O Sporting foi o principal
fornecedor da selecção sub-21 que acabou de se sagrar vice-campeã europeia em
Praga. Honrando assim uma já longa tradição de um dos principais fornecedor de
jogadores para todos os escalões etários das diversas equipas das quinas, o
Sporting tem novamente à disposição uma geração com valor suficiente para
continuar a manter esse estatuto na principal selecção, mesmo que, alguns
deles, possam já não vestir de verde e branco quando tal suceder.
Tendo o torneio
terminado sem o tão almejado título principal a selecção regressou a casa com o
sabor amargo de praticamente só não ter liderado a classificação final, uma vez
que, quer nos destaques individuais quer nas estatísticas que documentam os
comportamentos coletivos, o primeiro lugar foi quase sempre seu. O facto de
todos os jogadores do Sporting terem acumulado minutos de jogo no torneio diz
bem que a sua relevância não se ficou apenas pela soma aritmética mas também
pelo que a sua qualidade individual ofereceu à equipa.
De uma forma
sucinta analisarei de seguida a participação de cada um, procurando também
perspectivar que tipo de contributo poderão dar no futuro ao clube.
Ricardo Esgaio
Confesso com
pena que a sua participação me desiludiu. Esgaio não esteve mal a defender mas
foi muitas vezes inconsequente a atacar, definindo quase sempre mal e sem
convicção. Pareceu quase sempre pouco à vontade e retraído. É claramente um
jogador prejudicado pela falta de desafios mais exigentes que marcaram os
últimos anos da sua carreira. Não me parece à altura, neste momento, de uma
equipa que tem que lutar pelo titulo de campeão, parecendo-me que melhor seria
sair para continuar a jogar.
Paulo Oliveira
Um dos melhores
jogadores da selecção. Excelente leitura de jogo, o que lhe conferiu um poder
de antecipar as jogadas, estando sempre ou quase sempre no sitio certo
antes dos adversários. Dessa forma contrariou a menor velocidade que, associada
às dificuldades em sair a jogar, são óbice a ser considerado um indiscutível.
Mas é um nome a contar, não surpreendendo de todo que possa manter o estatuto
de titular entretanto conquistado.
Tobias Figueiredo
Foi chamado de
emergência, por lesão de Ilori e quer no que restou desse jogo quer do que
realizou na totalidade cumpriu com distinção. Não parece que venha a ser a
primeira escolha de JJ , precisa de continuar a jogar no próximo ano porque
ainda denota alguma precipitação, talvez por imaturidade. Se ela é natural na
idade, parece também ser-lhe intrínseca. Tem no entanto condições físicas para
ser um grande central sendo determinante o que lhe vai ser proporcionado nos
anos imediatos.
João Mário
Um jogador com
um enorme potencial mas que, por vezes, parece ficar aquém, muito aquém, do que
esse potencial deixa advinhar. Fez no entanto um bom campeonato, foi dos
melhores, mas alternou bons momentos com outros de largo eclipse, sendo o jogo
de ontem um dos melhores exemplos, agravado pelo cansaço que se foi instalando.
Muito dotado tecnicamente, o que lhe confere grande qualidade na recepção e no
passe, precisa de aumentar quer a agressividade nas tarefas defensivas quer o
grau de frieza no momento de finalizar. Quando, e se, o conseguir, será um
jogador notável. É dos que auguro poder vir a crescer mais sob a batuta de JJ.
William Carvalho
Não foi por acaso
que foi considerado o melhor jogador do torneio pela UEFA. A diferença para a
generalidade dos demais foi muitos vezes abissal, sobretudo ao nível da
segurança de execução, compreensão do jogo, qualidade técnica e visão. Mas,
apesar de todos os elogios, inteiramente merecidos, não é ainda um jogador
“fechado”. Sobretudo quando a equipa entra em transição defensiva William
revela ora pouca agressividade, ora pouco acerto na ocupação dos espaços ou na
contenção. Isso ontem foi ainda mais evidente após a intrigante decisão de Rui
Jorge de Sérgio Oliveira, com quem articulou muito bem. Dificilmente JJ não o
transformará no “monstro” que já deixa adivinhar.
Carlos Mané
Jogou pouco, o
que se compreende pelas muitas opções que Rui Jorge tinha à disposição. Neste
momento não é melhor que Cavaleiro em termos globais, mas tem tudo para o
suplantar a breve trecho. Podia ter sido uma alternativa válida na final, atendendo ao fraco acerto daquele. É daqueles jogadores que
parece estar no meio da ponte, onde de um lado está a banalidade e do outro um
futuro promissor. Muita da sua sorte de decidirá nos passos que dará a breve
trecho, compreendendo que o dinheiro e o chamamento do padrinho de baptismo
(Leonardo Jardim) tenham um peso elevado na decisão que tomar.
Iuri Medeiros
Entrou sempre
bem, sendo capaz de agitar o jogo, ficando por isso a dúvida se não poderia ter
merecido a titularidade. Tenho que confessar a minha falta de isenção na
apreciação deste miúdo talentoso. É por isso, por lhe reconhecer grande
talento, que o imagino a poder ser titular ou participar com assiduidade na
equipa principal. Talvez seja um exagero. Mas jogadores com a sua qualidade
técnica e rapidez de execução não há muitos, sendo contudo notório que precisa
ainda de crescer e para isso tem de enfrentar mais dificuldades e exigências
que não encontra nem numa equipa B, nem mesmo num clube com as especificidades
como as que encontrou em Arouca. A ser dispensado, que seja escolhido um
clube de forma criteriosa, sendo contemplada a possibilidade de ser revista a
situação em Dezembro.
Concordo em quase tudo.
ResponderEliminarO Esgaio a Defesa Direito ou Lateral Direito é banal. Defende mais ou menos mas ofensivamente acrescenta muito pouco... Lembro-me de o ver nos B's a ser intenso, afoito e desequilibrador (marcou golos que se fartou, porque estava mais perto da baliza). Na seleção, talvez por ordem do Rui Jorge, muito agarrado a tarefas defensivas e raramente subiu acima do Ala...
O Paulo Oliveira foi, quanto a mim, o melhor central do Torneio, mesmo entre os Portugueses.
O Tobias necessita de jogar, de levar na cabeça e perceber que tomar a melhor opção nem sempre é sair com a bola jogável...
O João Mário não rende a jogar naquela posição. Viu-se isso no Sporting e confirmou-se na selecção. Aliás se o Rui Jorge fosse espectador atento dos nossos jogos teria tido vários exemplos... Tem de jogar mais no meio, onde pressiona mais e está mais perto do último passe e do golo. Compreende-se que teria de jogar ali, mas é dificil crucificar o jogador.
William. Falar do William é dificil. Não me parece que tenha feito um grande jogo contra a suécia, em virtude do que foi jogo e principalmente da falta de apoio assim que saiu o Sérgio Oliveira. Ainda para mais com a entrada do Tozé o João Mário não derivou para o meio, o que transformou o jogo para mais dificil de controlar.
Mané. Não percebi a pouca utilização em função do fraco rendimento do Cavaleiro - farta-se de falhar, principalmente na decisão (já vimos isso na seleção A) e quando jogámos sem pontas de lança, quanto a mim fazia muito mais sentido meter o Mané que em situações perto da baliza, no um para um, ganha muitas vezes e finaliza bastante bem...
Iuri. Espero que faça parte do plantel deste ano. Teve azar em jogar na posição do Bernardo. Acho que o Rui Jorge podia ter deslocado o Bernardo para o meio e meter o Iuri. Mas isto sou eu que queria que o Iuri jogasse mais.
:)