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©AFP/Getty Images |
Na sequência do final da fase de grupos da Liga dos campeões fica um pequeno rescaldo, em tom de notas avulsas, e com um pequeno avanço sobre o que nos pode esperar na Liga Europa.
Nem os maiores nem coitadinhos, a diferença esteve em pormenores
Esperar que o resultado de um jogo de futebol, ou de uma sequência de jogos de apuramento, represente com fidelidade a justiça do jogo jogado é não perceber uma das características mais importantes do jogo: a aleatoriedade. Por vezes é-se melhor e não se ganha, podendo mesmo perder-se, outras não se é suficientemente bom para justificar a vitória acabada de alcançar. Contudo, é a aleatoriedade que torna os resultados imprevisíveis, e é por isso o futebol tem a enorme legião de adeptos espalhada por todo o mundo. O problema é que só nos lembramos disto quando os resultados não nos são favoráveis.
Serve a introdução para avaliar a nossa prestação no apuramento, uma vez que foram várias as referências feitas a uma certa injustiça no nosso afastamento para a Liga Europa. Neste âmbito, as declarações mais equilibradas pareceram-me as de Adrien:
"Pelo que mostrámos
contra todos os adversários merecíamos a passagem. Em alguns momentos
não conseguimos pontos por culpa própria. Em outros momentos isso não
esteve nas nossas mãos. Mas merecíamos"
Comecemos pelo incontestável, o mérito do Chelsea como vencedor do grupo. Os números falam por si: termina o apuramento invicto, com 17 golos marcados e apenas 3 golos concedidos. O único facto anormal, mas de carácter decisivo, terá sido o empate em casa no jogo inaugural como Schalke 04. No entanto é bom lembrar a precocidade do jogo no contexto da actual época. A equipa alemã acabaria por coleccionar maus resultados, tendo mesmo mudado de treinador. Se há dúvidas que "não é a mesma", basta olhar para a goleada sofrida na recepção ao Chelsea. Decisivo terá sido também o facto de termos sido a única equipa do grupo que não conseguiu pontuar com a equipa de Mourinho.
Analisando os nossos números com os do Schalke 04 constata-se um maior desequilíbrio dos alemães, que terminaram com um número de golos sofridos (14) superior aos marcados, por comparação com o nosso empate (12 sofridos, 12 marcados). Números muito elevados para quem quer figurar entre os melhores da Europa: das equipas que se classificaram para a fase seguinte só Basileia, Arsenal e City se aproximam, mas ainda a alguma distância, de números tão elevados de golos concedidos (8). Talvez esteja aqui, na consistência defensiva, a explicação para o não apuramento. Aí e nos pormenores, alguns deles aludidos acima.
O equilíbrio pontual entre nós e os alemães terá sido o facto dominante, sendo que aqui ganha maior relevo o erro do árbitro russo no jogo da Alemanha. Dizer isto não é esquecer erros próprios, como muito bem reconhece Adrien, acima. Não gosto do discurso de que somos os maiores (o que me parece muito lampiónico) quando ganhamos e explicar as derrotas com factores externos e teorias da conspiração ( o que me parece muito pintodacosteano).
Severidade excessiva para com Esgaio
Apontar o erro de Esgaio como factor determinante para o resultado de Stanford Bridge, como já vi fazer, parece-me excessivo. Até porque, revisto o lance, parece que Filipe Luís soube cavar muito bem a falta. Mas, mais importante, parece-me ser assinalar 2 pontos nesta matéria:
- O Chelsea deste ano é mesmo de outro campeonato. Com um pouco de sorte e menos acerto de Patrício, poderia ter conseguido um resultado em Alvalade semelhante ao obtido em casa do Schalke 04, tantas foram as oportunidades de 1x1 conseguidas. Constatando tamanha diferença, fica mais difícil de concluir que o apuramento ficou perdido neste último jogo.
- Acho muito difícil, mesmo escolhendo entre os melhores dos melhores, encontrar um lateral-direito que salte directamente directamente dos relvados da II liga para um dos melhores e mais difíceis palcos do futebol mundial e seja capaz de desempenho igual ao de Esgaio. O problema é pois mais complexo que um mero desempenho individual em circunstâncias difíceis. Talvez fosse bom ter presente que o que lhe foi oferecido até agora não lhe permitiu ser melhor. Isto sem esquecer que para o seu lugar foi até contratado Geraldes que agora lhe é suplente.
Qual o verdadeiro preço de um jogador?
Pelo que foi dito acima perceber-se-á que não considero adequado individualizar os erros como justificação para o insucesso colectivo. Mas muitos se lembrarão por muito tempo do erro de Maribor, já depois de esgotados os noventa minutos porque foram assim que voaram dois pontos. Mas quando se contabilizarem os preços dos dois jogadores envolvidos, os custos deste e de outros erros, não entrarão nas contas. Nem isso nem o tempo e as oportunidades que lhes foram concedidos e se negaram a outros e o que isso obstou à sua evolução e valorização. Por isso quando se diz que um jogador "até é barato" é porque estes custos nunca entram na contabilidade.
Liga Europa: se vais embandeirar em arco certifica-te que vai mesmo haver festa
Se não compreendo quem ache que "até é bom irmos para a Liga Europa" menos compreendo ainda os que acham que somos candidatos à conquista do troféu. Antes de nós há clubes que têm contraídas mais obrigações, tais como os que agora ombreiam connosco como cabeças-de-série, tais como Zenith, Olympiakos, Nápoles, Nápoles, Fiorentina, Everton, Dínamo de Kiev. Isto sem pensar que na próxima eliminatória nos pode sair ao caminho Liverpool, Ajax, Roma, Wolfsburgo, o que acresce o risco de nem aquecermos o lugar na competição. É bom, por isso, lembrar que até à final há um longo caminho a percorrer e que, numa prova a eliminar, basta um dia mau para comprometer as aspirações.
Pensar que somos candidatos é também não perceber o que nos aconteceu agora na fase de apuramento. Se a experiência dos jogadores era então contabilizado em desfavor, ela não poderá ser menos agora, só porque se fizeram seis jogos ao mais alto nível. E é bom lembrar que o nosso jogo precisa de se equilibrar quer no modelo, sobretudo na organização e transição defensivas, quer mesmo do ponto de vista da qualidade do valor individual disponível.
Uma análise muito lúcida, como sempre
ResponderEliminarDiria que 80% das equipas que nos podem calhar, já neste primeiro sorteio, estão, pelo menos, no mesmo patamar que nós. Pelo menos...
Quando pensarmos em Dnipros e Trabzonspors convém perceber que estamos a falar de clubes com orçamentos superiores aos nossos e jogadores de grande qualidade... Favoritos, a meu ver, só com Aalborg, Guingamp e Young Boys. Muito complicado!
Koba,
ResponderEliminarAcabo de responder a um comentário no meu blog, afirmando que essas equipas (Aalborg, Guingamp e Young Boys) seriam as ideais.
Leão,
O post está excelente e só me vou focar na parte Esgaio.
Aquilo que lhe tem sido feito está ao nível do que Jarfim fez na última jornada ao Carrillo, uma "filha de putice".
É um excelente jogador, com um excelente trajecto na formação e um grande rendimento nos 2 primeiros anos da B. Na pré-época viu chegar uma amostra de jogador (Geraldes) que lhe terá roubado confiança e minutos de preparação. Ainda assim não vergou e na hora de decidir, Marco Silva percebeu que era o indicado para substituir Cédric.
Assim foi, sendo titular, na Liga, em 2 ou 3 jogos, sendo um deles na luz, onde esteve muito, mas mesmo muito bem.
Depois voltou para o seu 3º ano de Equipa B (igual a isto só o José António, que tem 50 anos, no Porto B), onde joga a defesa-direito e esquerdo.
Ainda assim, vai à selecção de sub-21, onde é titular.
Entretanto vê chegar outra amostra de jogador, Miguel Lopes, que só serve para uma qualquer Casa dos Segredos. De repente, este senhor, que agora já não ganha 100 mil euros por mês (deve ter ido para metade, ou que será sempre demasiado), é a opção ao Cédric, relegando Esgaio, novamente, para o esquecimento, numa B à deriva.
O alarme toca. É preciso Esgaio novamente, o tal que andou a treinar contra o Atlético, Aves ou Feirense, ou ao lado (coitado...) do Cissé, Enoh, Dramé, Sambinha e outras pérolas. "Ó Esgaio! Visto que tás inscrito e não há mais, aparece aí na Portela porque vais a Londres. É uma jogatana que vale 4 milhões de euros com a equipa do Mourinho! Traz as tuas chuteiras e BI que faz tempo que não tás na Ficha de Jogo!".
E ele lá vai. Comete um penalty sobre um brasileiro que só joga na Champions (só ali marcam aquele penalty e só ali ele pode mergulhar como mergulhou qd Carrillo lhe encostou o ombro, no livre que deu o 3º golo, em fora de jogo).
Agora o Esgaio é culpado e voltará para a B, a sua casa. Em Janeiro o seu nome será retirado da lista da Europa e entrará aquele da Casa dos Segredos, que de jogador não tem nada, mas que já vai sendo titular e até há quem ache que assim deva continuar.
http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Sporting/interior.aspx?content_id=919754
Por alma de quem, pergunto eu?
Há um efeito psicológico inevitável: na LE não estão R.Madrid, Barça e BayerM, qualquer uma das três muitos degraus acima do resto do Mundo. E este 'alívio' permite-nos sonhar em ir longe, e quando começamos a sonhar não custa sonhar logo à grande :D
ResponderEliminarMas sim, claro!, muito muito cuidado, basta um dia mau; ou um dia "normalzinho" com alguma falta de sorte no sorteio; ou um dia "não esplêndido" com azar no sorteio. Foram-se os grandes tubarões-baleia, mas ainda há muito peixe bem graúdo dentro de água.
SL
O Cantinho do Morais tem a sua razão, concordo com muito do que disse , mas quero ver o Miguel Lopes para ver se é bom ou é mau , e se estes 2 jogos foram apenas falta de ritmo , em relação ao Esgaio , houve má gestão de facto.
ResponderEliminarm1950,
ResponderEliminarJá ficou esclarecido relativamente à (falta de) qualidade do Miguel Lopes?