Foi com enorme prazer que ontem tive oportunidade de assistir à participação de Jesualdo Ferreira naquele que é talvez o único programa de televisão sobre futebol e em que realmente se fala de futebol. Sem desculpas nem subterfúgios Jesualdo abordou a sua passagem por Braga, demonstrando solidez nos conhecimentos e convicções. Os resultados foram os que todos sabemos mas confesso que, depois de o ouvir, mais me interroguei sobre o que terá levado o presidente do clube arsenalista a trocá-lo por Paixão. Os resultados podem até a vir a ser melhores, o que duvido. Do que não duvido é que, para um plantel em construção e com um lote de bons jogadores como é o do Braga, o clube precisaria mais de um treinador como ele do que o que agora tem no seu lugar.
Algo que também tem escapado à minha compreensão é a forma pouco grata com que vejo aqui e ali alguns sportinguistas referirem-se ao treinador. Há quem provavelmente entenda que o Sporting ficou a dever a Jesualdo aquela que foi a sua pior classificação de sempre. Tal parece-me profundamente injusto quando me parece que, face ao que era a trajectória da equipa até ao momento em que ele assume o comando técnico, o espectro da linha de água era muito mais real que o lugar alcançado no final, conseguindo até que a possibilidade de atingir a Europa chegasse a ser real. Como ele ontem lembrou essa possibilidade foi, por força de erros próprios e de arbitragens em momentos cruciais, tornada impossível.
A impressão que o seu trabalho me deixou foi extremamente positiva e ainda por cima conseguida em condições extremas. Num clube em chamas e a viver um dos períodos mais conturbados da sua história, a análise do seu trabalho não se deve extinguir na constatação do mal-fadado sétimo lugar. No pouco tempo que dispôs foi também responsável pela projecção de vários jovens jogadores com talento, tendo por isso quota-parte na valorização de Bruma e Illori que, por razões conhecidas de todos, optaram por continuar as suas carreiras noutras paragens.
Jesualdo aproveitou a ocasião para explicar a sua saída do Sporting em duas razões principais: estar de alguma forma marcado pelo facto de ser uma escolha do presidente anterior e, face à classificação final, ficar com uma margem de manobra muito limitada face a qualquer percalço. Uma análise lúcida de que poderia prescindir, retirando daí lucros pessoais. Análise também reveladora de que, no curto espaço da sua passagem, Jesualdo percebeu bem as idiossincrasias leoninas.
Quando instado a pronunciar-se sobre a época que a equipa principal tem estado a realizar Jesualdo foi claro: a trajectória não o surpreendeu, o mérito é da administração e de Jardim, por saberem "encerrar-se do exterior" com o plantel. Terminou reafirmando o que já havia dito anteriormente: foi uma honra trabalhar no Sporting!
As razões da minha gratidão para com Jesualdo estavam já mais que justificadas. A forma elevada como se continua a referir ao meu clube, apesar das parcas condições de trabalho que encontrou ao seu dispor, ainda mais a reforçam. O Sporting teve nele um profissional de mão cheia e os resultados do seu trabalho deram disso testemunho.
Engraçado como Jesualdo suscita ainda paixões, quando o seu trabalho foi mediano - na verdadeira aceção da palavra. Não foi nem tão mau que justificasse ódios nem não tão bom que deixasse saudades. Travou o colapso que vinha das eras Sá Pinto e Vercautern mas nunca conseguiu imprimir um mínimo de regularidade no desempenho da equipa. Tendo afastado rapidamente o espetro de uma luta desesperada pela manutenção, acabou por falhar a Europa - que, convenhamos, estava longe de ser um objetivo impossível. A decisão de o substituir foi lógica - e, face ao que sucedeu desde o Verão em Alvalade e em Braga, penso que ninguém contestará que foi acertada.
ResponderEliminarA única coisa que me incomodou na altura foi a incerteza quanto a uma eventual continuidade de Jesualdo ter sido mais uma oportunidade alguns sportinguistas mostrarem a pouca conta em que têm o clube. Sinceramente, espero que se tenha enterrado de vez a conversa indigna do "ninguém quer treinar o Sporting" e "já é um favor que o treinador x nos está a fazer em ficar". Bruno de Carvalho mandou a lamúria às malvas e foi buscar o treinador que quis, provando em pouco tempo que o Sporting continua a ser um clube altamente apetecível para qualquer profissional de futebol. Para mim, essa é a principal lição do episódio Jesualdo.
Excelente, LdA.
ResponderEliminarTudo dito!
Aproveito para, mais uma vez, agradecer a Jesualdo Ferreira. Conseguiu alterar a opinião que tinha dele de forma radical... A vdd é que não simpatizava mt com ele, mas a sua (curta) passagem pelo SCP foi de tal forma marcante que conseguiu convencer-me de que não só é um trinador competente, como é uma excelente pessoa onde o bom senso (qualidade que tanta falta faz no futebol tuga) é uma das suas gdes marcas registadas.
Desejo boa sorte e mts felicidades ao prof. para o resto da sua carreira, com a óbvia excepção caso encontre novamente o SCP como adversário.
Devemos ao Jesualdo Ferreira o facto de o ano passado o descalabro não ter sido maior.
ResponderEliminarTotalmente de acordo.
ResponderEliminarO professor Jesualdo Ferreira foi profissional serio e competente que passou pelo Sporting. Foi ele o grande responsável pelo estancar da crise no futebol. Quando o mesmo assumiu o cargo de treinador o Sporting estava um ponto acima da descida de divisão e com a equipa totalmente descapitalizada e a tremer. Só não fomos a europa porque não nos deixaram.
Obrigado Jesualdo Ferreira.
Sporting sempre.
Do manager Jesualdo Ferreira guardo a sua decisão de lançar 2 jovens na equipa principal sem que tivesse acautelado os interesses do Sporting.
ResponderEliminarFCS,
ResponderEliminaressa teoria é no minimo um pouco vesga face à realidade dos números: O Jesualdo teve poucos meses no Sporting, valorizou a equipa, retirou-a de lugares incómodos, talvez tenha pensado que os superiores interesses do Sporting num dado momento fosse precisamente esse: retirar a equipa da situação em que se encontrava.
Ambos os jogadores tinham vinculo ao Sporting como se provou na venda efectudada. Com isso teve uma quota de responsabilidade no negócio desses 2 jogadores que foi classificado como muito bom. Seria esse negócio possível pelos números que se conhecem pelo que fizeram antes de Jesualdo chegar?
Pode ser uma boa desculpa para alguns mas não foi tanto pelo Jesualdo que os interesses do Sporting não foram acautelados.
FCS, ia dizer precisamente o que disse o LdA e acrescento o seguinte: se um treinador tem no seu leque de opções um Bruma e um Ilori e os entende como necessários para impedir que o clube fique a lutar para não descer de divisão até ao fim da temporada, e mesmo admitindo que deve ter responsabilidades no que respeita à vigência dos seus contratos, deve alertar a administração para a necessidade de utilizar os jogadores e de serem acautelados esses temas. O que certamente não deve fazer é abdicar de utilizar esses jogadores quando o Sporting está a meia dúzia de pontos da linha de água e, by the way, não tem outros no plantel sequer de nível aproximado...
ResponderEliminarLdA, também gostei de ouvir o Jesualdo. Só achei que exagerou na forma como punha o Bruno Prata no sítio. Podia tê-lo feito de uma forma mais subtil. Chegou a fazer pena
Abraços aos dois
Koba,
ResponderEliminaraquilo são contas antigas ainda da passagem dele pelo FCP ;)
Abraço
Koba,
ResponderEliminarEu não falei do Jesualdo enquanto treinador, mas sim como Manager, foi assim que entrou no clube, tendo depois acumulado com a função de treinador.
E como Manager, na minha opinião, parece-me que deveria ter assegurado a renovação dos dois jogadores enquanto ainda era relativamente fácil.
LdA,
ResponderEliminarO meu comentário ficou esquecido?
FCS,
ResponderEliminarAs minhas desculpas, não sei o que se passou, uma vez que fiquei com a ideia que dei ordem de publicação.