Bruma, nome certo e uma reflexão sobre critérios de compras e dispensas

Não podia ter sido melhor a escolha do nome de baptismo do jogador que parece estar condenado a ser a estrela do verão. Não pelos golos ou jogadas de encantar mas pela controvérsia no seu processo negocial. Para adensar a bruma sobre o futuro do jogador o seu advogado voltou a tocar numa tecla já anteriormente retinida pelo seu conselheiro Cátio Baldé, lançando dúvidas sobre a duração do vínculo que o liga ainda ao Sporting. Segundo ele, este estaria a expirar ou teria expirado já, contrariando a posição do clube, que parece entender que o vínculo se prolonga até ao final do próximo ano. 

Complicado? Não ainda tanto como vai ficar a seguir. As noticias da tarde vão dizendo que o Sporting se recusou a receber o representante do jogador e este deu conta que o Sporting lhe havia telefonado a dar conta que queria o jogador presente na reunião. 

Duas ideias sobre este últimos desenvolvimentos:

- Se o Sporting entende que o jogador ainda tem contrato com o clube não tem que convocar o jogador por interposta pessoa, deve fazê-lo directamente. Se toda a gente viu o Bruma alegre, a prestar declarações no aeroporto, como é que o clube não consegue chegar até ele? Se se der o caso de "ter outra vez o telefone desligado e estar a descansar" o Sporting pode convocá-lo de variadíssimas formas, retirando do resultado dessas convocatórias as devidas ilações. Afinal o jogador é ainda um assalariado do clube.

- É de muito duvidoso acerto hostilizar o representante do jogador e ainda mais não o receber nessa qualidade, quando lhe telefona  a solicitar serviços que são o implícito reconhecimento da sua ligação ao jogador. Isto não é o mesmo que dizer que o Sporting tem que ser o capacho do jogador ou dos seus representantes mas, se quer resolver toda esta bruma, tem de, inevitavelmente, negociar. A menos que, como já se diz, que saiba que tal é inútil por o jogador já estar comprometido com outro clube.

Critérios de compras e dispensas

Quem não tem problemas em negociar com o Sporting é a International Foot, que, num curto período, conseguiu colocar no Sporting o Jefferson, a "estrela emergente" Salim Cissé e, a surpresa, o defesa central Hugo Sousa. Sobre as qualidades de Jefferson e Salim Cissé já emiti a minha opinião oportunamente aqui neste espaço. 

Por curiosidade diga-se que A International Foot é propriedade do agente FIFA Nélson Almeida, que tem no seu "bornal" jogadores como Helton ou Éder (SCBraga), foi responsável pela vinda de Hulk para o Vilanovense,  Vila Nova de Gaia, de onde é o empresário. Este foi também presidente do referido clube e é conhecido por participar em torneios de poker de alto gabarito, tanto do circuito nacional como no estrangeiro.

Não conheço Hugo Sousa nem nunca o vi jogar. O facto de ter jogado pouco (menos de 800 minutos) na equipa que ficou em penúltimo lugar da liga cipriota não me interessa tanto, embora isso seja significativo. É verdade que o mundo está cheio de jogadores desaproveitados ou incompreendidos pelos seus técnicos. 

Mas já me interessa mais saber que o Sporting está a contratar por 5 anos um jogador da geração 92 quando tem neste momento sob contrato  Ilori (de 1993), o Dier, o Tobias, o Fokobo (geração de 1994) e o Domingos Duarte (titular da selecção de sub-18, geração de 1995).

E também não deixo de constatar que o Sporting dispensou Ricardo Tavares, que o FCP se encarregou de aproveitar imediatamente. Decisão surpreendente, a que soma a dispensa de Farley Rosa, jogador que nesta fase da sua carreira se destacava dos demais e que era de comportamento exemplar na Academia, onde era querido de todos. 

Ricardo Tavares não era propriamente um desconhecido, era um júnior de primeiro ano, central de posição mas que se tinha tentado adaptar a defesa-esquerdo, sem grande sucesso. Mas tem um percurso exemplar, que lhe tinha valido a braçadeira de capitão  e era internacional desde os sub-16. Para um jogador com contrato a sua dispensa é no mínimo questionável. 

Esta facilidade em contratar jogadores de fora e lidar tão mal com os jogadores da casa não pode ser bom para um clube que se orgulha da sua formação, e com fundadas razões para tal. Tendo em conta os antecedentes, pensar que a culpa está sempre do lado dos jogadores, talvez seja motivo para parar para pensar.