Uma questão de Coerência
Não podemos ignorar que o Sporting vive hoje uma realidade difícil em função da dimensão do seu crescente passivo, limitativa da afirmação de um projecto desportivo coerente e competitivo. Também nenhum de nós ignora por certo a fragilidade em que o mundo se encontra mergulhado, não só pela crise económica e financeira que se abateu no planeta ocidental, mas também pelo acentuar de uma realidade sócio-cultural adversa cujo preocupante choque civilizacional, provocará certamente consequências devastadoras no domínio dos recursos naturais e no relacionamento entre civilizações.
Não obstante tudo isto ser uma realidade deveras complexa e de o mundo que hoje conhecemos poder descarrilar por completo, caso não se recoloque numa trajectória balizada por princípios e regras éticas comuns a todos os passageiros que partilham a viagem da vida, é fundamental que o homem e a sociedade intergeracional não percam um valor fundamental na sua caminhada, a coerência com que fazem o seu percurso.
O Sporting Clube de Portugal, salvo uma ou outra etapa da sua centenária historia tem feito a sua caminhada com alguma coerência, fruto do respeito pelos valores e cultura leonina, pilares base da nossa instituição, não serem subvertidos pela família Sportinguista, independentemente da volatilidade dos tempos que correm motivar uma resistência quase estoicista a essa cultura. Eis que chegamos a uma fase que nos coloca a todos ou quase todos no caldeirão do cepticismo e da incerteza. É certo que tudo o que hoje se passa nos provoca desconfiança e preservação. Circunstancias dos tempos actuais que nos poderão levar a perder a coerência?
Em Maio do ano passado a reestruturação financeira do clube foi parcialmente aprovada numa Assembleia Geral realizada no pavilhão atlântico onde estiveram presentes cerca de 1200 associados. Na altura apenas um dos pontos em discussão foi vetado, a venda da empresa Sporting Comércio e Serviços (SCS) à Sporting SAD, proposta que volta a estar em cima da mesa para futura Assembleia Geral, tal como a emissão de VMOC’s – Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis, através da entrega de acções ou de obrigações.
Ao clube o que é do clube e à SAD o que é da SAD, parece ser o lema do elenco directivo actual e a receita para tornar o Sporting uma instituição financeiramente saudável. O próprio Presidente já o afirmou no trio de entrevistas concedidas à imprensa em Outubro, afirmando que há dois universos distintos na actual estrutura leonina. O Sporting Clube de Portugal, que engloba o Museu, os Núcleos as modalidades, os associados e a Sporting SAD, ou seja, o velho e o novo Leão, o que cheira a pó e que se dispõe a meter uma lança em Africa.
Nas outrora reuniões magnas do universo Sportinguista, amplamente concorridas, quando os sócios se sentiam úteis, presentes e com voto na matéria, a emoção por vezes fervilhava e tomava conta da razão. Hoje, com a separação de águas cada vez mais pretendida, colocando o Sporting Clube de Portugal totalmente dependente da Sporting SAD, sentimo-nos vazios, impotentes perante hipotéticos cenários futuros que se nos podem colocar a avaliar pelas vozes divergentes do projecto de reestruturação financeira apresentado.
Chegados aqui é importante que paremos para reflectir no seguinte: que Sporting queremos nós no futuro? Um Sporting competitivo e moderno, sustentável no permanente mundo empresarial em mudança mas que mantenha a sua identidade cultural ou um velho leão agastado e maltratado por força da divida sufocante que o constrange em mostrar as suas garras?
Sinceramente creio que todos queremos a primeira via. Só que esta primeira via só é possível mantendo a coerência e respeito pelos valores do Sporting, mesmo no mundo turbulento em que vivemos. Trata-se portanto de uma questão de coerência com a história e valores do clube. Por isso é imperioso que Filipe Soares Franco para além de nos apresentar um projecto de reestruturação financeira que reduzirá drasticamente a divida a avaliar pelas suas intenções, nos apresente em paralelo um projecto desportivo cuja matriz cultural e ideológica do Sporting Clube de Portugal permaneça e não se esvazie, porque um projecto financeiro não faz sentido sem um projecto desportivo, tal como a Sporting SAD não faz sentido sem o Sporting Clube de Portugal. Resumindo é necessário uma união entre o Sporting Clube de Portugal e a Sporting SAD e não a sua separação, tal como a garantia que os valores do SCP permanecerão no tempo, ou estará Filipe Soares Franco interessado em encher o estádio de accionistas e não de Sportinguistas?
Não obstante tudo isto ser uma realidade deveras complexa e de o mundo que hoje conhecemos poder descarrilar por completo, caso não se recoloque numa trajectória balizada por princípios e regras éticas comuns a todos os passageiros que partilham a viagem da vida, é fundamental que o homem e a sociedade intergeracional não percam um valor fundamental na sua caminhada, a coerência com que fazem o seu percurso.
O Sporting Clube de Portugal, salvo uma ou outra etapa da sua centenária historia tem feito a sua caminhada com alguma coerência, fruto do respeito pelos valores e cultura leonina, pilares base da nossa instituição, não serem subvertidos pela família Sportinguista, independentemente da volatilidade dos tempos que correm motivar uma resistência quase estoicista a essa cultura. Eis que chegamos a uma fase que nos coloca a todos ou quase todos no caldeirão do cepticismo e da incerteza. É certo que tudo o que hoje se passa nos provoca desconfiança e preservação. Circunstancias dos tempos actuais que nos poderão levar a perder a coerência?
Em Maio do ano passado a reestruturação financeira do clube foi parcialmente aprovada numa Assembleia Geral realizada no pavilhão atlântico onde estiveram presentes cerca de 1200 associados. Na altura apenas um dos pontos em discussão foi vetado, a venda da empresa Sporting Comércio e Serviços (SCS) à Sporting SAD, proposta que volta a estar em cima da mesa para futura Assembleia Geral, tal como a emissão de VMOC’s – Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis, através da entrega de acções ou de obrigações.
Ao clube o que é do clube e à SAD o que é da SAD, parece ser o lema do elenco directivo actual e a receita para tornar o Sporting uma instituição financeiramente saudável. O próprio Presidente já o afirmou no trio de entrevistas concedidas à imprensa em Outubro, afirmando que há dois universos distintos na actual estrutura leonina. O Sporting Clube de Portugal, que engloba o Museu, os Núcleos as modalidades, os associados e a Sporting SAD, ou seja, o velho e o novo Leão, o que cheira a pó e que se dispõe a meter uma lança em Africa.
Nas outrora reuniões magnas do universo Sportinguista, amplamente concorridas, quando os sócios se sentiam úteis, presentes e com voto na matéria, a emoção por vezes fervilhava e tomava conta da razão. Hoje, com a separação de águas cada vez mais pretendida, colocando o Sporting Clube de Portugal totalmente dependente da Sporting SAD, sentimo-nos vazios, impotentes perante hipotéticos cenários futuros que se nos podem colocar a avaliar pelas vozes divergentes do projecto de reestruturação financeira apresentado.
Chegados aqui é importante que paremos para reflectir no seguinte: que Sporting queremos nós no futuro? Um Sporting competitivo e moderno, sustentável no permanente mundo empresarial em mudança mas que mantenha a sua identidade cultural ou um velho leão agastado e maltratado por força da divida sufocante que o constrange em mostrar as suas garras?
Sinceramente creio que todos queremos a primeira via. Só que esta primeira via só é possível mantendo a coerência e respeito pelos valores do Sporting, mesmo no mundo turbulento em que vivemos. Trata-se portanto de uma questão de coerência com a história e valores do clube. Por isso é imperioso que Filipe Soares Franco para além de nos apresentar um projecto de reestruturação financeira que reduzirá drasticamente a divida a avaliar pelas suas intenções, nos apresente em paralelo um projecto desportivo cuja matriz cultural e ideológica do Sporting Clube de Portugal permaneça e não se esvazie, porque um projecto financeiro não faz sentido sem um projecto desportivo, tal como a Sporting SAD não faz sentido sem o Sporting Clube de Portugal. Resumindo é necessário uma união entre o Sporting Clube de Portugal e a Sporting SAD e não a sua separação, tal como a garantia que os valores do SCP permanecerão no tempo, ou estará Filipe Soares Franco interessado em encher o estádio de accionistas e não de Sportinguistas?
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