Surpreendido com as dificuldades do Sporting frente ao modesto Moreirense? Eu não. Surpreendido fiquei, isso sim, com o alinhamento de Marco Silva e sobretudo o posicionamento dos nossos jogadores.
Se Marco Silva viu, ou alguém por ele, os jogos do Moreirense com o FCP e SLB, talvez tenha estado atento apenas ao resultado final e ignorou que ambos os jogos se decidiram já perto do seu final, o que revela pelo menos dificuldades. Dificuldades que foram muitas porque, se é verdade que a equipa de Moreira de Cónegos é modesta, é também muito honrada a sua proposta de futebol. Uma equipa muito bem organizada, com um treinador que tem um discurso tão correcto como a sua prática.
Ao contrário de alguns dos seus congéneres em equipas de iguais pretensões e meios, o Moreirense não se apresentou em Alvalade a jogar em bloco baixo, de apenas duas linhas atrás da bola. Soube ocupar muito bem os espaços, procurando e conseguindo na maior parte das vezes, ter superioridade numérica onde tinha que disputar a bola. Ignorando o momento em que a bola estava nos centrais, concentrando os esforços quando saia destes para o meio-campo. Com isso logrou isolar William e Adrien, que raras vezes conseguiam ligar o jogo com Mané, Montero e Slimani, que só esporadicamente, mas sem grande consistência, davam o seu contributo. Carrillo era o que revelava maior disponibilidade para participar na transição e organização ofensivas mas esteve desastrado na finalização. Sem nenhum jogo interior e com grande parte das alas comprometidas, o nosso jogo vivia das transições rápidas, mas zero em eficácia.
A forma como o nosso treinador subestimou o adversário no escalonamento da equipa acabou por ser fatal. Tal como aqui já havia dito anteriormente, jogar com Montero e Slimani pode ser bonito no papel e resultar com algumas equipas, mas com outras melhor organizadas e com um treinador perspicaz é mais difícil. Montero para render o que vale tem de ter bola nos pés. Slimani para fazer o que dele se espera tem ter oportunidades. Nenhum deles o conseguiu e eram dois homens a menos na luta pela posse de bola e condicionamento do jogo do adversário.
Marco Silva assistiu a tudo isto sem fazer nenhuma alteração, sobrevalorizando provavelmente o facto de termos podido marcar ainda antes do Moreirense. Podia ter baixado Montero, obrigando-o a uma maior participação no jogo, baralhando a boa vigilância que Filipe Melo lhe fazia, e oferecendo mais linhas de passe. Pedido a Mané que jogasse mais por dentro, de forma a equilibrar os números a meio-campo. Devia ter mexido logo ao intervalo, reforçando a equipa com um jogador como João Mário ou mesmo André Martins, que oferecem mais reacção à perda e mais posse de bola.
A verdade é que, depois de estar a perder, as suas opções ficaram muito mais limitadas e, face o que pouco se produzia, dependentes da sorte. Infelizmente creio que Marco Silva não percebeu mesmo o que se estava a passar. Só assim se percebe que se tenha referido, no final do jogo, à percentagem de passes falhados, por exemplo. É que é muito difícil fazer melhor quando os colegas estão longe e se tem mais do que um adversário por perto.
Uma palavra também para o golo sofrido. Nasce do terceiro canto curto - naquele momento o Moreirense tinha mais cantos do que nós, o que testemunha que não vinha apenas para empatar a zero - em que, dessa forma, se procurava desposicionar a nossa defesa, o que foi amplamente conseguido. Demasiado fácil de fazer para uma equipa tão modesta frente a uma equipa com as nossas ambições. Já agora, e nós, quando demonstramos alguma competência também a aproveitar as bolas paradas?
É bem provável que se procurem agora explicações nas já tão habituais "falta de garra", "amor à camisola", "falta de respeito pelos sócios e clube" etc, etc. Porém, para mim, os pontos perdidos ontem começaram a ficar pelo caminho nas opções do treinador, que não soube criar as condições para os seus jogadores exprimirem a qualidade que os diferenciava dos adversários. Mérito também para Miguel Leal, treinador do Moreirense que soube adequar o posicionamento dos seus jogadores às necessidades da equipa, potenciando ao máximo o valor que tem à sua disposição. No final o recuo acabou por ser inevitável, quer pelo esforço despendido, quer pela satisfação pelo resultado. Com outros jogadores à sua disposição como seria?
Marco Silva ficou-nos a dever os dois pontos de ontem. Que são um pouco mais do que isso, se contabilizarmos que não aproveitamos os pontos oferecidos pelo Guimarães e FCP, e pouco lucramos com os três pontos perdidos pelo Belenenses. Mais preocupante foi darmos lenha para aquecer a moral do SCBraga, que andou a tropeçar no inicio da actual Liga.
É verdade que o treinador, mesmo não o fazendo abertamente, pode-se queixar da quantidade com qualidade que tem à sua disposição. Fá-lo na prática quando prescinde de jogadores que chegaram, em contra-ciclo com o discurso de ambição e de pole-position na candidatura do inicio de época, para acumular peso do lado da mediocridade (Sarr, Slavchev, Rabia, Cissé, Geraldes, Héldon) e fazendo o que pode com a vulgaridade (Tanaka, Mauricio), Mas ainda anda às apalpadelas para encontrar o modelo ideal para as necessidades de uma equipa como a nossa. Ontem perdeu em toda a linha com Miguel Leal, um estreante nestas andanças.
Continuo a entender que foi uma boa decisão contratá-lo e que seria uma má decisão despedi-lo agora. Não estava à espera nem entendo ser exigível o campeonato a Marco Silva ou a qualquer outro no seu lugar. Mas ganhar apenas a um dos actuais melhores dez classificados (Marítimo, não jogamos ainda com o Braga e Rio Ave) é muito pouco. Perder o campeonato em casa é decepcionante, estar em quinto lugar a tendo perdido já dez pontos para o comandante, é difícil de sustentar.
Para finalizar, a minha perplexidade: porque se interrompe o ciclo de afirmação de Cedric para dar lugar a Miguel Lopes?
Marco Silva é apenas e só - o que não será pouco - um bom projecto de treinador. Ainda impreparado para um desafio desta magnitude, como tem mostrado de forma clara ao longo da época. Não foi a primeira vez em que nos ficou a dever dois pontos. Marco Silva tem manifestas dificuldades em reagir aos acontecimentos e até a alterar as coisas para conseguir forçar o rumo dos acontecimentos. Toma muitas decisões pouco sensatas como aconteceu nos últimos dois jogos: deixar Montero de fora em Londres e optar por Miguel Lopes em detrimento de Cédric ontem. Mas, na utilização dos recursos, ainda que fracos, mostra alguma inércia. Adrien e William não estão a justificar uma titularidade tão incontestada: Pelo menos Rossel mostra capacidade para discutir um ligar e muito mais tempo de participação. Fica dificil conseguir o terceiro lugar este ano e isso será um rude golpe na recuperação do clube.
ResponderEliminar"Com isso logrou isolar William e Adrien, que raras vezes conseguiam ligar o jogo com Mané, Montero e Slimani, que só esporadicamente, mas sem grande consistência, davam o seu contributo"
ResponderEliminarReside aqui a principal causa para o resultado negativo verificado. Que só não foi humilhante por um triz. O resto do post explica como este facto nc foi devidamente corrigido, ao longo de todo o jogo, por MS.
Disse pelo início da época (não me recordo em que post e não tenho paciência para procurar) que bastava mais 1 homem a procurar espaços interiores para modificar (para melhor) todo o jogo ofensivo do SCP. Esse homem, ainda por cima tem uma excepcional qualidade e dá pelo nome de Nani. Para além de Nani, parece não existir no plantel mais ng que consiga penetrar pelo meio e aportar qualidade ofensiva extra ao SCP. Tb se nota mt a falta de apetência de jogadores que façam, numa primeira fase, que na fase mais avançada do terreno temos Montero) a ligação pelo meio com os médios mais defensivos e voltamos a atacar insistentemente pelas alas e a apostar em cruzamentos às cegas para a grande área. O jogo de Jardim mas sem a consistência defensiva deste. Imagine-se se não se tem dado o acaso do MU se interessar pelo Rojo -e que permitiu o regresso de Nani ao SCP -, o que seria desta equipa...
O gde problema do SCP é que vai continuar a sofrer (mais ou menos os mesmos golos)... mas vai revelando maiores dificuldades em finalizar e marcando mesmo cada vez menos...
Natal daqui a uma semana e o título já é (praticamente) uma miragem… Mas calma… nada de stresses… que ainda temos a TP e a Taça da Liga que os juniores limpam o grupo com as duas pernas às costas e dps os benfas… Para a Liga Europa já só falta calhar-nos um árbitro russo… Janeiro tb está à porta… vejamos se existe capacidade para emendar tanta contratação disparatada e corrigir o péssimo planeamento realizado com o “reforço” da equipa.
“Para finalizar a minha perplexidade: porque se interrompe o ciclo de afirmação de Cedric para dar lugar a Miguel Lopes?”
Estava convencido que o Cédric ainda não tinha recuperado da lesão, e só por isso não estranhei a titularidade de ML?????????
"...Fá-lo na prática quando prescinde de jogadores que chegaram, em contra-ciclo com o discurso de ambição e de pole-position na candidatura do inicio de época, para acumular peso do lado da mediocridade (Sarr, Slavchev, Rabia, Cissé, Geraldes, Héldon)"
ResponderEliminaristo é a chamada Entulheira de Alvalade mas a culpa é do Marco ou do árbitro que não deu mais um minuto de desconto. Já de quem enche a entulheira só tenho elogios a dar.
Bem a verdade é sempre a mesma. Quando se ganha está tudo bem, quando se perde parece que cai o carmo e a trindade. Há uma semana atrás ninguém criticou o modelo utilizado (c o Slimani e Montero). O Sporting o ano passado jogava 1 vez por semana, este ano são 3. Isto muda tudo e a verdade é que, tal como foi dito anteriormente com o dinheiro dos Sarr, Slavchev, Rabia, Cissé, Geraldes, Héldon, Sacko, teríamos um bom central. O Bruno de Carvalho fala (e com razão) de gestão danosa das anteriores direções e neste caso, não será? (embora ainda seja prematuro falar da qualidade destes jovens q estão num período de adaptação). Contudo o mais grave é que a nossa formação está a bater no fundo. Para onde o Sporting caminha?
ResponderEliminarRui Guerreiro:
ResponderEliminarIsso de quando se ganha estar tudo bem não é bem assim. A propósito do 442 escrevi isto:
" Parece-me precipitado concluir que este 4x2x3x1 é a melhor solução. Os adversários não são todos iguais pelo que os sistemas também não o devem ser. O que foi agora bom com o Setúbal, e poderá ser com outros dos adversários mais fracos da actual Liga, não será necessariamente tão acertado com outros mais fortes. Marco silva reconheceu isso mesmo no final do jogo. Não menos importante também terá que ser considerado o factor surpresa que, de ora em diante, terá o seu efeito reduzido."
Ao contrário de alguns dos seus congéneres em equipas de iguais pretensões e meios, o Moreirense não se apresentou em Alvalade a jogar em bloco baixo, de apenas duas linhas "atrás da bola."
ResponderEliminarO problema desta equipa do Sporting é precisamente na 1ª fase de construção.
Dois centrais que jogam mal com os pés (em particular Maurício) e dois médios que acabam por estar em inferioridade numérica face a equipas que jogam em 4X3X3,sobretudo sem Nani que é um jogador que compensa relativamente porque trabalha muito defensivamente e ocupa muitas vezes o espaço interior. Com dois extremos muito abertos, como jogamos com Mané ,Carrillo ou Capel, a estratégia correcta é condicionar a nossa 1ª fase de construção. Meterem-se lá atrás era exactamente o que se adequaria ao nosso jogo.
Nem sempre a melhor estratégia é a do autocarro.
Em relação ao Miguel Lopes, tenho uma teoria. Poderá ser para lhe dar algum ritmo para ele poder ser usado na famosa Taça da Liga que pelos regulamentos, requer que alguns jogadores da equipa principal sejam usados.
ResponderEliminarMike
ResponderEliminara minha teoria é que o Cédric ou renova ou não volta a jogar. Se a proposta que lhe foi feita for a que se diz por aí é muito provável que, na melhor das hipóteses, seja vendido.
A titularidade de Miguel Lopes só surpreende que não tem estado atento ao processo de renovação de Cedric. Cedric Soares pura e simplesmente não aceita renovar por um ordenado indigno e por uma cláusula de rescisão milionária. Cumprirá o castigo que o Presidente lhe impôs e sairá como Dier, não sem antes se fazer um foguetório culpando a anterior decisão pelo facto.
ResponderEliminarCédric tem contrato até 2016. Ainda estamos em 2014... Também se vai passar o mesmo com o Carrillo? Este tipo de atitude deve mesmo levar o Cédric a reconsiderar...
ResponderEliminarÉ óbvio que há novela nesta situação. Só tenho pena que Marco Silva embarque nisto. É mais um ponto negativo que junta à sua ainda curta história no Sporting.
O cenário está montado. Notícias sobre a não intenção de renovar do Cédric (não importa o valor da proposta, isso é acessório), presença de Miguel Lopes nas convocatórias, notícias plantadas no Record sobre a evolução de Miguel Lopes e possibilidade de começar a jogar. Depois instala-se a ideia que Miguel Lopes é melhor (mesmo ainda não tendo jogado), em Janeiro aparece uma proposta de 5M da Alemanha e adeus Cédric. "Ganda negócio!", gritarão os acólitos.
Só havia um único problema que ninguém, erradamente, preveu: o Miguel Lopes não é jogador de futebol. E apesar de se ter passado a imagem que jogou bem no Bessa (o que é falso, pois até por um Leozinho que nunca tinha fintado ninguém na carreira dele foi várias vezes papado - ver o golo do Boavista), com o Moreirense mostrou aquilo que é - uma valente m#$da.
Claro que a qualidade (ou falta dela) do Miguel Lopes era previsível. Bastava ver as suas exibições pelo Sporting, em 2012/2013. Mas se a equipa técnica nem sequer viu os jogos do Moreirense esta época na luz e dragão, porque haveria de ver os jogos do Miguel Lopes há 2 épocas atrás?
Mike,
a competição mais importante não é a Liga? Então aí deviam jogar os melhores.
Por essa lógica, então também devia jogar o Heldon, Slavchev porque assim já têm "ritmo" para jogar numa competição que já se disse que não se quer vencer.
Ao autor do comentário de 15.12, às 17:24:
ResponderEliminar- Nos tempos que correm, o que não falta são ordenados "indignos", mas felizmente isso ainda não chegou ao futebol do Sporting.
- o Sporting atual paga bem menos do que pagava há uns anos atrás, mas paga dentro das suas possibilidades e paga todos os meses.
- Claro que isso tem custos no plano desportivo, mas é preferível isso do que voltar a cometer as loucuras do passado.
- Se o Cedric sair porque tem propostas melhores, então que saia. Está no seu direito. Cumpriu o seu contrato, recebeu por isso e rendeu desportivamente. Somos um clube com cada vez menos recursos financeiros e temos que começar a viver bem com este género de opções dos jogadores.
- De um modo geral sou contra o ostracismo de jogadores que não aceitam renovar, pelo mau ambiente que isso cria, mas também entendo que - quando não esteja em causa um jogador fundamental - não faça muito sentido apostar em alguém que já está com cabeça noutro sítio.
- Isto não tem nada a ver com o caso do Dier sobre o qual muita coisa se disse, mas a única certeza que existe é a de que saiu antes do fim do contrato devido a uma cláusula fixada pela anterior direção.
- Aqui não há nada para culpar a anterior direção. Há um contrato que termina e duas partes que ou se entendem ou seguem caminhos diferentes.
- O mais provável é o Sporting não chegar sequer a um 1/5 do que os clubes alemães e franceses (de quem se fala) têm para lhe oferecer, portanto não vale a pena dramatizar. É seguir em frente e dar lugar a outro. Por mim, é apostar já no Esgaio (que, com todos os erros que comete, é já bem melhor do que o Cedric era com a sua idade).
Jô
Deixem-me começar com esta frase para que depois os do costume não me acusem de Brunismos e coisas parecidas:
ResponderEliminar"Não sou fã do Lopes e prefiro o Cédric"
Dito isto, continuo.
Mas sou só eu que tenho visto o Cédric jogar mal consecutivamente? Já nem me lembro do último centro bem medido que fez.
Há uns tempos também se reclamava que era um desperdício ter o Miguel Lopes encostado por birra do presidente. Agora já é uma vergonha que se tire a titularidade ao Cédric.
Se fosse castigo ao Cédric, fazia algum sentido tê-lo no banco?
Agora já é "Brunismo" achar que o Miguel Lopes pode jogar em vez do Cedric? São dois bons laterais direitos com características bem diferentes - o Cedric mais de cavalgadas, o Lopes melhor tecnicamente. Parece-me uma decisão perfeitamente legítima do treinador a troca de um por outro, apesar de concordar que o Lopes acabou por não estar famoso.
ResponderEliminarDiz o comentador Jô:
ResponderEliminar"- o Sporting atual paga bem menos do que pagava há uns anos atrás, mas paga dentro das suas possibilidades e paga todos os meses."
Não é o que consta nos meandros do futebol....mas o senhor lá será responsável pelo que diz. Aliás também deve saber que o clube vários meses para pagar aos actuais funcionários, fica sem pagar aos jogadores....
Mas isso não interessa, o que interessa mesmo é tentar arranjar desculpas para tudo o de errado que esta direcção faz