A nossa comunicação social vai dando conta de propostas dos clubes no sentido de um "aperto" na regulamentação em temas tão diversos como os paineleiros - para os quais já corre uma petição para a sua extinção - como as ofertas a árbitros ou aos excessos verbais dos dirigentes.
Entretanto, o resultado do vistoso folclore que Benfica e Sporting têm proporcionado já começou a produzir resultados igualmente vistosos, como se depreende deste artigo de ontem no El País [
LINK], com o nosso presidente a merecer a "honra" de servir de ilustração.
Sobre as propostas que se vão conhecendo algumas considerações:
- Não estranha que o SLB queira impor a lei da rolha, impondo sanções aos clubes cujos agentes critiquem a arbitragem. A APAF, organização corporativista, terá dificuldade em lembrar-se de melhor. Talvez só mesmo uma grevezita. Compreende-se, estando sentado à mesa do poder não quererá que os resultados da "acção governativa" sejam contestados.
- Não estranha também que, do lado oposto, Sporting e FCP, se oponham à imposição do silêncio, exactamente por não estarem satisfeitos com um lugar tão afastado do centro. Pelo longo histórico, a posição do FCP não deixa de ser surpreendente, mas é também esclarecedora e auto-explicativa do quanto mudou de mãos o poder... Quem não se lembra do famoso "só os burros é que falam da arbitragem"?
Interessando-me particularmente a posição oficial do meu clube cabe-me dizer o seguinte:
- Pelo histórico também ninguém acredita que o Sporting esteja a propor o
silêncio dos agentes futebolísticos, quando Bruno de Carvalho nem
castigado respeita os regulamentos em vigor que fez ou deixou aprovar.
- Na matéria respeitante aos programas de televisão, para os quais o Sporting parece estar interessado em sanções aos clubes a que os paineleiros pertencem, o Sporting não tem autoridade moral para o fazer. Pelo menos enquanto no seu canal oficial pontuar alguém como o Carlos Dolbeth, ou alguns dos comentadores connosco conotados fizerem ou pretenderem fazer exactamente o mesmo papel que os Guerras e quejandos.
- Parece-me igualmente errada a excessiva importância que se atribui aos referidos programas, que só muito remotamente poderão influenciar o curso das competições. Aliás, desde o surgimento deste fenómeno que me parece que o Sporting nunca soube posicionar-se correctamente, no sentido da defesa dos seus interesses, como ainda o ajudou a divulgar e ampliar. Do que se vai vendo a consequência mais visivel é o aumento do número de adeptos a querer ser piores que Dolbeth´s e Guerras atrás dos teclados.
- O Sporting deveria apostar todas as fichas no que realmente tem influência nos resultados e que de alguma forma é instrumental para a sustentação do poder actual. Como por exemplo, a extinção dos observadores, regulamentos transparentes para os relatórios dos árbitros, para a nomeação, apreciação, pontuação, promoção e até punição para erros destes.
- Ao invés de ficar comodamente instalado atrás das câmaras, gravadores, microfones e comunicados, há muito que o Sporting deveria ter posto os pés ao caminho, promovendo reuniões com os diversos clubes, procurando chamar a si a liderança de um processo de mudança inevitável.
- A insistência na história dos vouchers é a repetição de um erro que já nos custou um revés. Acresce a isso a antipatia da classe, por se sentirem apontados como corrompíveis "por um prato de lentilhas" como me confidenciou um elemento da classe, quando o assunto foi trazido para a opinião pública.
- A LIGA, sendo importante, é apenas um dos constituintes da AG da Federação, onde as decisões são tomadas.
Mas a concentração máxima deverá estar sempre focada no plano interno. Vivendo num meio hostil e com pelo menos dois rivais com maior poder nos gabinetes, o Sporting, para ser novamente vencedor, conta apenas consigo e tem, por isso, de ter um desempenho desportivo quase perfeito. Para isso é preciso:
Rigor no planeamento, decisões estudadas e bem fundamentadas, ao invés das tomadas sob o signo da emoção e do momento. Como exemplo os retornos à base de atletas que até estavam a ter um bom desempenho e viram a sua progressão empatada.
Igual rigor na execução, sem atalhos, nem concessões.
Escolha criteriosa dos profissionais e colaboradores, de com provas dadas ou de reconhecido potencial e não por serem fáceis de "manejar". Quantos jogadores e técnicos têm entrado e saído sem deixar rasto?
Análise exaustiva dos processos (recrutamento, acompanhamento, treino, tempos livres, etc.) porque não é possível obter resultados diferentes cometendo sempre os mesmos erros. Neste momento quem garante que os erros cometidos no recrutamento, e ao arrepio do prometido - jogadores estrangeiros só adaptados, etc - não voltarão a acontecer? Quem será o director desportivo e que curriculum?
E, não menos importante, comportamento exemplar de quem lidera (direcção, técnicos, responsáveis ) em todas as situações, porque o exemplo é mais importante do que as palavras.