Os Sportinguistas já não conseguem pensar noutra coisa: a época que aí vem. E justifica-se, há pouco mais a fazer do que cumprir calendário. Pouco mais que é tão só ganhar os jogos todos que faltam e que são ainda por cima com duas das melhores equipas do campeonato. Um bom teste ao profissionalismo, concentração e compromisso dos jogadores com a camisola.
A ansiedade em querer antecipar o futuro também se justifica. Mesmo o mais optimista percebe que o plantel actual precisa de mais do que um mero facelift para estar à altura do objectivo primordial já assumido pelo presidente: ser candidato ao titulo. A esse acrescentar-se-á obrigatoriamente uma presença condigna na Liga dos Campeões, objectivo mínimo que não pode cingir-se a qualquer dimensão etérea, o que implicará na prática prosseguir na UEFA. As restantes competições nacionais, Taças de Portugal e Liga não deixarão de ser também olhadas com a ambição natural de um clube como o Sporting: ganhar!
Essa ambição natural que lhe é inerente pelo seu próprio estatuto de grande não deve porém deixar de ser avaliada de forma relacional com as dos seus concorrentes directos, SLB e FCP. Nesse sentido, e para encurtar no latim, o Sporting manterá seguramente o estatuto de outsider. Isto é, o menos candidato de todos os três. A distância que nos separa é ainda grande, mesmo que se possa encurtar se contarmos com os indispensáveis saber e sorte.
E que distância é essa?
É a distância dos orçamentos que impõem quase ditatorialmente a sua lei, à qual dificilmente se pode fugir. O Sporting tem esse problema a dobrar, o que lhe torna a missão duplamente difícil. Não seria fácil ultrapassar 1 competidor, ultrapassar dois afigura-se extraordinariamente complicado. É também a distância dos pontos de partida de cada um. O Sporting está a fazer um longo e difícil caminho de regresso e reorganização, assim esperamos, situação bem diferente das dos rivais. Dois factores que contam e muito a em nosso desfavor.
O SLB
No que a candidaturas diz respeito o SLB continuará a ser o primus inter pares. Depois de um ano traumático, a chegada ao título dá a estabilidade para planear. Se o conseguiram o ano passado em circunstâncias mais difíceis é provável que o consigam outra vez, agora em condições mais favoráveis. A dúvida maior advém do que conseguirá manter e transportar para a época 2014/15 nos recursos humanos disponíveis. Jorge Jesus parece de pedra e cal e tudo mudaria se esta "certeza" se alterasse. Fica por saber quantos jogadores tidos como cruciais na performance da equipa se manterão.
Convém não descurar da análise o que de muito bom Jorge Jesus construiu. Mesmo contando com algumas flutuações na classe de alguns jogadores, o treinador tem à sua disposição um lote superior ao que tradicionalmente se entende como onze titulares. O melhor exemplo pode ser dado com a substituição de Matic. O sérvio já foi para Inglaterra, Fesja pegou de estaca mas nem sequer joga neste momento, sem que com isto a equipa tenha oscilado muito. Conseguirá o mesmo se Rodrigo, Gaitan, Sálvio, Rodrigo, Garay, Siqueira - para falar apenas nos mais desejados - também abalarem até Setembro? Dificilmente, creio, mas deixarão seguramente, mesmo depois de tapados os buracos mais prementes, disponibilidade financeira para "voltar a ir aos caramelos".
O FCPORTO
Quem diria que a grande incógnita fosse nesta altura o FCPorto? Mas que também não convém desprezar. O lote de jogadores à disposição é superior em número e qualidade ao nosso. Há ali jogadores que, com outro enquadramento, podem render muito mais do que renderam na presente época. Crucial será a decisão do lugar de treinador. Não me surpreenderia uma decisão conservadora, como o já muito comentado regresso de Fernando Santos.
Esqueçamos o nome, olhemos para o perfil. Não entusiasmará muito o topo sul do Dragão mas, depois do sucesso de experiências ousadas com AVB e Vítor Pereira, e o arrojo personificado na chamada de Paulo Fonseca ter acabado com estrondo e decepção, o recuo estratégico para alguém com mais estrada e calos parece quase natural. Estrada calcorreada e calos curtidos no campeonato português, bem entendido. Já experiências com estrangeiros ou até mesmo em Marco Silva deixam mais interrogações que certezas. O treinador do Estoril tem um trabalho meritório mas, do futebol do Estoril ao do FCPorto, distam muito mais do que os mais de 300 km que terá de fazer de autoestrada.
Nós, o Sporting
O presidente já veio dar conta que não haverá revoluções, apenas operações. Contratações cirúrgicas, nas palavras do próprio. O Sporting tem de acrescentar quantidade e qualidade. Espera-se que haja mais jogos, não apenas os das competições europeias, mas que a carreira nas provas nacionais seja mais duradoura. A actual classificação permitirá, em teoria, chegar mais longe na Taça da Liga. Deseja-se mais sorte com o sorteio de adversários na Taça de Portugal. Sim, inclui ter melhor sorte caso nos calhe um jogo na Luz, o mesmo serve para o Dragão e demais estádios.
Quantidade não é problema difícil de resolver. Numa perspectiva imediata é isso pelo menos o que se consegue da equipa B. Não muito mais do que isso pois não vejo quem possa significar uma mais valia de forma consistente e não apenas um fogacho aqui e ali. Pensar de outra forma é ou não ter visto nada da equipa B e não perceber as diferenças de ordem física e técnica que ainda separam muitos daqueles miúdos da afirmação plena. Se é certo que num nível acima, num colectivo melhor identificado e trabalhado, pode haver melhor rendimento, é certo que a qualidade dos adversários e desafios também aumenta exponencialmente.
Quando se fala em qualidade estamos no campo da abstracção e subjectividade. A palavra de Jardim parece-me aqui fundamental, embora me pareça que, das contratações que aparentam ter o seu dedo - Magrão e Héldon - ele não foi muito feliz.
E porque é que é importante?
Porque me parece que Jardim gostaria de ter jogadores com outras características que não existem por ora no plantel, e que se adaptem melhor ao modelo que idealiza. E outros, como Vítor (não é um craque mas podia ter sido muito mais útil do que foi) ou André Martins não têm lugar ou não têm as características que ele entende necessárias. Com pena minha, porque acredito que um 4x3x3 com William ao centro, André e Adrien em cada um dos lados, todos os jogadores, incluindo o André, jogariam mais confortáveis, como o Sporting seria mais equilibrado. Aos extremos pedir-se-ia mais jogo interior e entre linhas, de apoio e aproximação ao ponta-de-lança, e não apenas as paralelas à linha lateral em organização ofensiva.
Este será a questão decisiva do nosso próximo campeonato. Os recursos são limitados. São mesmo exíguos por comparação com os dos adversários. No campeonato nacional podemos ficar apenas com as sobras dos outros grandes, embora a boa época este ano tenha aumentado a nossa margem no mercado, quer em credibilidade quer em perspectivas para afirmação de um profissional. Isso empurra o Sporting para o mercados de terceira e quarta escolha e obriga a uma prospecção ainda mais cuidada. Se é certo que a possibilidade de um erro é menos onerosa que "elias e pongóis" o mesmo não quer dizer que seja isenta de riscos.
É desses riscos, da qualidade existente e da que ainda falta, de que versará o próximo post. Não apenas porque o presente já vai longo mas também porque o tema contratações habitualmente canibaliza todas as atenções.
LdA, eis o que penso:
ResponderEliminarSLB: será favorito aconteça o que acontecer; mas duvido que não saiam, pelo menos, Garay e Rodrigo. Só a saída destes 2 já mexe com muita coisa. E se sair o JJ, podemos vir a ter os 3 candidatos mais próximos, porque JJ tem uma gigante fatia do mérito no atual futebol do Benfica.
FCP: creio que, para além do problema da sucessão, que parece estar a ter efetivo impacto dentro do clube (o Lda certamente já terá ouvido os zunzuns relativos, por exemplo, às bocas que o Rolando mandou no início da época), o FCP poderá ter que lidar com uma reconstrução total. Não há referências, o "somos Porto" parece ter sido esquecido pelo caminho e os que ficaram querem sair. Uma reconstrução parecida com o Sporting 13/14 mas com uma enorme desvantagem: no nosso caso, os adeptos aplaudiam a saída de cada jogador; no caso do FCP, ainda para mais depois de um ano em que tudo correu mal, cada saída de um Jackson, ou um Fernando, ou mesmo um Mangala, será acompanhada de visitas dos radicais à Torre das Antas só para saber como páram as modas...
Sporting: espero que seja cumprida a lógica "cirúrgica". 4 a 6 jogadores, não mais do que isso. Mesmo assumindo que saem Patrício, Rojo e Capel. Manter os que, tendo qualidade, tiveram poucas oportunidades (Vítor é o melhor exemplo, se calhar o único). Alargar o plantel não só com contratações mas também com recurso à equipa B, evitando que jogadores medianos ocupem vagas, ainda que de suplentes. Em 13/14 faltou uma afirmação clara dessa aposta (exceção feita a Carlos Mané), espero que em 14/15 a aposta seja clara.
Abraços
Julgo que o segredo para uma época melhor que esta é manter o plantel atual e contratar 2 ou 3 jogadores, sendo que o que me parece mais urgente é um grande 10. Nem precisa ser um Balakov e seremos campeões! O que os outros fazem, é-me indiferente!
ResponderEliminarAcompanhem o meu blog. Sou um orgulhoso sportinguista ;) http://grandeartistaegoleador.blogs.sapo.pt/
Acho que grande parte do sucesso que o Sporting poderá ter na próxima época, passará por saber o que acontecerá com William.
ResponderEliminarÉ claro que há outros pontos importantes.
A evoluçao de Mané e Carrillo. A posiçao 10. As alternativas no plantel a lesoes de jogadores titulares.
Mas se nao sair ninguém importante, e se conseguirmos 2 ou 3 reforços mais, acho que temos equipa para pelo menos dar luta aos da frente.
Tenho plena confianca no nosso Presidente e restantes pessoas que dirigem o futebol do Sporting.Eles nao andam a dormir e saberao na altura propria fazer as contratacoes indispensaveis para que na proxima epoca sejamos verdadeiros candidatos ao titulo.Nesta altura vejo muita gente entusiasmada com os exitos Lampionicos,mas em minha opiniao esses exitos nao tiveram nem de perto nem de longe o merito que alguns lhe querem dar.se nao tivessem existido os roubos que existiram,nunca teriam sido campeoes com a facilidade que foram.chegarem a final da taca de portugal:Obrigado Duarte gomes.Final da taca da liga foi o que toda a gente viu Sorte ate dizer chega e aselhice pura dos corrupto.Onde esta tanto Merito?Vivo Sporting
ResponderEliminarDeixem-se de tretas e não comecem a pensar no título com o lote de jogadores que a equipa tem, mesmo com alguns reforços para os lugares mais necessitados.
ResponderEliminarTem que se pensar primeiro, que a época actual, dificilmente será repetida nos próximos anos.No inicio desta época estavam reunidos alguns factores, que não se repetirão nos próximos tempos, como sejam, a falta de expectativa da parte dos adeptos, pois tudo o que viesse esta época seria bom, desde que a equipa conquistasse um lugar na Europa. Na próxima época, essa clemência não se repetirá e também a dos árbitros, que esta época não têm estado tão assanhados como em épocas anteriores.Com a afirmação do presidente que o Sporting iria lutar para o título, os meandros do futebol podre deste País, serão bem mais eficazes nas esolhas cirúrgicas dos árbitros.
Se não houver investidores nos próximos tempos, o Clube não terá liquidez e nem sequer crédito para poder contratar alguns jogadores de valor que necessita, pois segundo se diz, valor da venda dos jogadores do actual plantel, irá direitinho para a redução do passivo. Eu acredito que seja assim, pois se analisarmos bem as últimas declarações do BdC, quando diz que fará tudo para segurar o Patricio e os principais jogadores, pode-se deduzir que alguma das vendas não terá resultados imediatos para as actuais finanças do Sporting.
rodrigues
Creio que me precipitei da última vez que comentei a minha perspectiva de plantel para a próxima época. Na minha perspectiva os jogadores do plantel actual, salvo algumas excepções como o caso do Magrão, dão garantias para a próxima época, sendo apenas necessário reforçar alguns sectores a nível de alternativas e a necessidade de contratar um ou dois números 10 puros para poder dar criatividade ao nosso meio-campo.
ResponderEliminarCreio que o plantel da próxima época será mais ou menos assim:
Sporting 2014/15
GR (2) - Patrício, Marcelo Boeck
LE (2) - Jefferson, (S. King)
DC (5) - Maurício, Dier, (Rúben Semedo), [A contratar: Paulo Oliveira (Vit. Guimarães), Outro]
LD (2) - Cédric, (Ricardo Esgaio)
MD (2) - (Zézinho), [A contratar]
MC (2) - Adrien, André Martins
MO (2/3) - (João Mário), [A contratar: Rafa (SC Braga); Evandro (Estoril)]
ET (3/4) - Héldon, Carlos Mané, Carrillo, [A contratar caso Rafa falhe]
PL (3) - Montero, Slimani, (Betinho)
A vender: Capel, William Carvalho, Marcos Rojo
A dispensar: Wilson Eduardo, Gérson Magrão, Vítor, Welder, Piris
() - Jogadores da Equipa B ou que regressam de empréstimo
[] - Jogadores a contratar
Compreendo as dúvidas que ainda nos assaltam acerca da qualidade do nosso plantel para lutar pelo título. Creio no entanto que estão a desconsiderar o crescimento natural dos nossos jogadores. Na próxima época este grupo de jogadores vai ser melhor que na época passada porque vai ter, mais jogos de futebol sénior nas pernas e mais enquadramento num modelo que funciona. É ai que podemos diminuir a diferença que nos separa dos nossos adversários.
ResponderEliminarConcordo que será necessária uma equipa com maior profundidade mas optaria por contratar apenas mais 4/5 jogadores e apostar que nenhum dos actuais saia da nossa equipa (excepção para jogadores de segunda linha que podem sair e ser substituidos por outros). Manter William, Adrien, Patricio, A. Martins, Cédric, Rojo, Dier, etc... É o primeiro e mais definitivo passo para alcançarmos os nossos objectivos na próxima época.
SL,
BVRS
Rodrigues, o melhor é não sair de casa. Enfim.
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ResponderEliminarNão! O melhor é não se confundir os sonhos com a realidade. E a realidade está à vista de todos. Não temos jogadores na equipa B, que sejam para já capazes de reforçar a equipa principal de forma que possamos jogar para o título para a época que bem e como não teremos dinheiro (salvo se aparecerem investidores), para ir buscar alguns jogadores de categoria como reforços para os lugares mais necessitados, terá que se esperar mais algum tempo, até se ter liquidez suficiente.
rodrigues
Vamos por partes.
ResponderEliminar1. O que o Sporting poderá vir a fazer em 2014-15 depende muito da manutencao dos jogadores que realmente sao foras-de-série no plantel. Esses sao 2: Rui Patrício e William Carvalho. Seguem-se outros jogadores muito bons mas que dificilmente jogariam nos 2 rivais (ao contrário dos que mencionei), incluindo Rojo, Adrien ou Slimani/Montero (o Montero do arranque de temporada estava ao nível dos 2 mencionados acima).
2. A forma como será visto o desempenho do Sporting em 2014-15 por nós, impiedosos adeptos, depende a 30% do arranque de temporada. Um calendário "manhoso" em que o Sporting tenha uma ida ao Dragao e outra a Braga mais uma recepcao ao Benfas nos primeiros 5 jogos pode deitar tudo a perder. Sobretudo se combinado com uma fase de grupos que abra com uma ida ao Santiago Bernabéu e um jogo em casa com a Juventus. É complicado recuperar de arranques difíceis quando nao se tem o colinho dos árbitros ou da Comunicacao social. Esta época correu bem porque o Sporting entrou com tudo e teve um calendário muitíssimo favorável. Nas 7 primeiras jornadas só tivemos o Benfica mais fraco dos últimos tempos, em casa (podíamos e devíamos ter ganho porque isso teria modificado TOTALMENTE a temporada) e um Braga "Jesualdizado" fora. 5 vitórias e 2 empates que podiam facilmente ter sido 7 vitórias. Sem competicoes europeias ou jogos terríveis na Champions para afectar o moral - pelo contrário: goleadas ao Arouca, Académica e Setúbal!
3. Os outros 70% da percepcao pública da performance do Sporting? Sao a performance dos rivais. Se o Benfas e o Porto vencerem 9 dos 10 primeiros jogos para a Liga podem crer que vai parecer que o Sporting está a ter uma péssima temporada porque pode chegar a esse ponto já a 4 ou 5 pontos da lideranca. Este ano correu "bem" também porque pelo menos um dos rivais comecou muito mal e demorou a carburar.
4. O plantel precisa de mais qualidade e quantidade. Mas precisa também de muita sorte nos sorteios das Tacas e da Liga e de alguma incerteza nos rivais. Do resto encarrega-se o Leonardo Jardim. Nao esquecamos que o colapso e saída de Paulo Bento foram em grande parte motivados pela primeira época "rolo compressor" de JJ no Benfica.