Palavras que o vento leva (e traz...)
Sá Pinto tem aparecido sozinho nas conferências de imprensa o que deu azo, e justificadamente, sobre a solidez da sua relação com os dirigentes, em particular com Luís Duque, com quem lida de forma mais próxima e até com Godinho Lopes.
Pude constatar que, no mesmo período, Mourinho vivia também um período complicado e também não vi Florentino Perez aparecer ao lado do treinador, o que me levou a estabelecer um paralelo com o sucedido no Sporting. Como devem os dirigentes comportarem-se perante situações de crise?
A resposta é "lapalissiana", cada caso é um caso. Por exemplo, Mourinho é um eucalipto de raízes bem fundadas, um "one man show" que, ao invés de alguém a seu lado, gere como ninguém as mais variadas situações em que um treinador tropeça ao longo da carreira. É também um treinador com muitos anos de estrada, muito diferente do que sucede com Sá Pinto.
Soube-se ontem que Sá Pinto, Luís Duque e Carlos Freitas jantaram juntos num restaurante em Lisboa. Nem o mais ingénuo dos mortais acredita que o acaso de se encontrarem jornalistas para o testemunhar foi um mero acaso. Assim presume-se que esta foi a resposta encontrada pelos responsáveis para atalhar os rumores cada vez mais crescentes de que Sá Pinto estaria transformado num general abandonado pelas cúpulas, entregue a si próprio.
Actos simbólicos como este valem o que valem. No futebol em particular, o seu prazo de validade extingue-se com o próprio acto. Antes este que nenhum, se com isso se conseguir devolver alguma tranquilidade ao grupo de trabalho que, não vivendo numa torre de marfim, vai lidando, cada um a seu modo, com as ondas de choque de ver o seu líder fragilizado.
Do meu ponto de vista, mais do que as refeições propaladas nos jornais um treinador deve ser respaldado nas conferências de imprensa que antecedem e sucedem aos piores momentos e de preferência não fora do meio natural: Alvalade ou Alcochete. Uma imagem dessas, presenciada por adeptos e sobretudo pelo grupo de trabalho, vale por mil jantares ou por comunicados com mais ou menos retórica.
Actualmente, nos clubes de topo do futebol português, só Pinto da Costa se pode dar ao luxo de poder ver naufragar um treinador sem que o seu esbracejar não o salpique ou, no extremo, o leve com ele. Talvez possamos incluir o Braga, face aos últimos resultados. No caso de uma direcção do Sporting, e desta em particular, o falhanço de um treinador dificilmente lhe permite escapar entre os grossos pingos da borrasca que se instalaria. Daí que qualquer manobra de distanciamento em relação ao treinador está condenada ao fracasso, as suas sortes estão umbilicalmente associadas. E, no caso concreto de um treinador a dar os primeiros passos, a falta de amparo tende a ser mais um factor de perturbação, a juntar ao acumular de maus resultados.
O general no seu labirinto
Só Sá Pinto poderá confirmar ou desmentir a falta de apoio de que se tem falado. Mas, como é bom de ver, admiti-lo é um cenário de pré-ruptura anunciada ou já consumada, havendo, caso suceda, pouco ou nada então a fazer.
Mas, sem poder confirmar ou desmentir as falhas da direcção no apoio ao treinador, e confirmando a ligação umbilical acima descrita, é por ora evidente que Sá Pinto também tem faltado a esta direcção, ao clube que confiou nele e, porque não dizê-lo, a ele mesmo como profissional que necessita de resultados para consolidar a sua carreira.
Como dizia ontem aqui um leitor não é possível olhar para a carreira do Braga sem concluir que, não apenas este ano, tem faltado um treinador que saiba potenciar e reverter num colectivo as qualidades individuais que possuímos hoje no plantel. De forma quase trágica mesmo os que acertaram no clube da cidade nortenha, Domingos, falham em Alvalade. A questão é que para o Braga até o terceiro lugar é bom, para o Sporting é um mal menor.
O que vi em Alvalade no passado sábado deixa-me preocupado e espero ver desmentido já amanhã, seja qual for o resultado. Tal como havia previsto após o jogo com o Gil Vicente, naquelas condições dificilmente voltaríamos a ganhar um jogo, não esperava é que tal se confirmaria tão cedo. Ao insistir num 4x2x4 o Sporting perde a tal segurança de posse que tanto Sá Pinto parecia perseguir e que, sendo um bom principio, não se percebe que possa agora ser abandonado. Dessa forma perde também muita da capacidade de reacção à perda de bola e, sem ela, podemos sofrer golos mas não os marcaremos de certeza.
O problema, no inicio de época, estava na anemia atacante. Agora somou-se a fragilidade defensiva, e a equipa assemelha-se a um sem-abrigo que não sabe se há-de puxar a manta para cima, para tapar a cabeça ao frio, ou para baixo, para tapar os pés gelados. Isto é um problema que compete ao treinador resolver e até ao momento, parece muito longe de o conseguir parecendo agora, nos actos, menos convicto da solução a adoptar. Mas quem tem nas suas fileiras Elias, Schaars, Rinaudo, Adrien, André Martins, Pranjic e Izmailov não devia, não podia, estar sujeito a tanta fragilidade.
LDA
ResponderEliminarNao me vou alongar nos aspectos "tácticos directivos" pois serei sempre toldado pela minha embirração com Freitas. Vou me centrar apenas e só no treinador e as suas escolhas.
Há uma coisa que no meio disto tudo me faz confusão. Jogou-se ate ao encontro com o Gil em 4-3-3 mas sempre com muitas cautelas defensivas e demasiado rigor táctico. De repente passamos para um 4-2-4 não consolidado que abre autoestradas no nosso meio campo. Não poderia ter sido o treinador mais audaz com o seu 433 ? Isto é ter mantido a disposição táctica mas passar a equipa a ser mais atrevida e acutilante? Nao indo pela critica fácil e obvia acho que é a indecisão táctica mas sobretudo um treinador sobre brasas devido ao resultado e acima de tudo um treinador que sabe que esta direcção nunca terá ou fará um compromisso com ele sob o risco de se queimar e ser levada na maré ( um aspecto que bem frisas) , tudo isso esta neste momento a toldar o raciocínio ao treinador levando-o a este risco desmesurado de jogar com 4 avançados. Para mim a solução seria obvia. Regressar ao 433 mas em vez de dois extremos puros , jogar com viola e com um extremo no apoio a Wolf jogando izma nas costas destes 3 e adicionando,Adrien ou schaars na posição 8. E claro ter um jogo de cariz mais ofensivo e soltar as amarras tácticas que a equipa denotava.
SL
Porra, tantos sábios em tatica e afins...
ResponderEliminarÉ só tiros no pe.
Boa noite LdA,
ResponderEliminarConcordo com a intençao do post mas nao consigo deixar de pensar que a narrativa da falta de apoio ao treinador nao deixa de ter como efeito enfraquecê-lo e reforçar argumentos para pedir-se a sua cabeça. Afinal, é frequente vermos quem ataca o treinador, paradoxalmente atacar também a direcçao por nao o defender dos ataques que lhe efectuam.
Depois há outra questao: nao haverá uma réstea de paternalismo, ainda que bem intencionado, no constante pedido de suporte ao treinador? É preciso a direcçao vir dizer a público que continua a confiar nele exactamente porque motivo importantíssimo?
Eu espero que a direcçao continue a confiar no treinador e que lhe dêem condiçoes para fazer o seu trabalho o melhor possível. E espero que o faça. Obviamente, isto implica melhorar e corrigir coisas. Agora: nao preciso que me digam isto numa conferência de imprensa ao lado dele.
Nao creio que tenha havido nenhum ataque do qual Sá Pinto nao se soubesse ou conseguisse defender sozinho nem nenhum insulto que tivesse melhor resposta numa sala de imprensa do que num tribunal. E no fundo, é consensual que o que acalmará as hostes e sobretudo o Sá Pinto, nao é a presença da direcçao publicamente ao seu lado, é uma vitória já amanha.
saudaçoes leoninas,
tiago
Mas quem tem nas suas fileiras Elias, Schaars, Rinaudo, Adrien, André Martins, Pranjic e Izmailov não devia, não podia, estar sujeito a tanta fragilidade.
ResponderEliminarEsta frase diz tudo . Quem tem estes jogadores tem obrigação de mostrar melhor futebol.
Se virmos bem este inicio de época já estava anunciado , e logo no primeiro jogo contra o Charlton. Desde esse jogo , até foi o primeiro da época, isto tem sido péssima exibição uma atrás da outra.
Não há cá paninhos quentes . Isto só vai lá com a contratação de um treinador.Como pode uma equipa ambicionar o que quer que seja sem treinador?
Concordo com o que o tiago disse. É bastante estúpido pensar que se tem de andar atraz da pessoa, aos abracos e beijinhos e a constantemente dizer que se apoia, para que se apoie.
ResponderEliminarDisseram mais de uma vez que têm a confianca no treinador. O treinador ja disse que se sente apoiado. Assunto encerrado.
Querer mais que isso é, ou querer alimentar confusoes; ter uma vida bastante desocupada sem mais nada com que se preocupar; ser esquizofrenico ou muito inseguro; ou achar que as pessoas sao criancas ou atrasadas mentais e que precisam de ser levadas ao colo a toda a hora.
Se calhar tambem levar um copinho de leite ao Sa Pinto depois dos treinos. Seria isso mostrar apoio e preocupacao suficientes para apaziguar os animos?
Tiago,
ResponderEliminarDe forma racional sou obrigado a concordar contigo.
Mas no futebol, tudo o que parece é, tal como na politica.
Se reparares em nenhum momento defendi que os dirigentes deveriam verbalizar qualquer apoio, apenas demonstrá-lo mesmo que de forma simbólica.
Com isso não só se atalhavam os rumores da imprensa, confortavam o treinador, deixando este de ter que responder às perguntas que entretanto lhe foram sendo feitas relativamente à matéria. E foram feitas várias vezes.
Isso seria também uma mensagem forte para o grupo de trabalho e creio um contributo para a estabilidade que não existe enquanto os resultados não chegam.
Como lembro também, a noticia do jantar a 3 não surgiu por acaso, foi a resposta a uma necessidade sentida por quem tomou a iniciativa. A minha opinião é que ela teria melhores efeitos se resultasse de uma presença visivel junto do treinador em Alvalade e Alcochete.
Abraço
Relativamente ao apoio aos treinadores, tb acho que não há necessidade de os directores andarem permanentemente a afirmá-lo publicamente.
ResponderEliminarO q mais me fez confusão em Sá Pinto foi a facilidade com que abandonou as suas ideias iniciais. Então e o discurso do "estamos muito fortes" apesar dos resultados menos positivos serviu, exactamente, para quê? Não foi, de certeza, para mostrar convicção no trabalho e, principlamente, nas opções tácticas que vinham sendo tomadas por si e pela equipa técnica q lidera... Mudança tão radical, não permite q bata a bota com a perdigota, o discurso com a acção... E é esta incoerência que me faz desconfiar sobre o que vai na mente de Sá Pinto, por estes dias. Para já transparece estar muito confuso e isso é muito mau sinal.
O meu 11 para hj (dos q foram convocados) em 442 (4132):
Rui Patrício;
Cédic Soares - Kalid Boulahrouz - Marcos Rojo -Emiliano Ínsua;
Fito Rinaudo;
Jeffren Suarez - André Martins - Marat Izmailov;
Constantin Viola; Ricky Wolfswinkel
Resultado final: 0 - 3
Siga!
Falta um indicador...
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Viola (1)
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Spooooooooooooooooooooooooooting!
Repetir algo que já disse mas enfim, lá vai mais uma vez.
ResponderEliminarNoutras paragens, depois de ser eliminado sem apelo nem agravo com 3 secas, o que fez esse presidente? Sair lado a lado com o treinador que todos queriam correr.
Claro que esta estratégia de apoiar de longe também é boa, resta saber para quem.
FCS,
ResponderEliminarDepois de um final e um campeonato perdidos em cerca de 50min, o Dias da Cunha saiu abraçado a um treinador.
É melhor para o clube que os resultados causem uma ruptura transversal? Estou certo que haverá muitos que entendem que sim. Mas quem entende que sim está mais preocupado em mudar os que estão lá em cima do que em alterar os que estão cá em baixo. É legítimo mas é um aproveitamento da situação desportiva para colocar em causa a situação "política".
Terá de ser o Sá Pinto de ter a humildade de perceber que o caminho pelo qual está a levar a sua equipa não é o melhor e de procurar melhorar a consistência da equipa e (é assim...) os resultados. O problema do Sporting são os resultados. Não é por falta de "apoio directivo" que isso acontece, não são os dirigentes que dão indicações e a sua capacidade de pedir explicações é limitada.
FCS,
ResponderEliminarE para dar o exemplo do treinador que se seguiu ao Peseiro, o treinador seguinte saiu com a estrutura toda do futebol (MRT, Pedro Barbosa, entretanto já tinha saído o Carlos Freitas) e o presidente da altura chorou na conferência de imprensa em que esse treinador teve a presença de espírito para perceber que já fazia mais parte do problema do que da solução. Isso é melhor?
Reitero: o problema do Sá Pinto não é a falta de apoio, é a falta de pontos. E entre os pontos que faltam, faltam muitos.
PLF,
ResponderEliminarOs exemplos que refere são elucidativos do mal que se fazem as coisas no Sporting. Fora isso perco-me um bocado no seu comentário.
Eu não sou dos que quer atingir os de cima. Eu quero apenas que cada um faça correctamente o seu trabalho.
E como sabe, não é de agora que venho a mostrar preocupação com alguns equívocos que vejo. No treinador Sá Pinto mas também nos dirigentes.
Como diz o LdA "no futebol, tudo o que parece é, tal como na politica"
Mas pronto vamos ver se este caminho não vai levar apenas ao apodrecimento de toda a estrutura.
FCS,
ResponderEliminarNão pretendia sugerir que quereria que o Luís Duque ou o Carlos Freitas levassem por tabela ou fossem - como devem ser, a questão é quando - responsabilizados pela sua gestão.
O que pretendia dizer - ainda que forma confusa - é que, recentemente, tivemos 3 "experiências" de saídas de treinadores com vários níveis de "traumatismo". Nenhuma foi boa. Como não o seria dar qualquer "voto de confiança" ou manifestar presencialmente a solidariedade, ou - como fez o JEB - vir dar uma entrevista a referir que falta um clique.
O meu ponto é este: há uma solução boa para isto? É certo que defende menos as pessoas Luís Duque ou Carlos Freitas andar abraçados ao Sá Pinto e que isso seria mais conducente à eventual saída dos 3, em vez da eventual saída de apenas 1 deles. Mas isso seria bom para o Sporting? O Sporting teria de mudar de estrutura dirigente sempre que um treinador tivesse - com azar ou com responsabilidade - uma sequência muito grande de maus resultados?
PLF,
ResponderEliminarQuero acreditar que existe certamente um caminho entre o "treinador-forever" e este distanciamento com medo de apanha lepra.
Dêem as melhores condições possíveis ao treinador, balizem devidamente o que se pretende e apoiem convictamente (e há muitas formas de o fazer) até deixarem de apoiar.
Se se é chegado o momento de mudar, mudem!
Cabe-lhes a eles Avaliar. É difícil? Pois se calhar é... mas é para isso que lá estão.
Já temos 11:
ResponderEliminarRP1
Gelson, Boula, Rojo, Pranjic
Rinaudo
Izmailov, Martins
Jeffren, Viola, Labyad
Não há palavras... Ou melhor, apenas existe uma que ressoa na minha cabeça uma e outra vez: RUUUUAAAA... RUUUAAAA... RUUUUAAAA...
ResponderEliminarVergonha. Pior q os 7 a 1 do Bayern.