A data histórica não foi tão histórica quanto foi almejado mas foi-o a hora: 19:06. Uma excelente lembrança para assinalar a concretização de um projecto há muito ansiado, a Sporting TV.
Não tendo podido estar à frente do ecran nos momentos iniciais, foi o primeiro acto realizado assim que entrei em casa: ligar a televisão e mudar para o canal 35. Um acto que certamente foi repetido ontem, vezes sem conta, com muita emoção à mistura, pelos Sportinguistas espalhados pelo país.
Alguns apontamentos do pouco que me foi possível ver porque, além do adiantado da hora, a emissão de ontem centrou-se na retransmissão da I Gala Honoris, evento a que já havia assistido quase na totalidade, em directo.
- O logotipo resulta muito melhor em execução no ecran do que da forma como foi visualizado, de forma estática, quando foi anunciado.
- Algum nervosismo e algumas pequenas imperfeições - ruídos de fundo nalgumas reportagens, o que nem sempre pode ser controlado e sobretudo em alguns programas pré-gravados e ontem anunciados - nalguns momentos, o que deve ser considerado natural. Trata-se de uma emissão inicial e se é natural que se exija profissionalismo, também o é que se seja tolerante numa fase como a que estamos a viver. A pior coisa que podemos fazer a este projecto, que nos é tão caro, é sentarmo-nos no sofá de caderno de apontamentos na mão, a anotar erros e imperfeições.
- Só quem nunca participou ou assistiu a uma emissão em directo não percebe o que os picos de adrenalina e stress podem obrigar a fazer ou dizer um repórter. Ora, a generalidade dos repórteres seleccionados são jovens e com pouca experiência, pelo que juntar o Wilson com o Carvalho não merece outra nota que não a humorística feita por Bruno de Carvalho, quando foi entrevistado. Provavelmente a repórter também não é muito familiarizada com o futebol, é muito difícil que alguém que o seja cometa o mesmo tipo de gaffe, pelo que, se assim é, a culpa deve ser remetida a quem a colocou lá.
- Há outros pormenores porém, porque podem ser controlados, que merecem mais cuidado. Por exemplo, vários atletas foram entrevistados, alguns deles "à civil", isto é, com a sua própria roupa. Pelo menos um deles exibia um grande logo de uma marca de roupa, a quem acabamos por fazer publicidade de borla. Se isto não é controlável em direto, é-o num programa gravado. A banalização deste tipo de ocorrências acaba por desvalorizar a importância e o poder da imagem da nossa televisão.
- Uma nota lateral para a menção a Moutinho como sucesso da formação. Compreendo a critica pelo lado da emoção e dos sentimentos que o jogador suscita pela forma como saiu e, depois disso, pela forma como se refere ou esquece o clube onde se formou. Mas é indiscutível que Moutinho é um sucesso assinalável para a formação do clube. Ainda há dias vi menções ao jogador pela sua fraca participação no Mundial, é certo, mas inserido num grupo de 50 de quem mais se esperava na competição. Estamos a falar de um jogador que provavelmente se teria perdido noutro clube qualquer, atendendo às suas caracteristicas. Mesmo que assim não fosse, foi o Sporting que acreditou nele, dando-lhe a titularidade desde os 18 anos. Compreendo as dúvidas sobre a referência ao seu nome no nosso espaço televisivo mas o sucesso da formação do Sporting no caso dele é indiscutível.
- A preferência por profissionais experimentados, nestas áreas, paga os seus dividendos. O ex-jornalista da SIC, Nuno Graça Dias esteve sempre muito seguro e em muito bom nível.
A entrevista a Bruno de Carvalho
Foi um presidente diferente do que aquele a que Bruno de Carvalho nos habituou em momentos semelhantes. Devo dizer que este registo me agrada mais e se aproxima mais do que espero de um presidente do Sporting, pelo menos em contraste com o que foram algumas aparições menos felizes dos últimos tempos. E este registo nada tem a ver com um presidente passivo e submisso. E esteve muito bem na forma como relativizou a gaffe mais notória da noite, a já aludida fusão entre Wilson Eduardo e William Carvalho.
Da excepção à apreciação positiva da prestação do presidente deixo 2 notas:
Missão Pavilhão
O presidente referiu-se ao passado afirmando que o pavilhão só não existia porque não o quiseram construir porque "quiseram transformar este clube num clube de futebol". Uma generalização que não me parece justa nem respeita o rigor histórico que documenta a (i) perda do pavilhão, nos anos 80, ainda com João Rocha na presidência, (ii) a perda da Nave, com a demolição do velho Alvalade até à (iii) transformação do pavilhão projectado para o novo estádio num polidesportivo, para se ir atrás das mais de 50 mil pessoas de lotação para podermos albergar uma meia-final do Europeu e uma final da UEFA, de triste memória. Muitos erros de avavaliação cometidos que conduziram ao estado actual mas nem todos pela razão apontada por Bruno de Carvalho.
Não tenho falado propositadamente sobre a Missão Pavilhão. Mas lembro que, do que Bruno de Carvalho recebeu em mãos pouco ou nada foi alterado. Lançar a obrigação para cima das costas dos sócios e adeptos é muito menos que os serviços minimos. O pavilhão não tem projecto constituído, não tem financiamento, duas responsabilidades dos corpos sociais, que têm que fazer muito mais do que lançar um peditório. Da forma como está dificilmente não estará condenado ao insucesso.
As criticas às televisões dos outros
As criticas deixadas às televisões dos nossos rivais pareceram-me imprudentes e desajustadas.
Imprudentes porque estando nós a começar estamos obrigados a produzir ao mesmo nível para nos podermos colocar num plano de podermos atirar pedras para os quintais dos outros.
É por isso que me parecem desajustadas as criticas. Quer FCP quer SLB souberam criar condições para a realização das suas TV´s que se ajustam às suas necessidades.
O FCP soube contornar muito bem as dúvidas que se colocavam sobre a viabilidade de um canal exclusivo, por eventual falta de audiência que o justificasse. Associando-se ao Porto Canal, encontrou um espaço para a difusão institucional na plataforma TV sem grandes preocupações com logistica, beneficiando inclusive de uma imagem já instalada e reconhecida.
O SLB, depois de um começo cheio de altos e baixos no que à qualidade dos conteúdos diz respeito - um caminho que vamos ter que fazer obrigatoriamente com muito melhor nível, o que está longe de estar garantido - soube encontrar uma forma de alargar o alcance das suas emissões a uma clientela mais generalista, com a conquista do espaço que lhe abrem as emissões dos jogos da Liga Inglesa. Um passo ousado que lhe assegura a liderança das audiências dos canais deste género e de forma muito segura. Falta saber se a ousadia pagará o investimento, mas essa é a última das minhas preocupações, claro está.
E não ficou bem a Bruno de Carvalho menosprezar as transmissões directas dos jogos da nossa principal equipa. Nas razões aduzidas (Não acreditamos propriamente no modelo em que os clubes transmitem os próprios jogos até por uma questão de coerência. Se queremos rigor e verdade desportiva, não nos parece que para esse rigor seja bom os clubes fazerem a transmissão dos próprios jogos) faltam precisamente a coerência porque vamos transmitir os jogos da equipa B em casa e só não fazemos o mesmo fora porque não temos licença para o efeito. E precisamente hoje, vamos transmitir em diferido o jogo da Taça de Honra, numa subalternização à Benfica TV que me parece indesejável.
Depois é bom lembrar que, nos anos que já levam de transmissão, a SportTV está longe de ser uma referência de rigor e verdade desportiva. Nos comentadores que selecciona e nos comentários que estes produzem e até nas imagens que selecciona.
Convém acrescentar que serão precisamente as transmissões dos jogos do Sporting pela SportTV, ou de outro canal que as venha a produzir no futuro, que o Sporting enfrentará a mais dura concorrência e a mais difícil de contrariar. Quando o Sporting jogar, as audiências da Sporting TV estarão naturalmente às moscas, sendo de esperar que figuras tristes e lamentáveis produzidas pela Benfica TV em momentos idênticos, que hoje engrossam o anedotário nacional, não se repitam no nosso canal. Mas convenhamos que não é fácil ser o responsável pela programação nesses momentos.
Realmente este blog não sabe ver o copo meio cheio... Nem um destaque acerca dos belos decotes das apresentadoras da Gala??
ResponderEliminarBrincadeiras à parte, bom post!
Obrigado.
LdA, grande post. Como habitualmente, concordo com tudo, com uma pequena exceção (que também já vem sendo habitual, mas não ligue: é mesmo só para poder dizer mais qualquer coisa!): não considero subalternização à Benfica TV transmitir o jogo em diferido. A verdade é que quando o Benfica fez a sua proposta à AFL, o Sporting nem TV tinha no ar. Nem a certeza tinha de que a ERC autorizava o canal antes da Taça de Honra. Repare que estreámos ontem e é hoje o primeiro jogo... Parece-me tudo normal (obviamente admitindo que na AFL tudo se passou também de forma normal). Acredito que no próximo ano se possam juntar e fazer uma proposta conjunta, seria do mais elementar bom senso.
ResponderEliminarAcrescento ainda um ponto ao tema da transmissão dos jogos em direto: reconheçamos, ainda que por mera hipótese, que o Benfica foi efetivamente inovador e que o futuro passa mesmo por ali. Admitamos por 1 minuto que muitos adotem este modelo por essa Europa fora. Provavelmente, podemos acabar a fazer o mesmo. E também lhe digo que se forem vários a emitir, não me parece especialmente complicado criar algumas regras para contornar as limitações invocadas.
SL
Apesar dos atrasos, que podiam e deviam ter sido evitados, a TV Sporting é um facto, e isso constitui uma grande vitória, em primeiro lugar do Sporting, e depois de BdC e da sua equipa que transformou um desejo antigo dos sportinguistas, principalmente daqueles que residem longe e não tem possibilidade de acompanhar as modalidades ou a formação, em realidade.
ResponderEliminarDito isto, tb me parece prematura e pc sensato que quem tem apenas pcs horas de emissão, ouse logo produzir críticas à concorrência. Mas é assim o estilo do presidente, não há nada a fazer...
Sobre o pc que tive oportunidade de ver, percebi que a Gala Honoris Sporting, teve dois apresentadores que se portaram mt bem, para quem se estreava em directo e duas "Leoas", vistosas, sim senhor, mas mt inseguras... Enfim, valeu pela notória mais valia estética que as meninas trouxeram ao evento! :) Tb me pareceu que o Pedro Fernandes esteve melhor que a Joana Cruz, o que é natural dada a diferença de experiencia na TV entre os dois. A Joana é mais locutora de rádio…
Infelizmente, para quem trabalha e tem outras responsabilidades familiares como é o meu caso, não deu para ver mt mais, apenas a entrevista parcial a BdC e confirmo a boa ideia que tinha do Nuno Graça Dias, sempre mt ponderado e assertivo. Sem dúvida uma excelente contratação para a SportingTV.
Concordo que a execução sequencial do logótipo e o efeito que vais produzindo no ecrã enquanto aparece, cheio de dinamismo, está mt bem conseguido quer técnica quer esteticamente. A coisa resulta mt bem.
A "Missão Pavilhão" está realmente condenada a variar entre um insucesso entrondoso a, no máximo, um sucesso mt relativo... E isto, no meu entender, deve-se à falta de informação crucial que leve a malta a acreditar na tal Missão. Hoje em dia, mais ainda com com a crise de recursos financeiros com que as famílias se deparam, não basta apelar ao coração (sentimento), tem que se conquistar as pessoas com recurso à racionalidade e à confiança, isto é, com informação. E há mt informação crucial sobre o pavilhão que pura e simplesmente não existe...
De qualquer forma, o dia 17 de Julho fica para a história do SCP, como um dia que merece ser recordado.
Virgílio, não creio que com mais informação houvesse mais adesão. O momento não é bom para uma iniciativa destas. Isto no pressuposto de que a própria iniciativa faz sentido. Admitindo que sim, creio que BC, neste ponto, menosprezou o estado em que o país se encontra e sobrevalorizou o estado de graça.
ResponderEliminarNão queria trazer isto para aqui mas parece-me essencial insistir neste ponto: enquanto o discurso oficial atacar para dentro para agradar a uma minoria ruidosa (que faz muito barulho na blogosfera mas não é, está muito longe de ser, o Sporting - o dos sócios, o dos que vão ao estádio, o dos que estão lá mesmo em 13º a perder em casa com o Paços de Ferreira), este presidente não vai poder contar com todos. E se todos já somos poucos, imagine-se quando só muito poucos desses poucos alinham neste tipo de iniciativa.
O discurso para dentro tem que mudar. E vai mudar, acredito que BC é um homem inteligente e percebe que está a capitalizar nos radicais mas a alienar muitos outros. Ontem gostei muito de ouvir BC e espero que seja um primeiro passo no sentido de um discurso (para dentro) mais conciliador, mais unificador e que não exclua nenhum sportinguista.
Para fora, continue a partir a loiça (evitando escatologias, se possível).
Já eu subscrevi obviamente porque alinho nestas cangalhadas todas. Já recebi a camisola, mas sou algo supersticioso: fiz o ano passado todo com a camisola do andebol e não correu mal, vou insistir!
Foi efectivamente uma grande noite. Embora já tenha visto parte da Gala Honóris no dia 1 de Julho, voltei de novo a rever a mesma desta feita com um olhar diferente.Efectivamente as nossas colaboradoras são efectivamente muito fraquinhas, já o Tiago e o Pedro Fernandes, (o da SportingTV), não o apresentador que tem o mesmo nome, digamos que tem uma margem de progressão no sentido de evoluir de forma agradável. Foram visível as tremedeiras nas entrevistas, houve até algumas em que nem o nome do entrevistado era mencionado, e depois a nossa loira trocar o William por Wilson Carvalho, foi a cereja em cima do bolo.
ResponderEliminarMas tudo é desculpado, porque finalmente uma das promessas de BdC, foi cumprida, e se Nuno Graça Dias coordenador da estação é uma mais valia, não posso deixar de mencionar, Pedro Costa, director do canal de televisão do clube de Alvalade, um profissional de grande nível, tendo sido o mentor e inspirador de grandes programas da SIC.
Por último apenas dois apontamentos negativos, não me lembro de ter visto um anúncio de programação, (é usual dizer-se, rodapé), apresentado no topo do ecrã, será uma inovação? O outro trata-se do seguinte, a Gala Honóris foi apresentada como gravação, eu pergunto, não seria possível identificar com o nome todos aqueles que os nossos entrevistadores escolheram para comentar, colocar o nome em rodapé, porque nem todos são conhecidos, e dou como exemplo o Ricardo Candeias, foi sistematicamente tratado pelo nosso "guarda redes", pois tudo aponta que se devem ter esquecido do seu nome.
Saudações Leoninas
Aspectos a melhorar na Sporting TV são:
ResponderEliminar1) Cumprimento do horário e da grelha da programação. Para fidelizar o telespectador é preciso previsibilidade. Se quando este sintoniza a a estação vê um programa completamente diferente do que estava anunciado, fica baralhado e muda de canal, acabando por se desinteressar.
2) Devido à ausiência de publicidade há uma repetição muito irritante dos mesmos teasers entre os programas.
3) O som nos comentários aos jogos não é o melhor.
4) As transmissões em diferido também têm de conter o tempo de jogo.
Há mais situações mas certamente que os responsáveis também o detectaram. A equipa, com excepção do excelente Nuno Graça Dias, não tem experiência e por isso também está em "formação". Com o nosso apoio será cada vez melhor. Esta é a Sporting TV e é do interesse dos Sportinguistas que tenha êxito para que possa ter cada vez mais recursos para que possa ir aumentando a qualidade da programação.
Programação que nesta altura é muito limitada devido ao período de férias. À medida em que as modalidades voltarem ao trabalho haverão mais conteúdos para a TV e também informação para divulgar. Nessa altura de certeza que já não haverá tantas repetições, especialmente dos jogos da época passada. Se a Sporting TV tivesse arrancado no dia 1 de Julho ainda seria pior. Se agora há pouca actualidade informativa e tantos aspectos por limar, imagine-se o que teria sido se tivesse começado três semanas antes...
Da programação que vi, e ainda não conseguir ver a maior parte dos programas, gostei muito da entrevista do Carlos Lopes (apesar do ruído irritante das cadeiras de madeira em fundo...). Apesar das suas origens humildes, foi importante ouvi-lo explicar como a chave do seu sucesso foi saber correr. E saber correr não é correr mais depressa do que os outros, é correr com inteligência: estudar os adversários; conhecer os percursos; conhecer o seu corpo, com as suas forças e limitações; principalmente, planear a carreira. O atletismo tem muito mais que se lhe diga do que eu pensava, e aprendi isso com o Carlos Lopes na Sporting TV. :)