A Herança
Somos um clube de heranças. A nossa fundação, mais do que o carimbo de realeza com que os nossos adversários gostam de nos brindar jocosamente tem esse peso, uma herança faustosa entregue a um grupo eclético e corajoso de homens que aceitaram a responsabilidade de a fazer crescer.
Divirto-me muitas vezes a imaginar esse momento, a herança original, o Visconde de Alvalade rodeado por um grupo de jovens de juba nobre e forte a dizer para os seus botões, “E porque não? Há melhor fim para dar a este património que oferece-lo a este grupo para quem não há impossíveis? Quem têm o desplante e a irreverência de atiçar assim a memória da minha própria juventude, não merece essa confiança?”, se o terá pensado nestes moldes não sei, mas sei que tomou precauções e deixou uma frase que nos responsabiliza a todos e onde ainda hoje nos revemos, "Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa».
Esta herança tem atravessado gerações e ultrapassa já os cem anos, como em todas as histórias longas e que envolvem partilhas há períodos de crescimento, e outros de desperdício. Não sei qual seria a posição do Sporting Clube de Portugal num ranking de clubes se ele existisse na época da sua fundação, sei que hoje ocupamos o trigésimo lugar do ranking, é bom? É mau? Perguntem-me daqui a mais 100 anos. Aquilo de que tenho a certeza é que somos maiores que esse número e que podemos crescer ainda mais. Esta classificação é feita com base em dados específicos e mensuráveis por um qualquer conjunto de senhores sentados numa secretária com um computador na frente, mas a marca que um clube deixa na sociedade, a sua herança, não se mede só por características mensuráveis. Felizmente ninguém pode medir o Paulinho, o Moniz Pereira, o Aurélio Pereira e tantos outros nomes que estes três exemplos ofuscam.
Quem somos hoje é muito mais do que a herança original, é muito mais que um número num ranking, no nosso ADN continua impregnado o espírito ousado e aventureiro do nosso fundador, penso que não vou errar por muito se disser que a decisão recente que mais nos une e identifica é a Academia Sporting e a aposta que fazemos na formação de atletas, o orgulho que sentimos quando há mais um miúdo que faz a sua estreia na equipa principal, a desilusão dolorosa quando um deles erra ou fala de modo displicente sobre a herança que ele próprio ajudou a construir e que connosco carrega. Revejo aqui a alma do fundador, o saber do ancião a indicar o caminho como quem diz, “Isso, é esse o caminho certo, mesmo com os seus erros apostem na juventude.”
Se tiver de identificar algo que seja transversal aos meus poucos anos de activo desta herança tenho de nomear as nossas claques, de novo a aposta na juventude e na sua generosidade, sem medo nem complexos, resultou numa história que já dura desde pelo menos 1976, foi nessa altura algo tão forte e inovador para mim que a primeira foto que tirei num estádio foi da Força Verde e da Juve Leo e não da equipa ou de um jogador. Hoje a descendência deste pedaço de nós já chega a Presidente, cresceu mas não perdeu o brilho no olhar, a paixão que foi ser jovem e terem-lhe confiado a defesa em todos os campos onde joga o Sporting das nossas cores, dos nossos símbolos.
No próximo sábado a curva vai estar unida no mesmo sector, quanto mais não seja durante 90 min. vão mostrar a todos que apesar das divergências nas partilhas o Sporting continua a ser a herança que nos une, temos um jogo importante em terreno adverso, a qualidade que gostava de ver ser explorada pela nossa equipa é a sua irreverência, a alegria de afrontar o equipamento que ainda carrega o símbolo de campeão nacional, o desplante de dizer olhos nos olhos dos seus adversários, “Esse símbolo é meu, quero-o para juntar à minha herança.” Paulo, não te preocupes tanto com aquilo que a tua equipa não tem, dá-lhe responsabilidade e pede-lhe ousadia, dá-lhe força e pede-lhe coragem, dá-lhe saber e pede-lhe criatividade, mas nunca enjaules um Leão jovem que quer ser o Rei da Selva, sê fiel à nossa mais valiosa herança.
Divirto-me muitas vezes a imaginar esse momento, a herança original, o Visconde de Alvalade rodeado por um grupo de jovens de juba nobre e forte a dizer para os seus botões, “E porque não? Há melhor fim para dar a este património que oferece-lo a este grupo para quem não há impossíveis? Quem têm o desplante e a irreverência de atiçar assim a memória da minha própria juventude, não merece essa confiança?”, se o terá pensado nestes moldes não sei, mas sei que tomou precauções e deixou uma frase que nos responsabiliza a todos e onde ainda hoje nos revemos, "Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa».
Esta herança tem atravessado gerações e ultrapassa já os cem anos, como em todas as histórias longas e que envolvem partilhas há períodos de crescimento, e outros de desperdício. Não sei qual seria a posição do Sporting Clube de Portugal num ranking de clubes se ele existisse na época da sua fundação, sei que hoje ocupamos o trigésimo lugar do ranking, é bom? É mau? Perguntem-me daqui a mais 100 anos. Aquilo de que tenho a certeza é que somos maiores que esse número e que podemos crescer ainda mais. Esta classificação é feita com base em dados específicos e mensuráveis por um qualquer conjunto de senhores sentados numa secretária com um computador na frente, mas a marca que um clube deixa na sociedade, a sua herança, não se mede só por características mensuráveis. Felizmente ninguém pode medir o Paulinho, o Moniz Pereira, o Aurélio Pereira e tantos outros nomes que estes três exemplos ofuscam.
Quem somos hoje é muito mais do que a herança original, é muito mais que um número num ranking, no nosso ADN continua impregnado o espírito ousado e aventureiro do nosso fundador, penso que não vou errar por muito se disser que a decisão recente que mais nos une e identifica é a Academia Sporting e a aposta que fazemos na formação de atletas, o orgulho que sentimos quando há mais um miúdo que faz a sua estreia na equipa principal, a desilusão dolorosa quando um deles erra ou fala de modo displicente sobre a herança que ele próprio ajudou a construir e que connosco carrega. Revejo aqui a alma do fundador, o saber do ancião a indicar o caminho como quem diz, “Isso, é esse o caminho certo, mesmo com os seus erros apostem na juventude.”
Se tiver de identificar algo que seja transversal aos meus poucos anos de activo desta herança tenho de nomear as nossas claques, de novo a aposta na juventude e na sua generosidade, sem medo nem complexos, resultou numa história que já dura desde pelo menos 1976, foi nessa altura algo tão forte e inovador para mim que a primeira foto que tirei num estádio foi da Força Verde e da Juve Leo e não da equipa ou de um jogador. Hoje a descendência deste pedaço de nós já chega a Presidente, cresceu mas não perdeu o brilho no olhar, a paixão que foi ser jovem e terem-lhe confiado a defesa em todos os campos onde joga o Sporting das nossas cores, dos nossos símbolos.
No próximo sábado a curva vai estar unida no mesmo sector, quanto mais não seja durante 90 min. vão mostrar a todos que apesar das divergências nas partilhas o Sporting continua a ser a herança que nos une, temos um jogo importante em terreno adverso, a qualidade que gostava de ver ser explorada pela nossa equipa é a sua irreverência, a alegria de afrontar o equipamento que ainda carrega o símbolo de campeão nacional, o desplante de dizer olhos nos olhos dos seus adversários, “Esse símbolo é meu, quero-o para juntar à minha herança.” Paulo, não te preocupes tanto com aquilo que a tua equipa não tem, dá-lhe responsabilidade e pede-lhe ousadia, dá-lhe força e pede-lhe coragem, dá-lhe saber e pede-lhe criatividade, mas nunca enjaules um Leão jovem que quer ser o Rei da Selva, sê fiel à nossa mais valiosa herança.
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