Frederico Varandas: «Se houver eleições acredito que ganho»
RECORD: Já se passaram algumas semanas desde que anunciou que tencionava candidatar-se à presidência do Sporting. O que tem feito desde essa altura?
FREDERICO VARANDAS – É importante historiar aquilo que se passou desde esse momento. Fiz duas comunicações numa só a 24 de maio. Pedi a demissão e assumi-me para liderar um processo de candidatura numa possível eleição. Fiz o ‘dois em um’ porque o Sporting estava completamente partido. Pedi que fosse dada voz aos sócios, mas era necessário existir um rosto. Ninguém iria promover uma destituição sem que houvesse uma alternativa. Por mais desgastadas que estivessem, as pessoas perguntariam sempre: ‘OK, destituir para quem, para quê?’. Tomei então a decisão de me demitir e ser candidato se houvesse eleições. Já me encontrava preocupado a 24 de maio, mas agora, a 5 de junho, ainda estou mais, pois o problema do Sporting atingiu outro patamar. Os sportinguistas não podem ficar indiferentes ao que se está a passar no clube. O Sporting foi alvo do maior golpe de Estado democrático! A partir do momento em que houve a demissão de órgãos sociais e se assistiu à substituição dos mesmos por outros… atingiu-se o coração do Sporting. É urgente repor a legalidade e a democracia no Sporting, devolver o poder aos sócios. Os sportinguistas têm de perceber que perderam o poder. Os sportinguistas votaram, mas esse voto vale zero se tudo isto continuar. Os órgãos sociais eleitos pelos sportinguistas foram destituídos de um momento para o outro sem fundamento estatutário. Isto é uma loucura, é perfeitamente surreal.
R: Pode falar-se na existência de uma ditadura?
FV – Quando o regime democrático é posto em causa… sim! É disso que estamos a falar. Se há uma semana pedia a Bruno de Carvalho para convocar uma assembleia geral e ouvir os sócios, hoje em dia o meu pedido é diferente. Peço-lhe que se demita, convoque eleições e se recandidate.
R: Ele não parece ter essa intenção. De que maneira se desata o nó?
FV – Espero que esta entrevista sirva de ajuda a Bruno de Carvalho. Que ele tenha um mínimo de coragem, peça a demissão e se recandidate. Vou dizer-lhes porquê. Está a haver imensos movimentos – providências cautelares, processos judiciais, possíveis suspensões –, mas esse não é o caminho. Isso não vai unir o Sporting, apenas acentua ainda mais as feridas já existentes. O futuro presidente do Sporting tem de estar altamente legitimado e só há uma maneira de o legitimar… ouvindo os sócios! Bruno de Carvalho diz que está legitimado por ter tido 90 e tal por cento numa AG onde supostamente estiveram 6 mil pessoas. OK! Se tem 90 e tal por cento, então tem medo de quê? Venha a jogo! Só isso lhe dará legitimidade e paz. Um líder que tem medo de ouvir o povo é um líder fraco e sem força moral, está condenado à nascença.
R: Crê que pode ser mais forte num frente a frente com BdC?
FV – Se houver eleições sou candidato, isso que fique claro. Estou em condições de me colocar em jogo para esclarecer o Sporting. Vou a jogo contra Bruno de Carvalho. Mas esse é, por agora, um cenário hipotético. Não quero é que haja guerras entre órgãos sociais, disputas nos tribunais. Então estamos a pedir ao exterior [aos tribunais] que decida como é que o clube se deve governar? Não! O Sporting tem de saber governar-se internamente. É preciso dar um murro na mesa e legitimar o futuro presidente do Sporting. A forma inequívoca de o fazer é realizar eleições.
R: Vê algum motivo para que ele não se demita?
FV – Não vejo que alguém que goste do Sporting não faça aquilo que estou a pedir.
R: Ele teme perder o poder?
FV – Não sei, pois não estou dentro da cabeça dele. Sei é que não vejo um motivo para que alguém que diz gostar tanto do Sporting o esteja a sujeitar a isto.
R: Qual é a melhor data para se realizar o sufrágio?
FV – Ontem... já era tarde!
R: Bruno de Carvalho critica o ‘timing’ da sua saída. Tem razão?
FV – A partir do momento em que Bruno de Carvalho começa a desviar-se dos valores do clube, o meu primeiro dever de lealdade é com o Sporting, não é com o presidente. Nunca um presidente estará acima de um clube.
R: Disse-lhe isso?
FV – Ele percebeu pela minha cara...
R: Quando notou que o ‘desvio’ era insanável?
FV – Foi neste último ano, sendo resultado de várias situações. Culminou com o clube completamente partido e em guerra civil. O Sporting nunca esteve tão dividido como hoje. Passámos agora para outro patamar, que é o da violação dos estatutos do Sporting, do nosso código genético, do garante da nossa soberania enquanto clube democrático.
R: A comissão transitória está a usurpar os poderes?
FV – Os estatutos são claros. Se existem órgãos eleitos pelos sócios, esses mesmos órgãos não podem ser demitidos e substituídos pelo presidente do Conselho Diretivo. A separação de poderes foi violada, o sócio do Sporting perdeu o seu poder.
R: Planeia comparecer nas AG previstas para os dias 21 e 23?
FV – Espero que Bruno de Carvalho tenha o mínimo de coragem, peça a demissão e se recandidate. Espero não ser necessária nenhuma AG. Se nada suceder só reconheço a marcação de uma AG, a do dia 23.
R: Porque não foi anteontem à manifestação?
FV – Não fui e... não gostei de ler um ‘post’ do diretor de comunicação, no qual brincava e gozava com os sócios que lá estavam. É esta cultura que tem de acabar, não há sportinguistas de primeira e de segunda. Eu, por exemplo, respeito os sócios que defendem a continuidade de Bruno de Carvalho. Peço que se dê um banho democrático ao Sporting, que se realizem eleições. O futuro presidente do Sporting tem de ter o engenho, a competência e a comunicação para unir o Sporting. Só o verdadeiro amor ao clube conseguirá unir, curar e regenerar o Sporting. Bruno de Carvalho não tem competência para o fazer, pois é incapaz de unir.
R: BdC é hoje um homem diferente em relação ao que era em 2013?
FV – Esse Bruno de Carvalho seria o primeiro a pedir a sua própria demissão. Peço, por isso, ao adepto e associado Bruno que convença o presidente Bruno a promover eleições. Creio que o Bruno presidente terá a coragem de fazer aquilo que é impreterível fazer.
R: BdC diz ter "mais honra militar do que alguns que hoje afirmam ser militares", argumentando que "nunca se deixam os colegas no combate". Como reagiu?
FV – Simplesmente ri-me. Quem diz ‘colegas’... está tudo dito! ‘Colega’ é uma palavra que não existe na tropa.
R: Bruno de Carvalho foi assistido à zona lombar na receção ao Paços, tendo surgido uma fotografia dele no balneário. Foi você que a tirou?
FV – Ele sabe que não fui eu. Não sei quem a tirou, mas sei quem não foi. Não foi ninguém do departamento médico e ele sabe disso.
«Não recebemos lições de ninguém no corpo médico»
R: A sua demissão deixou vaga em aberto na direção clínica do Sporting. Na sua equipa, quem será o seu ‘Varandas’?FV – Se for presidente, já tenho o departamento médico completamente fechado. E garanto que mantém a qualidade. O diretor, se calhar, até é melhor do que eu [risos]. Está definido.
FV - Outra coisa de que fui acusado: o médico demitiu-se e ficou tudo órfão. Não exigi nenhuma demissão em bloco. Tive uma reunião com todos os médicos, expliquei o que fiz. Ficaram surpreendidos. Cada um tomava a decisão que entendesse, mas até 30 de junho os serviços médicos teriam de ser garantidos. E estão a ser. O despedimento de todos os fisioterapeutas, isso sim, surpreendeu-me. Se há coisa onde o Sporting não recebe lições de nenhum clube, é na estrutura médica. Retaliação? Não sei. Sei que foi mais um tiro no pé, um de muitos.
«Que Marta Soares saiba defender o clube»
R: Tem alguma crítica a fazer ao presidente da MAG [Jaime Marta Soares]?
FV
– Não quero ter nada a ver com a MAG, que tem de fazer o seu papel. É
importante compreender que Bruno de Carvalho é o presidente do Conselho
Diretivo e Jaime Marta Soares é o presidente dos sócios, é a figura
número um do clube. Não fui eu que indigitei Jaime Marta Soares para
presidente da MAG. Foi Bruno de Carvalho, o qual tem de assumir a
responsabilidade. Perguntam-me se a MAG devia ter feito isto ou aquilo?
Não sei nem quero saber! A MAG é um órgão soberano do Sporting, nada
tenho a ver com isso. Espero que Jaime Marta Soares, o presidente dos
sócios, saiba defender o clube da melhor maneira.
R: Acha que o está a fazer?
FV – Espero que sim...
«Sporting está na unidade de cuidados intensivos»
R: Recentemente afirmou que o Sporting "está doente". Acredita que é possível existir cura, tendo em vista a próxima temporada?FV – É, sem dúvida. A época não está comprometida. O Sporting é um clube especial, com muita força. Não são os resultados desportivos que definem o futuro do Sporting, nunca foram. São 18 anos sem vencer o campeonato, mas a lutar e a encher estádios. Não vai acontecer, mas se forem 28, serão. Não podemos é negligenciar e enfiar a cabeça na areia. Hoje, o Sporting nunca esteve tão dividido. A mudança tem de ser com alguém com capacidade de unir. E não é o gostar mais do futebol ou do hóquei, esqueçam isso. É o amor ao Sporting. Quem quiser isso, vai estar comigo. Não tenho dúvidas nenhumas que o consigo fazer.
R: Não será mais uma época que já está hipotecada à nascença?
FV - Isso preocupava-me há uma semana. Neste momento, preocupa-me a sobrevivência do Sporting como o conheci. Falar de futebol, treinador, preparação, quando está em causa a violação dos estatutos… Quem conhece futebol sabe que isto terá um preço na próxima época. Mas agora estamos a discutir coisas muito mais profundas, como a própria existência do Sporting. Estamos hoje num patamar onde o voto do sócio vale zero. E o poder do Sporting tem de estar sempre nas mãos dos sócios.
R: Considera então que o Sporting está em estado crítico?
FV - Está, o Sporting que conhecemos está na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). E temos de perceber se queremos desligar a máquina ou tirá-lo de lá. Do que depender de mim, a máquina do Sporting nunca será desligada. Mas é altura de os sócios perceberem que o Sporting está na UCI. Ando na rua, em Lisboa, e milhares de pessoas falam comigo. Sei que a larga maioria das pessoas percebe que o Sporting não está bem. O apoio que tenho tido tem sido inacreditável, nem eu próprio esperava isto. Creio que as pessoas acreditam em mim como uma solução, e não como um problema. Mais do que treinadores ou jogadores, a função do presidente que chegar tem de ser a de unir o clube. Assim como está, partido, não ganhamos a ninguém.
R: O facto de não ter um passado ligado à gestão pode ser um argumento usado contra si?
FV - Em tudo na vida quando lidero, lidero uma equipa. E não lidero uma equipa de ‘yes men’. Sou forte porque a minha equipa é muito forte, sempre foi assim! É uma equipa competente, especializada em cada área. Sei o que sei e sei o que tenho de ouvir. A minha força está na equipa que vou trazer - se houver eleições. A minha liderança não é autocrática, sei liderar. Existem determinadas áreas que são a minha vocação, por exemplo o ‘core’ do Sporting. Sei o que é o clube. Depois, noutras áreas específicas vou ter um especialista altamente qualificado. E tudo o que acontecer de mal serei eu o responsável. Lidero em equipa.
R: Essa equipa já está pensada? Existem contactos?
FV - Está completamente fechada. É uma equipa jovem, profissional e altamente competente. Não avanço com nomes, pois não estamos num ato eleitoral.
R: Tem alguém com passado nos órgãos sociais do clube?
FV - O Conselho Diretivo terá gente nova e competente. Mal fosse que em 170 mil sócios não houvesse pessoas com qualidade. Existe mais Sporting para além disto...
R: Caso venha a ser presidente, suspenderá as suas funções enquanto médico?
FV - Completamente. Serei um presidente profissional, 24 sobre 24 horas. Considero esse o meio mais transparente que existe. Não posso exigir competência se as equipas não forem profissionais, tal como fez Bruno de Carvalho. Esse é o modelo mais transparente. Uma pessoa vai para presidente do Sporting e vive de quê? De onde vem o seu ordenado? Isso é que eu acho que levanta suspeitas. Para mim há um pilar fundamental no Sporting: transparência. E saber dignificar o Sporting sem nunca perder a competitividade. Isso é um pilar básico.
R: Aceita a faceta de presidente-adepto? Planeia sentar-se no banco de suplentes?
FV - Aceito a faceta de presidente-presidente. O Sporting precisa de um presidente profissional, uma pessoa com paixão e pulso, mas também com muita cabeça.
R: É esse o seu estilo?
FV - Existem vários, cada um tem o seu. Serei o que sempre fui: simples, transparente e discreto. Sei o meu lugar. O presidente está lá para servir o Sporting. Existe um espaço que é para os jogadores e um outro que é do presidente. Confesso que fico preocupado quando vou ao estádio e vejo tarjas a dizer: ‘Zero ídolos’. Isto é condenar o futuro do Sporting. Sou sportinguista porque cresci com o ídolo Manuel Fernandes, com o ídolo Balakov, com o ídolo Luís Figo. Nunca vai haver um miúdo de 6 anos que se torne sócio por causa do presidente. Isso não existe! Um clube precisa de ídolos. E quem é que eles são? Os atletas! Ídolos no futebol, no andebol, no hóquei em patins, na ginástica, no atletismo.
R: E onde encaixa aí o presidente?
FV - Tem a missão de tentar tornar profissionais em ídolos. Não podemos cultivar o ‘zero ídolos’, isso tem de acabar. Os miúdos gritam e choram pelo Rui Patrício, pelo Bas Dost, pelo William, pelo Battaglia, pelo Girão. O clube é isto, só movimenta novos sócios com ídolos.
R: Caso se verifiquem mais rescisões, pode encontrar o clube numa situação de falência técnica. Está preparado para isso?
FV - O Sporting nunca vai acabar, tem uma dimensão que jamais acaba. Se tiver de se reerguer, reergue-se, seja de onde for. A massa de sócios nunca acabará. Agora, depende é do nível do qual vamos ter de nos reerguer.
«Nunca tive um profissional tão bom como Patrício»
R: O que sentiu ao ler a carta do pedido de rescisão de Rui Patrício?
FV
– Li e vivi aquilo! É o resultado da má gestão do Conselho Diretivo e
de Bruno de Carvalho em relação aos seus profissionais. É o resultado de
inúmeros erros de liderança graves. Não gosto de ver jogadores a fazer
comunicados nem a rescindir. Tenho de defender o Sporting, mas também
preciso de perceber como se chega a este ponto. Onde está o líder? Essa é
uma das razões que me levaram a pedir a demissão.
R: Compreende os motivos invocados para reclamar justa causa?
FV
– Não sou jurista. Há profissionais que estão a tomar atitudes que se
calhar não são as melhores para o Sporting nem para eles. E pergunto:
Porque é que se chegou a este estado? Não posso ter um presidente que
apoia a equipa quando ganhamos e vira adepto quando perdemos. Não é
assim que se lidera.
R: Surpreendeu-lhe a decisão de Rui Patrício?
FV
– Até ao dia em que pedi a demissão nunca tive um profissional tão bom
como Rui Patrício. Durante o tempo em que lá estive, nunca faltou a um
treino por doença, nunca deixou de treinar porque estava maldisposto.
Deu um exemplo a todos os miúdos. Há dois ou três anos fui receber um
prémio na Gala Sporting em que Bruno de Carvalho considerou Rui Patrício
o futebolista do ano. O Rui estava fora e pediu-me para ir receber o
prémio. No discurso disse que ainda fico surpreendido com aquilo que ele
faz. É o número 1 da Seleção, número 1 do Sporting e continua a
treinar-se como se estivesse no 1º ano de sénior. Se tivéssemos mais 6
ou 7 como ele… onde estaria o Sporting!
R: Ainda assim alegou justa causa para rescindir…
FV
– Aí já mete outras variáveis, empresários e advogados… As pessoas
desvalorizam o que aconteceu em Alcochete. Aquilo marca! Os jogadores
acham que nunca mais terão condições para pisar Alcochete e Alvalade.
Aquilo nunca poderia ter acontecido.
R: Houve incúria do clube na fatídica tarde do ataque à Academia?
FV
– Esse é o dia mais negro da história do Sporting. O presidente é o
responsável pela academia, pela segurança da academia, pelo grupo, pelos
seguranças. Por tudo e mais alguma coisa. A responsabilidade é sempre
de quem lidera. A má relação criada entre os profissionais de futebol e a
massa adepta muito contribuiu para aquilo.
R: Quem é o responsável?
FV – O presidente é sempre o responsável!
R: Acha normal uma claque entrar nas instalações do clube para pedir satisfações a quem quer que seja?
FV
– Não. Estive no Sporting que ficou em 7º lugar e não vi aquilo. Já vi
manifestações de desagrado na academia, no parque de estacionamento, no
aeroporto e à saída do estádio, mas nunca tinha visto semelhante coisa.
R: Se for eleito qual será a relação com as claques?
FV
– As claques querem o melhor para o Sporting. Ora, quem quiser o bem do
Sporting estará comigo, quem ama realmente o Sporting estará comigo. Eu
próprio fiz parte da Juventude Leonina quando andava no liceu.
R: Ainda há volta a dar quanto às decisões de Rui Patrício e Podence?
FV – Enquanto sócio estou a fazer o que posso. O Sporting tem de preservar os seus ativos financeiros e desportivos.
R: Mas pode acontecer uma autêntica debandada…
FV – Isso não pode acontecer. Não pode, não pode! Não admito esse cenário. Seria um cataclismo financeiro e desportivo.
«BdC teve bons técnicos mas não soube lidar com eles»
R: Sente-se confortável em ser presidente já com decisões definidas por outrem?FV – A realidade neste momento é um diretor desportivo, [Augusto] Inácio. Quando assinou, ele disse que nunca seria um problema, mas sim uma solução. Conheço-o, estou descansado. Tudo para além disso neste momento é absurdo falar. Tenho tudo bem organizado na minha cabeça. Gosto muito de futebol e tenho identificado o que está mal. Academia, formação, prospeção de atletas não formados no Sporting...
R: Fala em concreto de quê?
FV - Não venho do futebol, mas acredito muito no meu ‘know-how’. Há coisas básicas que se foram perdendo. Não se impõe a um jovem que sinta o clube, ensina-se o que é. Houve uma perda de identidade do jogador da Academia. Chegam aos seniores e veem o Sporting quase como entreposto. Um miúdo tem de beber o futebol. Para mim é claro que os jogadores da Academia têm de ir ao estádio. Nenhum miúdo tem o desejo de ser do Sporting se não o vir a jogar. Não é em Alcochete, a 70 quilómetros. Aprendem o quê? Aprendem ali, a ouvir os sócios, os cânticos. Aí se cria o bichinho.
R: Falta, portanto, maior aposta nos produtos da Academia?
FV - É mais grave. Aurélio Pereira, que será para sempre um símbolo e um senhor sobre o qual me arrepio a falar, já não trabalha no Sporting há um ano por questões de saúde. Mas não houve essa substituição. Foi falta de coragem? É preciso perceber que há ciclos. A formação tem de voltar a ser competitiva.
R: Deixou-se ultrapassar pelo Benfica?
FV - Perdeu muita da qualidade que tinha. Mas vamos mais do que a tempo para a recuperar.
R: Como vê a saída de Jesus?
FV - Foi mais um grande treinador que Bruno de Carvalho teve a competência e arrojo de ir buscar, mas com outro tipo de liderança, tinha dado mais. BdC tem esse condão, de ter escolhido sempre bons treinadores, mas não soube nunca lidar com eles.
R: Sá Pinto pode ser a solução?
FV - Não vou falar de treinadores… Hoje estou a tratar do coração do Sporting, para bombear forte. Essa é a prioridade.
«Se há algo que está bem feito são as modalidades»
R: Tem acompanhado a operação Cashball, onde está envolvido André Geraldes?FV - Há valores que são inegociáveis. A palavra suspeição nunca existiu no clube. Aguardo com preocupação. Não temos nenhum condenado nem quero acreditar que seja verdade. Geraldes? Tinha uma relação profissional próxima, sim.
FV - Se há algo que está bem feito no Sporting, são as modalidades. Quero lembrar Bruno de Carvalho pelo bom que fez e continuar esse trabalho, com cabeça. As pessoas acham que só sou próximo dos jogadores de futebol, mas tratei atletas de todas as modalidades do clube.
«Se houver eleições acredito que ganho»
R: Num cenário de eleições, se não for eleito nem BdC, aceita regressar como médico, caso seja convidado?FV – Se houver eleições, acredito que ganho.
R: Mas... e se não ganhar?
FV – Em tudo na vida tive de correr riscos. Neste momento, penso seriamente o que digo. Indo a eleições, os sportinguistas vão considerar a hipótese de regenerar o clube.
R: Nunca estará, então, afastado da vida do clube...
FV - Nunca conseguirei. Já era diretor-clínico do V. Setúbal e ao fim de semana ia para o meu lugar em Alvalade. Os sportinguistas têm direitos e deveres. O meu dever é saber cuidar do Sporting. Posso discordar de uma pessoa, mas se ela está no poder e ganha, quero que ela ganhe. Muitos preferem que o Sporting perca para terem razão. Farei tudo para ver o Sporting na frente. E acredito que sou a melhor solução para tal.
R: Teme perder a maioria do capital da SAD?
FV – No meu Sporting defendo que seremos sempre o detentor da maioria do capital da SAD, tratando os acionistas com a dignidade que eles merecem.
R: A não concretização do empréstimo obrigacionista compromete as finanças?
FV - Ouvi o presidente dizer que o plantel inteiro podia rescindir, que não teria problemas de liquidez. O Sporting atual vive num certo autismo.
R: Defende a reaproximação institucional com o Benfica?
FV - Terei relações com todos os clubes que queiram jogar limpo. Se eu jogo, vou exigir aos meus adversários que também o façam. Estive lá dentro, na ‘arena’, e vi muitas coisas que comigo não vou deixar que aconteçam.
Esta é uma entrevista do Jornal Record
Dizer algo como «Nunca tive um profissional tão bom como Patrício», numa altura em que este se está a aproveitar de algo grave que aconteceu para tentar sacar uma comissão para o mendes é, no mínimo, caricato.
ResponderEliminaré, talvez, a coisa mais deplorável que já alguma vez vi um futebolista fazer.
já se demonstrou que isso é mentira. parece uma frase do bruninho.
EliminarMais um para quem o Bruno só se revelou verdadeiramente há 15 dias. Só tem mais escolaridade que o desgraçado do Fernando Mendes. Que tem que ir atrás de quem lhe paga um prato de sopa. Mas é tão canalha que ainda se pôs a gozar na CMTV com os sócios que se manifestaram a pedir a saída da Direcção. Mais um grande sportinguista como o Inácio. Que assim que puderam renegaram o Sporting. Foram sempre de quem deu mais. Por isso é que quando acabou o futebol ficaram mais tesos que um carapau. Grandes cabecinhas.
ResponderEliminarMais um administrador demite-se da SAD do Sporting.
ResponderEliminarGuilherme Pinheiro, um dos elementos da direcção de Bruno de Carvalho, demitiu-se da SAD do Sporting. A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) já emitiu um comunicado em que confirma a saída do administrador da SAD, responsável pela área do mercado de transferências.
A demissão deveu-se ao processo da transferência de Rui Patrício para Wolverhampton, que não avançou devido a Bruno de Carvalho. Pinheiro tinha acertado uma saída "a bem" de Patrício, mas o presidente leonino abortou o negócio.
"A SPORTING CLUBE DE PORTUGAL – FUTEBOL, SAD vem, nos termos e para efeitos do cumprimento da obrigação de informação que decorre do disposto no artigo 248º, nº1 al. a) do Código dos Valores Mobiliários, informar o mercado da renúncia apresentada pelo Senhor Dr. Guilherme José Araújo da Costa Carracho Lourenço Pinheiro ao cargo de Administrador da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD.
Fonte próxima do clube verde e branco adianta que a sua saída se terá devido a "dificuldades de convivência".
O que eu ainda me vou rir com o que o Bruno e a sua nova amiga ainda vão inventar quando cair mais algum do CD. No superior interesse do Sporting claro. Como aliás foi sempre com o Bruno nos últimos 5 anos. Sobretudo nos jantares de famiglia com os Barrosos.
ResponderEliminarParabéns pelo trabalho que estão a fazer em prol de um clube mais pobre em tudo. Apenas um pormenor: as eleições são daqui a 3 anos, uma MAG não pode convocar AG de destituição sem apontar as razões da justa causa e sem estar em pleno gozo das suas faculdades, já que se demitiram em bloco. Se quiser ser candidato, espere três anos e comece a fazer campanha na CMTV ou em blogs como este. O Sporting não é o Iraque.
ResponderEliminarNova homilia às 13.00 H. Nunca deixes de ouvir o líder supremo.
EliminarO que o Ricardo precisava era de uma tocha acesa pelo rabo acima. Ou se calhar não. Ainda gostava.
EliminarIsso era o que dizias no tempo das eleições em 2013?
EliminarQuanto aos poderes da MAG é ler os estatutos.
Quanto à campanha na CMTV não deve ser possível, tem que ir para fila, porque o BDC pode entrar em directo qualquer momento.
Se dependesse exclusivamente da vontade dele nem o Iraque éramos. Eramos a Rep. Popular do Brunistão.
Se for uma justa causa parecida com a de 2013 bem podes esperar.
Eliminaranónimos anteriores - ele tem razão na parte da ag de dia 23. foi mal convocada. o marta soares só fez asneiras.
EliminarBoa sorte para o SCP ... Daqui a 3 anos veremos onde está.
ResponderEliminarPena ainda ter o jogo tão escondido a respeito da equipa por não termos eleições marcadas, mas não deixa de ser um bálsamo ler palavras destas no meio de tanta loucura e tirania.
ResponderEliminarPor amor de Deus! Esta é uma altura crucial da vida do SCP e são sempre preciso cuidados redobrados depois do caos em que mergulhámos. O SCP precisa de alguém com verdadeiras provas dadas e não de mais um aprendiz de feiticeiro que nem falar sabe. Como aliás precisou sempre! Frederico Varandas tem 38 anos e só muito dificilmente, para não dizer que é impossível, alguém com 38 anos já viveu o suficiente para almejar liderar um Clube da dimensão do SCP. Já em 2011, quando salvo erro nem o internato ainda tinha terminado, substituiu no Sporting um dos maiores craques portugueses de medicina desportiva. O catedrático Gomes Pereira que não fazia as "vontadinhas" a Luís Duque. Além de um grande especialista um enorme atleta olímpico. E se há alguma coisa que o SCP hoje precisa antes de mais, é de uma verdadeira cultura desportiva. Basta aliás olhar para a cultura de globetrotters nas modalidades. Que ao contrário do que diz o putativo candidato e sobretudo para quem privou com o Prof. Moniz Pereira não estão mesmo nada bem. O Frederico Varandas que continue a aprender o muito que a vida ainda de certo lhe trará e deixe-se de sonhos. Farto de sonhadores está o SCP!
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