Começo pelo fim: já depois de redigido o essencial deste post Cátio Baldé declarou hoje à Antena1 a vontade de chegar a entendimento com o Sporting. Aparentemente são boas noticias mas as aparências iludem.
Essa vontade só será real se a decisão da CAP, a conhecer nos próximos dias, for favorável ao Sporting. Esta boa vontade não é mais do que o entreabrir de uma porta caso a decisão seja oposta ao pedido efectuado. Se houvesse qualquer negociação esta não faria sentido com o normal decurso do processo.
Não sendo a decisão favorável ao clube, o jogador não voltará a vestir a camisola do Sporting, sendo o seu destino mais do que um rumor já bem nutrido: o outro lado da segunda circular. A ser verdade, será o quarto jogador a ser desviado de Alvalade, sendo que este, pela sua especificidade, e a confirmar-se, assumirá contornos de uma óbvia declaração de guerra que apenas era até agora tácita e táctica.
Dificilmente o desfecho do caso Bruma nos será favorável. Desde logo pela impossibilidade de fazer regredir toda a água que entretanto acabou por correr debaixo das pontes, voltando a colocar o caudal favorável à aproximação entre ambas as margens do rio que separa jogador e clube. Essa aproximação só existirá por conveniência de uma e apenas uma das partes, conveniência que agora excederá a que é normalmente obtida pela satisfação das partes quando celebram um contrato de livre vontade. A parte em causa é o jogador e seus representantes, caso percam a acção na CAP. Isto porque, caso a decisão seja outra, não só encontrarão muitos clubes a oferecer mais do que o Sporting lhe(s) pode pagar, mas também porque olhariam com temor um regresso.
Era preciso que, se Bruma ficasse, tudo corresse mesmo muito bem e as bancadas esquecessem todos os episódios desta triste novela estival. Mas a dura época que nos espera tende a constituir-se num pródigo dealer de flashback´s, em cada passe mal conseguido ou golo falhado, do que foi a relação do jogador e seus representantes com o clube, logo com os adeptos na bancada. E ninguém sabe o que poderá suceder ao jogador, que ainda teria que negociar com Bruno de Carvalho a renegociação do contrato. Se Labyad foi para a B porque "não se esforça" e "ganha muito"...
É preciso revisitar a história recente para perceber o que concorreu para este desfecho.
Quando Bruno de Carvalho chega à presidência deixou bem claro, numa das suas primeiras entrevistas, que algo iria ser diferente na relação com os empresários de futebol. No post que redigi a propósito dessa mesma entrevista já na altura me pareceu esta nova postura uma estratégia de risco, embora estivesse longe de imaginar que a relação com Bruma se iria agudizar ao ponto de se encontrar no plano que hoje é conhecido de todos.
Bruma não é só um dos jogadores mais promissores da sua idade, é também conhecido por se assumir como Sportinguista. Terá sido o conhecimento dessa condição que terá levado Bruno de Carvalho a esticar a corda sem perceber que poderia ser ela a única coisa que lhe ficaria na mão.
Creio que Bruno de Carvalho nunca esperou este súbito desenlace, ao que não terá sido alheio a entrada do advogado de Cátio Baldé, Bebiano Gomes. Ao deixar que o assunto lhe saísse da sua área de intervenção directa, Bruno de Carvalho (o Sporting) praticamente perdeu grande parte das hipóteses de ver o jogador de volta. Não só porque o contrato do jogador abre algum campo a algumas dúvidas - e não deixa de ser curioso que em Fevereiro o empresário afirme, na supra aludida entrevista, que o jogador tem mais um ano de ligação ao clube - mas sobretudo porque permite a intervenção de terceiros.
Ora todos sabemos do nulo poder que o Sporting dispõe nas entidades que regulam o futebol português. Por isso sempre que permitimos que uma decisão saia do relvado de Alvalade ou dos seus gabinetes estamos a abrir a porta de interesses de concorrentes directos contra os nossos. Isto tanto é válido para a Comissão de Arbitragem como para o Conselho de Disciplina ou de Justiça, enxameados por verbos de encher e amanuenses de outras cores que não as nossas.
Os terceiros são, no caso Bruma, nem mais nem menos que a já tão famigerada Comissão Arbitral Paritária. Comissão que é constituída por 3 elementos nomeados pela Liga e outros 3 nomeados pelo Sindicato dos jogadores. Do Sindicato dos Jogadores sabemos mais ou menos o que esperar, é uma entidade criada com o intuito de defender os interesses dos jogadores. Da Liga sabemos que é agora mais vermelha do que nunca, a que não será alheio o facto de o seu presidente ser genro desse enorme benfiquista de ares marítimos, Carlos Pereira.
Por tudo isto creio que a maior parte de Bruma já não nos pertence. Isto é dizer que dificilmente espero uma decisão favorável. E, tal como reconheço acima, uma decisão favorável ao Sporting não significa sequer o desfecho deste caso.
Claro que perder um jogador que nos poderia ser muito útil no relvado no imediato e no curto/médio prazo na tesouraria me belisca o orgulho. Mas nos passos desta história aqui descrita encontro a semelhança com outros percorridos por caminhos que nos levaram a perder jogadores importantes demasiado cedo e com pouco proveito. Processos a que hoje se deve muito da desconfiança em torno do investimento na formação.
Olhar apenas para o exterior - jogadores, empresários, comissionistas, etc - à procura de razões que expliquem estes falhanços acaba por ser uma fuga em frente, um estado de negação de uma realidade cada vez mais evidente: o Sporting tem de ser um melhor gestor da sua actividade fundamental: a competição desportiva em todas as suas vertentes. Se, como tudo indica, o desfecho deste caso nos for desfavorável, foi em Alvalade que começamos a perdê-lo.
P.S.: Como complemento deste post recomendo a leitura destes seguintes artigos:
Mesmo que a razão seja dada ao Sporting (algo inédito, uma vitória na justiça desportiva), Bruma irá fazer uma novela tipo Jardel, com o apoio do Sindicato, alegando falta de condições psicológicas para voltar ao Sporting.
ResponderEliminarE, aí, vai buscar o baú e falar das tarjas existentes (no jogo com o Tourizense) de adeptos leoninos contra si, daquilo que se escreve nos blogs e comentários em orgãos jornalísticos, bem como a forma como esta direcção e outros entendidos (Dias Ferreira, Cadete, Eduardo Barroso, Miguel Lopes) escreveram e disseram sobre ele.
Escrevo o que digo há tempos: esqueçam o Bruma (e, já agora, o Ilori).
Não se aprendeu com o Passado, mais uma vez.
E TODOS têm culpa neste cartório.
Excelentes os artigos em anexo.
ResponderEliminarA situação do bruma não tem nada a ver com a do labyad, um ganha umas cem vezes mais que o outro, e não justifica ganhar, eu no lugar do bruma faria exactamente o que ele fez. No entanto espero que a razão esteja do lado do sporting, não pelo presidente, que esteve mal, mas pelo sporting, só!
Ao freitas não custou fazer o contrato que fez com o labyad, com o boji, oniewu ou bolo arroz ou mesmo pranjic, mas custou dar 40 ou 50 mil ao bruma, actos de gestão, como tantos outros, mas que tem sido sempre lesivos para o sporting.
Perguntem ao varela, porque foi para o porto, mais um excelente acto de gestão, ou ao Baldé, outro, o que aconteçe em campo não e motivo da sorte ou azar mas na incompetência, como a de quem escolheu o torssiglieri quando tinham ao lado o otamendi.
Tu Relvas farias o mesmo no lugar de Bruma. Outros jogaram com sacrifico e apenas com a honra de vestir a camisola sem exigir nada ao Clube. Por isso, pode deduzir que o Bruma como atleta não faz falta a Clube e tu Relvas como simpatizante/socio tb não.
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ResponderEliminarNo worries... que o SPORTING É NOSSO (outra vez...)
ResponderEliminarEpisódio 1: Bruma. Como já disse (há mt tempo) apenas estou curioso para ouvir, ler, ver, as desculpas pelo desperdício de milhões. Mais uma vez repito e constato: o SPORTING É NOSSO e o Sporting é que se lixa com F bem gordo(outra vez). E outra vez devido à incompetência, inflexibilidade, estupidez, arrogância dos seus dirigentes (passados e presentes). Eis, neste episódio o maior exemplo da continuidade que tanto queremos ver arredia de Alvalade...
Resta uma solução: rezar. Rezar para que o propalado sportinguismo de Bruma produza um MILAGRE de consciência no rapaz, aliado a um espírito competitivo e combativo tão forte que lhe permita lidar com o famoso tribunal de Alvalade... Reze, pois, quem for crente... Muito e muito intensamente.
Episódio seguinte: Ilori.
Season finale: Dier.
Temos aqui um 'Game Of Thrones' e pêras para assistir. Com leões, lobos, dragões, águias e mts outras bestas quadradas à mistura. A próxima temporada está prestes a começar...
História mal contada a do post inicial.
ResponderEliminarEm primeiro lugar, porque as declarações de BdC relativamente aos empresários foram já depois de tentativas de negociações falhadas com Bruma, após este ter pedido valores incomportáveis para a realidade do Sporting. Um Sporting com o mínimo de noção do que pode gastar.
Depois, quando Bruma faz aquela entrevista ao jornal "A Bola", já tinha faltado a uma reunião com o seu presidente. Supostamente porque "adormeceu".
Depois de várias tentativas de entendimento que estiveram perto de acontecer e só falharam porque houve sempre exigências de última hora ( o que depois de se falharem reuniões, diz bem da boa fé de uma das partes ), O Sporting recusou-se reunir mais com os representantes sem a presença de Bruma, farto de ser toureado.
As imprecisões do comentário inicial, porque acontecem sempre na mesma linha, a de colocar sobre a nova direcção responsabilidades em excesso, dizem tudo sobre a postura de quem o escreveu e num caso em que um jogador e seus representantes têm tido, quase desde o inicio, um comportamento de puro gozo com o Sporting.
Fosse a postura de BdC tão arrogante como aqui se diz, não estaria este tempo todo a tentar negociar com o jogador e todas as intervenções do presidente, logo após aquelas primeiras declarações sobre os milhões que se querem ganhar à conta de um puto de 18 anos com meia dúzia de jogos na primeira equipa, revelam que se quer chegar a um entendimento e que Bruma ainda é visto como um potencial activo do clube.
Nada de novo, em relação também a outros users deste blog. É uma pena. Olhos fechados a todo um passado de calamidade absoluta e medidas de gestão inenarráveis para se entreterem agora com historietas e novelas, sem grande conhecimento de causa ou reescrevendo, intencionalmente a história.
Nuno Bispo, obrigado por mais um momento de clarividência e pelo trabalho de descer ao nosso nível para nos iluminar a existência com a verdade absoluta e incontestável.
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