sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Querer Uvini ou a embriaguez do mercado

Não haverá grande surpresa se se concretizar a aquisição de mais um central para o plantel à disposição de Marco Silva. Surpresa foi a contratação de um jogador, Ewerton, para vir fazer a recuperação de uma longa paragem por lesão a Lisboa. Sobre este jogador mantenho tudo o que disse anteriormente: parece-me uma aquisição interessante, face ao que foi a sua passagem pelo Braga de Leonardo Jardim. A dúvida está em saber quando e como regressará, a certeza é que Marco Silva tem apenas 2 centrais disponíveis minimamente confiável.

Hoje fala-se em Bruno Uvini, um jogador com um curriculum interessante, estando habituado a liderar e a vencer desde cedo. Campeão e capitão paulista de júniores com apenas dezoito anos, repetiu o feito em 2011, capitaneado a selecção brasileira que se sagraria vencedora no campeonato sul-americano, célebre pelos 0-6 com que cilindrou o Uruguai. Jogo que Uvini já não jogaria mercê de uma grave lesão, fractura da tíbia, que havia contraído. Não deixou por isso de ser uma referência no seu escalão etário e não constituiu surpresa ter repetido o feito, desta vez jogando todos os jogos, no Mundial sub-20 do mesmo ano. Completaria o ciclo fazendo parte do lote de sub-23 que representaria o Brasil nas Olimpíadas de Londres em 2012.

Senhor de uma estampa física de respeito (1,87m), não é um jogador conhecido pela sua rapidez, fazendo por isso da antecipação e da robustez as suas principais armas. Com vinte e três anos apenas parece estar a precisar de assentar arraiais numa equipa que lhe ofereça uma outra estabilidade que o saltar de clube em clube não permite. Desde que saiu do S. Paulo vai já no terceiro país (Brasil, Inglaterra, Itália) e cinco clubes (S. Paulo, Tottenham, Nápoles, Siena e Santos). 

É na falta de afirmação plena que poderá residir agora a possibilidade de o Sporting contratar, por preços mais acessíveis, um jogador que difere bastante do experimentalismo barato cujos resultados estão há vista. Nomeando de cor, este poderá ser o oitavo central que o Sporting contrata para os seus planteis a seguir a Maurício, Sambinha, Ewerton, Rabia, Sarr, Hugo Sousa, Matias Perez, sem que se perceba o porquê de tanta quantidade e tão reduzida qualidade.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O que dizer agora, que estamos quase desLIGAdos?

Algumas considerações avulsas sobre a participação do Sporting na edição deste ano da Taça da Liga:

- Sempre me opus à decisão tomada o ano passado, de o Sporting não se fazer representar com a melhor equipa possível, e mesmo admitindo a inevitável gestão do plantel que competição tacitamente aceite como menor permite. Não só porque não me parece que esta seja uma postura que honre o historial do clube e a forma como deve ser entendida a actividade desportiva, mas também porque com o argumento invocado - as decisões arbitrárias e erróneas - há muito que o Sporting teria deixado de competir ao mais alto nível. 

- Como todas as moedas, há sempre um verso e o Sporting, com a atitude tomada este ano, acabou por escrever direito por linhas tortas, como diz o artigo do Koba, citado no link. Mais, o Sporting pode até ter dado uma ideia para uma segunda vida de uma competição em nítido sofrimento para se manter viva. Talvez se possa até ir mais longe não só impondo uma média de idades (sub-23?) como também uma taxa mandatória de utilização de jogadores portugueses. 

- Independentemente das opções que faça relativamente à equipa a apresentar nos jogos desta competição, o não apuramento para, pelo menos, as meias-finais só pode ser considerado como um fracasso para um clube como o Sporting. O apuramento é ainda possível, mas difícil pela conjunção de resultados a que obriga, com a agravante de estes terem de ocorrer com mais de uma equipa.

- No caso especifico deste ano, a não ocorrer o desejado apuramento, ainda mais se acentua esse sentimento, se atendermos ao que foram os jogos mais recentes, nos confrontos com Belenenses e Vitória de Setúbal. Em qualquer um deles a vitória esteve perfeitamente ao nosso alcance, acabando por fugir de forma totalmente inglória e mais por demérito nosso do que por mérito do adversário.

- Já vi fazer várias leituras explicativas para os jogos do Restelo e de ontem. Creio que a questão da "juventude" ou "falta de experiência" é a mais óbvia mas também a mais simplista. Parece-me que grande parte das explicações se devem encontrar na falta de rotinas colectivas no jogo pois, como é bom lembrar, alguns destes jogadores só se encontram nesta competição. Como é sabido, uns jogam pela equipa A, outros pela equipa B juntando-se, quase sem treinar, e com um enorme espaço entre jogos, para jogar frente a equipas que jogam com muitos dos seus titulares habituais. É minha convicção que era possível fazer melhor se as rotinas fossem outras. Dizer isto não é negar que em alguns dos jogos, embora apenas a espaços, houve desempenhos, mais os individuais que os colectivos, de muito bom nível. É dizer que talvez não seja legitimo exigir mais.

- A competição a este nível acaba por ter um efeito clarificador. Não apenas por nos ser possível comparar os desempenhos dos jogadores da mesma equipa e posições, como as diferentes posturas e reacções em competição ao mais alto nível. Nomeadamente entre mais velhos e experientes ou com melhor CV e outros que ainda estão a começar. Ao fim e ao cabo é no talento que reside o maior poder diferenciador entre uns e outros, facto que os jogos desta competição se têm encarregue de esclarecer.

- Do lado A, o do talento, destacaria Marcelo Boeck, que não pode ser esquecido no banco só porque tem Patricio como um enorme eucalipto a secar e fazer sombra. O seu profissionalismo e dedicação são inquestionáveis e, se necessário e com o devido ritmo, é uma garantia. André Martins, o mal-amado, ontem demonstrou estar uns patamares acima dos demais. Wallyson vai confirmando em cada jogo que o futuro é dele e este pode estar a chegar a qualquer momento. Podence respira talento mas também evidencia estar a precisar de choques de realismo. Isto é, ser mais prático do que tentar demonstrar em todas as jogadas que é um predestinado. As aparições de Gauld também prometem. Não menciono Tobias porque já subiu para o andar superior. Mas sobretudo porque, tal como sempre aqui disse desde o inicio de época, o seu valor mais do que justificava a aposta face ao que a concorrência podia oferecer. Hoje tal é praticamente consensual.

- Do lado cinzento, que  tanto pode ser entendido como a aguardar por melhor prova como de mediania confiável e eventualmente útil, estão Geraldes, cuja contratação porém não se justifica nem para o lado direito nem para o esquerdo. Subiu uns furos do que foram as suas apresentações do inicio de época mas não permite esquecer os que o precedem, incluindo Mika Pinto, que parece estar de saída por empréstimo. A caminho de Coimbra está já Esgaio que anda mesmo a pedi-las, isto é, precisa de outro nível e exigência. Muitas dúvidas neste destino, falarei mais apropriadamente sobre a matéria quando fechar o mercado. Rosell está longe de confirmar as boas indicações deixadas na pré-época. Pior, as últimas aparições deixaram algumas dúvidas que, até prova do contrário são capazes de estar relacionadas com falta de ritmo. O regressado Rúbio precisa de mais tempo para demonstrar se os exilios na Roménia e Noruega significaram alguma aprendizagem que lhe permita a necessária evolução.

- Do lado B, isto é, dos só o acaso ou qualquer outra razão que não o mérito e o talento fizeram aparecer de camisola do Sporting vestida estão os centrais de ontem Rabia e Sarr a que se junta também Sacko. Não é demais lembrar que, por exemplo, os centrais, jogam enquanto Reis aquece o banco mas tem mais futebol numa perna que aqueles nas quatro. E que já cá tínhamos Semedo e Tobias que também são internacionais e são da mesma idade. O extremo francês corresponde a um perfil que parece muito desejado por estes tempos em Alcochete, e que se vislumbra em Enoh, Cissé, Sambinha, Dramé, e no ja referido Sarr, por exemplo, mas que parece esquecer que é preciso muito mais do que músculo e peso para ser jogador de futebol. Talvez falte mesmo o essencial: formação futebolística e sobretudo algum talento, mesmo que mediano.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O segundo lugar é possível e o titulo deixou de ser uma miragem?

Há um ano atrás em Arouca, foi assim
No dia 15 de Janeiro escrevia isto:

"O campeonato é uma miragem que ficou dos melhores sonhos de verão. O segundo lugar, não sendo impossível, está já no limite da linha do horizonte. O que me parece ao alcance é obviamente o terceiro lugar, (é o que se pode chamar de serviços mínimos), e sobretudo a Taça de Portugal. A Taça UEFA deve ser encarada como uma etapa de formação, ao jeito de uma pós-graduação. Importante sim, mas determinante, nesta fase da vida do clube, é a afirmação nas competições nacionais."

Entretanto, após os acontecimentos um tanto ou quanto inesperados e invulgares - SLB e FCP perderem na mesma jornada - a linha do horizonte ficou mais próxima, mas o sonho de verão continua a ser isso mesmo, pelo menos até ao próximo oito de Fevereiro. Aí, quando o Sporting receber em casa o actual campeão e comandante, poderá fazer alguma por si mesmo, reduzindo para quatro os actuais sete pontos de distância. Isto partindo do principio que cumpre a obrogação de ganhar em Arouca.

O segundo lugar é possível e o titulo deixou de ser uma miragem?

Além da pergunta expressa no titulo do post ocorrem-me mais duas:

Com esta recente aproximação aos lugares da frente o Sporting deve ser mais ambicioso no discurso, voltando ao que assumiu no ínicio de época, ou manter o low-profile e esperar por novas escorregadelas dos seus adversários?

A mesma pergunta relativamente ao mercado. O Sporting deve ser mais ambicioso no reforço do seu plantel - e se sim, em que posições - ou deve manter plantel exactamente como está?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Sporting-Académica: repetição de sumários anteriores

Não há coincidências? Claro que há e o encontro com a Académica foi um jogo de coincidências. Foi o primeiro jogo em casa no arranque da segunda volta e, à semelhança do primeiro jogo em casa no arranque da primeira, o Sporting teve enorme dificuldade em conseguir arrecadar os três pontos. 

Uma grande diferença porém, nesse jogo não faltaram oportunidades (note-se que, tal como ontem, Slimani também não jogou) só não se construiu uma goleada porque então Goicochea fez uma exibição extraordinária, incluindo a defesa de um penalty de Nani. Com a Académica o guarda-redes teve direito a muito tempo de descanso, o diz bem da nossa incapacidade em chegar à baliza do adversário.  Do intenso domínio registado foram muito poucas as jogadas de verdadeiro perigo, muita dificuldade em penetrar no bloco estudante e a insistência num jogo exterior demasiado previsível, proporcionando o maior conforto possível à equipa adversária.

Também como no referido jogo com o Arouca os três pontos surgem com alguma sorte, mercê de um ressalto para o sitio certo. Desta vez a bola não veio do poste a remate de Tanaka, mas, também a remate daquele, a bola cairia não em Mané, como em Agosto, mas em João Mário. Uma das poucas jogadas onde conseguimos meter mais do que um jogador na área, em posição central, o que serve também de ensinamento ensinar-nos que o caminho tem que ser por aí. Uma coincidência na sorte que é contudo inteiramente merecida tal como o é o castigo à Académica, equipa que se limitou a jogar para o nulo, sem qualquer preocupação em querer um pouco mais do jogo. Apanhados a perder demonstraram o porquê de terem tantas negativas nos exames que vão fazendo pelos campos do País: não sabem como encontrar o caminho para as balizas adversárias.

Alguns destaques individuais:

Quinteto defensivo: De Patrício a Jefferson todos fizeram o que lhes era pedido, incluindo Tobias, que vai apenas no segundo jogo. Muito importante que vá ganhando ritmo e confiança porque deverá ser ele o companheiro de Paulo Oliveira no dérby.

William - Para quem duvidava que o que Marco Silva lhe exige hoje é diferente do que fazia Jardim, teve ontem uma boa oportunidade para o constatar. A grande diferença para o jogo com o Rio Ave é que a Académica nunca o obrigou a grandes recuperações defensivas e William pôde lembrar-se dos seus tempos em que jogava em posições mais adiantadas, construindo jogo. 

Adrien: jogo pouco esclarecido e menos influente do que alguns anteriores, mas ainda com tempo para quase marcar o que seria um dos golos do ano.

Carrillo e Nani - Podiam ter sido decisivos mas nem por isso. Sempre muito mais junto à linha do que por dentro o seu futebol perde importância. Ainda assim o peruano fez uma bela assistência que, aos oito minutos, poderia ter feito Montero desbloquear a partida. Nani falhou o 2-0 de forma muito displicente.

João Mário - o  golo marcado, pela sua importância acaba por dar cor a uma exibição que muitas vezes foi sobre o pálido. Talvez não por acaso o Sporting teve muita dificuldade em jogar na sua área de influência.

Montero - muito apagado e sem nenhuma influência, como se lhe pedia, talvez a ressentir-se de falta de apoios para o seu jogo.

Mané - Não está em boa forma e mesmo tendo entrado para alargar o ataque e dar profundidade não conseguiu ter a preponderância que se esperava. Tende a precipitar-se nas decisões, o que demonstra que não está no seu melhor.

Tanaka - Sempre que se tem lhe tem pedido tem dito presente, tornando-se determinante para a equipa.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Novo central Ewerton: certezas e dúvidas

Ewerton José Almeida Santos é o novo central do Sporting e deveria estar a aguardar a confirmação da guia de marcha de Maurício para se tornar jogador do Sporting. É um "velho" conhecido de quem acompanha o futebol português, uma vez que foi uma das figuras em destaque na boa época realizada pelo Braga de Jardim na então época de 2011/12. De tal forma que o seu nome foi bastas vezes associado a outros clubes, sendo que o que correu com maior insistência foi o do FCPorto. O seu passe pertencia a dois parceiros do clube do Porto, o banco BMG e o Corinthians Alagoano, e uma reduzida parte ao Braga. Isto é, "gente da casa". Surpreendentemente o jogador acabaria por viajar para o então fervilhante Anzhi, onde o dinheiro parecia sair pelas torneiras.

A experiência não foi de todo bem sucedida: o jogador jogou menos por lá em dois anos do que em Braga numa época, e o dinheiro a rodos secou tão rápido como havia brotado. Ao finar-se a fonte o clube viu-se arrastado para divisão secundária e o jogador quase não tem jogado. Ao que se diz um pouco por via do seu carácter introvertido, que não permitiu a melhor adaptação a costumes e língua completamente diferentes dos que estava habituado. Obviamente que o falhanço do projecto desportivo do clube, e a respectiva instabilidade gerada, não foi, como habitualmente não é, factor promotor de sucesso. Ewerton acaba por ter agora uma nova oportunidade para repor nos carris a carreira que, quando chegou a Portugal há quatro anos, prometia.

Do que a memória deixou da sua passagem, parece-me um upgrade em relação aos elementos ao dispor de Marco Silva, incluindo o próprio Maurício. Se alguma coisa há a lamentar é que não tenha sido esta a opção, antes de se enveredar pelos equívocos Sarr e Rábia. Especialmente este ano, em que havia liga dos Campeões. Se se confirmar a impressão positiva anteriormente deixada, agrada-me a ideia de se pensar num jogador capaz de ser uma opção na construção de uma equipa para a próxima época, uma vez que, tal como disse aqui, não me parece que os objectivos de curto prazo justifiquem investimentos.

As dúvidas na aposta neste jogador prendem-se com o seu estado anímico e físico. As paragens prolongadas e mesmo o tempo de jogo numa liga menor não costuma proporcionar evolução, antes o oposto. Acresce que o jogador, segundo se diz, esteve há algum tempo a tentar debelar uma lesão, que atendendo à natureza e local, costumam ser assaz arreliadoras e demoradas.

Balanço da 1ª volta em 11 pontos

Antes de ir ao balanço propriamente dito regresso a Setembro deste ano. Após a 4ª jornada, e quando já havíamos perdido seis pontos em doze possíveis, escrevi este post:


Neste artigo procurava perceber os principais problemas que me pareciam estar então a afectar o desempenho da equipa. Estávamos na quarta jornada e o Sporting registava 3 empates, dois deles comprometedores, tendo em conta que um tinha sido consentido quase no dealbar da partida com a frágil Académica. O outro, precisamente nessa jornada, foi cedido em casa, ante o Belenenses.

Fazendo agora o balanço das primeiras dezassete jornadas, e comparando com o que então foi afirmado registo uma evolução positiva resultante da estabilização da linha defensiva, embora haja muito para fazer na qualidade com que a equipa defende e isso não depende apenas dos quatro defesas. No ataque pode-se constatar mais ou menos o mesmo, embora a amostra positiva que se verifica desde 14 de Dezembro, aquando do empate em casa com o Moreirense, seja ainda curta. Mas sempre são nove golos em quatro jornadas. Melhor já havia sido concedido após o empate com o Belenenses, quando, com o mesmo número de jogos, apontamos treze golos, até "cair do cavalo" em Guimarães.

De facto, a carreira da equipa nestas dezassete jornadas tem sido marcada por alguma irregularidade, de arranque difícil até à quarta jornada, aparente estabilização em plano superior até ao jogo em Guimarães, sinais contraditórios até ao empate com o Moreirense e renascimento até fechar a primeira volta.

Ora um campeonato é essencialmente uma prova e regularidade e os que a seguir se descrevem parecem-me ser os principais problemas do Sporting, que acabam por justificar os resultados alcançados e a posição na tabela classificativa:

1- De forma genérica, a qualidade do plantel, face às responsabilidades assumidas para a época em curso. Há alguns jogadores de qualidade indiscutível, não muitos. Quando esses jogadores não estão presentes, registam abaixamento de forma, ou têm que jogar vários jogos num curto espaço de tempo tal reflecte-se no desempenho da equipa. Não será por acaso que algumas perdas de ponto inesperadas se registaram na sequência de jogos da Champions League. Apenas Nani pode ser reconhecido como um verdadeiro reforço do plantel, os restantes, e com alguma benevolência para alguns, podem ser considerados alternativas. Os reflexos na competição pela titularidade e na resposta em momentos de maior exigência são inevitáveis.

2- De forma mais especifica, a solidez a defender e a eficácia a atacar. É muito lapalissiana a afirmação mas o que se reteve no inicio do campeonato foi a perda de pontos por falta de eficácia no momento de fazer golos que nos dariam mais pontos, especialmente com equipas habitualmente designadas de "ao nosso alcance". Do mesmo modo as dificuldades registadas no inicio de época com a formação da dupla de centrais, retiraram-nos alguns pontos que habitualmente coleccionaríamos. Não é por acaso que o Sporting está a grande distância dos golos marcados e sofridos dos que o precedem na classificação.

3- Marco Silva tem ainda muito trabalho pela frente e demorou um pouco a encontrar a melhor forma de contornar as equipas "desavergonhadamente" defensivas. Agora que a equipa parece estar mais segura e até mais paciente na procura do golo, falta dar-lhe mais consistência na movimentação colectiva, principalmente nos momentos em que perde a bola. Melhor posicionamento, mais coberturas, especialmente que evitem a excessiva exposição ao centro do terreno. Mas aqui voltamos à questão individual: tanto Jorge Jesus como Lopetegui têm disposição mais e melhores jogadores e é a qualidade individual que muitas vezes acaba por ditar as diferenças, especialmente quando os jogos registam equilíbrio acentuado e é no relvado que se têm de encontrar as soluções.

4- A impressão geral que o futebol do Sporting tem deixado é precisamente a que resulta do somatório das análises feitas acima. O Sporting nem sempre tem encantado, embora em alguns jogos tenha conseguido momentos de muito bom futebol. Nota-se que a equipa tem crescido com a acumulação de resultados positivos, o que pode estar relacionado com a maior confiança que aqueles proporcionam. Conseguiu finalmente alcançar o terceiro lugar, o qual não está ainda consolidado, mas repõem alguma justiça - seja lá o que isso é em futebol - face ao que fez nestas dezassete jornadas. Depende contudo de terceiros para chegar mais acima. Esses são precisamente os seus rivais de sempre que, pelos meios que conseguiram reunir, detêm também maiores responsabilidades.

5- Um dos principais contributos para a sensação de desempenho abaixo do esperado vem do exterior, não estando por isso ao alcance da sua acção directa. Refiro-me em concreto à carreira do comandante da prova, o SLB. Muito poucos pontos perdidos, incluindo um bom inicio de época atípico na era Jorge Jesus, colocam-no a uma distância que quase obriga a esperar não um mas vários milagres para a situação poder ser revertida. E cada jornada que passa sem que os tais milagres surjam mais difícil parece ser a nossa tarefa. 

6- O pior momento, e que poderia ter estado na ruína de uma parte importante do seu edifício futebolístico, - a equipa técnica - foi vivido em Guimarães. Quanto a mim tomou-se a árvore, aquele resultado especifico inesperado, pelo todo, o que até me pareceu injusto ao que a equipa vinha fazendo no computo geral das competições. 

7- Curiosamente o momento mais importante pareceu-me ter sido vivido na cidade vizinha e rival, onde e com quem o comandante actual da competição conheceu os maiores reveses. Ao ganhar em Braga e da forma quase épica como o fez o Sporting sacudiu o fantasma incómodo de não conseguir ganhar às melhores equipas do campeonato, ganhando confiança e fôlego. Também curiosamente, não perdeu com os que agora o precedem na classificação, tendo até dado uma muito boa conta de si em ambos os encontros.

8- Como revelação da época elegeria, de forma que me parece indiscutível, Carrillo. Finalmente a ser aquilo que não tinha conseguido ser até agora: consistente. Talento já tinha demonstrado ter de forma inequívoca.

9- Do lado das desilusões estão Capel, que poderia e deveria estar a render muito mais, mas parece ter cristalizado. A época abaixo da expectativa de evolução de Mané e o que parece ser mais um adiamento na confirmação plena de André Martins, também podem entrar neste lote.

10- O melhor, e cuja importância ultrapassa em muito as suas boas acções em campo, tem sido o regresso e as exibições de Nani. É bom para o nosso campeonato poder ter jogadores com a sua categoria e estatuto.

11- Como o pior não elegeria um jogador mas um lote de jogadores cujo valor e futuro no clube são uma enorme incógnita. Seja pelo que já demonstraram uns até agora, sem convencer, seja por aquilo que já fizeram e que apenas contribuiu para adensar a dúvida expressa. Um lastro atado aos pés da equipa, que precisava agora exactamente do oposto, de forma a que pudesse evoluir.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Arrivederci Mauricio e ciao Ricardo Costa?

O Sporting anunciou há pouco o empréstimo de Maurício à Lázio, ficando o clube italiano com a obrigação de comprar o passe do defesa brasileiro, pagando, no final da época, a soma de 2,650 milhões de euros. O Sporting fica ainda com direito ao encaixe de mais 20% sobre a mais valia que o clube italiano possa vir a realizar.

Ao jogador é tempo de agradecer o tempo e a forma como defendeu a camisola que vestiu. Se há coisa que não se lhe pode apontar é falta de empenho. É também o tempo de lhe desejar os maiores sucessos na carreira que agora virou agulhas para Itália.

Sobre os valores do negócio, estes parecem-me muito razoáveis. É certo que o Sporting está a vender um titular, tendo em conta que actuou o ano passado em trinta e um jogos incompletos, perfazendo 2.610 minutos. Este ano registava já vinte e uma aparições nas diversas competições, num total de 1.796 minutos em campo. Mas também é certo que o defesa, que regista sobretudo um jogo aéreo irrepreensível, bem como uma forte disposição para a marcação individual, não é um prodígio de técnica nem a sua leitura de jogo é particularmente feliz.

Neste momento particular, é inevitável não me lembrar de um post colocado aqui no inicio de época, ao tempo em que Maurício e Sarr formavam a dupla de centrais, sob o titulo: 

Da melhor geração de sempre a uma das piores duplas de centrais. Que defesas centrais para o Sporting? 

Agora, quando se regista a estabilização da dupla de centrais em níveis mais desejáveis, fica a dúvida se à saída de Maurício vai corresponder a entrada de mais algum elemento para o sector. Os rumores dos últimos dias falavam com alguma insistência em Ricardo Costa. Será a hora dele?

 


 

 

 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ecos da Assembleia Geral e o processo crime a José Eduardo


Sobre a necessidade da AG: Julgo que poucos terão dúvidas, sobretudo atendendo ao timing em que foi anunciada, que a AG se inseriu algures na tomada de decisão de despedir Marco Silva. Grande parte do interesse da reunião esfumou-se com a marcha atrás na decisão, o que acabou por fazer regressar uma certa "normalidade" ao seio do clube. A AG, que provavelmente serviria a uma espécie de teste de stress à gestão desportiva, deixou de ser necessária. 

Quanto a mim nunca o seria por este motivo, as direcções não precisam de convocar AG's sempre que tomam decisões, por mais difíceis que sejam. Salvo situações excepcionais, esse julgamento deve ser feito no final de cada ciclo directivo e não ao sabor do espírito do momento.

Sobre a relevância AG: Tendo em conta a relevância da informação prestada e das matérias tratadas ter-se-ia prestado um melhor serviço à generalidade da comunidade Sportinguista, especialmente aos que não vivem em Lisboa, efectuando a respectiva divulgação pelos canais habituais. Assim, atingir-se-ia um universo maior que os menos de um milhar que se disponibilizaram a estar presentes. 

No meu caso pessoal, que vivo longe e num fim-de-semana em que me vi fortemente condicionado por uma gripe das antigas, tive que andar a recolher informação nos mais diferentes canais, quando até o site do clube é omisso em muitos pormenores. Por exemplo os artigos noticiosos não referem a entrada de um novo investidor para a SAD, não pormenorizam a futura composição daquele organismo, não divulgam o relatório e contas consolidado relativamente ao período 2013/14. 

Saúda-se pelo menos o tom elevado em que parece ter decorrido o concilio e a satisfação expressa pelas horas de convívio e de grande fervor Sportinguista.


Pavilhão João Rocha: a grande noticia do dia, com a direcção a vincular-se à data para a sua finalização. Trata-se de um anseio antigo e a sua concretização é um reforço significativo da identidade do clube. 

As imagens divulgadas dão ideia de uma obra condigna com a imagem do clube. A lotação de três mil espectadores parece-me ser sensata, atendendo à actual realidade das modalidades e do próprio clube. O facto de a generalidade das actuais modalidades de pavilhão poderem realizar aí as suas actividades, incluindo o hóquei em patins, é uma boa decisão. O facto de se aproveitar a nova construção para se dar nova cara à Loja Verde e sobretudo ao Museu do clube também o é. 

Sobre este último devo dizer duas coisas: a sua localização é fundamental. Idealmente deveria estar colocado no cimo da escadaria que grande parte dos que procuram o Estádio de Alvalade têm que subir. Era indiscutivelmente o local ideal para a sua divulgação. E o surgimento dos seus congéneres nos nossos rivais obriga-nos a actualizar os seus conceitos base, é o senão de ser pioneiro.

Não consegui recolher a informação relativamente ao que sucederá caso parte das verbas que a SAD irá disponibilizar ao Clube, no âmbito do negócio Rojo/ManUtd, venham a ser reclamadas pela Doyen, caso esta obtenha decisão favorável.

Novo investidor mistério: Foi anunciado um novo investidor que terá já entregue à SAD uma verba de 18 milhões de euros. No entanto esta entrada de capital não foi objecto de nenhum comunicado por parte da CMVM ou do clube. O negócio parece estar abrangido por um acordo de confidencialidade, o que, à priori, atendendo à soma envolvida, torna obrigatória a divulgação do(s) titular(es). A carecer de maior esclarecimento.

Quase ninguém reparou mas, como consequência directa desta nova alienação, e somadas às já feitas anteriormente, o Sporting deve estar muito próximo de deter apenas metade (50%) da totalidade da SAD. Ainda há bem pouco tempo isto seria motivo de uma enorme discussão e troca de argumentos, isto mesmo atendendo a que estes valores podem vir a sofrer alterações com os resultados finais da reestruturação financeira.

Processo de Marco Silva a José Eduardo: A gravidade das acusações feitas por José Eduardo, e o facto de o ter feito de forma reincidente e sem retratação, não deixou outra alternativa ao treinador. Mas, mesmo reconhecendo-lhe o direito, devo dizer que, como sócio e adepto, preferia não ter que assistir a uma disputa do género. Um assunto que poderia deixar de o ser com uma boa mediação.

Note-se que, das testemunhas arroladas,- Rui Patrício (capitão do Sporting), Fernando Santos (seleccionador nacional), Joaquim Evangelista (presidente do Sindicato de Jogadores), José Pereira (presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, a ANTF), Nicolau Santos (director adjunto do Expresso), Carlos Daniel (jornalista), João Coimbra, Gonçalo Santos (ambos ex-pupilos no Estoril), Carlos Gonçalves (empresário) e Tiago Ribeiro (presidente da SAD do Estoril) - Marco Silva não nomeou ninguém da actual administração, o que não pode deixar de ser um dado importante na leitura que o treinador fez dos acontecimentos mais recentes.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Sporting- Rio Ave: tudo está bem quando acaba bem? Ou quase...

Começo pelo fim, indo directamente para o que disse Marco Silva na conferência de imprensa. O número de golos e a incerteza no resultado é muito agradável para quem se desloca ao estádio, especialmente para nós, que acabamos por ganhar. Mas a vitória não pode esconder uma realidade em que os 3 pontos, mesmo merecidos, estiveram longe de estar garantidos durante muito tempo. De facto, só o golo de Tanaka acabou por serenar o espírito da equipa e dos adeptos, o Rio Ave chegava muitas vezes com perigo real à nossa baliza.

As palavras de Marco Silva acabam por ser uma boa noticia, são sinal de que o treinador percebe que a forma como a equipa, quando partia para o ataque, deixava a sua retaguarda exposta, não é de todo "saudável" para quem quer ganhar os jogos.Há muito trabalho para fazer para melhorar a transição e organização defensivas, sem as quais o Sporting está quase permanente à mercê do que ao adversário quiser e souber fazer. É muito por aí que tem que ser o crescimento colectivo que ainda é necessário para a equipa estar à altura do que precisa ser. Sofrer um golo, o primeiro, na sequência de um canto a nosso favor é coisa de equipa de meio da tabela para baixo.

O Rio Ave, que sabia muito bem como e o que fazer para nos fazer sofrer, não deixa de ser uma equipa do meio da tabela para cima mas, porque nos íamos pondo a jeito, parecia, em alguns momentos, uma equipa do nosso campeonato. Aqui convém realçar o facto de a equipa visitante se ter apresentado muito desfalcada, especialmente atrás, mas ter alguns bons executantes, capazes de ser boas opções para equipas com outras responsabilidades. 

Entrada ao ralenti, com preocupação quase exclusiva na construção de jogo atacante, mas coleccionando erros de posicionamento que, mal perdíamos a bola, tornava o nosso meio-campo numa avenida de liberdade para os jogadores vilacondenses, com a agravante de tal se registar pelo centro do terreno, o caminho mais perto para a nossa baliza. Para agravar o mau posicionamento, o meio-campo demonstrava pouca vontade de sofrer na procura da bola. O intervalo chegaria com um resultado a premiar a astúcia forasteira e a nossa displicência.

Pode-se inferir do que se diz acima que a equipa estava a jogar mal, o que até não era o caso. Mesmo quando o faz de devagarinho, tipo comboio a vapor, o Sporting tem um futebol de boas ideias e agradável à vista. O problema é ser demasiado previsível. Com o aumento da velocidade de execução e mobilidade, o Sporting foi repondo a natural diferença que existe entre as equipas e o resultado acaba por ser justo, mesmo que a diferença mínima talvez fosse mais justificável.. 

Alguns destaques individuais:

O quinteto defensivo (guarda-redes e defesas) teve uma participação homogénea, sem erros comprometedores a salientar, com excepção a um lance de cabeça de Tarantini, após canto, em que o rioavista cabeceia, com todos os nossos jogadores com os pés no chão, sem fazer qualquer oposição. Ficariam muito mal na fotografia se o resultado tivesse sido outro. De resto estiveram globalmente bem, apesar de muito mal coadjuvados pela generalidade dos colegas de outros sectores, que os deixou muitas vezes entregues a si próprios e à sorte. Apesar disso os laterais, especialmente Jefferson, foram sempre generosos na integração nas jogadas de ataque.

Uma palavra especial obviamente para Tobias Figueiredo, que finalmente viu a oportunidade de poder demonstrar em campo que deveria há mais tempo ser levado mais a sério. Não foi uma exibição perfeita, o jogo até foi difícil para quem se estreia, mas é indiscutível que ninguém teve saudades de Sarr e mesmo de Maurício. A minha estranheza vai para algumas claras referências individuais no seu jogo,em particular com Hassan, já muito para lá de zonas recomendadas para a sua acção.A rever.

William ainda consegue ir mais longe no que ao "alternar o bom e mau" diz respeito. É difícil perceber onde andou na primeira parte, quando o Rio Ave desaguava à entrada da nossa área. E depois, sem que nada o  faça prever, faz coisas de predestinado para a posição.

Jogo de muita dificuldade para André Martins. Não foi o único que esteve mal na primeira parte, mas sabe-se que lhe é dedicada atenção muito particular. Acontece que veio de lesão e já antes disso que tinha deixado de fazer parte das opções de Marco Silva. Continuo a pensar que tem qualidade para ser importante, especialmente a jogar mais atrás e não como "10". Mas precisa de ritmo e confiança.

Nani está intermitente, resultado da sua paragem, que lhe retirou ritmo. Mas passes como o que dão o golo de João Mário falam pela sua qualidade e utilidade.

João Mário alternou entre o muito bom e muito mau, o pior sobretudo na primeira parte, sempre muito longe de Montero, como lhe competia. Acabou por marcar mas precisa de ser mais consistente para ser o que dele se espera e parece ser capaz.

Montero voltou aos golos e a demonstrações de qualidade inequívoca. Aquele golo é de enorme dificuldade e recorte técnico e o seu remate foi o que nos pôs mais perto do golo mais vezes.

Tanaka voltou a cumprir, marcando um golo importante,procurando o seu espaço.

Ryan Gauld deu três toques a anunciar que há talento por aqueles lados. Fica a expectativa por mais tempo para confirmar a promessa.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O que deve o Sporting esperar e procurar no mercado de Inverno?

Estamos a cerca de duas semanas do final da actual janela de mercado pelo que é agora que se vão registar as movimentações decisivas. Tal como outro qualquer clube o Sporting tem aqui uma oportunidade de refazer o seu plantel em função das ofertas que lhe venham a ser feitas e das possibilidades que o orçamento lhe permita.

Saídas
Voltaram os rumores sobre a possibilidade de saída de William Carvalho, desta vez com o Arsenal a aparecer no lugar do Manchester como principal pretendente. Pelos valores que circulam nos rumores (32 milhões) aceitaria de bom grado o negócio, pese a importância que o jogador tem na manobra da equipa. Porém, ao contrário de Carrillo, por exemplo, a sua saída seria mais facilmente suprida. Não que considere a posição de “6” mais fácil mas a de um desequilibrador é mais difícil e mais cara. Acresce que o Sporting precisa de liquidez para resolver algumas renovações que me parecem cruciais. Por exemplo, as do próprio Carrillo, Martins ou Cédric. O mesmo poderei dizer em relação a Jefferson. Obviamente que as verbas a obter serão consideravelmente mais baixas, mas de quatro milhões para cima por um lateral-esquerdo é razão pelo menos para nos sentarmos a negociar. O que seguramente não deve e certamente não sucederá é registar-se a saída de mais do que um titular habitual.

As saídas de Fokobo e Iuri Medeiros para o Arouca estão consumadas. Estimo que o camaronês venha a ter missão mais facilitada que Iuri. Pela posição que ocupa no terreno e pelo que é habitualmente o jogo que o Arouca tem que fazer, embora seja claro que terá que fazer muito mais do que tem feito para tirar o lugar a Rui Sampaio. Já Iuri não terá que temer tanto pelo confronto directo com a concorrência mas sim pelas dificuldades que representam jogar na frente numa equipa como Arouca.   

Outras como de Capel, Heldon, Slavchev, Rabia, Sarr, Esgaio, Geraldes, por exemplo, não teriam reflexos na competitividade, como representariam alivio da folha salarial e oportunidades para crescer para os mais novos.

Entradas
O que deve o Sporting procurar no mercado de inverno e com que objectivo, parecem-me ser as perguntas primordiais. 

Olhando para o plantel e sobretudo para o onze habitual e banco à disposição de Marco Silva há “buracos” que são pacificamente aceites: falta de um central ao nível das pretensões do Sporting, falta de substitutos à altura de Carrillo, Adrien. Nani não entra nestas contas pelo seu valor, mas obviamente que também tem que ser considerado que os podem entrar para o seu lugar e têm sido chamados têm estado abaixo dos mínimos exigíveis. 

Não é tão consensual a falta de um avançado que jogue a “9” embora essa seja a minha opinião porque, apesar do actual “hype” em volta de Tanaka, não o acho como um jogador para esse lugar especifico, porque não me parece um “9” e, além disso, não me parece sequer um jogador para o nível do Sporting.

Obviamente que o Sporting não iria nunca resolver estas situações no mercado de inverno. No actual contexto, ainda menos o deve fazer. E que contexto é esse? É o dos objectivos realizáveis. 

O campeonato é uma miragem que ficou dos melhores  sonhos de verão. O segundo lugar, não sendo impossível, está já no limite da linha do horizonte. O que me parece ao alcance é obviamente o terceiro lugar, (é o que se pode chamar de serviços mínimos), e sobretudo a Taça de Portugal. A Taça UEFA deve ser encarada como uma etapa de formação, ao jeito de uma pós-graduação. Importante sim, mas determinante, nesta fase da vida do clube, é a afirmação nas competições nacionais.

Faz sentido, para alcançar estes objectivos de tão curto prazo, realizar um significativo esforço para se reforçar? 

Pois, não me parece. Assim ainda menos sentido fazem aquisições como as de jogadores como Ricardo Costa. Não faz sentido, não por não ter valor, porque tem em nível suficiente para se tornar titular. Mas porque é caro e sobretudo porque representa uma incompreensível inflexão à politica de aquisições empreendida esta época, em que se se procuraram jogadores jovens para afirmação num futuro de curto prazo. Se o fizesse a SAD ou estaria a admitir que errou, o que até se aceitaria melhor do que transparecer que, na verdade, não tem uma estratégia definida.

Em jeito de conclusão o que me parece fazer mais sentido nesta altura e com os objectivos de curto prazo enunciados, é que o foco esteja já no próximo campeonato. Perceber com quem se deve contar como “imprescindível”, quem precisa de estágio para poder representar no médio prazo uma opção (não faltam jogadores nessas condições, quer na A, quer na B) e quem não se deve contar no futuro. As possíveis receitas obtidas com negócios de ocasião deveriam ser canalizadas primordialmente para o reforço do plantel com jogadores que possam ser determinantes na Liga 15/16.

Não duvidando do que digo no parágrafo acima como a politica mais conveniente para o clube faço aqui uma meia ressalva. Em ambas as competições  com possibilidades de alcançarmos os tais “serviços mínimos", - a Taça de Portugal e terceiro lugar  - teremos provavelmente como principal oponente o SCBraga, o que torna a missão do Sporting um pouco mais complicada em caso de insucesso. Uma coisa são os diferentes resultados alcançados com os nossos principais rivais. Outra é com os emergentes, em particular com arrivistas como António Salvador. Para o orgulho dos adeptos e para a imagem que o clube projecta para o exterior o pior que poderia acontecer era dar a ideia que está mais longe dos seus habituais rivais e mais perto dos que sempre lhe estiveram atrás.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

No day-after de mais uma Bola de Ouro, uma importante reflexão sobre a formação no Sporting

Ronaldo é o expoente máximo da formação do Sporting
No day-after da conquista de mais uma Bola de Ouro por um atleta formado no Sporting, parece-me fazer todo o sentido falar novamente sobre a formação do Sporting. Uma reflexão que é ainda mais oportuna num momento em que existem alguns sinais que justificam pelo menos a preocupação, exigem questões e respectivas respostas. Para tal elaborei um questionário muito simples, de quatro perguntas apenas (a bold), que André Carreira de Figueiredo* se disponibilizou para responder.

- Os resultados deste ano lançaram o alarme sobre a formação, que a recente não qualificação dos juvenis veio acentuar. Os resultados dos jogos, sobretudo os títulos, na formação são assim tão importantes ou deve ser feita uma leitura mais abrangente, como exibições, valores emergentes, etc?

Falar em "a melhor formação" é muito subjectivo e por vezes depende daquilo que é conveniente para os adeptos e "máquinas de relações públicas" valorizarem após uma determinada vitória ou derrota, mas há que ter em conta vários factores:

1) Produzir individualidades para a equipa principal, portanto, formar jogadores (e não colectivos) e fazer um aproveitamento dos mesmos no "período pós-formação", ou seja, quando terminam a sua época Sub-19.

2) Conquistar títulos para incutir aos jogadores desde cedo uma "cultura de vitória" e a capacidade de sobressaírem no contexto de um colectivo.

3) Formar homens pois, sem um desenvolvimento social e emocional adequado, muitos jogadores não desenvolvem a maturidade necessária ou uma personalidade forte que lhes permita sobreviver às "depressões" que podem estar associadas a um empréstimo fora da "casa mãe" ou de uma passagem prolongada pelo banco de suplentes ou pela bancada.

Em termos de aproveitamento de individualidades da sua formação na equipa principal, o Sporting tem tido indiscutivelmente a "melhor pós-formação" (e tem recebido justificadamente a melhor imprensa) nos últimos 15 anos, mas, há que ter em conta que é mais fácil um jovem conseguir entrar num XI sénior como o do Sporting do que num XI mais competitivo como é o do Benfica. Portanto, a aposta em jovens  por parte do Sporting nos passados 10-35 anos passa muito pelo facto de o Sporting ter quase sempre um orçamento mais reduzido que o do seu rival da 2ª Circular, e ter, na maioria das vezes, um XI titular menos competitivo na sua equipa sénior onde, portanto, é mais fácil os jovens conseguirem afirmar-se.

Há igualmente que ter em conta que os jovens da formação que o Sporting tem no seu plantel sénior são o resultado de um trabalho/investimento que vem de há muitos anos e que lentamente deu frutos, e não do trabalho desenvolvido nos tempos mais recentes.

Rui Patrício chegou ao Sporting há 17 anos descoberto pelo ex-Observador Técnico Sr. Artur Garrett, Nani chegou ao Sporting há 12 anos descoberto pelo Observador Técnico Sr. Carlos Braz, Cédric Soares chegou ao Sporting com 6 ou 7 anos de idade no final dos anos 90 quando o irmão mais velho (Kevin Soares) o trouxe para treinar, Adrien Silva chegou ao Sporting há 12 anos descoberto pelo Observador Técnico Sr. Gomes Ribeiro (que também descobriu Simão Sabrosa), William Carvalho chegou há 10 anos e chegou porque é um grande Sportinguista, pois tinha Bruno Maruta em sua casa com papéis para ele assinar pelo Benfica e William segredou ao seu então treinador (Ricardo Nascimento) no Mira-Sintra que preferia ir para o "seu" Sporting.

André Martins chegou há 12 anos descoberto pelo ex-observador técnico Coronel José Santos, João Mário Eduardo foi a Mãe dele a Srª Lídia Costa que o trouxe para o Sporting há 12 anos, Eric Dier foi a Mãe que o levou para o Sporting há 12 anos, Filipe Chaby é outro grande Sportinguista que foi descoberto para o Sporting pelo ex-Observador Técnico Sr. João Ruas há 9 anos. Francisco Geraldes é um jovem Sportinguista de 19 anos que está no Sporting há 12 anos.

Mesmo falando dos casos mais recentes de jovens que conseguiram algum espaço na equipa principal, o Carlos Mané está no Sporting há 14 anos, o Daniel Podence foi descoberto pelo Observador Técnico Sr. Carlos Braz no Belenenses, Tobias Figueiredo chegou ao Sporting há 10 anos, Ricardo Esgaio chegou da Nazaré há 11 anos e a avó dele vinha ver os jogos dele a Pina Manique e a Alcochete, Rúben Semedo, com idade Sub-16, foi observado pelo Mister Luís Dias num jogo de Juvenis A do "Fofó", onde eu também estava presente há 7 anos.

Mica Pinto chegou há 8 anos e jogou em pelo menos 3 posições (médio defensivo, avançado-centro e lateral esquerdo), Iuri Medeiros chegou há 11 anos, etc. Em suma, os atletas que hoje em dia vão surgindo da formação são o resultado de um "investimento" que foi feito há 6-18 anos nas estruturas de Prospecção e Formação.

Quando olhamos para um jogador temos que ter em conta dois aspectos, o seu valor desportivo actual e avaliar qual será o seu potencial a curto, médio e longo prazo. Enquanto o valor actual é relativamente fácil de aquilatar com a elaboração de um relatório técnico de avaliação, já o potencial a longo prazo depende de muitos factores, mas na minha opinião o mais importante é o psicológico. Por exemplo, depende da mentalidade dos atletas e como a mesma poderá mudar durante a puberdade, a personalidade dos seus encarregados de educação que poderão dar-nos uma indicação de como vai ser o jogador em termos de traços da sua personalidade, a potenciação física, técnica e psicológica que os profissionais da instituição poderão realizar com o atleta quer na Fase de Iniciação quer na Fase de Especialização, e hoje em dia também quando passam pelo Sporting B, etc.

Mas, não se pode confundir o valor desportivo ou o potencial com o momento de  forma, pois há jogadores ou equipas que podem ter más exibições, mas as mesmas serem uma simples anomalia ou causada por factores exógenos, questões de Locus de Controle Externo (sorte, azar, incompetência ou falta de seriedade de terceiros, etc). No entanto, se os jogadores e planteis têm qualidade e se o treinador é competente e profissional, e os adversários são de igual ou inferior valia, é natural esperarem-se vitórias, títulos, e não apenas a potenciação das individualidades mais promissoras.

Tendo dito isto, o rendimento da geração de 1996 (actuais juniores) ao longo dos últimos 2 anos não reflecte o real valor desse lote de atletas nem eles evoluíram o que seria perfeitamente razoável esperar deles nestes passados 21 meses. Não são uma geração fabulosa de jogadores, nunca foram e isso já era óbvio quando eram Infantis, mas são claramente jogadores em nítido sub-rendimento nestes últimos dois anos, sobretudo na presente época, mas quem conhece estes jogadores sabe que eles valem MUITO mais do que  isto, basta ver o seu historial entre 2008 e 2012. Em Janeiro de 2013 estavam à frente do Benfica, até há 2 anos nunca ficaram abaixo do 2º lugar quer em competições Nacionais quer em Distritais, inclusive foram campeões há pouco mais de 4 anos com o treinador Pedro Gonçalves. O “descalabro” verificou-se nos últimos 2 anos, é factual e incontornável.

Sempre achei que seria irrealista esperar o título nacional destes jogadores esta época, mas, era normal que se esperasse MUITO mais deste grupo de trabalho (e que obviamente envolve a estrutura) do que aquilo que têm produzido nos passados 2 anos e sobretudo na presente temporada. Não são "fracos" nem medíocres em termos de talento, mas realisticamente, o grupo (jogadores e não só) tem sido medíocres esta época, e bons jogadores entre 2008 e 2012 não desaprendem a jogar em 2013, 2014 e 2015. Há da parte dos "adultos" responsáveis que tirar ilações, algumas delas particularmente introspectivas.

Relativamente à geração de 1998 (actuais juvenis), sempre fui da opinião que eram uma boa geração, mas não excepcional (e alertei há 18 meses que não havia espaço para deslumbramentos), e na qual eu via talvez 3 jogadores (Telmo Costa no início de época falou em 5 ou 6) com capacidade para chegar aos seniores a seu tempo. Os restantes eram incógnitas, pois a sua evolução para mim dependia de demasiados factores. É verdade que foram campeões nacionais com relativa facilidade há 2 anos, mas, como se costuma dizer, "só podemos vencer quem aparece à nossa frente", ou seja, a equipa era melhor que os adversários, mas, nunca achei que fossem uma "Super-Equipa" como muitos julgavam pelos resultados (e título), enquanto eu me limitava a avaliar a qualidade e potencial a longo prazo dos jogadores.

Foi uma equipa que sofreu alguma “delapidação” nos passados 2 anos e que em parte por causa desse "empobrecimento", ao fim de 3 anos consecutivos a conquistar títulos, acaba de assinar a pior época alguma vez registada por uma equipa Sub-17 do Sporting na já longa história desta competição. Mas, não é por causa deste "fiasco" que este lote de jogadores de 1998 deixa desportivamente de valer menos do que valia há 6 meses, da mesma forma que para mim não valiam mais depois de serem campeões nacionais em 2013.

Esta época registou-se claramente algum sub-rendimento por parte destes jogadores, eles poderão arcar com alguma "culpa", mas nunca com toda. São um bom plantel, que não rendeu o que seria de esperar deles, mas, tal como com os de 1996, também não me parece que a culpa seja única e exclusivamente dos jogadores e equipas técnicas. Poderão haver muitos factores, desde quebra psicológica, mau ambiente de trabalho devido a alguma opressão social que possam sentir, falta de gratificação (questões económicas) comparadas com colegas, falta de motivação, falta de auto-confiança, falta de empatia para com quem os rodeia, desânimo, falta de organização (na equipa e fora dela), etc.

Se o único factor a ter em conta para a próxima época for a qualidade dos jogadores (em vez da equipa técnica, estrutura, condições de trabalho, acompanhamento, etc) não acredito que a equipa de Juniores seja muito mais competitiva que as dos últimos 2 anos, pois ao longo dos passados 6-8 anos a Geração de 1997 não deu indicações de que fosse superior à Geração de 1996.

Quanto à Geração de 2000 que presentemente competem nos Sub-15 e terminaram a 1ª Fase 9 pontos na retaguarda do Benfica, se formos a julgar unicamente pela qualidade dos jogadores, temos claramente qualidade para sermos campeões nacionais. Mas, exactamente o mesmo podia ser dito (e foi, por mim) sobre a Geração de 1999 que na época transacta passou pelos Iniciados A e nada conquistou. E em ambos os casos estamos a falar de gerações campeoníssimas, com 7 títulos conquistados antes de chegarem aos Sub-15.

-  Estes resultados são meramente circunstanciais e coincidentes ou são  sinais que evidenciam problemas?

De forma alguma são circunstanciais ou fruto do azar. Eles evidenciam problemas de ordem estrutural, organizativa e de falta de competência, experiência e sensibilidade em posições chave, sobretudo na gestão dos recursos humanos. Claramente, as Gerações de 1996, 1998 e 1999 foram todas elas afectadas nos passados 2 anos. É uma questão estrutural e que está relacionada com questões de competência, experiência e sensibilidade para o trato com os jovens, desorganização, excessiva acumulação de  cargos, alguns deles por pessoas de competência "amadora", e isto resulta de dois factores: a menor folga orçamental e a má/insensata gestão de recursos humanos.

- Quais são os problemas que identificaria como sendo específicos de cada escalão e quais os que resultam da própria organização?

O Sporting necessita de um Director Geral da Formação que conheça o meio em que se movimenta, que conheça os jogadores e treinadores (dentro e fora do Sporting), que seja sobretudo um agregador de competências, que saiba liderar, que saiba criar e gerir uma dinâmica social que permita extrair o máximo potencial profissional de todos os seus colaboradores, e não obstante ser ele o líder máximo, que dê valor à opinião das pessoas competentes que o rodeiam. As Hiperlideranças “asfixiam” quem as rodeiam, e só funcionam quando o Hiper Líder é alguém de inquestionável competência.

O Sporting necessita de um Coordenador Técnico da Formação que para além da competência possua capacidade de liderança (e algum carisma) para se impor e ser respeitado pelos seus superiores hierárquicos e consequentemente conquistar a sua autonomia dentro da estrutura.

O Sporting tem que apostar nos melhores treinadores, nos José Limas, nos Pedros Gonçalves,  nos Tiagos Capazes, nos Tiagos Fernandes, nos Nunos Lourenços (é inconcebível que esteja a treinar os Sub-13 quando tem mais capacidade e experiência do que alguns em Alcochete), os Pedros Pontes, etc. Tem que ser capaz de atrair os Brunos Lages, os Luíses Nascimento, talvez um Luís Araújo, de trazer de volta o Bruno Freitas, de potenciar um Bernardo Bruschy, de ir buscar as 4 ou 8 pedras basilares que lhe permitam reerguer o seu Departamento de Recrutamento para os níveis em que estavam em 2005-2007, etc.

Relativamente ao Professor João Couto que agora regressa ao Sporting, gostaria de dizer algumas coisas. É um amigo, é um Sportinguista com "S" grande, é um Homem com "H" grande e, em condições ideais, é um treinador muito acima da média.

O Professor João Couto foi Professor de Educação Física na minha velha Alma Mater, o Colégio São João de Brito, é alguém que foi campeão nacional de Juvenis duas vezes pelo Sporting (em 2004/05 com a geração de 1988 e em 2005/06 com a geração de 1989), bem como campeão nacional de juvenis pelo Benfica em 2007/08 com a geração de 1991.

Mas, do passado vivem os museus, e o Professor terá que demonstrar nestes novos tempos, com outros constrangimentos (orçamentais e não só) e com outros jogadores, o que consegue fazer. Na globalidade ele é um grande reforço, não apenas pela sua qualidade enquanto treinador, mas igualmente como ser humano, é uma pessoa afável, amiga dos jogadores, disciplinador quando necessário, é um bom psicólogo, e é um Mister que sabe ter os jogadores com ele.

Espero que os Sportinguistas não queiram fazer do João Couto um "São João", ele é em condições normais INQUESTIONAVELMENTE uma mais-valia, mas ele sozinho não fará milagres. Esqueçam isso, ele não tem nenhuma varinha mágica, ele é apenas mais uma peça (neste caso, uma boa peça) na engrenagem, mas os Sportinguistas não se podem esquecer que os Joões Coutos e os Luíses Martins foram campeões com gerações de jogadores muito acima da média, não foi com jogadores medianos nem com coordenadores medianos.

O João Couto tem qualidade, mas necessita igualmente que lhe dêem qualidade para ser trabalhada e necessita de estar rodeado na estrutura de outros elementos de qualidade. Para mim, o Professor João Couto é indiscutivelmente uma referência, tal como é o Mister Luís Martins, o Mister Bruno Lage, o Mister José Lima, e outros que também têm muita qualidade profissional e humana, mas que infelizmente nem sempre recebem o reconhecimento que tanto mereciam.

- Quer apontar algumas medidas de curto prazo que tomaria para devolver alguma normalidade já na próxima época a este sector tão querido dos Sportinguistas?

Muitas vezes se tem falado que "o Sporting forma bons jogadores, mas não forma bons homens" e em relação a isso gostaria de dizer o seguinte, que tanto uma formação como a outra não é complicada de se atingir, desde que os jovens tenham em seu redor os profissionais e as personalidades certas.

Como se formam os bons jogadores?

Antes de mais, é necessário ter boa matéria prima e é aí que entra um bom Departamento de Recrutamento e cujo trabalho (bom ou mau) nunca pode ser descurado e que pode ter repercussões (positivas ou negativas) que só se sentirão 5-12 anos no futuro. Tendo já jovens talentos, para formar bons jogadores é imperativo essencialmente ter os melhores treinadores, os melhores nutricionistas, os melhores especialistas em treino de força e em Prevenção/Reabilitação de lesões, os melhores psicólogos e as melhores infra-estruturas. É tão simples quanto isso, os melhores nas suas respectivas áreas para potenciar a melhor matéria prima aplicando-lhe as três traves mestras; o Treino, a Nutrição, e o Repouso.

Como se formam os bons homens?

Quando um jovem do sexo masculino entra na adolescência está numa fase em que a sua personalidade se começa a afirmar, e a sua personalidade será um reflexo das pessoas que o rodeiam. Todos os jovens necessitam de um forte exemplo masculino (o Pai) e um forte exemplo feminino (a Mãe) nas suas vidas, mas quando os jovens passam muito tempo longe dos encarregados de educação, é importante que tenham em seu redor homens sérios, homens leais, homens corajosos, homens íntegros, homens trabalhadores, homens sociáveis, todos eles valores importantes que os jovens possam assimilar.

Agora, se um jovem entre os 13 e os 19 anos estiver rodeado de homens introvertidos, intelectualmente desonestos, cobardes, nervosos, ansiosos, bajuladores, ordinários, sexistas, tabagistas, alcoólicos, narcisistas, etc, obviamente que esses maus exemplos mais do que provavelmente irão afectar negativamente o desenvolvimento da personalidade do jovem.

Isto aplica-se a qualquer colaborador que possa entrar em contacto com os jovens atletas, mas focando-me mais agora nos treinadores, os atletas precisam de treinadores que para além de competência e profissionalismo, precisam que esses treinadores sejam homens exemplares, pois quer tenham consciência disso ou não, esses treinadores têm nas mãos uma enorme responsabilidade, pois estão a ter um profundo impacto na formação da personalidade desses jovens.

Eu prefiro que atletas entre os 7 e os 12 anos sejam acompanhados por psicólogas e de preferência psicólogas relativamente jovens, com idades compreendidas entre os 25 e 35, e que para além da ciência da psicologia, que venham igualmente dotadas de humanismo. Mas, para acompanhar jogadores adolescentes ou adultos prefiro que esse acompanhamento seja feito unicamente por psicólogos. Não faz qualquer sentido um jogador de 14-17 anos andar a ser acompanhado por uma mulher de 20-35 anos, para mim isso é uma "farsa". A capacidade de empatia é reduzida, e as psicólogas nunca poderão nem deverão tentar assumir o papel pouco ético de "mães substitutas".

Quando falo em psicólogos e psicólogas, estou obviamente a falar dos melhores e não de profissionais medianos ou medíocres, pois esses apenas representam mais um nome e mais um "peso" na folha salarial e pouco ou nada têm a oferecer em termos de contribuição para a formação do homem ou do atleta. Se alguma coisa, estarão a acrescentar o nome “Sporting Clube de Portugal” ao seu CV, para que mais tarde possam tentar monetizar essa experiência acumulada  ao serviço da instituição.

Que fique claro que considero que existem boas psicólogas e com capacidade para lidarem com adolescentes do sexo masculino e com homens mas, com o devido respeito, essas na sua maioria são profissionais com 25-30 anos de carreira. Estamos a falar das melhores, portanto, profissionais que devido ao seu talento e experiência já possuem capacidade para entender a psique masculina de um adolescente.

Tendo dito isto, continuo a acreditar que o "Psicólogo Primário" deve ser sempre o treinador, e esta é uma área em que obviamente alguns treinadores têm maior sensibilidade do que outros, e que tem tanto a ver com conhecimentos adquiridos em Pós-Graduações em Psicologia, como tem a ver com a própria personalidade dos treinadores, pois há quem tire todos os cursos possíveis sobre Psicologia ou Psiquiatria, mas falta-lhes o humanismo ou as competências sociais necessárias para conseguirem compreender os seus “pacientes“.

Acredito igualmente que os jovens mais do que sessões de psicanálise enfadonhas e intrusivas ou de "elogios gratuitos", deviam ter a oportunidade de participar no maior número possível de actividades sociais e culturais. Na adolescência necessitam sobretudo de socializar, de fazer  amizades, de arranjarem namoradas e de aprenderem por experiência própria a controlar as suas emoções, para evitar que mais tarde sejam adultos que sofram de desequilíbrios ou descontroles emocionais que, muitas vezes são interpretadas como sinal de imaturidade e revelam-se como um obstáculo intransponível para a sua afirmação no futebol ao mais alto nível. Estamos a tentar formar homens e não "robots" anti-sociais.

A medida primária que tomaria seria a criação de uma estrutura capaz de governar a Formação e Prospecção do Sporting, uma estrutura que reuniria competências diversas e que tornaria a  estrutura mais flexível, moderna e pedagógica, com capacidade de se adaptar às contingências da Formação e Prospecção moderna, com gestão substancialmente mais lúcida, democrática e meritocrática dos recursos humanos disponíveis, e o desenvolvimento de uma verdadeira estratégia de optimização do Sporting B como plataforma competitiva intermédia.

Para que isto fosse possível seria necessária uma reestruturação de recursos humanos que envolveria a dispensa de vários colaboradores que não estivessem 100% comprometidos com o espírito do novo projecto, e seria igualmente necessária a entrada de profissionais de inequívoca competência e experiência nas áreas onde seriam chamados a intervir.

Post-Scriptum: O Sporting necessita rever o seu projecto "Férias Academia". É certo que o Sporting encara esse projecto mais pela vertente comercial, e os jovens que o frequentam mais pela vertente social, ou seja, nenhuma das partes está necessariamente interessada em formar jogadores ou em incutir bons hábitos que permitam a um jovem aspirar a ser jogador, mas, é inaceitável que alguns dos treinadores responsáveis pelos treinos estejam obesos (não estão gordos, estão obesos, e alguns nem 30 anos devem ter).

Há igualmente que ter maior atenção à forma dos jovens quando executam os exercícios durante os treinos de modo a evitar lesões. Mas o pior, é sem dúvida a alimentação que permitem a essas crianças e adolescentes; pequenos-almoços com Chocapic e Coca-Cola, almoços com bifes de vaca "encharcados" de molhos e acompanhados de batatas fritas e doces, e jantares em que podem consumir doses industriais de hidratos de carbono (será que isto os conduzirá a uma boa higiene de sono?), em suma uma alimentação péssima a todos os níveis e que pode ajudar a tornar esses jovens em futuros diabéticos quando atingirem a meia-idade. Irresponsável e inaceitável.

Saudações Leoninas,

André Carreira de Figueiredo.

*André Carreira de Figueiredo é o director do jornal desportivo online "Academia de Talentos e que há vários anos acompanha a formação do Sporting.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Braga-Sporting: apontamento de arte Namban num final feliz

Provavelmente o momento decisivo do jogo, quando Tanaka e Nani decidem quem marca o livre
Tudo o que se possa dizer sobre o jogo de Braga fica relativizado pelo espectacular golo de Tanaka e pelo facto de este ter sido conseguido em circunstâncias muito especiais: desde o timing - já com o tempo expirado, e quando todos estariam já a conformar-se com um empate - até ao exotismo que o nome e origem do autor empresta ao momento. Ingredientes de um lance que assim se juntará a muitos outros pedaços épicos da nossa história que fará com que o "lembras-te do golo do Tanaka?" venha a fazer parte de futuras conversas.

Como é óbvio a importância deste golo será maior ou menor consonante venha a ser a história que a equipa escreva neste campeonato. Todos obviamente que desejaríamos que, na sua importância, figurasse ao lado de outros, como por exemplo o inesquecível livre de André Cruz a Vítor Baía. Enquanto aguardamos para saber em que prateleira da memória futura figurará, fica a certeza no presente da sua enorme importância. Este é o momento em que atingimos o pódio no presente campeonato e que entendo assim repor alguma justiça, tendo em conta o futebol praticado pela equipa na competição.  Justiça na apreciação interna e  externa às prestações da equipa.

Aproveitando o título do post, ficam uma série de apontamentos que decorrem do jogo:

- Entrada difícil no jogo, devido à falta de profundidade do nosso futebol. Quase todas as jogadas morriam algures no meio-campo, João Mário com muitas dificuldades em ligar, como lhe competia, o jogo. Recuperou na segunda parte, especialmente nos primeiros vinte minutos infernais de bom futebol e desperdício. Mérito do adversário e inadaptação nossa às circunstâncias, o que seria rectificado no segundo tempo.

- Uma nota importante: o Sporting a não conseguir explorar a defesa muito subida do Braga, nem nunca o tentou fazer, explorando a profundidade. No fundo não  conseguiu impor o sofrimento que muitos outros já nos fizeram sentir no passado. O jogo decorreria na sua totalidade sem conseguirmos usar essa arma, o perigo e oportunidades criadas tiveram nascimento registado a partir das alas.

- Muito erros individuais (as de Patrício e Maurício causaram calafrios) e perdas de bolas acentuaram o nosso sofrimento na primeira parte, uma vez que favoreciam as transições do Braga, onde este se sente confortável. 

- Nota para a estabilização do processo defensivo com a dupla Oliveira-Mauricio, com um jogo muito competente do primeiro no geral e o jogo imperial de cabeça do segundo, que não terá perdido nenhum lance. Jogo igualmente muito competente a defender de Cedric, o mesmo não se podendo dizer de Jefferson, a quem Pardo impôs respeito, expondo as principais dificuldades do seu jogo.

- Progressiva melhoria e acerto com o decorrer do jogo, com o Sporting a terminar a primeira parte a anunciar que vinha aí um vendaval.

- A segunda parte começa de forma enganadora, com Patrício (exceptuando o lance aludido acima, esteve sempre em grande nível, alardeando segurança) a defender um golo certo de Pardo. Os minutos seguintes seriam um desperdício de golos e um vendaval de futebol que encostou o Braga às cordas. Saliência para Mateus, guarda-redes do Braga, por fazer o que devia (até a simular lesões para arrefecer o nosso ímpeto)  embora me pareça que houve maior demérito nosso.

- A importância da eficácia no desfecho dos jogos. Arriscamo-nos a trazer apenas um ponto quando construímos oportunidades para ganhar com tranquilidade. O Braga podia tê-lo conseguido por Pardo, duas vezes, e por Éder quase já no final.

- O momento estranho de William. Um bom jogo, manchado por alguns passes precipitados, num registo completamente oposto à sua marca registada. Mas um jogo a anunciar que o melhor William está de regresso.

- Sem jogar mal Nani acusou falta de ritmo, o que se compreende com a paragem prolongada a que esteve obrigado. O Nani neste jogo foi Carrillo, em grande forma e sobretudo a exibir grande confiança. Confiança essa que é partilhada pelos companheiros, que o procuram constantemente, ao jeito de "toma lá e resolve".

- Nem tudo é bom nos happy endings. Não é fácil ser Marco Silva, ou outro qualquer Jonh Doe que fosse o nosso treinador. Quando o jogo se encaminhava para o seu final com um resultado negativo, o técnico tinha à sua disposição no banco, além de Boeck, Jonatham, Rosel, Tobias, Mané, Tanaka e Lopes. Se o japonês acabou por resolver, tal não deve mistificar o que sucedeu após as substituições: ficamos ainda mais mortos para o jogo do que já estávamos antes delas, perdendo a posse da bola e o controlo do jogo. 

- É certo que André Martins e Capel poderiam oferecer um pouco mais, mas não muito. Há jogadores que são titulares na nossa equipa, ou constam dos habituais dezoito, que dificilmente o seriam no Braga, ou não o seriam de todo. E o contrário também se pode afirmar: há jogadores no Braga que entrariam com facilidade nos nosso dezoito e até disputariam a titularidade. 

- Quando se fala em reforços de inverno este é um ponto que deve estar em cima da mesa, porque é precisamente com o Braga que deveremos disputar o terceiro lugar e o lugar acima, não sendo fácil, não nos está vedado. A saída temporária de Slimani é um por isso também um problema acrescido enquanto durar, ficando por saber quando e em que condições  regressará.

Nota: Já depois da publicação do post recebemos da AAS o seguinte comunicado, que abaixo se publica:
(clique para ampliar)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Bailado peruano descongela as meias

Um instante de magia, ou bailado peruano se quiserem, foi o momento determinante do jogo com Famalicão, e que abriria as portas de acesso à meia-final da Taça de Portugal. Momento bem merecido para aquecer as onze mil almas que, sob um inusitado frio lisboeta, estiveram em Alvalade.

Coisa frias mas boas
O frio marcou a noite, a exibição não foi brilhante, mas deixou algumas boas indicações do ponto de vista colectivo e individual.

Do ponto de vista colectivo saliento a frieza da equipa perante o avançar do relógio sem conseguir o golo, e superando a contrariedade de ter falhado um penalty. A impassividade com que a equipa continuou a jogar sem se sobressaltar foi notória, e um dos principais factores para a obtenção do primeiro e decisivo golo. Obviamente que a equipa do Famalicão, ainda por cima algo desfalcada, não era um adversário temível, mas a história da competição tem tantos registos de gigantes que tombaram inesperadamente que todo o cuidado é pouco. 

Do ponto de vista individual saliência para o regresso de João Mário às boas exibições, mas ainda com aquela macieza nas tarefas defensivas que lhe obsta a afirmação plena. Carrilo deu notas de ter encarrillado definitivamente. Mané está medonho, parecendo ter desaprendido. Oxalá seja aquela fase das borboletas, que são feias antes de nos deliciaram de espanto. Miguel Lopes é um jogador a ter em conta, até para qualquer eventualidade de mercado de inverno que possa tentar Cédric. Tanaka não é o "sol nascente" mas esteve bem. Montero continua-me e encher de dúvidas e não por falta de talento, antes sim de uma muito maior e mais desejável consistência.

Um capitulo especial para Tobias Figueiredo. Chega tarde e nunca irei perceber a preferência dada a Sarr em seu desfavor. Até posso compreender Maurício mas Sarr não. Vai falhar porque todos falham, até o mais pintado, e ele, com a idade que tem, "tem" de falhar. Seria melhor para ele que não tivesse que assumir já tamanhas responsabilidades na equipa principal, podendo evoluir numa equipa de primeira divisão. Melhor para ele e para nós. Mas é melhor em tudo que os outros que têm feito companhia a Paulo Oliveira: mais inteligente, mais rápido, melhor no jogo aéreo e sobretudo melhor num aspecto essencial: compreende melhor o jogo, uma característica/qualidade que marca quase todos os formados em Alcochete. A sua aparição tardia parece quase masoquismo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O processo Marco Silva na Era Eduardiana: vencedores, perdedores e oportunidades

De forma tão inesperada como havia surgido, a crise esfumou-se com um comunicado do presidente Bruno de Carvalho. Digo inesperada porque a generalidade dos Sportinguistas não têm a sorte de receber informação privilegiada sobre o que passa nos gabinetes de Alvalade e Alcochete e não parecia haver nada que indicasse que a posição do treinador estaria em causa. As mais das vezes a informação que nos chega é para nos lembrar que, para ser um bom Sportinguista, há que pagar as quotas, muitas promoções, bem como as demais actividades do clube que, de uma forma ou de outra, acabaríamos por saber.

Sportinguista que se preze está habituado a viver e sobreviver às crises. Esta, além do carácter inesperado acima aludido, teve um tempero especial patrocinado pelo consócio José Eduardo. Quem pensava já ter visto de tudo no Sporting com esta não contava seguramente. Estava inaugurada a "Era Eduardiana" no Sporting, com contornos tão únicos que alguns deles ainda esperam por melhor compreensão.

Esta "Era Eduardiana", trouxe consigo um processo de despedimento de Marco Silva que figurará junto dos piores exemplos do género, só sendo compreendidas as suas razões por quem o iniciou e pelos seus fiéis seguidores. Pior ainda foram os métodos empregues: o lançamento da noticia para testar sensibilidades, seguido de um número de ventriloquia, com vários bonecos em simultâneo, quer nos órgãos de comunicação social, quer nas redes sociais, encarregues da nobre missão de nos revelar a verdade sobre o carácter de Marco Silva, um "diabo entre nós".

É também a era do julgamento permanente do Sportinguismo em função do seu comprometimento com a ordem estabelecida e da negação do direito a outra verdade que não a que é emanada superiormente, geralmente exercida de forma rude e até mesmo grosseira. Onde é que eu já vi isto?

O aparente fim da crise chegaria com o comunicado do presidente, o que veio provar que tinham razão todos aqueles -  a maioria - que pediam um pronunciamento de Bruno de Carvalho. Tendo durado tempo demais, mais valeu ter chegado ao fim tarde do que nunca, pois nada do que se passou em Alvalade teria sido como foi se o silêncio tivesse continuado. 

Digo o fim aparente porque o cumprimento que selaria as tréguas deixa várias leituras, está muito longe de ser tranquilizador, deixando, isso sim, que há ainda por ali muito mato por desbravar. Para lá da interpretação dos sinais, é fácil constatar que as acusações dirigidas a Marco Silva foram demasiado graves para não ter aberto feridas que possam sarar no imediato. Saúda-se para já, e também pela aparência, que pelo menos tenha sido encontrada uma plataforma de entendimento, que evite um desfecho que prejudicaria todos os envolvidos, em especial o clube.

Quem ganhou com este episódio?
Os principais vencedores foram indiscutivelmente os  meios de comunicação social que, num período habitualmente de seca noticiosa como é o Natal, viram o Sporting oferecer-lhes uma suculenta consoada e ainda os presenteou com uma prenda como esta no sapatinho. 

Não posso deixar de considerar que a generalidade dos adeptos do Sporting registaram uma vitória por, ao manifestarem-se de todas as formas que lhes foi possível, acabarem por não apenas defender o que lhes parecia serem os melhores interesses do clube neste momento, como por prestar uma preciosa ajuda a Bruno de Carvalho ao fazê-lo recuar nas suas intenções. É inevitável o paralelismo com a situação vivida com Domingos Paciência e que acabou por marcar o principio do fim de Godinho Lopes. 

Ninguém sabe o que sucederia, mas vejo como muito difícil o sucesso de uma chicotada psicológica nesta altura. Não apenas porque parece evidente que os jogadores confiam no treinador - o que tem sido crucial para que a crise não se reflicta nos resultados - mas também porque há um largo espectro de opinião favorável ao trabalho de Marco Silva que não se centra apenas nos resultados - que no campeonato poderiam ser melhores - mas também nas condições que lhe foram disponibilizadas, nomeadamente o plantel posto à sua disposição. O que me parece estar a ser percepcionado aqui é que o treinador não é o problema, e pode vir a ser parte de uma solução que represente momentos mais felizes a curto/médio prazo.

Há quem aponte Marco Silva como vencedor, a mim parece-me apenas que o é a prazo e em circunstâncias muito especiais. Terá reforçado a sua imagem como líder de um grupo de trabalho, as suas qualidades técnicas continuam por beliscar. Mas estas pequenas vitórias podem ser também o seu maior problema, porque Bruno de Carvalho e os seus mais acérrimos apoiantes não parecem lidar muito bem com mais do que um protagonista. Se os resultados são sempre fundamentais para aferir o trabalho de um treinador, o caminho de Marco Silva de agora em diante será ainda mais estreito, porque terá sempre uma matilha aos calcanhares a cada empate ou derrota. Se assim for será lamentável especialmente para Bruno de Carvalho, porque teria mais a ganhar com um treinador com personalidade, que o confronte com outras opiniões e visão própria, do que com mais um a engrossar o séquito do "sim, senhor presidente".

Ganhou também com este episódio aqueles que perfilham a patética teoria, que já vi várias vezes defendida, de que tudo não passa de uma cabala dos órgãos de comunicação social, e/ou que isto foi uma estratégia adoptada por Bruno de Carvalho para desmascarar os infiltrados, etc, etc. É impossível derrotar este tipo de argumentação porque encontra sempre uma justificação para tudo e para o seu contrário.

Quem perdeu?
Perdeu o Sporting ao ver-se envolvido num processo manhoso, de contornos e protagonistas de filme de quinta categoria. Entre esses contam-se os Eduardos. O Barroso e o José. Para quem tanto apregoava a mudança, este processo figurará como uma nódoa que nos reporta ao pior do que vimos na chamada "Era Roquetista".

É difícil para mim dizer que José Eduardo perdeu porque isso seria considerar que ele teria algo para perder. Não deixo contudo de registar o vexame de, provavelmente, ter sido o primeiro homem a ter que ouvir o que o machismo mais exacerbado tornou célebre: o teu lugar é na cozinha! Mas é óbvio para todos que o que José Eduardo queria conseguiu e isso não era o melhor para o Sporting, mas sim para os seus interesses particulares.

Perdeu obviamente Bruno de Carvalho. Se a sua intenção era, como ficou evidente, despedir o treinador, tomava a decisão e vivia com as consequências. Ao deixar de forma voluntária ou por inacção que o processo lhe saísse das mãos e fosse conduzido por segundas figuras, deu uma fraca imagem de liderança, dando razão aos que desconfiavam dele, aos que não gostavam e alienando e/ou deixando desconfiados os mais moderados. 

Como é óbvio todos temos direito ao erro, incluindo Bruno de Carvalho. Este seria mais facilmente esquecido se o presidente se tivesse demarcado das afirmações de José Eduardo. Ao não o fazer, deixa que a dúvida sobre este processo permaneça e que mais tarde ou mais cedo volte para o assombrar, como sempre o fazem os fantasmas que deixamos debaixo da cama ou o lixo que se esconde sob os tapetes. E claro, gostaria que um presidente do Sporting tivesse melhor conselheiro.

Está ainda registado na memória de todos a ferocidade com que o presidente defendeu o grupo de trabalho perante a mera opinião de Manuel Fernandes, sendo por isso mais difícil de entender que não só não se afaste das imputações graves de José Eduardo, como não desminta quer a sua autoproclamada condição de "ideólogo", "autorizado" ou "mandatado". É que sem o fazer José Eduardo falava por ele. Sem o desmentir fica a dúvida se Bruno de Carvalho recuou porque se sentiu obrigado pelos adeptos, percebendo que a decisão de despedir lhe era desfavorável ao seu projecto pessoal, ou se o fez por convicção de estar a tomar a melhor decisão para o clube.

Nestes âmbito puxo para aqui parte do post do Rui Monteiro, da Insustentável Leveza de Liedson, e que me parece resumir muito bem o que todos esperamos:

Necessitamos de normalidade, de viver habitualmente. Não necessitamos de estar sempre a questionar-nos. Não gosto da palavra estabilidade, mas, se tiver que ser, que seja a estabilidade. Mas que não haja equívocos: o principal responsável pela estabilidade, ou pela falta dela, é sempre a Presidência do Sporting; pelo que faz e diz e, sobretudo, pelos resultados que obtém. Não é desta Presidência em particular. É uma responsabilidade de todas.

Oportunidades
Julgo que a maioria dos Sportinguistas "condenam" Bruno de Carvalho e Marco Silva ao entendimento. A um relacionamento profissional adulto, porque ambos têm tudo a ganhar com esse entendimento. E se eles ganharem ganhamos todos, ganha o Sporting. Apesar das perspectivas no campeonato não serem as melhores, há ainda muito para conquistar e sobretudo permitir o crescimento sustentado do clube, de forma que no próximo ano estejamos mais próximos do Sporting que todos desejamos.

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