terça-feira, 27 de maio de 2014

Orçamentos: é possível voltar ao topo reduzindo drasticamente o orçamento?


A noticia
O jornal "O Jogo" noticiava ontem que o Sporting pretende que o seu orçamento futuro não ultrapasse os vinte milhões de euros. A noticia, que não foi confirmada por fonte oficial,  é algo surpreendente, isto porque, como é do conhecimento geral, o orçamento da SAD do Sporting anda em valores bem próximos de apenas um quarto do que as suas congéneres rivais têm à disposição. Mesmo sem confirmação oficial, a noticia é um pontapé de saída para uma reflexão sobre o tema.

O poder diferenciador do dinheiro
Basta dar um breve relance pelo que foram os campeões por essa Europa fora para perceber que o dinheiro conta e muito para conseguir, no final de uma época, acrescentar uma taça ao currículo e ao museu de um clube. O exemplo do Atlético de Madrid, esgotado de tantas vezes ser usado, não pode deixar de ser olhado como excepcional. Basta para tal constatar o poderio do Barcelona e Real Madrid nos últimos anos, incinerando à partida exemplos de outrora, agora já longínquos, do próprio At. de Madrid ou Real Sociedad, Valência, Bilbau e poucos mais. O titulo do Atlético, inteiramente merecido, é a excepção dos que conseguem saltar o rolo constritor do poder do dinheiro antes de ele produzir o seu efeito demolidor. Este é um fenómeno que veio para ficar e que coloca nos arquivos a ideia romântica do futebol com que cresci. Ainda assim os mais ricos já então ganhavam sempre mais vezes.

Enquadramento nacional
O cenário não melhora quando olhamos para o nosso campeonato. Fazendo uma retrospectiva ao que têm sido os campeões desde o início do presente século, há dois factores importantes que ressaltam da análise e que me parecem merecer destaque: a confirmação da importância dos orçamentos e a sua consequência na competitividade do campeonato. 

Analisando os campeonatos deste século até hoje (2001-2014) facilmente se constata que, para ser campeão, são precisos pelo menos setenta e cinco pontos ou mais. Dos treze campeonatos oito foram conquistados com pelo menos esse pecúlio (2001/02-2002/03-2003/04-2005/06-2009/10-2010/11-2011/12-2012/13), sendo de realçar que, desses oito, três deles foram conseguidos com mais de oitenta pontos (2002/03-2003/04-2010-11). Dois deles (2005/06-2012/13) ficaram bem perto desse valor, setenta e nove e setenta e oito, respectivamente.

É verdade que esta diferença acentuada pode ser atestada em anos anteriores, afinal o campeonato português sempre teve um carácter tricéfalo acentuado. Porém, há um fenómeno que cada vez ocorre com mais frequência e que anteriormente, mesmo nos períodos áureos de cada um dos três clubes, era muito raro: o da invencibilidade. O FCP foi campeão duas vezes seguidas sem ser derrotado e o actual campeão, o SLB, sofreu apenas uma derrota em cada um dos últimos campeonatos.

Importância dos fundos e empresários
Há dois factores que se destacam na forma como quer FCP e SLB têm conseguido exponenciar as suas receitas, o que lhes permite não só contratar melhores jogadores como pagar-lhes o salário: as performances desportivas e uma boa compreensão do que é o funcionamento do mercado. 

As receitas provenientes do acesso à Liga dos Campeões, das quais os prémios de jogo são uma ínfima parte, foram o trampolim que começou por distanciar o FCP dos demais, a que juntou um circuito de prospecção, valorização e vendas quase perfeito . O SLB, com a entrada de Jesus, ainda conseguiu apanhar o comboio, mesmo tendo conseguido apenas dois campeonatos. As boas performances desportivas permitiram uma valorização de activos verdadeiramente notável, com receitas não menos notáveis. O Sporting, por diversas vicissitudes bem conhecidas de todos, tem visto passar os comboios. A venda de Nani ao Manchester é um exemplo sem repetição.

Quase todos os grandes negócios têm um nome comum: Jorge Mendes, facto que se estende ao mundo futebolístico em geral: quase todas as grandes transferências têm a sua chancela. O recurso aos tão famigerados fundos funcionam como fonte de financiamento e partilha de risco. Paradoxalmente, o Sporting mantém-se à margem, isto apesar de o seu mais proveitoso negócio de sempre, Nani, ter o nome de Jorge Mendes.

Porque seria mau para o Sporting, por exemplo, que Mendes fizesse com William Carvalho um negócio com contornos semelhantes ao realizado com André Almeida e Rodrigo, em que o Sporting recebesse uma parte substancial da cláusula de rescisão e ainda pudesse manter o jogador mais um ou dois anos nos seus quadros?

Há muito tempo que se fala na regulação e até mesmo na interdição da partilha de passes de jogadores com fundos e empresários por parte da UEFA. Quanto a mim um erro, porque afinal têm sido esses mecanismos que têm permitido aos clubes da periferia europeia, que não despertam o apetite dos grandes investidores, ou que não se encontram no lote de clubes de implantação mundial como Barcelona ou Real, manter alguma competitividade. O próprio Atlético de Madrid conseguiu afrontar os dois grandes de Espanha e até chegar a êxitos internacionais recorrendo à partilha a posse de grande jogadores, sem quais tal não seria possível. Os organismos internacionais que gerem o futebol estão obrigados a zelar pelo equilíbrio da modalidade, que não sucederá se o lote de vencedores estiver restringido a um apertado numerus clausus, ou clube exclusivo.

Sporting, que caminho seguir?
Bruno de Carvalho tem insistido num discurso regenerador no que às relações com o mercado diz respeito, com o qual concordo na essência. Só não me parece boa estratégia é que o Sporting empreenda a mudança sozinho, antes dos demais. Pelo menos que o faça antes de que as regras mudem. Não só porque não há nenhuma garantia que elas venham a ocorrer, mas sobretudo porque tal só contribui para o isolamento e consequente diminuição da sua competitividade. 

Isto dito fica a minha discordância com os que acham que o Sporting, nestas matérias, deve ir primeiro e mais longe e que isso é vantajoso para o clube. Ou que nos cabe a nós dar lições aos empresários. Os empresários e fundos têm o resto do mundo para negociar e ganhar dinheiro. O Sporting pode até não concordar com as regras mas tem de jogar com elas. Não mais do que o sucede num jogo de futebol, se por acaso não lhe agradar a lei do fora-de-jogo, não se pode eximir da sua aplicação e sobretudo de lhe saber retirar vantagens.

Competitividade e concorrência
O Sporting, além dos problemas que são comuns a todos clubes, tem mais dois problemas para se afirmar como clube vencedor: os seus rivais históricos. Pode num ano ultrapassar um, como no ano presente, mas tem de ter um ano quase perfeito, nos actuais moldes, para ultrapassar os dois.

Há 2 formas de inverter isto: o planeamento a prazo e o aumento do investimento, isto é, com um orçamento maior. Não tem necessariamente que ser um orçamento equivalente aos maiores, mas que inevitavelmente se tem que aproximar para valores mais realistas. Com 1/4 do orçamento dos rivais é muito mais provável ver-se mais frequentemente a disputar lugares com tem um orçamento mais próximo - SCBraga, por exemplo - do que a concorrer em permanência alcançar SLB e FCP. Ficar de vez em quando nos primeiros lugares pode ser excelente para clubes como o Braga mas, a médio e longo prazo não significam mais do que o definhar do Sporting, porque o afasta do seu desígnio e identidade.

De ciclo virtuoso a círculo vicioso
Mesmo um planeamento correcto e previdente não põe um clube formador fora da necessidade de aumentar as receitas para poder ficar com os melhores jogadores - sejam eles da casa ou não - ou pelo menos alguns deles, de forma a não ter que refazer todos os anos o seu plantel. A consequência inevitável de um bom ciclo competitivo é a valorização dos seus jogadores, o que inevitavelmente atrai as atenções de clubes mais poderosos. Não estando à altura de manter alguns dos melhores e substituir sem perda os que saem, o Sporting afunda-se num círculo vicioso: não ganhando não é um projecto apetecível para os melhores e viverá em constante instabilidade, porque não há estratégia que subsista sem resultados.

Conclusões
São sabidos os constrangimentos que afectam os clubes, e do Sporting em particular, no que a contas diz respeito. O serviço da dívida representa um esforço colossal. Mas nada do que aqui se diz em nenhum momento significa advogar más contas ou gestão irracional. Ou que o dinheiro é tudo e se pode sobrepor à gestão inteligente. Isto também não significa afirmar que a gestão dos dois rivais está isenta de criticas, obviamente.

Pagar o que se deve é fundamental, mas esta não pode ser a única preocupação. O Sporting tem que se manter competitivo e para isso precisa de receitas que façam face ao seu estatuto e ambição. Diminuir o orçamento representa um perigo para a competitividade da sua equipa mais representativa.

É possível alcançar o topo reduzindo drasticamente os orçamentos? 

Poderá o Sporting aprender a viver sem comer? 

Ou arrisca-se a ter o mesmo destino de uma velha história, em que o animal falece quando parecia já habituado a dispensar o alimento?

23 comentários:

  1. Conclusão: ou o Sporting se "encosta" a fundos e empresários ou...fica para trás da concorrência directa!
    Assim seria se esses concorrentes nunca baixassem de patamar. Ora, o que vemos é que parte da história começa a ser reescrita: na época que agora finda o FCPorto foi o que sabemos e, de resultados financeiros, no final do 3º trimestre, já vai em 38 M€ de prejuízos; também já "pediu" (uma emissão obrigacionista não deixa de ser um empréstimo...) 15 M€ e sabe-se que terá que "perder" os seus principais ativos; Iturbe, Fernando, Jackson, Mangala e, talvez, Defour -Iturbe rendeu uns trocados (a venda foi boa para empresários e fundos, o clube talvez tenha prejuízo com o negócio), Fernando sai a custo zero e os outros...têm fundos e empresários à espera, de bolsas bem abertas, que nelas caia o gordo pecúlio.
    Do Benfica, pouco se vai sabendo. Depois das vendas apressadas de Janeiro, vamos lá a ver que fatia dos 70 M€ entrou nos cofres e que impacto teve nos Resultados do 3º trimestre. E tudo aponta para a saída de umas quantas estrelas mais.
    O Sporting...parece tranquilo! e, se calhar, pouco ou nada vai fazer para se aproximar dos rivais -vão ser estes a ter que descer uns degraus, nivelando, por baixo, as consequências dos orçamentos.

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  2. Para discutir este assunto seria interessante saber o que se assinou com a banca.

    E suspeito muito que tenha sido acordado que a longo prazo se consiga baixar os custos da equipa para valores perto dos 15 milhões.

    Não dá para ser competitivo se a concorrência não seguir o mesmo caminho,mas muito provavelmente a escolha seria isso ou fechar as portas do clube.

    O futuro é sombrio mas também não se pode colocar a culpa desta situação nesta direcção,afinal não é por culpa deles que nos encontramos neste estado.

    Um Sporting pouco competitivo...ou pura e simplesmente uma memória do passado.Por muito que custe prefiro o primeiro,não suportava ver o fim deste clube.

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  3. É possivel, tenhamos nós a paciencia necessária para ultrapassar esta fase terrivel.
    Não podemos esquecer o que nos trouxe até aqui. A pouco mais de um ano, tivemos de vender um jogador em fevereiro para pagar ordenados. Dizia-se que nem havia dinheiro para as despesas mais basicas no funcionamento de uma instituição. De tal forma que até se falou que o Presidente pediu para se ter cuidado com as fotocópias...
    O que nos trouxe até aqui foram anos e anos de despesismo, incompetência, trafulhice etc. Não foi assim a tanto tempo a ultima vez que tivemos um orçamento equiparado aos outros 2 rivais directos...e com os resultados que todos vimos. Andamos muitos anos a gastar mal, a vender mal, a comprar mal, e a pagar mal. Espero que isso agora mude.
    Para já, no primeiro ano em que tivemos de baixar o orçamento, os resultados foram melhores que nos anos anteriores. Espero que assim se mantenha, ou que não piore pelo menos.
    Mas concordo numa coisa...em condições normais, quem tem mais dinheiro aumenta a possibilidade de ter melhores jogadores. Isso viu-se este ano com o Benfica. Mas não é garante de ter melhor equipa, e isso viu-se com o Porto.

    O nosso caminho vai ser longo, como eu tenho dito varias vezes aqui. E não vai ser facil. Reerguer um clube, uma equipa, não é trabalho de 2 dias. O Benfica só agora esta a tirar os verdadeiros resultados dum projecto com mais de 10 anos, em que teve sempre acesso a mais dinheiro do que nos provavelmente vamos ter no futuro...

    E já que falei em Benfica e Porto...também eles terão de baixar as calcinhas...a começar pelo Porto. é que viver acima das suas possibilidades acaba sempre por correr mal um dia...vamos ver tambem quanto tempo irá o Benfica usufruir do seu novo estatuto.

    O nosso caminho vai ter de passar por comprar/formar barato, vender caro, e se possivel tentar tirar o maximo de rendimento desportivo do jogador(titulos).

    Não vamos ser nos proximos anos uma equipa que consiga aguentar um bom jogador, na plenitude das suas capacidades(william) mais do que 1 ou 2 epocas. Porque não pagamos o suficiente para isso, e porque a liga portuguesa é o que é.

    Por isso mesmo que sejamos campeões num ano, estamos sempre sujeitos a perder grande parte do plantel e começar tudo de novo no ano a seguir...

    É a sina que nos calhou...para ser diferente só com o Euro-milhoes...

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  4. Quais foram os resultados da ultima vez que tivemos um orçamento equiparado aos outros 2 rivais directos?

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  5. Liondamaia,
    Essa conclusão não é a minha. Aliás, mais do que conclusões, deixei interrogações. Numa coisa estou certo: muito dificilmente o Sporting aumentará a sua competitividade reduzindo orçamentos.

    O resto das suas afrimações são mais wishful thinking de que tudo vai correr mal para qualquer um dos lados dos nossos rivais do que factos.

    É que até agora não há o menor indicio de que os rivais desçam dos quase 100 milhões orçamentados para nos nossos 25 ou 20 de que fala a noticia.

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  6. Totalmente de acordo com o Liondamaia, e com o anónimo das 16,45, ninguém concorda, ou quase ninguém com o que escreve no post, a realidade vai prevalecer, nos clubes e nos países. "Dragão com saldo negativo de 38,7 milhões." Vamos reduzir e bem o orçamento. Competitividade não tem nada a ver com orçamentos, aliás, o dinheiro está caro, e os problemas no BEs também são indícios disso. Os nossos problemas surgiram precisamente quando se entrou nessa de aumentar os orçamentos.

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  7. Possível, é. Provável? Nem por isso.
    Mas os nossos rivais também não podem investir 90 milhões todos os anos. Isso tem um preço.
    Há um meio termo, que me parece mais razoável para lutar pelo título, desde que apareçam novos valores (made in alcochete ou não) com frequência.

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  8. Bandeira,
    Se esse acordo foi feito só posso dizer que foi ruinoso. Obviamente que o Sporting tem que pagar, eventualmente terá que pagar X por ano. Daí a regular o quanto é o orçamento anual já é bem diferente. No máximo aceitaria um valor percentual em função das receitas. Daí o que digo no post:
    "O Sporting tem que se manter competitivo e para isso precisa de receitas que façam face ao seu estatuto e ambição"

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  9. Lda, apesar de nem sempre comentar, a visita diária ao A Norte é obrigatória pelas tuas reflexões e excelentes textos.

    Cortar a direito como tem feito Passos Coelho é estupido. Porque estamos pior, mais endividados, mais pobres, menos competitivos, a economia não arranca (apesar do que nos dizem tontos como Camilos Lourenço, autênticos cães do dono). Mas isso são outras discussões.

    O que se fez no Sporting, a nível desportivo e financeiro, está bastante correcto, na minha opinião. Cortou-se na gordura, renegociou-se com a banca, valorizou-se a mão de obra interna (produto da cantera), traçou-se um rumo...e acabou por se fazer mais com menos.

    Não estou de acordo contigo na questão dos fundos. Acho que não é preciso ir buscar jogadores muito caros para se ter uma equipa competitiva a nível nacional. O Porto de Mourinho demonstrou isso. Com isto não estou a defender um distanciamento do Jorge Mendes. Acho que negócios pontuais com o super agente podem ser benéficos (o Bebé parece-me um jogador muito interessante, por exemplo). Agora a promiscuidade que há com o Benfica, isso acho vergonhoso (aliás aquele triângulo Braga-Benfica-Atlético Madrid é, no mínimo, muito duvidoso).

    Acho que se deve aumentar um pouco um orçamento para a próxima época (renovando com melhores vencimentos jogadores como William Carvalho, Dier, Mané, Cédric) mas nunca ter orçamentos perto dos valores de Porto e Benfica. Vender jogadores caros que pouco acrescentam como Capel ou Rinaudo também ajudam nesta equação. Isto claro que obriga a um trabalho muito mais competente e mais exigente do que o que foi feito pelos Carlos Freitas da vida.

    Ainda há dias falava com amigos meus que me diziam..."Epá agora era despachar o Cédric, o André Martins...e íamos buscar jogadores doutro nível para fazermos uma boa Liga dos Campeões". Sou frontalmente este tipo de discursos! A formação terá de ser sempre um pilar no projeto desportivo do Sporting.

    SL

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  10. PedroC,

    é tudo uma questão de envolvente. Vendemos um jogador em Fevereiro para pagar ordenados, a mesma razão que o SLB vendeu o André Almeida e o Rodrigo. Já agora, alguém reclama hoje do valor da venda o Wolfsvinkel?

    O SLB não esta a retirar dividendos de nenhum projecto a 10 anos mas sim da sorte - foi mais isso que sabedoria - de ter contratado JJ. Quantas vezes antes disso o LFV não viu o seu lugar em risco? É esse o problema da ausência de resultados que não quero que volte ao Sporting e que me levou a escrever o post.

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  11. Pode até ter sido pela mesma razão..com a diferença abismal de que o Benfica foi campeão, e nos ficamos em 7º lugar na altura...
    Não dou o exemplo do benfica como bom para ninguem. Alias frisei bem que para chegar aqui, o benfica teve de gastar muito mais dinheiro do que aquele que nós algum dia vamos ter.
    Os orçamentos com que o Benfica ficou varias vezes em 3º lugar, eram concerteza muito superiores aos que o Sporting tem, e terá num futuro proximo. Têm é mais receitas....e uma boa teta.

    Cabe aos sportinguistas perceberem as dificuldades que vamos ter, e o caminho que vamos ter de percorrer. E mais digo, muito mais ja foi feito este ano do que alguma vez pensei qe se ia fazer. Não pensava ficar em 2º lugar sinceramente. E não devia ser o unico....o Presidente tambem deve de ter ficado surpreendido, por isso é que já se esta a adiantar na escrita e a prometer coisas que se calhar não vai conseguir cumprir...pelo menos para já.

    Nesta conjuntura, o processo de conseguir reunir uma equipa que consiga bater-se para ganhar o campeonato contra este Benfica, Porto, arbitros e demais, é muito complexo, e obedece a uma serie de variaveis de dificil conjugação.



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  12. «As receitas provenientes do acesso à Liga dos Campeões, das quais os prémios de jogo são uma ínfima parte, foram o trampolim que começou por distanciar o FCP dos demais, a que juntou um circuito de prospecção, valorização e vendas quase perfeito.»

    Salvo erro, cada vitória na fase de grupos da Liga dos Campeões vale um milhão de euros, para equipas pertencentes a países com grande peso de mercado televisivo estes valores são irrisórios, ainda assim, para as equipas portuguesas, esta parte não é tão ínfima quanto isso. Todavia, é um erro afirmar-se que foram as receitas da Liga dos Campeões o trampolim para o salto dado pelo FC Porto em termos de domínio nacional...

    Esse salto foi dado muitos anos antes pela estabilidade directiva protagonizada por Pinto da Costa e por este ter aproveitado aquele que tanto Benfica como Sporting rejeitaram como treinador: José Mourinho.

    José Mourinho, com um "doutoramento" em futebol orientado pelos "doutores" Bobby Robson e Louis van Gaal, armou uma equipa que tomou de assalto ambas as competições europeias, e após tornar-se campeão europeu, deu um contributo decisivo às finanças portistas ao contratar um lateral direito e um central por quantias bem elevadas já como "manager" do Chelsea. Pinto da Costa fez o resto, ao vender Deco ao Barcelona primeiro, Pedro Mendes ao Tottenham, este em parte por "troca" por Postiga, e mais tarde, Nuno, Costinha, Maniche e Derlei ao Dínamo de Moscovo. Refez a equipa, continuou a comprar caro e a vender ainda mais caro, mas mesmo com tantas e tamanhas vendas, o passivo azul e branco foi aumentando cada vez mais...

    Mas enquanto a arbitragem esteve mais ou menos sob controlo, não foi complicado a nível interno conseguir aquela necessária vantagem que depois torna mais fácil a gestão da equipa e do plantel mais lá para frente da época...


    O próprio Benfica, com as vendas de Ramirez e Matic, recebeu mundos e fundos de Mourinho, sem esquecer Javi Garcia e Alex Witsel, outras vendas de vulto recentes, fruto do grande trabalho de Jorge Jesus como treinador. Só o Sporting é que não faz negócios com o Mourinho... porque será? Eu dou uma pista.. Luís Duque.

    A quebra do Sporting começa a dar-se com a eliminação nos playoffs da Liga dos Campeões diante da Fiorentina, o que causou um valente rombo nas contas dessa temporada e com o público de Alvalade cansado de Paulo Bento, deu origem a dois presidentes e a um desfilar de treinadores, uns menos maus que outros... como não havia liderança desportiva e directiva, cavou-se uma cratera tal que agora é muito complicado a nível financeiro de resolver a questão, muito complicado, mas não impossível.


    «O recurso aos tão famigerados fundos funcionam como fonte de financiamento e partilha de risco. Paradoxalmente, o Sporting mantém-se à margem, isto apesar de o seu mais proveitoso negócio de sempre, Nani, ter o nome de Jorge Mendes.»

    O Sporting também recorreu aos fundos, mas apenas para efeitos hipotecários, alienando passes para antecipar receitas a curto prazo para fazer face às enormes despesas de tesouraria que tinha pela frente. O melhor exemplo actual desta política ruinosa é a de William Carvalho, cujo passe foi em tempos avaliado em apenas um milhão de euros e 40% do mesmo vendido por míseros 400 mil euros... pouco menos daquilo que o Sporting pode receber por um empate na fase de grupos da Liga dos Campeões na próxima época.


    Continua...

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  13. O que Bruno de Carvalho quer fazer, é apenas e só repetir a fórmula que Filipe Soares Franco preconizava há dez anos atrás, mas com melhores treinadores, que não se podia gastar o não se tinha, e se formos a ver os orçamentos da Sporting SAD na altura, em pouco ultrapassavam os 20 milhões de euros por ano, e o Sporting estava presente na Liga dos Campeões, mas sem o regular apuramento para os oitavos-de-final da prova.

    A diferença é que agora, acredita-se que é possível reforçar posições chave na equipa e no plantel em que a Academia não tem equivalente de qualidade pronto a ser colocado ao serviço do treinador, como são os casos dos defesas centrais ou dos pontas de lança, porque habitualmente tais posições exigem ser preenchidas por jogadores já com alguma rodagem e experiência. Por exemplo, Mangala (outro jogador representado por Jorge Mendes), tem agora 23 anos, mas só veio para o FC Porto aos 20 anos e mesmo assim, apenas fez 14 jogos na sua primeira temporada em Portugal.

    E colocar à frente do plantel um treinador competente e que saiba de futebol e que tenha uma ideia própria e um modelo de jogo que sirva ao Sporting. Leonardo Jardim fez um grande trabalho num ano, mesmo que com "abusando" da "mecanização" e padronização de processos, natural numa equipa de primeiro sem rotinas e que nunca jogou junta, espera-se agora que Marco Silva evolua, pois parte das bases ou do modelo que preconiza são semelhantes, as diferenças maiores serão ao nível da organização ofensiva, pois Leonardo Jardim pouco ou nada jogava pelo corredor central, usando e "abusando" das faixas laterais, especialmente após a chegada de Islam Slimani, enquanto que Marco Silva prefere ter alguém capaz de saber defender com o resto da equipa, mas principalmente que pense o jogo e que não tenha medo de ter a bola. Será Marco Silva capaz de fazer de André Martins o seu Evandro Goebel ou Carlos Eduardo? Ou usará Shikabala? Ou Iuri Medeiros? Ou mesmo Filipe Chaby?


    O Atlético de Madrid aproximou-se e superou os colossos Barcelona e Real Madrid, não pelo dinheiro, mas pelas ideias e pelas boas escolhas a nível de treinador e jogadores. Brendan Rogers quase que era campeão inglês, não tanto pelo dinheiro, mas por ter bons jogadores e melhor ainda, boas ideias. As mesmas boas ideias que permitiram a Roberto Martinez ficar em quinto lugar, à frente de Tottenham e Manchester United. As mesmas boas ideias que permitiram ao Jorge Jesus, chegar duas vezes à final da Liga Europa e a disputar os dois últimos campeonatos até ao fim, ganhando esta época claramente aos seus rivais directos em casa, ainda que no caso do Sporting, tenhamos razões de queixa pela forma como foram tomadas certas decisões em lances chave em algumas partidas...

    E vai ser por aqui, pela competência do treinador, pela escolha do mesmo, mas também pela qualidade da matéria prima que é colocada à sua disposição, que começa o reaproximar do Sporting em termos de desempenho desportivo em relação aos rivais, com orçamento muito inferior.

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  14. PM,
    Obrigado. Fico duplamente agradecido, não só pela assiduidade mas também pela cordialidade, cada vez mais rara na blogosfera, e especialmente porque não precisas de estar de acordo para a exercer.

    Quando falo nos fundos não estou a advogar que esse seja o único caminho possível. O ponto principal e que dá origem ao texto é a minha dúvida relativamente ao diminuir do orçamento e as suas implicações na competitividade da equipa.

    Relativamente a Mourinho é bom lembrar que entretanto já passou 1 década e muita coisa mudou. Confesso que contratar em Portugal e de preferência jogadores portugueses me agrada. Porém os preços que pedem pelos jogadores são elevadíssimos e, pelos vistos, as dificuldades para concorrer no mercado não se extinguem nos 2 rivais. Jogadores como o Éder ou Rafa podiam perfeitamente serem nossos mas o Braga chegou primeiro. Pedro Tiba é hoje noticiado na Bola como estando perto do SCB e tem qualidade para ser nosso jogador, tal como Ricardo Horta, p. ex.

    Quanto ao "despachar do Cédric e Martins" infelizmente é ainda um discurso recorrente entre Sportinguistas. Gostam muito de falar da formação, etc, mas pouco de lhe dar o devido suporte.

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  15. Nao sei se ainda vou a tempo de debater alguma coisa.....mas de qualquer maneira, deixo aqui a minha opiniao.

    O Sporting vai ter maiores orçamentos, quando conseguir primeiro reduzir custos, depois potenciar mais e melhores receitas, e só assim libertar-se assim do peso da dívida.
    Já nao há quem empreste dinheiro como antes e, mesmo esses que emprestaram querem hoje garantias que vao receber o seu dinheiro mais juros.
    Os fundos aparecem aqui como uma terceira via de financiamento. Mas lá está, dificilmente irao fazer o clube tornar-se mais rentável, apenas mais competitivo a curto prazo.
    E nao sei se isso será interesse do Sporting.

    Para já, conseguimos reduzir custos e aumentar parte das receitas, mas ainda estamos muito presos á divida que criamos. Assim que o Sporting precisa de pelo menos mais 4/5 anos deste tipo de gestao, antes de pensar mandar-se para a frente em termos de orçamento,

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  16. Tywin Lannister,

    A estabilidade advém dos resultados, sem bons resultados a instabilidade instala-se em qualquer clube ou organização. PdC foi um bocado deixado de lado mas a contestação no FCP este ano fez-se sentir de forma bastante expressiva.

    Concordo no geral com a apreciação que faz à importância de Mourinho no êxito do FCP mas é fácil constatar que a hegemonia deles começou anos antes, por um misto de factores que todos conhecemos.

    Não concordo na apreciação relativamente à importância do momento da eliminação com a Fiorentina, embora ela tenha tido bastante relevância. Não me parece no entanto que a sua influência se tenha estendido até ao tempo de GL. Creio que JEB e GL são fenómenos e consequências com origens bem distintas. Enfim, é a minha opinião, apenas isso.

    Parece-me no entanto importante destacar o final de Paulo Bento no Sporting. Não foi por ser mau treinador mas vitima das circunstâncias. Das dele e das do clube. Que podem de alguma forma ser associadas também aos orçamentos. Se PB tivesse à disposição mais dinheiro para comprar outros jogadores que não Angulo, Gladstone ou Caicedo quem sabe não teria conhecido um final diferente e mais feliz.

    Quanto aos fundos o Sporting não fez nada de muito diferente do que fazem o FCP e SLB com uma diferença significativa: os resultados e/ou performances desportivas deles são muito melhores.

    Hoje é fácil dizer que o alienação da percentagem do passe de William foi ruinosa para nós. Mas ninguém parece reparar que para os fundos os negócios com o Sporting não têm sido menos. Pelo menos não têm sido tão proveitosos como com o SLB e FCP. Basta olhar para esta lista de jogadores que não significaram mais-valias para nenhum dos lados:
    Jeffren
    André Santos
    Turam
    Carriço
    Rúbio
    Elias
    Evaldo
    Rinaudo
    Izmailov
    Onyewu
    Bojinov
    Árias
    Schaars
    Labyad
    Owuso
    Renato Neto

    Este último é um bom exemplo. Chegou a jogar a titular ao tempo de Domingos, quanto a mim sem demonstrar categoria para distinção. A percentagem do seu passe foi também alienada em 40% ao mesmo tempo que William. Na altura ninguém reparou, hoje é fácil dizer que o negócio William foi mau. Ou que o resgate do passe de Dier foi bom.

    De qualquer forma quando me refiro a fundos estava a pensar exclusivamente contratações de jogadores para a equipa principal. O que os exemplos de William, Owuso e Neto nos podem ensinar é que o risco de negócio com jogadores em idade de formação aumenta exponencialmente para ambos os lados.

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  17. LdA
    Como seguidor, em tempos mais fiel, tenho de te dar os parabéns. Aqui discute-se, quase sempre, aquilo que é pertinente, e com elevação.
    As tuas interrogações são pertinentes, mas eu quer parecer-me que o que se fará não andará muito longe do que diz o Tywin Lannister. Enquanto se puder.
    É preciso ver o seguinte,mais do que más vendas, más compras, remunerações acima da realidade, incompetência, peculato, aquilo que mais contribuí para o nosso eclipse foi a crescente perda de autonomia. Face a bancos, fundos, agentes. Face à nossa própria identidade, enquanto "satélite" do focluporto.
    Este enfraquecimento orquestrado é que constitui para mim o verdadeiro ciclo vicioso. Há que quebrá-lo e o presidente vai fazê-lo. O Sporting não se reerguerá totalmente, enquanto não o fizer. Neste momento estamos em plena "guerra" com aqueles. Força-se a transferência de Rojo, a de William, etc. Iremos resistir, porque as coisas só se farão nos termos limite do estabelecido. A intransigência será recíproca, e os interesses do Sporting serão defendidos até às últimas consequências.
    O que se fez no período de godolopes jamais se repetirá. As percentagens para investidores serão residuais, vide casos Jefferson e Mauricio. É um sistema híbrido, que por um lado nos limita atingir determinados nomes, mas por outro nos garante um maior retorno em caso de venda.E sobretudo, dominarmos o timing em que isso acontece.
    O fazer mais com menos vai continuar. Será insuficiente para passarmos a fase de grupos da champions? Provavelmente. Será impeditivo de discutirmos os títulos internamente? Claro que não, até porque como se começa a perceber os outros também irão ajustar os orçamentos, experimentando algo a que não estão habituados: viver dentro das suas possibilidades. Tenho fé nas nossas capacidades e um orgulho imenso nos ideais e princípios que defendemos.

    SL

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  18. LdA,

    Os casos de Rafa e Éder (saiu a custo zero da Académica) ou do Lima que hoje brilha no Benfica (podiamos perfeitamente ter ido buscá-lo ao Belenenses) são bons exemplos.

    Estou de acordo que a concorrência também é feita pelo Braga. Este tipo de jogadores entrando num Braga já ficam caros para nós...por isso o scouting do Sporting deve andar muito atento ao mercado nacional e antecipar estes movimentos.

    Também considero o Pedro Tiba um belissimo jogador (o Anderson que agora assinou pelo Estoril parecia-me ter muito potencial para os 19 anos). Aliás o Setubal este ano conseguiu potenciar alguns bons valores, como o Ricardo Horta que referiste ou o Ruben Vezo entretanto vendido ao Valência.

    Offtopic, boa notícia a de que o Marco Silva está atento a Tobias Figueiredo.

    SL

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  19. Não diria que o Sporting tenha de aprender a viver sem comer e que lhe aconteça o que se diz aconteceu ao cavalo do espanhol...: quando estava habituado a viver sem comer...morreu...!
    Mas é necessário talvez "escolher" bem a comida que nos agrada e de que necessitamos e se não podermos comer lagosta, caviar e trufas francesas...
    Talvez nos consigamos alimentar recorrendo ao bacalhau, de vez em quando a umas conservas de sardinha e um bom fio de azeite português...

    Quem não tem dinheiro não tem vícios e não parece que quem os tenha seja mais feliz e consiga mais do que quem os não tem...

    Vamos ter de avançar com calma...
    Vamos ter de lutar noutras frentes, tentando fazer desaparecer o "sistema" para o qual será certamente canalizada uma parte das verbas dos nossos adversários, por ser mais fácil e mais seguro...: "contratar" um árbitro em vez de investir em jogadores...

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  20. Em bom rigor, esta época o benfica perdeu duas vezes e não uma.

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  21. LdA,

    mais um belo post a que se seguem não menos bons comentários que devia obrigar pelo menos as pessoas a pensar pelo menos em favor do Sporting. Mas percebe-se que, como se diz na giria, gato escaldado de água fria tem medo. Porque os antecessores falharam rotundamente o BDC pode fazer o que bem quiser e lhe apetecer. Inclusivé mentir com todos os dentes que tem na boca. Já foi assim com os investidores, com a cláusula de rescisão do Jardim e agora até é ridicularizado pelo mentiroso do Vieira. Quem mente uma vez já mentiu antes e vai mentir a seguir.
    Sobre o tema do post em particular é óbvio que o Sporting tem que se aproximar dos outros, sem necessidade de cometer os mesmo erros que eles e os que já cometeu. De outra forma arrisca-se mesmo a não ver o padeiro durante muitos anos.

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  22. Strigidae Tytonidae28 de maio de 2014 às 18:06

    Estes sportinguistas andam nas nuvens porque tiveram um ano bom depois de um ano horrível. E para o ano já vai ser melhor porque os outros vão perder os melhores jogadores e não vão ter dinheiro para comprar outros. Eles vão poder ficar com todos os bons e despachar os que não prestam e eu sou a fada madrinha. Acordem para a vida pá!

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  23. Se nos lembrarmos da última vez que o Sporting foi campeão, em 2001/02, 4 anos depois da primeira participação do Sporting na Liga dos Campeões em 1997/98, os R&C da altura diziam o seguinte:

    31 JUL 2002 / 31 JUL 2001
    Proveitos: €38,167 M. / €33,186 M.;
    Dos quais:
    Mais-valias em transferências: €13,413 M. / €5,514 M.;
    Bilheteira: €5,589 M. / €3,092 M.;
    Bilhetes de época: €2,675 M. / €2,612 M.;
    Direitos televisivos: €7,073 M. / €5,489 M.;
    Quotizações: €3,590 M. / €3,004 M.;
    €7,993 M. em receitas da UEFA CL em 2000/01;
    Sem mais-valias em transferências: €24,754 M. / €27,672 M.;
    Custos com o Pessoal: -€28,419 M. / -€25,523 M;
    Total de Custos: -€60,882 M. / -€54,632 M.;
    Resultado Líquido: -€22,715 M. / -€21,445 M.;


    Após a terceira participação do Sporting na UEFA CL, estes foram os resultados:

    30 JUN 2007 / 30 JUN 2006
    Proveitos: €65,498 M. / €40,213 M.;
    Dos quais:
    Mais-valias em transferências: €25,456 M. / €6,335 M.;
    Bilheteira: €3,470 M. / €4,070 M.
    Bilhetes de época: €7,860 M. / €5,862 M.;
    Direitos televisivos: €8,992 M. /€8,106 M.;
    Quotizações: €4,098 M. / €3,788 M.;
    Participação em competições europeias: €6,618 M. / €4,503 M.;
    Sem mais-valias em transferências: €40,042 M. / €33,878 M.;
    Custos com o Pessoal: -€21,666 M. / -€17,482 M;
    Total de Custos: -€51,018 M. / -€39,990 M;
    Resultado Líquido: +€14,480 M. / +€0,313 M.;


    As receitas de bilheteira, em especial no que aos bilhetes de época diz respeito aumentaram bastante, assim como os direitos televisivos (não tanto), já o aumento das quotizações não foi significativo.

    Ainda assim, na temporada seguinte (2007/2008), as receitas excluindo proveitos com transacções de passes de jogadores foram de €45,461 M. contra €45,306M. em custos operacionais excluindo custos com transacções de passes de jogadores, o que deu origem a mais um exercício ligeiramente positivo.


    Após a quinta participação do Sporting na UEFA CL, estes foram os resultados:

    30 JUN 2009 / 30 JUN 2008
    Proveitos sem mais-valias em transferências: €46,822 M. / €45,461 M.;
    Mais-valias em transferências: €0,597 M. / €2,488 M.;
    Bilheteira e Bilhetes de época: €10,201 M. / €12,505 M.;
    Direitos televisivos: €10,775 M. /€11,273 M.;
    Quotizações: €4,432 M. / €3,976 M.;
    Participação em competições europeias: €10,000 M. / €7,201 M.;
    Custos com o Pessoal: -€23,731 M. / -€19,863 M;
    Total de Custos: -€44,065 M. / -€38,335 M;
    Resultado Líquido: -€13,349 M. / +€0,597 M.;


    Olhando para as contas dos primeiros três trimestres de 2013/14, vemos que em termos de receitas sem mais-valias em transferências, não chega a €25M., e tendo em conta que de facto, a temporada terminou a meio de Maio, se tivermos €30M. em receitas sem contar com mais-valias em transferências no final do ano, já será bem bom (€32M. na última época).

    Enquanto que os custos e perdas operacionais excluindo transações de passes de jogadores poderão chegar aos -€45M. no final da temporada, se não forem mais, sobram as amortizações do plantel (-€8M.) e os custos financeiros (-€4M.). Se as vendas de Tiago Ilori e Bruma, no papel, permitem compensar as amortizações e perdas de imparidade do plantel e os gastos e perdas financeiros, ainda assim, mesmo somando a "venda" de Leonardo Jardim, tal não chega para cobrir os gastos operacionais, sendo que os custos com o pessoal deverão cifrar-se no final da época por volta dos -€30M.

    Não admira pois que haja quem queira regressar aos valores praticados por Filipe Soares Franco e ter gastos com o pessoal na ordem dos -€20M. apenas. Se em tudo o resto se gastar em igual medida, a coisa só se compõe com regulares presenças na fase de grupos da Liga dos Campeões (€10M., por baixo), direitos televisivos e receitas de bilheteira na casa dos €12M. cada, mais uns €11M. em demais proveitos. O que até poderá dar lucros regulares de €5M., excluindo mais-valias em transferências.

    E assim, quem sabe, chegar a 2025, e ter dinheiro para pagar as VMOC.

    Tudo muito bonito no papel. Veremos se a coisa resulta na prática.

    ResponderEliminar

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