No dia seguinte a uma sexta-feira 13 o Sporting defrontou o 13º classificado, à 13ª jornada e... GANHOU! Noutras alturas, em que se via um fantasma em cada sombra, esta coincidência numérica seria encarada com tal fatalismo que já entraríamos em desvantagem. Felizmente não foi assim e o Sporting acabou por amealhar mais 3 preciosos pontos. Esta é uma das pequenas vitórias de que falava há uma semana, a que se soma uma presença maciça de adeptos em Alvalade, desta vez de acordo com o desempenho da equipa. Esta merece tudo, pela sua postura séria, rigorosa e pela lição que nos dá a cada jogo: são eles os primeiros a acreditar que a vitória é possível, por mais dificuldades que o jogo apresenta.
Um fim-de-semana carregado de compromissos impediu-me quer de ir a Alvalade quer mesmo de observar o jogo como gostaria. À hora que decorria o jogo tive que dividir a atenção com familiares e amigos num repasto delicioso que teve pelo menos a virtude de rever o meu Pai voltar a ver um jogo do Sporting com interesse. Ah, e os croquetes estavam deliciosos!...
Não faz muito sentido fazer agora a análise ao jogo, pois este já deve ter sido objecto de escalpelização por todos. Ficam por isso algumas apreciações genéricas que resultam do primeiro visionamento anárquico de sábado e a observação do jogo gravado ontem, quando me sentei no sofá para descansar do... fim-de-semana.
- Os dois pontos já acima aludidos, mas que nunca é demais voltar a referir: o fervor dos adeptos e a crença da equipa.
- Vale a pena ter paciência com o talento porque ele acabará por vir ao de cima sobre a mediania. Falo, como é óbvio, de Carrillo. Com a partida de Bruma, e com Carlos Mané ainda na incubadora, é talvez o nosso único jogador capaz de fazer "coisas diferentes". Precisa de mais jogos assim, para ganhar confiança, precisa de sentir essa confiança das bancadas.
- Mais um grande jogo de Jefferson. Sempre que o jogo requeira mais ataque e "sejam possíveis" menos cuidados defensivos o melhor do jogo dele vem ao de cima.
- Falar de Jefferson sem falar dos restantes companheiros de defesa seria injusto. Toda a defesa esteve "intratável" enquanto o jogo andou cá e lá na primeira meia-hora e o Belenenses parecia querer mais do que nos daria jeito conceder. E assim se manteve pelo jogo fora, às vezes sem grandes primores mas sempre com grande eficácia.
- Adrien é por este tempos o patrão do meio-campo e um capitão sem braçadeira. Exemplo de atitude e dedicação ao jogo, finalmente a fazer calar senão os punham em causa o seu valor pelo menos os que desconfiavam do carácter. Pode ainda ser melhor e ser mais importante, sobretudo se conseguir fazer valer em zonas mais adiantadas do terreno a qualidade do seu último passe e a potência do remate. Mas para isso tem de dispor de mais segurança e confiança atrás. As tarefas de recuperação de bola atrás não se têm ficado apenas pelo seu lado, sendo muitas vezes obrigado a fechar os portões que William deixa abertos e isso retira-lhe disponibilidade para aventuras mais adiante.
- André Martins acabou em grande e deve ter sido para ouvir Alvalade rendido ao seu jogo que Jardim o tirou já final. Fez um golo, respondendo ao que pedia aqui há dias atrás: alguém que apareça nas costas de Montero e que dê sentido ao muito trabalho que o nosso goleador tem a arrastar os defesas com ele. Era o que estava a faltar para os extremos terem mais hipóteses de verem frutificar as arrancadas área dentro. Sem linhas de passe grande parte do seu esforço está condenado ao fracasso ou demasiado dependente da sorte.
- Montero já viveu dias de maior acerto e quiçá de confiança. Esta poderá ser uma ilação primária, que tenderá a esquecer que na jornada anterior foi decisivo, tocando pouco mais que 2 vezes na bola dentro da área. Há que olhar para o jogo de ontem como para qualquer outra inevitabilidade: se marcasse sempre a cada oportunidade era melhor que Messi e Ronaldo, pois nem esses conseguem esse nível de eficácia.
- Jardim é o grande nome por detrás do sucesso da equipa da equipa. Obviamente que conta com uma retaguarda - um núcleo duro formado por um grupo muito restrito e coreáceo - que lhe oferece estabilidade, permitindo que o seu trabalho dê frutos. A equipa é muito a sua imagem: discreta mas eficaz, paciente mas objectiva. E as conferências de imprensa dele reflectem a sua personalidade, tornando-as quase tão obrigatórias como o próprio jogo.
- Vamos ver quanto nos vai custar o penalty marcado sobre Cédric, já que o outro sobre o Montero depressa vai ser esquecido. Devo contudo dizer que, no lance de Cédric a dúvida não se é dentro ou fora. Tive oportunidade de ver e rever o lance e não tenho dúvidas que Cédric está já dentro da linha de área. Duvidas podem existir é se é falta ou não que merecesse castigo.
- Uma das virtudes da nossa posição na tabela classificativa é deixar muitos comentadores à nora, acabando por revelar as suas preferências com as vertigens que o nosso lugar lhes provoca. Tal é ainda mais notório quando, numa jornada em que os 3 grandes defrontaram 3 das equipas mais frágeis do campeonato, o Sporting foi o único que não viu a sua baliza comprometida e teve o jogo mais tranquilo. Sem saber o que o futuro reserva para cada uma das equipas os números até agora registados falam por si e só por uma infinidade de razões que nada têm a ver com gosto pelo futebol é que não se reconhecem os nossos méritos.
Grande análise individual. Parabéns! SL
ResponderEliminarA Quadra festiva também me anda a estragar os planos de ir a Alvalade... Cada vez abro mais a boca de espanto com o desempenho desta equipa e cada vez mais (tento) despejar baldes de água fria no "bichinho" que anda aqui aos saltos no coração.
ResponderEliminarNão estou preocupado com a defesa, Eric e Píris são muito boas soluções e a concorrência nos treinos está garantida, os actuais titulares não podem dormir na forma. No ataque, com maior ou menor virtuosismo, Slimani tem cumprido a sua tarefa, quer a marcar, quer a dar imprevisibilidade ao modo como atacamos. O meu problema é o meio campo, os nossos "putos" (Adrien e Martins já não são putos nenhuns) estão a carburar a um nível assustador, é tremendamente difícil manter durante toda uma época esta pedalada, seja física, seja mental. O trio que lhes faz sombra, Rinaudo, Vitor e Magrão, sempre que tem sido chamado não provoca a ruptura que p.ex. Slimani consegue, sente-se que a equipa continuando a produzir quebra um pouco ao contrário de acelerar pela entrada de sangue novo. William por força da sua posição e da acumulação natural de cartões irá sair em breve, Martins quando o adversário é mais físico tem maiores dificuldades em maravilhar com o seu futebol e Adrien está ao nível daquele que eu acompanhei em Coimbra e carregou a Académica de volta aos títulos.
Resta gerir e sonhar com um trio formado por João Mário, Esgaio e Chaby a conseguir, num futuro breve, morder os calcanhares aos seus companheiros de Academia.
Dois apontamentos, Jardim tem um luxo que foi negado a quase todos os seus sucessores, só tem de trabalhar naquilo que sabe, futebol, outras guerras politica, arbitragem, marketing, etc., são pelouros de outros actores.
Adrien é muito parecido com Barbosa, não no estilo de futebol, é menos mágico e muito mais guerreiro, mas é um jogador sem velocidade e por isso parece por vezes estar alheado ou em esforço e principalmente sem publicidade, não tem empresário, ninguém anda a vender primeiras capas com ele e a fazer embrulhos na forma de interesses da Juventus (há algum jogador do mundo em quem a Juventus não tenha interesse?), Real Madrid, Manchester ou o novel candidato a interesse em tudo quanto é jogador que se quer ver promovido Mónaco.
Infelizmente, para lá destas transferências de Pirro, também ninguém o promove nos olhos de Paulo Bento. Temos de ser nós! Devemos esse trabalho a Adrien, e a Juve faria um excelente trabalho se tivesse um cântico para ele como tem para Capel.
Bolas, há-que ir a Alvalade. A família e os restantes compromissos podem esperar. Já há quanto tempo não tinhamos um luxo assim?
ResponderEliminarNos ultimos anos, eu só me lembro de algo assim, na época em que fomos campeões com o Jardel.
Ganhar por 3 ou 4 sem ter que jogar demasiado bem.
Um luxo, repito!!!!
E que no próximo jogo que estejam mais de 40.000....
LMGM,
ResponderEliminarAinda bem que falas dos cânticos ao Capel. Ao que julgo saber este ano já não há cânticos para os jogadores, algo que acabou o ano passado pelas razões que é fácil intuir. Acontece que o do Capel ficou entranhado nos ouvidos de todos e em Barcelos foi o único que teve direito a ele. Ora isso é uma profunda injustiça para Montero, por exemplo, que também substituído e não viu o seu nome cantado. Uma questão para as claques reflectirem.
J. só em janeiro e... vamos lá a ver. LdA, eu não sou muito amigo de cânticos individuais, se bem que dei bom uso ao de Acosta para calar certas bocas peçonhentas vestidas de azul e branco, o meu ponto é que o Adrien não tem quem faça a sua promoção, temos de ser nós a gritar aos ouvidos dos mercadores.
ResponderEliminarLdA,
ResponderEliminarNeste último jogo, quando o Montero foi substituído já se ensaiou um cântico para ele. Pouco conseguido é certo, mas houve.
>>"Adrien [...] Pode ainda ser melhor e ser mais importante, sobretudo se conseguir fazer valer em zonas mais adiantadas do terreno a qualidade do seu último passe e a potência do remate. [...]
ResponderEliminarPara mim, este é o ponto onde a equipa tem maior espaço para crescimento em soluções de ataque: o [/passe para] remate à entrada da área. E, para isto, Adrien será certamente o melhor homem para lá estar. Já dei por mim vezes sem conta a "visualizar" a jogada, sem lá estar ninguém. Vamos já vendo AMartins a aparecer nas costas de Montero, na zona do 'penalty'. Falta agora Adrien nas costas de AM, na meia lua.
Sem primar por alusões a vizinhos, é o tipo de lance que me faz lembrar os melhores tempos de Raul Meireles.
Mas percebo, naturalmente, a contenção na opção pela necessidade de acautelar o risco.
O outro ponto em que vejo maior margem de progressão é individual e chama-se Carrillo. É mesmo isso, é o nosso homem capaz de "coisas diferentes", o nosso abre-latas.
"Nós andamos lá em cima", e isso é mesmo óptimo. Um dos meus primos, após ter participado na jornada de há 2 semanas, com almoço do Solar em Vila do Conde e vitória em Barcelos, dizia: "Eu tenho 15 anos e nunca vi o Sporting assim". Na nossa militância diária quase nos esquecemos que os anos passam e o Sporting todos os dias tem criado o segundo maior deserto de campeonatos da sua história. Mas a nossa resistência é impressionante.
ResponderEliminarE agora façamos este exercício:
Desde que os novos estádios foram construídos e entraram em funcionamento (2003), o Sporting tem o segundo pior período da sua história, incluíndo o pior momento isolado de sempre (última época). Nessa mesma altura, o FCP tem o período mais alto da sua história, com três conquistas internacionais e uma hegemonia total no futebol português. Mas quem olha para as médias consolidadas de ocupação dos estádios de Alvalade e do Dragão, o que vê? Uma diferença de poucos milhares de pessoas, muito poucos, e uma diferença ainda muitíssimo menor no impacto em assistências nos estádios em que as equipas jogam fora. O nosso potencial é imenso, a nossa militância é quase à prova de bala, e quando a onda verde começa a chegar mais longe e a envolver mais sportinguistas, o resultado é algo indescritível.
Digo estas coisas aqui também para mim próprio, que às vezes desespero de raiva contra os outros, contra gente cuja soberba e desonestidade intelectual me tiram do sério. Por um lado, é certo que algumas coisas não devem passar em claro sem resposta. Mas por outro, isso no fundo conta pouco, muito menos do que aquilo onde a nossa força actual reside: competência e trabalho no balneário, arrojo e competência na administração, militância na bancada. Foquemo-nos nisto!
Abraço a todos
7... felizmente nós aguias estamos habituadas aos céus
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