|
A equipa do Sporting no jogo do Jamor |
Joga-se hoje a final da Liga dos Campeões e quis a sorte juntar duas equipas da mesma cidade na capital do país vizinho. Feliz coincidência, que deixará marcas na nossa capital, ela já com nome gravado na tão prestigiada competição e da qual o nome do Sporting também fará parte para sempre. Isto porque o primeiro jogo da competição foi realizado no Jamor, a 4 de Setembro de 1955 e teve como contendores nada mais nada menos que o Sporting Clube de Portugal e o Partizan de Belgrado. O primeiro golo seria também marcado por um jogador do Sporting, de seu nome Martins.
A arbitragem esteve a cargo do francês Harzic. O Sporting era treinado por Alejandro Scopelli e o Sporting alinhou com: Carlos Gomes; Caldeira e Galaz; Armando Barros, Passos e Juca; Hugo, Travassos, João Martins, Vasques e Quim.
Assinale-se que a presença do Sporting se deveu ao enorme prestigio de que o nosso clube gozava em Portugal e no mundo, que começava a acordar para as competições internacionais entre clubes. O Sporting não era o campeão em titulo - o campeonato 1954-55 havia sido ganho pelo Benfica - mas a sua participação deveu-se a um convite expresso da UEFA para o efeito, o que, como é de calcular, não deixou de constituir polémica na altura. O jogo terminaria com um empate a três golos. A partida não correria de feição para o Sporting, mas poderia ter tido outro desfecho, que as palavras de Travassos sintetizaram à época: "Sem merecermos empatar, poderíamos ter ganho.".
O jogo da segunda volta seria marcado por uma infindável viagem, com escalas em Barcelona, Roma e Atenas. A capital grega encantaria a comitiva, que teve direito a demorado passeio turístico. Este seria o tom da chegada a Belgrado, com o Partizan a colocar à disposição da equipa do Sporting um autocarro Austin, um veiculo luxuoso que o clube recebera de uma famosa digressão a Inglaterra.
A equipa já não vivia o fastigio que gozara anos antes e que a levaram a vencer oito campeonatos em nove, conquistando o primeiro tetra da história do futebol português. O jogo da segunda mão haveria de se saldar por uns decepcionantes 5-2. Este tem sido, aliás, o tom geral das participações do clube nesta competição, onde nunca conseguiu uma presença de acordo com os seus pergaminhos. Ora por falta de qualidade das participações, ora por falta de sorte.
Algumas notas de curiosidade:
A superioridade do Partizan de Belgrado deveu-se em muito ao seu famoso avançado Milutinovic. Não fora a enorme exibição de Carlos Gomes e os três golos do avançado jugoslavo poderiam ter sido bem mais. Milos Milutinovic é ainda hoje considerado um dos melhores jogadores jugoslavos da história. Os dirigentes do Sporting ainda fizeram abordagens para a sua aquisição, mas o facto de pertencer a um país de Leste conotado com a então União Soviética e os três mil contos, uma fortuna para a época, que os dirigentes do Partizan exigiam para se sentar a conversar, apagaram o interesse.
A competição, hoje conhecida por Liga dos Campeões, esteve para receber o nome de Taça Seeldrayeers, em honra de Rodolf William Seeldrayeers, alemão que havia sucedido o mítico Jules Rimet na presidência da FIFA, mas que havia de morrer um mês depois do jogo do Jamor.
O Jamor voltaria a acolher um jogo da Liga dos Campeões, em 1967. Mais precisamente a final desse ano, vencida pelo Celtic, o primeiro clube britânico a inscrever o seu nome na prestigiada competição.
Nota Final
Habitualmente esta história começa no prestigiante convite para primeira participação na competição e termina no golo de João Martins, ficando na penumbra o desfecho da eliminatória. Ao contrário do que é a a liturgia normalmente usada pelas organizações ou pessoas quando se referem ao passado, não encontro razões para não lembrar a totalidade dos factos. Porque eles falam-nos, ao fim e ao cabo, da vida, isto é, das grandes vitórias e dos fracassos, do Sporting Clube de Portugal. Clube ao qual me une um amor incondicional, que não é regido pelos humores das vitórias e dos insucessos e de cuja história me orgulho em volume muito maior do que meu peito pode abarcar.
São artigos como este que elevam o nível da blogosfera leonina.
ResponderEliminarObrigado!
porra, atao o slb nao era o clube do regime e do salazar???o gajo deixou que o campeao da altura nao fosse? ganda salazar ...defendia mt o clube do regime...enfim
ResponderEliminarPois mas há que dizer a verdade toda! O Sporting só jogou esse jogo porque a direcção da Federação (dominada por figuras do regime ligadas ao Sporting) impôs o nome do clube já que o campeão era o Benfica. E depois dizem que o clube do regime era outro...
ResponderEliminar(Censurem a verdade)
Luke Psywalker,
ResponderEliminarEu que tenho que agradecer, obrigado pelas suas palavras.
O Sporting Clube de Portugal foi convidado pela UEFA, devido ao seu enorme prestígio à época. Até 1961, o Benfica era 0 internacionalmente. A Federação Portuguesa e muito menos o regime político são chamados para o caso. Aliás, o Travassos já tinha sido convidado a participar na Seleção da Europa, tal era o prestígio internacional.
ResponderEliminarHouvesse esta competição no tempo em que os 5 violinos jogaram juntos e o Museu do Sporting teria algumas taças dos campeões europeus nas suas prateleiras.