Entrevista de Jorge Jesus: o que realmente importa
"Ao fim de um mês quis vir-me embora. Olhei para o que tinha e pensei: mas o que é isto?"
Para que se perceba a diferença olhe-se para as aquisições feitas após o segundo lugar de Jardim, para atacar a Liga dos Campeões (Rosel, Paulo Oliveira, Tanaka, Sarr, Rábia, Jonathan, Slavchev, Geraldes, Héldon, Sacko, Nani, Ewerton) e a que (ainda com prudência pela incógnita do apuramento para Liga dos Campeões há um ano) e a que foi efectuada este ano. Sem dúvida que a chegada de Jorge Jesus representa um momento de viragem no futebol do Sporting.O acréscimo de qualidade é uma evidência consensual e os títulos, que paradoxalmente não chegaram no ano passado, são muito mais do que uma quimera.
"Hoje fala-se muito do plantel que o Sporting conseguiu construir. O inicio de tudo tem a ver com a valorização dos jogadores que já cá estavam. O inicio de tudo tem a ver com as transferências que o Sporting conseguiu fazer."
"Esta equipa tem uma cultura muito própria de identidade de Sporting, pois a grande maioria são jogadores formados na casa. Isso transporta-se para os que chegam."
"O Rui Patrício, Adrien e William já têm muito das minhas ideias. Se fossem transferidos não perderia só o valor desportivo deles mas também o papel que desempenha"
Estas afirmações de Jorge Jesus são antes de mais um acto de justiça para os visados e não menos para a formação do clube, quando ainda se ouve muitas vezes a frase estafada que "é preciso formar jogadores mas também homens".
"Eu em dez meses contribuiu com quatro jogadores (da formação) neste plantel."
"Paulista faz parte de um grupo de jogadores nos quais acredito muito para o futuro do Sporting. Podence, Iuri, Tobias, Geraldes, Palhinha"
A primeira nota vai para o esquecimento de Wallyson neste lote o que, por si só, explica quase tudo sobre a forma como a carreira do jogador foi gerida estes últimos dois anos. Segunda nota para o aviso a Iuri, a quem diz que só talento não chega. Neste lote Jesus inclui ainda Matheus, a quem nega estagnação e identifica como necessário trabalhar mais tempo sob sua orientação. Esgaio merece também referência especial, de quem o treinador estima poder ser o próximo lateral-direito titular.
Do meu ponto de vista se é verdade que o número de jogadores incorporados nos últimos dois anos é bom e que desses metade (Gélson e Semedo) têm sido titulares e inclusive dos melhores, nenhum deles tem ainda consolidado o seu estatuto. A chegada de novos jogadores para as posições que ocupam e a gestão do tempo de jogo que lhes for concedido será determinante para a sua afirmação. Jesus não vê como negativa essa concorrência, no que tendo a concordar com ele. Tal como ele afirma também os jogadores não aprendem só com o que o treinador lhes ensina mas também com o que vêm os outros fazer nos jogos e nos treinos. E, obviamente que quanto maior for a concorrência e a exigência maior são as possibilidade de, com a devida entrega, haver evolução.
"Era bom que me enganasse mas o Sporting perdeu dois pontas-de-lança mas os que chegaram não vão marcar tantos golos como a dupla anterior (Teo e Slimani).
É possível que Jesus tenha razão. Creio que num momento inicial, isto é nos compromissos de curto prazo, o Sporting exibirá muitas dificuldades pois tem uma frente de ataque completamente nova. Talvez possa jogar um pouco com a identidade linguística e cultural, com Castaignos e Dost, contando aí também com Ruiz, que jogou muitos anos na Holanda. Correndo bem, no médio prazo é natural que o modelo de JJ crie oportunidades suficientes para que a eficácia que a qualidade de Dost permite se torne notada. Com um perfil diferente de Slimani, as possibilidades de vermos mais apoios e triangulações ao centro, com jogadores como Campbell e Markovic serem chamados a finalizar são grandes. Creio mesmo que este ano, no computo geral, poderemos ter uma equipa mais goleadora que a anterior, mas com mais jogadores a finalizar.
Dispensei jogadores que não tinham valor para os objectivos e grandiosidade do Sporting.Sei o nível que os jogadores devem ter para a exigência de um clube com esta dimensão.Este é o melhor plantel do que aquele que encontrei, porque nessa altura era a camisola que estava a valorizar muitos dos que cá estavam e não o contrário.Bas Dost? Ser o mais caro não lhe garante o lugar.Trazer Markovic foi uma grande jogada.Rafa não nos interessava.Podence vai ser a surpresaNunca ameacei sair se Adrien fosse vendido.A contratação de Elias não teve a ver com o processo de venda de Adrien.Nunca pensei tirar a braçadeira (Adrien). Não são por estes motivos que um jogador meu deixa de ser capitão.Se qualquer jogador, seja de que equipa for, tem contrato e diz que quer sair... Comigo não funciona assimPresidente puxou ao máximo pelo preço do João Mário.Sporting pode ter perdido qualidade no ataque posicional mas ganhou no contra-ataque
Penso que se trata de uma excelente entrevista. Nao so muito do carvao sobre os atritos entre presidente e treinador e' completamente extinto como se percebem tambem muitas das ideias e dos principios que o norteiam enquanto treinador. Para alem disso com que moral ficarao os jovens visados nessas afirmacoes? Penso que a vontade de mostrar servico estara nos pincaros.
ResponderEliminarParece realmente que o Gauld e o Wallyson nem entram nas contas. Do Wallyson em particular, tenho muita pena, sempre gostei dele.
ResponderEliminarFCS, bem lembrado. Não me lembrei do Gauld
EliminarNão me parece correcto a comparação com as contratações desta epoca porque entraram muitos milhões e saíram 2jogadores fundamentais, se compararmos as contratações da epoca MS com as do ano passado não vejo assim tanta diferença mas realmente JJ fez alguns milagres.
ResponderEliminarA entrevista está interessante veremos o que sai amanhã.
Ace-XXI
Eliminarhá época gastaram-se valores próximos dos 15 milhões, não é propriamente pouco dinheiro. Seguramente que se poderia ter contratado melhor e usado melhor aquele valor.
Há várias coisas a que acho sempre piada neste blog:
ResponderEliminar- Faz-se de conta que Slimani e Montero não foram contratados por esta direcção
- Esquece-se que cepos como Sarr e Maurício até deram lucro
- Assume-se sem restrições que o coitadinho do Marco Silva não foi tido nem achado nas contratações do seu ano
Tiago,
Eliminartinha que vir a conversa do Marco Silva... Acontece que as divergências com o treinador começaram justamente por aí, pelas diferenças entre o que ele queria e o que BdC/Inácio foram buscar. Até aí ganhamos com a troca porque JJ sabe mais de futebol do que todos juntos e não se lhe impingem Sarr's e Mauricios. E o lucro que deram só daria para continuar a comprar... Sarr's e Mauricios,etc. Hoje estamos num patamar diferente, felizmente.
Acresce que se alguém fez de conta foi o Tiago, que se "esqueceu" que a comparação foi feita com os momentos em que preparamos o plantel para a Liga dos Campeões. O Slimani e o Montero já cá estavam.
"tinha que vir a conversa do Marco Silva...", não fui eu que que comecei a conversa, tu é que falaste nas "aquisições feitas após o segundo lugar de Jardim", ou seja, o ano do Marco Silva.
EliminarQuanto ao Slimani e ao Montero, já cá estavam nessa altura sim senhor (o Heldon também, embora o tenhas colocado na lista), mas quantos não achavam que o Slimani e o Montero eram um par de Sarrs e Maurícios? Ou agora vamos fingir que toda a gente já conhecia o Slimani e o Montero e não foram verdadeiros achados desta direcção? Achados que todos nós gostaríamos que o Rosel, o Slavchev e o Sacko também fossem e infelizmente não foram.
E ainda sobre o Marco Silva: "Acontece que as divergências com o treinador começaram justamente por aí, pelas diferenças entre o que ele queria e o que BdC/Inácio foram buscar". A sério, quem é essa tua fonte tão segura que te garante que o início do problema esteve aí? É que já é quase conhecimento comum que o problema surgiu quando o Marco Silva preferiu ficar do lado da Doyen quando começa o problema com o Rojo em vez de ficar do lado da sua entidade patronal.
Intriga-me que ainda se ache que Maurício e Sarr deram lucro. Só o dinheiro que essa gente nos custou na Champions... (Maribor e na Alemanha), que além dos prémios nesses jogos ainda nos garantia os milhões dos 8avos de final.
EliminarPara não falar do prejuízo desportivo que, ao custar pontos, poderão ter custado $$$.
Tiago,
Eliminarquanto a quem falou em Marco Silva está explicado pelo post e pelos comentários, é inutil tentar mudar. Foi justamente por isso que eu não mencionei o nome dele, já sabia que não faltaria quem se desviasse do tema. Sobre o lucro recomendo o que diz o Cantinho.
Sobre o que esteve na origem dos problemas com Marco Silva acredite no que quiser. Nem vou perder tempo porque sei que não mudará a opinião e interessa-me mais o tema do post, que é muito mais importante para o clube na actualidade.
Considerar que erros individuais de jogadores levam a prejuízos económicos é tão demagogo, infantil e desonesto intelectualmente que nem vale a pena tentar rebater.
EliminarTiago
EliminarNão vale a pena porque é inconveniente para a argumentação. Maus jogadores comentem erros individuais com mais frequência, a questão é essa.
E os bons treinadores põem os melhores a jogar (voltamos à conversa de porque jogou o Sarr e não o Paulo Oliveira?) e tornam razoáveis os maus jogadores (o Maurício com o Leonardo Jardim esteve melhor do que com o Marco Silva, não?)
EliminarCantinho,
EliminarFaz-me confusão o seu raciocínio.
Maurício foi útil com o Jardim e foi uma peça muito importante numa equipa fraca individualmente para chegar à Champions. O mesmo Jardim que em detrimento de outros o punha a jogar. O Marco Silva também o fez durante uma boa parte da época. Era um cepo? Sim, mas parece que uns gajos que percebem mais de bola do que nós o punham a jogar. E outros gajos que devem perceber umas coisas também o compraram mais caro do que o comprámos.
Sarr era um cepo, entrou como cepo, saiu como cepo com algum lucro. No entretanto como cepo ele foi escolhido em detrimento de outros para ser titular. Pelo Marco Silva, que não era propriamente um gajo que não percebe muito disto. Esquece-se que eventualmente era um cepo com possibilidade de desenvolvimento que não se confirmou. O golo que marcou contra o Schalke não conta como eventual benefício financeiro?
A direcção do Sporting escolheu uma determinada política há uns anos, não deu o resultado esperado, mudaram. Parece que estamos melhores. Mesmo assim vendeu-se muito melhor que noutras direcções. Qual é o problema?
El Nino,
Eliminaro Sporting ficou mais forte com as contratações de Maurício e Sarr? Foi uma equipa mais forte com eles a jogarem ou sem eles?
A sua venda foi melhor ou pior que a sua aquisição?
Eram melhores do que os jogadores que existiam nos quadros do clube?
Para voltar a falar neles, teria de mencionar Dier e a forma como Jardim geriu a sua presença no 11. Na mesma forma que teria de mencionar André Martins, J. Mário e Carrillo e a forma como este treinador optou por Magrão, Heldon e Capel.
O rendimento desportivo ainda tem de se sobrepor ao financeiro. E no caso dos 2 citados, o rendimento desportivo foi muito fraco. O financeiro (naquilo que não se ganhou) ainda foi pior. Saíram por valores maiores? Ainda bem.
Só que o problema já estava a montante, na contratação (valor pago + comissões + prémios + ordenados) e na recorrente utilização (pontos e $$$).
Cantinho,
EliminarO Sporting a partir do momento que tem um treinador que escolhe Maurício em detrimento de outros jogador é porque tem, na sua ideia de jogo e no acompanhamento dos treinos, o conhecimento técnico que com ele a equipa é mais forte. O mesmo Marco Silva fez com o mesmo Maurício e com Sarr até ver o óbvio, que não ia ficar melhor. Não está aqui em causa se para mim são melhores ou piores, mas sim a escolha do treinador em função do tal rendimento desportivo.
Enfiar o argumento que a utilização destes jogadores teve razão directa nos resultados finais e em prémios por reclamar é para mim, desculpe lá, muito leviano. Desde quando um treinador escolhe um jogador para enfraquecer o colectivo? Este raciocínio é me estranho.
Para mim eram jogadores limitados, havia outros melhores no plantel.
Se infere numa potencial utilização dos jogadores
Apesar de não gostar deste nível de exposição, ainda mais a órgãos de comunicação social dirigidos por Farinha estragada, gostei bastante da entrevista porque tinha muito Sporting.
ResponderEliminarGostei, até aqui:
http://www.record.xl.pt/entrevistas/detalhe/jorge-jesus-o-benfica--quer-correr--com-o-luisao.html
Isto são tiros nos pés e demonstra que os erros do passado ainda estão por aprender.
ps: o Gauld esqueçam. Para o ano (ou já em Janeiro) é vendido para a Grã-Bretanha onde vai começar tudo de novo.
Cantinho,
Eliminarconcordo inteiramente. Isto vem de encontro ao que penso: neste momento, como o treinador que temos e com o plantel à disposição a possibilidade de não ganhar tem sobretudo a ver connosco, com o que vamos conseguir fazer e com os erros que consigamos evitar cometer. Conto ainda hoje ter a apreciação à segunda parte da entrevista.
Leão,
Eliminarexactamente. Nós somos uma parte importante no nosso (in)sucesso. No entanto, não podemos esquecer que o futebol não se pratica somente dentro das 4 linhas. Cá fora, estes "tiros nos pés" são uma pequena parte de um todo que envolve muito mais armas contra nós: vouchers, poder na Liga e FPF, CS, castigos, calendarização a pedido, sorteios suspeitos, etc.
Isto tudo é factual.
um abraço
Na realidade não foi nada diferente do que nos habituou: muito "eu", referências ao Benfica, "puxar saco" ao presidente, e pronto.
ResponderEliminarFaltou dizer que sendo o treinador mais bem pago em Portugal valeu zero títulos. Faltou dizer que Marco Silva com muito menos dinheiro mas com mais aposta em jogadores da formação ganhou uma taça de Portugal. Faltou explicar porquê que no final de julho garantiu Podence, Iuri e Palhinha no plantel e afinal nem um por lá ficou. Sobre Rafa, a mentira (colectiva) até podia chegar longe, não fosse o facto de hoje ser público o e-mail que prova o real interesse no jogador.
Resumindo: acho que não aprendeu nada com a época passada.
Falta dizer também que Marco Silva, o desgraçado a quem não foram dadas as condições que 1 ano depois foram dadas a JJ, num contexto onde as restrições orçamentais ainda eram fortíssimas, tinha no seu 11 base 6 ( SEIS ) jogadores titulares da agora selecção campeã da Europa.
EliminarFalta dizer que JJ herda um plantel que perdera Nani e Carrillo, provavelmente os 2 melhores jogadores da época anterior e que não teve William nos primeiros meses da época, tendo que readaptar Adrien para a posição 6.
Falta dizer que Marco Silva estava fora da luta pelo título na altura do Natal.
Falta dizer ainda que Marco Silva começou a época com Maurício ( boa época no ano anterior) e Sarr, mas tinha Oliveira e Tobias e até Semedo nos quadros. As escolhas podiam ter sido outras, mesmo que não fossem grandes escolhas na altura.
Nuno Bispo,
Eliminarrestrições orçamentais fortíssimas mas gastaram-se cerca de 15 milhões em aquisições, das quais não se aproveitou praticamente ninguém.
As aquisições centraram-se em jogadores jovens, muitos de campeonatos periféricos e portanto com perfil de risco, com salários que pudessem caber dentro de um orçamento muito limitado.
EliminarDiscordei na altura da opção e do trabalho do Sporting no mercado, defendendo bem menos entradas e apostas em jogadores com condições de serem mais valias no imediato, mas a margem era muito mais curta que no ano posterior.
Só Teo, que veio com JJ, fazendo as contas para três anos de contrato e somando os custos assumidos, representou um compromisso de 12M ( custo de aquisição mais comissão anual mais salário).
A JJ foi-lhe dado um poder e capital de confiança que com toda a naturalidade Marco Silva não tinha e não tem ainda, mas apesar dos custos associados, convém relembrar que no 11 base de Marco Silva e no 11 base de JJ, de uma época para a outra e até Janeiro dos anos em causa, saiu Cedric e entra JP, sai Maurício e entra Naldo, sai Nani e entra Ruiz, sai Carrillo e entra Teo. Sendo que JJ não teve William durante meses.
A pergunta que fica é, pelo menos em termos da equipa titular... qual dos 2 cenários preferiam?
LdA, se calhar o MS deveria ter pressionado para ter outros jogadores, se calhar deveria fazer mais com aquela equipa do que ter aquele futebol básico, se calhar deveria mostrar total apoio à direcção. Tanta coisa que deveria ter feito melhor... até o LJ foi MUITO melhor.
EliminarFoi tanto melhor que chegaram cá, pagaram e levaram o treinador que saiu a bem do Sporting.
Honestamente não percebo como ainda há uma espécie de desgosto de alguns em relação à saída do MS.
O JJ tem muitos defeitos, mas porra, não há cá não defender TODAS as partes do Sporting. E quando tem críticas é para dizer por onde se vai melhorar.
E em termos de futebol nem se fala.
Já agora, se ganhar uma Taça contra o Braga (ainda por cima que quase caiu do céu, ou eras um dos que acreditava aos 80min?) é mais difícil que ganhar uma Supertaça ao benfica eu vou ali e já venho.
Anónimo,
Eliminarpara mim não há conquistas fáceis. Eu acho que o JJ é muito melhor treinador, pelo menos para já, que MS e é o que melhor nos podia ter acontecido.
Mas não sou ingrato e esta "fúria" toda contra MS é pelo menos isso, para não dizer outra coisa. A verdade é que o Sporting em circunstâncias muito adversas conseguiu ganhar ao Braga. Algum mérito tem que ser atribuido ao treinador que o conseguiu, mantendo a coesão do balneário apesar do que se passava em torno do treinador, que é a primeira pessoa a quem reconhecem autoridade.
Acontece que com Jesus fomos eliminados da mesma competição e a única coisa que caiu do céu foi a eliminação.
Gostei da entrevista, mais da primeira parte do que da segunda. Achei particularmente de mau gosto a referência ao "caso Luisão" e as comparações do capitão_Luisão com o capitão-Adrien. Gostei da forma como JJ defendeu a posição de Adrien, depois do processo que culminou na sua permanência.
ResponderEliminarHá um lado egocêntrico em JJ que é fruto da sua personalidade. É o preço que se paga -preço não financeiro - pela sua capacidade de treinador. Para termos do nosso lado o melhor treinador português da actualidade, há preços a pagar que não são discutíveis. JJ melhorou muito a qualidade do futebol da equipa e, naturalmente, valorizou muitos dos bons jogadores que já cá estavam. João Mário já cá estava -regressara em Janeiro do ano anterior e fora titular - e com JJ potenciou todas as suas qualidades. Mas, a sua formação/valorização é uma longo processo no qual JJ interfere na parte final e para a qual contribuiu também - na parte financeira dessa valorização - a vitória no Euro 2016.
Gostei da referência aos jovens e lamento as omissões pelo que elas significam. Gauld e Wallyson, sobretudo. Percebeu-se que JJ sabe muito bem que a maioria dos sócios do Sporting encaram com maus olhos a dispensa de Iuri. Daí a necessidade de dedicar umas linhas ao jogador, acusando-o -foi isso que aconteceu - de falta de intensidade, de não ser um jogador capaz de lidar, ainda, com a exigência e com a pressão. O Iuri que eu vi o ano passado foi a antítese desse jogador: o jogador que mesmo contra os adversários mais fortes nunca se escondeu do jogo, assumindo a liderança da equipa, fosse na Luz ou no Dragão. Vamos ver como este dossier se desenrola.
Gostei da forma como JJ enfatiza a boa gestão da venda dos activos feita pelo Presidente e de como sublinha a correlação entre o sucesso desportivo e esse sucesso financeiro do qual depende a viabilidade do clube. Gostei menos da comparação com o que acontecera no Benfica, porque de todo não foi a mesma coisa. Na Luz nunca houve um João Mário para vender, um Adrien ou um William Carvalho para vender. Nem sequer havia um Slimani,comprado por 300 mil euros. Na Luz nunca existiu no mesmo ano um conjunto de jogadores a pedirem atenção à porta do plantel principal que dão pelo nome de Iuri, Podence, Wallyson, Gauld, Palhinha, Tobias, Geraldes. Refiro só os que ficaram de fora ,sendo que o único que ficou dessa leva foi o único que veio do outro lado do Atlântico: Bruno Paulista.
Estou muito optimista quanto aos resultados desportivos. Acredito muito na capacidade do treinador e no núcleo duro que sustenta a equipa: Rui Patrício, William, Adrien. Acho que JJ é de uma sinceridade total quando reconhece que o Sporting está mais forte do que no ano passado.
Gostaria de daqui a um ano poder reconhecer que JJ foi capaz de juntar ao sucesso desportivo e financeiro um novo paradigma: a valorização dos jogadores da formação, com a promoção à primeira equipa dos atrás referidos, em detrimento daqueles que, contratados este ano, se venham a revelar apostas falhadas.