Um jogo disputado com intensidade máxima mas com poucos pormenores técnicos foi o que resultou da deslocação do Sporting ao campo do Estoril. E começo por aqui, o campo. Chamar estádio a um campo com bancadas à volta é muito comum entre nós. Talvez por essa imerecida promoção os dirigentes do clube local se permitam a graça de cobrar a exorbitância de 20.00€ a cada adepto do Sporting que lhes concedeu a honra da sua presença. A Liga e a FPF fecham os olhos, como se a sorte dos adeptos lhes seja indiferente e certamente é. Mas não devia ser, sobretudo quando depois os seus dirigentes vêm exibir o seu ar consternado perante as estatísticas que demonstram o abandono daqueles em favor de outras actividades que concorrem hoje com o "beautifull game".
Poder-se-á atribuir ao prefácio do post uma pretensa indisposição causada pelo resultado que deixou a nossa liderança à mercê do resultado de mais logo do clássico. Nada mais errado, por duas razões fundamentais: era já minha intenção abordar o tema, depois de conhecida a tabela de preços para o jogo. E este não me provocou nenhuma azia, insónia ou preocupação apesar de, obviamente, preferir a vitória à divisão de pontos. Esta, no entanto, parece-me justa, face ao produzido pelos dois contendores.
Seria injusto para o Estoril, uma equipa que, apesar das contrariedades que antecederam o encontro e as que este lhe infligiu, soube sempre contrariar-nos, mesmo quando controlamos o encontro. Porém o nosso controlo ocorreu sempre entre o consentido por eles e superioridade que fomos impondo quase sempre muito mais em esforço do que por acção inteligente.
Aqui encontro a razão para o nosso empate: se a entrega dos nossos jogadores foi sempre inatacável, faltou quem aportasse ao jogo mais clarividência, inteligência e frieza à nossa posse de bola. O Sporting deixou-se contagiar pela entrega com que os adversários iam impondo na abordagem de cada lance. O espaço útil de jogo estava bastante reduzido pelas linhas subidas de ambas as equipas e a construção do nosso jogo sempre muito condicionada desde muito cedo.
Se Jardim leu muito bem o que sucedeu em campo, o que se depreende do acerto habitual das suas análises ao jogo, deve-se dizer que o tempo e a forma em que decidiu mexer no jogo não ajudaram em nada as nossas pretensões. Isto porque demorou muito tempo a mexer e, mesmo considerando as poucas opções de que dispõem, quando decidiu não forneceu nenhuma solução alternativa que pudesse mudar o curso do jogo.
Martins exibia pouco acerto perante o pouco espaço e tempo para executar. É certo que Carrilo e Eduardo não estavam a fazer grande coisa, mas meter Capel onde não há espaço é obrigá-lo a centrar quase sempre demasiado atrás para conseguir criar perigo. Slimani criou algum desconforto aos estorilistas mas não teve um único lance em que fosse bem servido para, de cabeça, poder criar oportunidades. Jardim repete o erro ao chamar Mané para o outro extremo, quando não havia espaço para jogar.
Com Montero perdido da equipa, lá bem no fundo da boca do inferno, conseguimos apenas um único remate digno desse nome. Wilson Eduardo voltou a repetir o que sabe fazer de melhor: fechar os olhos e rematar com força. Muito pouco. A permanência do colombiano já com a entrada de Slimani, também não resultou. Talvez se recomendasse, com as alas completamente vedadas, maior jogo interior, mas isso não parece estar nas ideias mais próximas de Jardim.
Pelo acima exposto, aceito a divisão de pontos. Sem angústias ou insónias porque o Sporting pode prosseguir o seu caminho com as suas ambições intactas, mesmo no que diz respeito ao melhor lugar do torneio. Essas tive-as aquando do golo limpo anulado a Slimani com o Nacional e que significaria hoje a permanência no comando da Liga.
A propósito de arbitragem não se pode dizer muito mal da arbitragem de Pedro Proença a não ser que foi uma arbitragem à sua imagem. Inteligente, a permitir jogo duro que intimidava os nossos jogadores e quando tal não acontecia era ele próprio que se encarregava de o fazer. Os amarelos a Cédric e a Montero são o melhor exemplo. Proença foi fiel a si próprio: foi o Proença de trazer por casa, muito diferente do Proença internacional e "melhor do mundo". Nunca o seria se fosse sempre o primeiro.
Já aqui tinha falado disto, mas devido à má forma dos nossos extremos, acho que a equipa ganhava em jogar com menos um extremo e mais um avançado. Algo assim:
ResponderEliminar------------ Patricio
Cedric Mauricio Rojo Jefferson
-------- William Adrien
A.Martins Montero Capel
------------- Slimani
Com Martins a fazer mais jogo interior com Montero, já que este ficaria nas costas de Slimani.
Mike, eu até acho que deviamos dar uma oportunidade aos da Equipa B.
ResponderEliminarEm vez de A.Martins, apostar no Esgaio, pq não?
Sem ser um ala decisivo, garante sempre um futebol de alta rotação com uma boa capacidade de finalização.
J.,
ResponderEliminarNão me parece que o problema seja especifico de André Martins, apesar de ontem não ter estado tão bem como em jogos anteriores. E não me parece que Esgaio pudesse trazer nada de melhor no jogo de ontem. Pelo tipo de jogo e pelo que Esgaio tem jogado. O Jardim não anda a dormir.
Só acho que com Esgaio no onze ficariamos com um 4-4-2 mais definido.
ResponderEliminarNão tenho nada contra o A.Martins, mas acho que o seu futebol e a sua capacidade física não resultam bem em jogos como estes. E acho que Esgaio pode oferecer esse tipo de intensidade.
Mas obviamente que não seria a solução milagrosa.
Acho que o SPorting finalmente se encontrou com aquilo que está mais perto da realidade.
Vamos ser uma equipa arrumadinha lá atrás, onde vai ser dificil sofrermos golos; vamos ter no meio campo dois pilares (William e Adrien) que vai garantir que o Sporting estará sempre em disputa do jogo contra qualquer adversário; e depois lá na frente iremos viver da inspiração individual de jogadores como Montero, Slimani ou Carrillo.
É neste momento que temos de ter os pés bem assentes na terra, porque começam a apareçer fraquezas que a garra/vontade(e vitorias) andavam a esconder.
ResponderEliminarTemos uma equipa agerrida, lutadora, mas infelizmente faltam nos 2 ou 3 jogadores que realmente façam a diferença para desbloquear jogos como este.
E agora vao começar o castigos, ainda mais dificil vai ser.
Nao compreender esta realidade, é por em risco todo o trabalho(na minha opiniao muito bom) que foi feito até agora.
P.S- Se fosse verdade que o Nani tinha pedido para voltar ao Sporting....que prenda de Natal atrasada seria! Mas a verdade é que ja nao acredito no Pai natal...lol
Pés no chão. Resultado justo e que nos traz de volta à realidade. Claro que continuo a acreditar na equipa e é perfeitamente legítimo continuarmos a sonhar... mas temos de reconhecer algumas das nossas limitações.
ResponderEliminarTemos uma equipa capaz de fazer frente a qualquer adversário, temos óptimos jogadores e um excelente treinador. Mas falta um ou outro jogador capaz de desequilibrar jogos desinspirados e de confronto fisico como este. Foi um jogo demasiado físico, num campo em péssimo estado e de reduzidas dimensões. Aliás, essas reduzidas dimensões não favorecem alguns dos nossos, como Carrillo. Este esteve absolutamente desinspirado ao ponto de até passes de curta distancia falhar! Acho que eu própria tenho mais pena do que ele pela sua eternamente adiada afirmação. Reconheço-lhe capacidades imensas, um talento que teima em não querer aproveitar o dom que lhe foi "dado"! Enfim.
Mas este campo também não era para ele (pensei nisso mesmo antes do jogo iniciar). O Estoril impôs um jogo demasiado aguerrido, privilegiando o contacto físico. Aliás, nesta época, sempre que enfrentámos equipas que optaram por um jogo demasiado físico... fizemos as nossas piores exibições. Montero e Martins também têm grande dificuldade em praticar o seu futebol perante este tipo de adversários. Apesar de gostar imenso de André Martins, como 10 (ou como médio mais próximo disso já que neste sistema não existe 10 puro) falta-lhe algo muito importante: presença na área. Tem pouca. Apoia pouco Montero e remata muito pouco (também temos de reconhecer que a sua qualidade de remate não é a sua maior qualidade). Aparece pouco em zona de finalização. Sem alas inspirados e sem "10" capaz de se impor... não há golos!
Não me choca perder pontos neste jogo, que à partida era, reconhecidamente, de dificuldade acrescida. Golos (estupidamente) anulados e pénaltis (evidentes) por assinalar em outros empates prévios... esses sim chocam-me! Nesses sim (se a verdade desportiva prevalecesse) deveríamos ter ganho, e se assim fosse, estaríamos agora no primeiro lugar, independentemente do resultado do jogo com o Estoril.
SL
Vejo a ida à Amoreira como via as idas ao Bessa, nos anos 80 e 90. Vir de lá sem derrota e sem ser gamados já era vitória.
ResponderEliminarEste jogo já passou. O lado bom: mesmo jogando mal, mesmo com uma equipa jovem e contra um adversário de clara valia, podíamos ter ganho. O remate do Adrien, uma melhor definição numa ou outra jogada podia ter dado vitória. Não deu e, por aí, foi justo.
Agora não se pode olvidar a presença de Proença. Quem deixa Tiago Gomes, Amado e Carlitos fazerem as faltas que fizeram sem qualquer admoestação não está a ser justo para com o jogo e equipa adversária (neste caso o Sporting). Um cartão amarelo condiciona!! Tiago Gomes pode sempre travar o adversário quando não o conseguia parar de outra forma. Amado idem (quase no fim, Montero arranca no meio-campo e é ceifado. Olha para Proença e fica à espera do óbvio, o amarelo para Amado. Logo percebe que Proença está-se a cagar. E, Montero, avança desmotivado. Isto conta!!) Porquê que Cédric deixou Gerso avançar até à área e não o parou logo no meio-campo? Porque tinha amarelo desde dos 15 minutos, depois de uma falta que fez no meio-campo do Estoril! Se Amado tivesse o merecido amarelo, provavelmente não teria travado Montero nessa jogada, dando uma situação de perigo para o Sporting. Se obtasse por fazer falta, teria levado o 2º amarelo (com árbitro digno e profissional) e ia para a rua.
Isto faz diferença!
A sua intenção esteve bem vincada na pontaria dos cartões. Nos próximos tempos, começará a pressão se o Sporting deve forçar, ou não, o 5º amarelo de William e Montero, com risco do jogo da Luz. E já não há muito tempo para isso, nem o Sporting tem plantel para esses luxos.
O nosso lugar na Liga estará dependente daquilo que Estoril, Braga e Nacional não fizerem. Não hajam ilusões.