mais, não é propriamente um ala - concorreram largamente para esse registo no jogo de ontem é também verdade que Martins, Cédric e Jefferson já demonstraram melhores recursos nesse capitulo do que ontem, nomeadamente no momento de assistir os colegas via cruzamentos.
Numa perspectiva opitmista, que me parece ser perfeitamente justificável e não produto de uma euforia momentânea, a possibilidade dessa refinação ocorrer é um fundamento de esperança que o nosso jogo possa ainda crescer.
Destaques individuais
Nunca é demais afirmar, como já fiz em ocasiões anteriores, que a nossa equipa vale muito mais do que o valor da soma das individualidades. Essas virtudes, abordadas acima, são a justificação da justiça do primeiro lugar ontem alcançado. Os mais incomodados podem até, para sua auto-satisfação, virar a classificação de pernas para o ar, mas não conseguem iludir o óbvio: o mérito e se nem isso, pelo menos o maior número de pontos.
Dito isto, é mais uma vez com um sentimento de injustiça que deixo os meus destaques individuais:
Patrício - Fez o que se exige a um guarda-redes de equipa grande, por isso normalmente menos chamado a intervir: ser eficaz e decisivo. E ontem foi-o quando impediu o empate.
Maurício: Pode muito bem ser o ícone desta equipa. Não é particularmente dotado tecnicamente e por isso usa de simplicidade de processos e concentração absolutas. Não atribuo a ele nem a Rojo culpas na melhor oportunidade do Gil, o problema havia começado bem antes com a permissividade da nossa linha média.
William Carvalho - É o homem do momento, porém a sua exibição ontem desceu uns furos em relação ao jogo anterior, onde esteve imperial. A entrada Carlos Gonçalves para o espaço entre as suas costas e os centrais na segunda-parte nunca foi bem resolvido, com William a revelar cada vez mais dificuldades, que ficaram esbatidas com a superioridade numérica, após expulsão de Pecks.
Adrien - Impressionante o que correu e lutou, sendo responsável pela consistência do nosso meio-campo. O número de intercepções de bolas e os quilómetros corridos devem ter sido imensos. Terminou o jogo completamente esgotado, a única justificação para o cartão amarelo escusado, a par de já dever estar cheio de aturar o Jorge Sousa.
André Martins - De mansinho parece estar tornar-se no ponto de Arquimedes do nosso ataque, faltando-lhe para tal conseguir ser mais assertivo na definição dos lances, seja no passe seja no remate.
Montero - Não deve ter disposto de mais do que duas bolas dentro da área e marcou dois golos. Se no primeiro golo beneficiou de colaboração "externa", no segundo disparou para se posicionar no lugar onde a bola haveria de ficar disponível poucos segundos depois. É um dom raro e Montero têm-o, para sorte e alegria nossa.
Conclusão
Poder-se-ia dizer que as vitórias do Sporting ante o Gil Vicente deveriam ser encaradas com naturalidade. Em teoria é muito fácil de concordar com esta asserção. Na prática é bom notar que, sendo um campo - não exactamente este - que estará para sempre ligado ao nosso regresso às conquistas, é também um campo onde só ontem conseguimos dobrar um cabo de que tem representado mais tormentas que sucessos: nos 17 jogos em Barcelos ganhamos apenas metade deles.
A vitória de ontem, olhada assim, é por isso uma pequena vitória. Mas é uma pequena grande vitória, se atendidos todos os factores e condicionalismos específicos deste jogo: o peso de ter que ganhar, que não se sentiu, e a vontade do adversário em nos contrariar.
Mas ontem houve alguns aspectos que não vêm normalmente nas análises ao jogo: ver um estádio de esfuziante de pé, pintado de verde e branco, a saltar e cantar, os rosto de satisfação e orgulho no final fazem destas primeiras jornadas um somatório de pequenas mas imprescindíveis vitórias para o regresso às grandes conquistas.
Não sei, ninguém sabe, como tudo isto vai terminar. Mas, quando o percurso das vitórias for interrompido - e vai ser - é necessário não esquecer estes momentos, para que não se passe da euforia à depressão e, dessa forma, se sucumba à tentação de por tudo em causa e, mais uma vez, deitar fora a criança com a água do banho.
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Ficha MaisFutebol |
Clap Clap
ResponderEliminarO Freitas fartou-se de o dizer nos comentários e eu concordo, a serenidade desta equipa é demolidora, parece a imagem de espelho do seu treinador. As grandes mensagens passam para o grupo em pequenos gestos, exemplo, nós nunca mudamos a forma como jogamos, nunca, e essa forma é dominar o terreno de jogo e atacar para vencer. A estratégia de jogo definida pelo treinador não muda conforme o campo ou o adversário e se essa ousadia valeu algumas derrotas (Antas e Luz) a convicção de que aquele é o caminho para as vitórias é agora tanta que a equipa cresce no seu sistema de jogo jornada após jornada. Que se cuidem aqueles que nos venceram na fase inicial de desenvolvimento desta equipa, we will meet again!
ResponderEliminarNo último jogo em Alvalade o William fez com que me levantasse para o aplaudir de pé depois de uma jogada qualquer de meio campo, foram muito raras as vezes que o fiz e já me "passaram pelas mãos" muitos e bons jogadores. Qual Yaya Touré, eu agora já ando a comparar o puto ao Zidane...
Voltando a Barcelos, muita porrada levou o André Martins, parecia o Capel a enfardar quando joga na Luz, e nem me lembro de ver o Maxi em campo...
Perfeito.
ResponderEliminarAinda estava com a esperança que trouxesses um video das bancadas maravilhosamente vestidas de verde.
deixa-me apenas acrescentar que o nosso lateral esquerdo joga que se farta.
força grande Sporting
abração
The Cure,
ResponderEliminarTodo o fim-de-semana foi muito cansativo e atribulado e os preparativos da viagem a Barcelos foi caótico. Pior que ter ido com o telemóvel semi-descarregado, foi a seca de 45m que dei aos companheiros de viagem.
Mas o ambiente no estádio foi fenomenal, logo vou ver a gravação do jogo para ver se nos fizemos ouvir na TV.
Abraço
LdA, até num streaming ranhoso se ouvia o estádio a rugir!
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=SaDlPE0QnFY
ResponderEliminarBoas!
ResponderEliminarNão vi o jogo. A essa hora estava em viagem, pelo que ouvi o relato. E no relato o 'ruído' de fundo soava-me sp mt familiar! :)
Somos Enormes!
Outra coisa que notei foram os nome 'Adrien' e, principalmente, 'André Martins' na boca do relatador quase constantemente. Ultimo pormenor, se até os radialistas falaram em duas expulsões perdoadas aos gilistas... não vou ser eu a contrariar (uma entrada sobre Adrien e uma chapada em Martins). Nos resumos que vi da sportTV apenas mostraram a entrada assassina sobre o Wiliam Carvalho dum animal raivoso qualquer.... A sorte foi o puto ter o pé direito levantado, pq se o tem apoiado na relva, a esta hora estaríamos a lamentar o afastamento do melhor jogador do campeonato da competição e, provavelmente do Mundial do Brasil..
SpooOOOOOoooortying!!!!
SL
Como gosto de ver os uppercut que Leonardo Jardim envia para a atmosfera (ou um adversário imaginário) sempre que marcamos um golo. É um momento só dele, antes de voltar a olhar para a equipa e colocar os jogadores (e cabeça) no devido lugar. Que venham mais!!
ResponderEliminarO mérito é (quase) dele! Ainda hoje nos perguntamos quantos jogadores do nosso 11 tinham lugar no 11 do Benfica e Porto. No início, talvez Patrício mas, agora... Adrien, Jefferson, Montero, William, Cédric, Martins... o que é que estes não têm relativamente a Lima, Siquera, Cortez, Defour, Josué, Amorim, Fejsa, Almeida (desculpem, este só joga na selecção), Maxi, etc?
A equipa sobe de produção porque se começa a portar como uma Equipa. O 11 é estável (claro que eu queria lá o Dier, mas como posso ir contra o Leonardo? A razão/resultados está toda do lado dele! E ele treina e convive com estes jogadores. Lá saberá o que é melhor).
A exibição em Barcelos é de uma Equipa. O apoio em Barcelos foi esmagador. Relembrei-me do jogo em Campomaior, no ano do título 1999/2000, numa jornada após a vitória sobre o Porto. É uma onda brutal em redor da Equipa, que tudo tem feito para merecer esta devoção.
À volta de um conjunto cada vez mais forte de jogadores da nossa Formação (Patrício, Cédric, Adrien, Martins, William e Wilson), Leonardo adicionou-lhe mais talento (Jefferson), veneno (Montero) e muita garra (Maurício e Capel). No banco, todos sabem o seu papel e importância (Slimani, Carrillo, Dier), mesmo aqueles que parecem ser mais talismãs do que verdadeiras opções (Rinaudo, Boeck e Salomão).
Há um papel para todos, neste Sporting.
O que se passará, hoje, na cabeça de Labyad, Jeffren, Schaars e outros? Atenção, não conheço os motivos porque estão ou foram afastados, só questiono, o que pensarão?
O plantel sente um rumo. Sente que o seu trabalho dirige-se a algo. Isso é realização profissional (e, também, pessoal).
O caminho (seja ele qual for) é longo. Preocupa-me a excessiva (mas merecida para eles) "dependência" que a equipa tem de Adrien, William, Montero e Patrício. Pela posição que jogam, Adrien e William estão mais próximos de falharem jogos (lesões, castigos), como será sem eles? É tempo de aparecer alguém que ainda não mencionei, Vítor. E quando vi a entrada de Pecks, pensei no rombo (mais psicológico, na equipa e treinador, do que técnico) que teve origem na lesão de Rinaudo (vira essa boca para lá).
Por fim, quero dizer que este Cédric, Adrien (que jogo, que jogo...) e Martins merecem a selecção. Porra, uma internacionalização! Depois coloquem lá os Almeidas, Micaeis desta vida.
Sábado, em busca de mais uma vitória! Sem euforias, só vontade de (n)os ver vencer. Merecem o momento que estão a passar.
ps: mais do que a defesa de Patrício aos pés de Paulinho, destaco uma, na 1ª parte, num remate de fora da área de Luís Martins, ainda a 0-0. Muito complicada, de grande, grande, nível.
Esta vitória deve ter-te custado muito, para poderes dizer, com os croquetes já estariamos 156 pontos à frente deles e com o piqueno godo é que era!
ResponderEliminarGrande Bruno de Carvalho, carrega Sporting, lixo com os croquetes filhos da puta.
Um agradecimento especial aos sportinguistas de todo o País, pois onde a equipa de Futebol vai os campos enchem com a sua presença e apoio. Só a titulo de curiosidade: os 3 grandes jogaram em Coimbra contra a Académica. A assistência ao jogo do Sporting foi de, 14 mil e tal espectadores; ao Slb 8 mil e tal espectadores; e ao Fcporto 4 mil e tal espectadores. Quer dizer, na prática e pelo verificável in loco, que Fporto e Benfica juntos "levaram" menos 2 mil pessoas ao Estádio de Coimbra que o Sporting sózinho!!! E esta onda tem-se multiplicado pelo País, onde a equipa do Sporting joga. Isto que poucos referem, e a CS omite, também mostra a nossa grandeza e a maneira de estar dos Sportinguistas. Somos mesmo muito grandes! Em relação ao Campeonato é ganhar jogo a jogo e no fim fazem-se contas. Sábado dia 14 todos a Alvalade às 20:15 H apoiar o Sporting contra o Belenenses. Vamos encher o Estádio. SL
ResponderEliminarno melhor scp da última década levaram mais 1000 a barcelos do que quando lá foi o olhanense...
ResponderEliminarainda longe da força dos 2 grandes
Caro LdA,
ResponderEliminarUma pequena amostra do local onde vimos o jogo! ;)
https://www.youtube.com/watch?v=1gkbt3_7d84
como anónimo das 01:23? O Olhanense levou 8 mil a Barcelos?
ResponderEliminarANÓNIMO DAS 1:23 O SPORTING É O CLUBE QUE MAIS GENTE LEVA FORA. ISTO É UM FACTO INDESMENTÍVEL MAS PARECE QUE TE CUSTA. OLHA BEBE ÁGUA QUE PODE SER QUE COMECES A VER MELHOR...
ResponderEliminarBancada de Leão
ResponderEliminarMuito obrigado por essa pequena grande pérola.
abraço
The Cure,
ResponderEliminarDe nada, é sempre um prazer!
SL