O que já perdemos, além de Agostinho?
A imagem retirada do jornal "Expresso" da semana passada (clique em cima para aumentar), recorda-nos muito mais do que a morte prematura e escusada de Joaquim Agostinho, há 25 anos atrás. A presença na fotografia da Juventude, quando esta era realmente Leonina, fala-nos de um tempo em que o nosso clube era efectivamente a maior potência desportiva nacional.
A primeira claque organizada do País recrutava os seus elementos de uma forma transversal aos diferentes extractos sociais da sociedade lisboeta (alargando posteriormente o espectro ao panorama nacional através de organizações regionais), realizando frequentemente acções de divulgação e recrutamento nos estabelecimentos de ensino da capital, que marcaram uma época. Era com orgulho que se entrava em Alvalade e se sentia um clube vibrante e orgulhoso de si.
Não é por acaso que muitos dos "jovens turcos" que hoje se manifestam contra o estado de letargia onde o nosso clube se encontra mergulhado, fizeram a sua licenciatura, pós-graduação e doutoramento em Sportinguismo nas fileiras da Juventude Leonina: porque eles lembram-se do que éramos e não se conformam com o que hoje somos. Quem viu imagens da última conferência de imprensa da Juventude Leonina, quem olha para esta imagem e quem se lembra do que foi esta organização pioneira, perceberá melhor o alcance destas linhas. O seu declínio, e posterior cisão, foi muito mais que um problema interno desta claque, antes sim a evidência do definhamento de todo o clube motivado pela ausência de liderança.
A morte de Joaquim Agostinho, figura maior do desporto nacional, foi uma perda irreparável e de um absurdo que ainda hoje nos magoa profundamente. De certa forma anunciava um fim de um ciclo dourado em que dominávamos muito mais do que alguma vez foi permitido a outro clube nacional. A melhor forma de homenagearmos Joaquim Agostinho é imortalizá-lo nas nossas memórias, mas também não nos conformarmos com o destino menor com que parece que nos estamos a habituar. Foi com essa força que Agostinho saiu da ignota Brejenjas, da Silveira, para o mundo e daí para a galeria de imortais.
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