A generalidade dos Sportinguistas deve ter ficado satisfeita
ou pelo menos razoavelmente satisfeita pelos resultados expressos no relatório
e contas apresentado esta semana. O esforço feito na adequação dos custos às
receitas disponíveis é assinalável, permitindo estimar que, com a total
implementação da reestruturação financeira, a sociedade que gere o futebol
registe uma considerável melhoria da sua saúde financeira.
Este aspecto, combinado com a da competitividade da equipa
principal de futebol, é fulcral para a atracção de investimentos, sejam em
forma de dispersão do capital detido pelo clube, seja mesmo no âmbito lato da
capacidade negocial do clube com investidores, jogadores e respectivos agentes,
parceiros de negócio, agenciamento de publicidade, etc.
No ponto III do relatório e contas (página 23) a SAD dedica
um capítulo à evolução previsível da sociedade. Aí são definidas como
prioridades a continuação do trabalho desenvolvido no sentido de (i) garantir a
sustentabilidade da SAD, como ponto de partida para o (ii) crescimento das
actividades económicas da sociedade. De forma vaga é apontada como a aposta
desportiva para o futuro o (iii) investimento em jogadores jovens nacionais e
estrangeiros. O (iv) aumento de receitas é outro objectivo, quer pela maximização
das receitas tradicionais bem como pela exploração de novas fontes como as
apostas desportivas, bem como da rentabilização do bom nome e do conhecimento
acumulado pela gestão das Academias.
O relatório e contas não será propriamente o documento onde
se deva ir ao pormenor no que à estratégia desportiva diz respeito, pelo que
não me vou preocupar com o teor vago do enunciado. Fico pelo essencial do
que me parecem ser os grandes desafios dos actuais corpos sociais no que à
gestão da sociedade diz respeito: a sustentabilidade e o crescimento.
A primeira parte – a sustentabilidade - está a correr bem,
merecendo os elogios mais diversos. O estado em que os actuais dirigentes
receberam a SAD impunha como prioridade total a recuperação financeira, sem a
qual o clube estaria condenado a agonizar. O trabalho não está ainda finalizado,
mas parece pelo menos bem encaminhado.
A segunda parte – o crescimento - é o grande desafio. Grande
porque fazer crescer é criar valor, o que é bem mais complicado do que simplesmente cortar. Grande porque requer a aproximação não apenas a um mas a dois rivais. Isso implica disputar com ambos não só os pontos que dão campeonatos, como também
competir ombro a ombro por maiores receitas que lhe permitam financiar os
títulos. No fundo reconquistar o espaço que já foi nosso. E esse não nos vai ser entregue numa bandeja. Requer acerto e qualidade nas decisões, e o facto de termos que encurtar distâncias reduz consideravelmente a margem para errar. Além da sempre indispensável felicidade, claro está.
Muita da capacidade competitiva das equipas começa na
capacidade económica das sociedades que gerem o futebol. Aliás é quase
impossível dissociar uma da outra porque sem bons resultados dificilmente um
clube consegue sustentabilidade. Para muitos clubes a definição de bons
resultados pode-se circunscrever a uma subida de divisão, ficar algures na
tabela que não signifique o rebaixamento, ir às competições europeias. Para os
clubes chamados grandes bons resultados resume-se numa palavra: títulos. E os títulos - não estamos a falar de um título esporádico como sucedeu ao
Boavista, nem sequer de um título de dez em dez anos como temos registado em
média - são caros.
Parece-me justo considerar que este caminho - o do crescimento de económico e desportivo - sendo indispensável não vai acontecer com um mero estalar de dedos, nem num espectro de quatro anos apenas. Se os actuais corpos sociais conseguirem, no final do actual mandato encurtar a distância para os rivais de sempre - isto significa ser mais competitivos e roubar-lhes os títulos que têm dividido entre si - estará interrompido um ciclo de dois mandatos que terminaram de forma dramática, com o clube a ficar mais longe dos que deviam ser os seus adversários directos. Essa é a medida que considerarei para dar o desafio como vencido.
*O post centra-se na actividade da SAD, por ocasião da publicação do relatório e contas de 2013/14. Os desafios para a generalidade do clube são bem mais complexas.
Que vençamos.
ResponderEliminarOra aqui está um post correctíssimo.
ResponderEliminarNão temos as mesmas armas dos nosso adversários, e digo ainda bem porque assim é muito mais saborosos. Temos de valorizar o que temos, que não é o ganhar a qualquer custo. O desporto não é isso. Por vezes vejo muita derivação no que queremos, mas o caminho deverá ser esse, sustentabilidade e crescimento, força Sporting.
Troco propositadamente o plural pelo singular para dizer que o grande desafio de qualquer direcção do SCP até há bem pouco tempo eram as receitas e nem podia ser outro para qualquer um que conhece a realidade do clube. Mas é através de tantos sportinguistas preocupados com o equilíbrio financeiro que melhor chega a consciência de como o futebol mudou. Diz o fanfarrão do Bruno, agora mais agastado com os fundos e na 500ª entrevista mais ou menos em tantos dias de mandato, que o core do SCP é agora a compra e venda de jogadores. Enquanto tiver jogadores com mercado, digo eu e mais uma vez nada mais errado. Nem conheço actividade nenhuma, digamos assim saudável com o core nas receitas extraordinárias.
ResponderEliminarO core de qualquer clube são sempre os seus adeptos, os verdadeiros responsáveis pelas receitas que devem sustentar verdadeiramente qualquer clube e que como é óbvio permitem depois chegar ao que até há pouco tempo era o único sonho de qualquer adepto de futebol, vencer, vencer e vencer!
Voltando a esta direcção e aos muitos milhões que nunca chegaram a aparecer, já entrou condenada a baixar os orçamentos. E enquanto forem aparecendo os resultados desportivos poucos se vão apercebendo daquilo que não está a ser feito. Quanto muito dizem que não gostam do equipamento…
Quando é que o bruno disse que o core do sporting e a compra e venda de jogadores, deve estar a confundir os clubes, que cobrem sistematicamente o orçamento com a venda dos jogadores, são factos. Existem pessoas que podem dar semelhares de entrevistas que têm sempre algo para dizer de novo e de interessante, outros existem que do que dizem nem falar a pena falarem nem escreverem porque só sai ironias e besteiras. É a diferença da qualidade das pessoas.
ResponderEliminarMuito me admira que o editor não venha retorquir esta agressão ao presidente do Sporting.