Uma boa vitória a que o Sporting conseguiu ontem, trazendo para casa o 29º troféu, honrando assim os seus pergaminhos nesta competição. Uma vitória justa porque o Sporting esteve quase sempre melhor do que o seu adversário, tendo sido a única equipa a criar verdadeiros lances de golo no decorrer da partida. Com mais espaço para jogar do que no jogo anterior, o Sporting foi uma equipa sólida, esclarecida e solidária.
A falácia da "equipa do ano passado"
A indiscutível superioridade do Sporting sobre o o seu adversário será hoje sucintamente explicada por, na composição da sua equipa principal, se ter apresentado apenas um reforço, tendo, por isso mantido a sua estrutura e ter sido esta que lhe permitiu chegar à vitória. Ora há alguma verdade nesta avaliação, mas não é menos verdade que o aproveitar dessa identidade, da base do que de bom foi feito o ano passado é um sinal de que trabalhou bem nestas duas semanas que passaram. Esse mérito de Marco Silva terá que ser reconhecido, não só porque se conhecem tantos casos em que novos treinadores foram incapazes de realizar o mesmo trabalho, como também é claro, sobretudo no jogo de ontem que, se os jogadores são os mesmos, a forma como jogam já não o é inteiramente.
As promessas
Foi o melhor do que o jogo de ontem permitiu ver: a promessa de uma equipa interessada em dispor de bola mais tempo, sem se lançar imediatamente no ataque, procurando as melhores soluções. Marco Silva mantém mais ou menos o mesmo critério de Jardim no que diz respeito à forma como a equipa sairá a jogar, encaminhando o jogo pelas laterais, expondo-se pouco ao risco de perder a bola em zonas centrais. (Para se perceber melhor o que isto representa reveja-se o jogo Brasil-Alemanha.). Provavelmente os centrais serão mais vezes chamados a desempenhar funções nos momentos de iniciar o ataque, que só ocorrerá havendo linhas seguras de passe. Ontem, à falta de alternativa a bola ia para Boeck, que lançava longo, o que não é particularmente eficaz e requererá outra solução.
Do ponto de vista individual confirmou-se a boa presença de Rosell, embora ontem mais condicionado na acção que no jogo anterior, a subida de produção de Adrien, a segurança de Dier, a simplicidade de processos de Mauricio e a qualidade técnica de Montero, pese a eficácia ainda arredia. Para o fim a boa forma física e anímica de André Martins a pedir mais jogo, o que, descaído apenas sobre a direita e tão adiantado no terreno, não terá. João Mário é um sério concorrente, embora não disponha da mesma velocidade, sendo contraproducente pedir-lhe que faça as mesmas correrias que faz Martins. Uma luta interessante.
As dúvidas e os problemas
Se se tratou de uma vitória importante e interessante não se pode deixar de considerar o seu carácter relativo. O adversário não é exactamente o que será daqui a um mês, quando se iniciar a competição, faltando saber se, da nossa parte, é ainda possível crescer mais. Às diferenças notórias de um jogo para outro não são alheias os adversários. Se mesmo este Benfica é equipa para nos causar mais, muitos mais problemas, que o Belenenses, não é menos verdade que procura muito mais do jogo e isso oferece-nos muito mais oportunidades e espaço que 3 linhas de jogadores atrás da linha da bola à espera que joguemos e sobretudo que erremos.
Porém, a maior parte dos nossos jogos, em casa e fora, serão deste teor e no sucesso ou insucesso do plano de jogo para o contrariar jogar-se-á a nossa sorte no campeonato. Para tal, e tendo em conta o que acima foi dito sobre o que parece ser a vontade de Marco Silva, ficam muitas dúvidas sobre a qualidade individual de que dispõe no plantel para o último terço.
Para assumir o jogo e ter bola Marco Silva precisa de criatividade, capacidade de execução rápida e qualidade técnica que, neste momento, estão apenas asseguradas por Carillo, que não é propriamente fiável, Mané de forma parcial, porque é um jogador em crescimento e Montero. Capel parece querer ficar-se pelas paralelas às linhas, desconsiderando a importância de sair em direcção ao centro. Shikabala e Gauld ainda não mereceram a confiança do treinador, constituindo-se as grandes incógnitas. Se a sua qualidade de trato da bola parece não oferecer dúvidas, estas parecem centrar-se na forma como a reverter em favor do colectivo e em desfavor do futebol de circo, em particular no caso do egípcio.
O maior problema que pode ocorrer neste momento para Marco Silva, e ele verbalizou-o ontem, é perder jogadores fundamentais. Ora esses são os titulares do ano passado. Se esses jogadores fossem os que ainda estão de fora - Rojo, Patricio Silimani - parte dos problemas estariam resolvidos uma vez que , não tendo ainda participado nos trabalhos, a sua ausência tenderia a provocar menos abalos. William não entraria na equação, mantendo-se mais um ano.
Ficaria outro problema em aberto, que seria a sua substituição. Paradoxalmente para muitos, seriam para mim os problemas de mais fácil resolução, desde que houvesse critério e a felicidade indispensável. A defesa tal como está já parece capaz dos serviços mínimos. Boeck dá segurança e as características de Slimani levantam muitas dúvidas de aplicabilidade no que parece ser o modelo de Marco Silva.
Para fim as dúvidas do costume, sempre que se iniciam as novas temporadas que, confirmadas, se tornam em problemas: a qualidade dos reforços. É ainda cedo para fazer essa avaliação mas, do que se viu até agora dos que foram chamados Rosell é reforço. Slavchev, Tanaka e Paulo Oliveira e Geraldes tiveram participações apagadas, pelo que teremos que aguardar por novas observações.
Sou benfiquista e não tenho qualquer dificuldade em concordar
ResponderEliminarcom esta análise. É uma análise lúcida.
Mas atenção que até 31 de Agosto muita água vai correr debaixo das pontes
E é sempre preciso ter em conta qual a dimensão da ajuda do J.Mendes ao FCP e Braga
Atenção a isso
Com tanta confusão para saber quantos títulos de uma competição tem cada clube acho que vou passar a dizer simplesmente +1 quando ganharmos uma competição...
ResponderEliminarResumindo, temos +1 taça de honra da AFL, quem quiser mais pormenores vá ao museu e conte pelos dedos (é melhor levar uns amigos ...).
Ainda não há intensidade, e seria estranho se já existisse, mas há princípios de jogo e ficou uma melhor imagem neste segundo jogo do que do primeiro. Siga o trabalho.
Ao anónimo anterior, não será ao contrário? O que é que braga e porto podem fazer pelos Jorge Mendes FC, Lda.? É que me parece que de porto e braga já resta pouco naqueles clubes...
E os negócios do Oblak, A.Gomes, Rodrigo e possivelmente do Enzo não foram através do Mendes? Parece-me a mim que se há clube que não está dependente desse empresário, esse clube é o Sporting. Com as vantagens e desvantagens que isso trás.
ResponderEliminarLdA, uma nota de discordância: pareceu-me que a defesa teve sempre a preocupação de sair a jogar, o passe para o Marcelo era o último recurso. Rosell inclusivamente baixou várias vezes para perto dos centrais para a construção. Aliás comentei com quem viu o jogo comigo que me parecia uma evolução relativamente à época passada.
ResponderEliminar100% de acordo no Capel, chegou a ser aflitivo... como é que um jogador com tanto espaço (que conquistou muitas vezes com mérito próprio!) galga metros e metros em direção à bandeirola de canto! É um dos jogadores que mais jogadas "estraga" naquela equipa...
Nos reforços (exceção feita a Rosell), esperemos então por outras apreciações. Slavchev em particular pareceu "perro". Dizia o mesmo o ano passado do Magrão e dei-lhe o benefício da dúvida. Esperemos que desta feita esse benefício da dúvida resulte mais positivo...
Com o devido pedido de perdão ao André Martins, mas enquanto o Arsenal ou um primo dele não depositar cash na conta do Sporting eu posso imaginar um meio campo composto por, William, Adrien e João Mário, certo?
ResponderEliminarGramavas não era Ronaldo?...
Bom texto Leão, deixando pouco a acrescentar.
ResponderEliminarGostei o compromisso colectivo de todos que participaram neste jogo. Isso foi um ponto muito grande a nosso favor. Destaco Carrilo (bem a desequilibrar, a recuperar bolas em zonas adiantadas e a cobrir as subidas do Cédric), Cédric (grande jogador, embora pareça que tenha deixado de saber centrar - tenho de dar razão ao Koba, neste aspecto), Adrien (para mim o melhor - tem de ficar toda a carreira no Sporting), Dier (havia dúvidas?) e João Mário/Martins (deviam ser um só).
Capel tirou-me do sério. Aquelas corridas em frente com a área toda a descoberto é doença crónica.
Maurício - ainda não foi desta que ganhou um lance ao Derley (de resto esteve bem, mas não é de confiar).
Foi um jogo de preparação, nada mais. Mas a equipa quis vencer e jogar bem, de forma estruturada, coerente e pensada. Só se pode ficar satisfeito.
(tenho tantas dores de estômago ao ver o nosso equipamento: e já o vi ao vivo!! ainda é pior...)
Talisca: tem tudo para ser o novo Petit ou Ávalos.
Cantinho, quem eu acho que pode fazer toda a carreira em Alvalade é o André Martins , o "mercado" considera um handicap a sua altura, eu prefiro a qualidade dos seus pés, neste sentido é quase impossível um jogador como o Adrien não ter uma proposta que interesse a todas as partes e saia. Será muito difícil que se mantenha durante toda uma carreira em Alvalade.
ResponderEliminarLMGM,
ResponderEliminarConcordo! Para mim todos aqueles que são bons (especialmente os muito bons) devem ficar para sempre no Sporting.
Acho que um treinador inteligente vê o pontecial enorme do André. Mas olha que já o vi melhor, e isso preocupa-me. Na (boa) fase de Sá Pinto teve excelente e na 1ª volta da última época também foi muito bom. Que volte a esse tempo. Mas todo ele é Sporting, sem dúvida.
Mas olha que um jogador com a qualidade do Adrien, técnica, entrega e concentração ao jogo (e as suas intervenções aos jornalistas tb não são nada "parvas") não se encontra facilmente. E sair para uma equipa de meia expressão em França, Espanha ou Inglaterra não é futuro que ele mereça. Nem o Sporting deve abdicar dele por pouco.
Ainda acredito nisto:
Patrício
Esgaio; Carriço (Tobias); Dier; Cédric (porque não a def esquerdo? se o André Almeida também o é...)
William
João Mário; Adrien
Martins;
Mané + 1 (Betinho? quem mais? O Postiga mais novo?)
sup: Iuri, Semedo, Pereirinha, Chaby, Luis Ribeiro, Ponde, Gelson Martins, Matheus Pereira, Wallyson
(e o Bruma... que falta faz, tristeza)
Colectivamente:
ResponderEliminarGostei da coesão defensiva. Boeck teve um jogo descansado.
Gostei da fluidez apresentada em vários momentos do jogo, com várias combinações interessantes.
Tb me parece existir alguma evolução face ao que a equipa apresentava o ano passado, com os extremos a tentar jogar mais interior. Com o Carrillo isso foi evidente. Mais tarde Mané tb procurou esses terrenos.
Individualmente:
Gostei do Carrillo. A excepção foi qd, já na 2.ª parte, se agarrou à bola e desatou a fintar td e tds com colegas mais bem colocados. Finalizou ao lado...
Gostei do Adrien, aquele passe para Montero falhar (após tentativa de chapéu) foi excelente. Já antes tina tentado outro passe de rotura, que não resultou por mt pc. Se “calha a entrar”, isolava Carrillo.
Gostei de Rosell, sp mt activo e consistente, com um rendimento constante ao longo do jogo.
Gostei de Montero, a dar sequência aos lances ofensivos. Quase sp a decidir bem, em prol do colectivo. Ganhou alguns duelos na raça.
Por fim, gostei de João Mário que apresentou (sem surpresa) uma gama de recursos técnicos mt além do normal. A (boa) surpresa, foi que me parece bem mais resistente fisicamente e solto que nos jogos que lhe vi o ano passado. É a minha aposta pessoal enquanto jogador que se vai afirmar nesta época que se inicia. O ano passado apostei em Wiliam Carvalho... Era tão bom, se voltasse a acertar!
A 31.ª Taça de Honra já cá canta.
Nota final - achei delicioso a btv nem sequer disfarçar o qt cabeçudos se sentiam no final do jogo. A azia era tanta, que mais uma vez mostraram a educação e o desportivismo que (não) têm, ao não transmitir a cerimónia de entrega do troféu! O comentador “amigo” do melão, calado é um poeta…
Cantinho, talvez pelo facto de os centros lhe terem saído mal, deixou de tentar - e isso é tudo o que peço dele :)
ResponderEliminarPorque com o Montero na área, apoiado pelo Martins e o Capel, um centro do lado direito para a molhada é igual a tentar ganhar o euromilhões com aquelas apostas random de 2€. Pode sair, mas...
Ele ontem combinou com quem por lá andava e gostei disso.
Muito bem lembradas as compensações do Carrillo ao Cedric, excelente
O calendário da Taça da Honra é simplesmente ridículo! Lamento mas não há outra forma de dizer isto.
ResponderEliminarPior só mesmo o mercado continuar aberto já depois do início do campeonato! Há mesmo muita gente interessada em fazer mal ao futebol.
ResponderEliminarLdA, boa análise.
ResponderEliminarMuito melhor o sporting neste jogo em relação ao anterior. Realço, sobretudo, a organização defensiva.
Excelente a dupla de centrais com o apoio constante do Rosell. Os cantos contra nós foram uma tranquilidade. Muito forte a dupla Maurício, Dier neste jogo. Muito bem Rosell e o restante meio campo no apoio. Ontem Rosell "arriscou" menos na organização ofensiva em relação ao jogo com Belenenses. Resguardou-se mais, participando menos nessa fase, pareceu-me.
Adrien, Martins, J. Mario... A qualidade que todos reconhecemos está lá. Óptimo.
Mané ainda desaparecido e pouco dado ao jogo... Mas já nos mostrou a sua qualidade. É uma questão de tempo.
Carrillo. Enfim.. Já o disse aqui. Acho que nunca vou dizer mal do Carrillo. Gosto do miúdo. Reconheço a sua qualidade. Sei do que é capaz de fazer. Tenho uma eterna paciência com este miúdo. Vejo-o diferente com Março Silva... Para melhor. Muito dado ao jogo. Disponível quer no ataque, quer na defesa. Gostei muito.
Montero é jogador de bola e pode oferecer muito mais à equipa do que "apenas" golos. Estes irão aparecer com naturalidade e não me incomoda que ele não os marque se souber dar à equipa qualidade de jogo.
Jefferson, "preguiçoso". Menos disponível! Terá a ver com índices físicos ainda insuficientes?
Outros reforços:
Slavchev esteve um pouquinho melhor em relação ao ultimo jogo (onde esteve mal), pareceu-me bem na ocupação de espaços, recuperação de bolas, uma ou outra boas incursões no ataque, mas com uma qualidade de passe muito abaixo do que esperava dele. Pode ser que sejam só "nervos" da estreia e com confiança e habituação à equipa melhore bastante nesse aspecto.
Não vimos ontem Paulo Oliveira. Acredito que o miúdo possa desfazer as minhas incertezas quanto ao seu valor rapidamente. Espero que sim! Mas uma coisa é certa. Ninguém vai conseguir tirar a titularidade ao Dier. Boas dores de cabeça para o treinador.
Resumindo, excelente jogo treino! Espero ver restantes reforços nós próximos. E acho que preferia que tivéssemos emprestado Heldon em vez de Wilson Eduardo. A capacidade de finalização de Wilson é largamente superior.
SL