Uma crença, uma fé ...
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José Holtremann Roquette não foi bafejado pelo toque divino para profetizar “Um clube grande, tão grande como os maiores da Europa”, sustentado nos mandamentos “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”.
Os nossos fundadores, entre os quais a família Gavazzo e a família Stromp, não podem em algum caso ser vistos como apóstolos que serviram para espalhar a palavra desta nova realidade trazida ao mundo no dia 1 de Julho de 1906.
Ocasionalmente, surgem mensagens vindas de todo o lado a alertar que devemos olhar para uma dada direcção e montar uma Cruzada na luta contra o Inimigo.
Inquisições, caças às bruxas e outro tipo de perseguições são montadas para fazer frente ou silenciar quem vai contra a ordem estabelecida como se estivessem a fazer frente a um dogma ou a uma verdade inquestionável.
Poderão até dizer que os períodos que passamos sem vencer títulos são o nosso “Ramadão” e que episódios como o de Munique se assemelham às perseguições verificadas durante a II Guerra Mundial – que certas religiões insistem em afirmar que nunca aconteceu.
Assistimos a manobras para a reeleição de um presidente de modo a que este entrasse como Jesus Cristo em Nazaré, como se se tratasse do salvador do nosso clube. Da mesma forma, a eleição de um dado presidente e as suas palavras inaugurais para alguns parecem um fenómeno semelhante às aparições de Fátima.
Infelizmente, contamos com figuras que usam e abusam da palavra, sabendo que nunca serão confrontados ou sequer questionados, fazendo autênticos Sermões aos peixes sem terem a coragem ou honra de concretizar aquilo que estão a pregar.
Pois eu não me revejo nada nestes actos e acontecimentos. Nem os feitos recentes de Rui Patrício ou Liedson são milagres dignos de santos ou figuras canonizadas, nem os triunfos e marcas de Yazalde, Joaquim Agostinho ou Carlos Lopes são apenas registos que podem ser encontrados numa qualquer colectânea de registos míticos. São estes alguns dos marcos da nossa história e não alguns dos bastiões de uma religião.
Temos cada vez mais pastores, sacerdotes, rabis, shamans e todo um tipo de personagens, com vontade de ensinar lições e de nos dizer como é que devemos viver o nosso clube como se de uma Religião se tratasse. Existem por aí muitas pessoas que se julgam os catequistas do “Sportinguismo” que sabem como devemos agir e qual é a palavra que deve ser espalhada, que se fazem passar como mensageiros da virtude leonina pois a eles nada se pode apontar, pois são eles os verdadeiros defensores da nossa causa.
O Sporting nunca foi nem nunca será uma religião. Não basta fazer o seu “bar mitzvah” ou ir à missa para poder ostentar um título. Não nos devemos reger por mensagens de obrigação pré-formatadas mas sim pelo que diz um dos nossos cânticos “Uma crença, uma fé…”.
Ser do Sporting não é uma opção. É um modo de vida…
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