O campeonato europeu de futebol está à porta e por isso a nossa atenção recairá nessa competição nas próximas semanas. Tendo a selecção realizado dois jogos particulares, é já possível reunir algumas ideias sobre a equipa que nos vai representar em França.
A selecção e os portugueses
A relação dos portugueses com a sua selecção é um verdadeiro caso de estudo. Embora sem ter por base nenhum relatório que o sustente, parece-me que os portugueses em geral gostam da sua selecção, como em geral do seu País. Mas, talvez por calculismo, desenvolveram uma relação cínica com a sua equipa. Estou em crer que, à semelhança do que se viu noutros anos, se a campanha for em crescendo de resultados, os portugueses manifestarão o seu apoio. O inverso é capaz também de suceder, caso a campanha seja mais uma entre as muitas decepcções que os portugueses têm coleccionado.
Obviamente que a afeição dos portugueses à sua selecção não se compara à que nutrem pelos seus clubes. Não creio sequer que isso seja motivo de grandes análises. O mesmo não se pode dizer dos que se deixam contaminar por um clubismo doentio, vendo toda e qualquer acção mais uma razão para prolongar as clivagens que sobraram do campeonato. Neste sentido, o aparecimento das redes sociais só parece ter agravado esta tendência. Tentarei aqui não cair no mesmo erro.
As promessas
Renato Sanchez
Aquando
da convocatória pareceu-me haver alguma injustiça para com Pizzi que,
pela idade, poucas mais oportunidades terá para estar numa competição do
género. O que o pouco tempo de jogo que o futuro jogador do Bayern
deixou perceber é que a sua presença pode ter alguma utilidade,
especialmente se for preciso agitar os ritmos de jogo.
Quaresma
É do lote dos mais velhos, pelo que a sua colocação neste parágrafo parece um erro ou engano. Mas a sua capacidade de improviso é a melhor promessa de quebra da monotonia. Pena é a sua fiabilidade. Mas, até pelo que se vai vendo de Nani, parece que vamos mesmo que o ter em conta.
As dúvidas
A veterania
Não vejo como as escolhas do selecionador poderiam ser substancialmente diferentes mas a veterania deste lote de convocados é por demais evidente. Veremos, com o decurso da prova se a idade já pesa em excesso em algumas das pernas. Por si só, não vejo aqui um problema, o critério de convocar os que no momento ofereçam mais garantias, independentemente da idade, parece-me correcto. A questão da renovação pode ser levantada, embora este ano haja competições em praticamente todos os escalões, de forma a permitir rodar a quase todos. Mas quando assim é a corda não pode rebentar precisamente onde mais se deveria esperar da experiência, como aconteceu ontem com Bruno Alves.
Ronaldo
A forma do nosso melhor jogador, pela amostra deixada na final da Liga dos Campeões, é a grande interrogação. A selecção precisa de um grande Ronaldo e ele também precisa de o ser para as suas ambições pessoais de consagração, mais uma vez, como melhor do mundo.
Moutinho
É fácil perceber que não está em forma e, por essa via, a sua titularidade compreende-se, uma vez que o ritmo perdido pelo grande tempo de paragem por lesão não lhe ia surgir sentado no banco. Mas, a manter-se como está, terá que ceder o passo a Adrien, ou mesmo a André Gomes.
Nani
Parece ter perdido já algum fulgor, um pouco à semelhança do que já havia sido a época de regresso temporário ao Sporting. Parece ter-se tornado num jogador de fogachos, com perda para consistência das suas acções.
Danilo ou William
Na cabeça de Fernando Santos a decisão parece estar já tomada. O que ontem foi dado ver é que não deveria estar. Danilo saiu muitas vezes do estilo de "recupera , entrega" que o seleccionador parece preferir para a posição. Quem sabe por se sentir acossado pela sombra de William, que oferece muito mais soluções para ter uma circulação de bola mais eficiente.
Como é que a bola vai chegar à frente?
Foram apenas pouco mais de trinta minutos o tempo em que jogamos em igualdade numérica, mas até pareceu um alivio para a equipa e em particular para o selecionar a expulsão de Bruno Alves. É com menos deixamos de ter a obrigação ou mesmo o incómodo de ter que chegar à baliza inglesa. Ou as ideias não passaram ou está ainda muito mal trabalhadas as soluções para o ataque. E sem bola na frente não há Ronaldo nem milagres.
Certezas
Centrais
Se Pepe e Carvalho já pareciam titulares, Bruno Alves encarregou-se de ajudar à escolha. Não que Pepe dê muito mais garantias no aspecto disciplinar, mas aquele episódio deixou o seleccionador sem grande escolha. Já no jogo anterior, a forma como Fonte se deixou antecipar por um adversário já tinha produzido efeitos semelhantes. E, convenhamos, Carvalho é o melhor de todos.
Os laterais
O valor entre si equivale-se, pelo que, embora a escolha não pareça definitiva, qualquer um parece dar garantias ao sono tranquilo do seleccionador. Pelo menos até à hora de escolher.
João Mário
Para quem quiser perceber a importância de um treinador na carreira de um jogador vai ser curioso segui-lo nesta competição. A ele que foi dos melhores por cá, no campeonato. Sem saber jogar mal, perderá muito se a dinâmica do nosso jogo e em particular a circulação e posse de bola se pautar pela amostra de ontem.
Vamo-nos ver gregos
Quem viu o que foram as prestações a selecção grega sob o comando de Fernando Santos já pode adivinhar mais ou menos como vai ser o nosso jogo. Conservadorismo táctico, muita rigidez e pouco previlègio para a criatividade e improviso. O que é que isso quer dizer quanto às nossas possibilidades e até candidatura ao titulo, com muitos reclamam? Absolutamente nada. Mas, para já é preciso qualificar para a fase a eliminar. Sem isso, tudo o mais são tretas, como diz a música.
Sem qualquer tipo de clubismo, não vejo no Renato essa capacidade de desequilíbrio. Vejo-o mais como uma alternativa para médio de contenção, com uma grande facilidade de remate. Ideal talvez para ajudar a equipa a manter a bola no meio-campo adversário quando os 90 minutos se aproximam e o resultado está em 1-0 ou 2-1. Agora, é um jogador muito verde, perde muitas bolas e não tem critério no passe.
ResponderEliminarRelativamente ao sentimento para com a selecção. A verdade é que desde o Europeu em 2012 (poucos se lembram mas só caímos nas meias-finais, contra uma Espanha que nada fez no jogo para se superiorizar a nós) que me desliguei por completo da selecção A. Volta e meia vejo os jogos, mas emocionalmente já não existe qualquer ligação. É uma equipa frouxa, que não enche o campo. Muito cansada e sem ideias. Já a nossa actual selecção olímpica e a de Sub-21, essas sim são equipas. Se estes jogadores forem bem trabalhados dentro de 4/8 anos poderemos estar a lutar verdadeiramente por títulos internacionais. Têm a palavra os clubes, a FPF e a Liga. Já era hora de se implementar uma quota de jogadores portugueses por clube e de incentivar financeiramente a formação de jogadores. Esta não pode estar dependente de 4/5 clubes e da prospecção internacional por luso-descendentes, pois dentro de duas gerações estes já não se vão identificar como portugueses, tal como aconteceu com o Robert Pires.
Coloquei o Renato nas promessas e sob a premissa de poder agitar os ritmos de jogo. Não falei em desiqulibrios como os que se esperam de Rafa ou Quaresma, px.
EliminarSerá Ronaldo, Renato e mais 9!
ResponderEliminaruma seleção sem qualquer médio esquerdo é obra!
ResponderEliminaradrien a tapar o buraco que o treinador arranjou...
eliseu a médio esquerdo?
raphael guerreiro?
moutinho está fora deste campeonato... a sua convocatória é uma gargalhada.
quaresma joga sozinho, o resto da equipa não interessa... até ajuda não ter nenhum avançado na área porque aquilo é sempre a mesma jogada.
e se joão mário não pegar no jogo? quem é que é o criativo?
ronaldo vai ser muito marcado, nem bola vai ter...
rafa? o rafa vai pra avançado imaginário porque o éder só entra aos 89 minutos e isso se estivermos a perder.
e tanto jogador que ficou cá e que é 10x melhor que aquela cambada de velhos da feira da ladra...
a ver se esta seleção do fernando santos afunda rapidamente na primeira fase pra virem todos a tempo de treinar no Sporting.
Adriano, relativamente ao Renato, para perceber o que ele pode dar à seleção, basta ver o lance em que se iniciou aquela jogada do Quaresma com a Inglaterra. E talvez tenha visto poucos jogos do Benfica este ano, pois se o tivesse feito, percebia que a sua análise não está muito correta.
ResponderEliminarCumprimentos
Portugal é uma selecção estranha... tem o seu maior problema onde tem o melhor jogador do mundo... é parvo mas é verdade. As nossas possibilidades de sucesso (para mim sucesso é chegar às meias) dependem muito daquilo que formos capazes de fazer com Ronaldo. Vamos recuar um pouco. Temos uma defesa equilibrada com alguns jogadores em boa forma (Patricio, RCarvalho, Cedric, RGuerreiro, etc.) mas com um handicap a defesa das bolas paradas sejam cantos ou livres laterais são um ai jesus, Patricio continua a ser fraco nas saídas dos postes nestes lances e se a dupla central for, como se espera, Pepe e RCarvalho, há um défice de altura evidente contra selecções com "altos" argumentos neste particular do jogo. Os laterais são igualmente baixos e só nos médios defensivos ou em Ronaldo encontramos estampa física para ajudar nas alturas.
ResponderEliminarTemos um fantástico meio campo em intensidade e capacidade táctica mas com uma reduzida criatividade, depois a duvida que vai pairar sempre, apostar nas rotinas do trio de Alvalade (Adrien, JMário e William) ou apostar numa mescla com outros jogadores que, eventualmente, sejam individualmente melhores mas perdendo o valor da rotina. Há aqui um belo busílis a resolver.
No ataque ao contrário do meio campo há criatividade para dar e vender, falta a solidez de um ponta de lança que seja referencia de jogo para dar equilíbrios, apoios e objectividade ao ataque. Temos o mais difícil, falta o mais fácil. A questão que me fica é se Ronaldo aceita partilhar protagonismo ou até abdicar dele em prol da equipa. Gosto da solução ensaiada por Fernando Santos com Nani e Ronaldo no meio, mas ver o trio made in Sporting na frente (Quaresma, Nani e Ronaldo), soltinho a brincar a la Alcochete era algo que eu pagava para ver.
Resumindo, estou a contar com uma selecção conservadora, conforme o seu treinador, a jogar em 442, cheia de equilíbrios e a apostar no 1-0 para ir avançando e que irá cair perante uma selecção qualquer que seja forte nas bolas paradas.
Mas adorava ver um 433 de risco máximo, com o meio campo do Sporting, laterais ofensivos, o ataque de Alcochete e a defesa bem subida a afastar jogo da nossa área e a apostar na velocidade de Pepe e na capacidade de Patricio nas saídas aos avançados isolados.
É um risco enorme, mas coincidia com a nossa candidatura a campeão e se fossemos eliminados era por 5-3 numa jogatana mítica contra a França na final! O resto que viesse pelo caminho era eliminado por resultado idêntico mas a nosso favor!