Havia alguma expectativa para a recepção ao Estoril, no sentido de avaliar qual seria a reacção da equipa após duas derrotas que poderiam ter produzido efeitos traumatizantes. A resposta foi categórica, apesar das dificuldades impostas por um Estoril a defender a duas linhas, com dez homens atrás da linha da bola, o Sporting esteve sempre muito seguro a fechar os caminhos que os estorilistas escolhiam para as transições. Mas as maiores dificuldades estavam na frente, na organização do ataque.
Com o Estoril a defender com as linhas muito próximas tornava-se muito difícil penetrar no bloco. Com o nosso jogo interior praticamente anulado, o Sporting era obrigado a recorrer às linhas exteriores. Ou se preferirem, como a A5 estava fechada ao trânsito, o jogo tinha que ser carrilado pela(s) marginal(ais). Logo, a chegada ao destino - leia-se a chegada da bola às zonas de finalização - só acontecia pelo ar, com o recurso quase permanente a centros executados a larga distância dos avançados, Dost sobretudo.
Para lá do mérito dos estorilistas muitos dos nossos problemas passavam por Alan Ruiz. Diga-se que a sua missão não era propriamente fácil, mas foi evidente que o argentino era um jogador a menos. Incapaz de servir de fio condutor e ligação entre sectores, afundou-se em banalidades. É cada vez mais claro, a cada jogo que passa, que é ainda cedo para Alan Ruiz, ficamos ainda sem saber quando será o tempo dele.
A desfeita do nulo passaria pela acção de dois dos protagonistas do jogo. Gélson a assistir e Dost a finalizar. O miúdo está numa forma incrível, verdadeiramente endiabrado, faltando-lhe ainda melhorar o acerto a assistir, coisa que não faltou porém no primeiro golo de Dost. E o holandês é um verdadeiro homem-golo, como o demonstrou na forma como respondeu, de cabeça, à oferta de Gélson. Mas não só, a exibição dos vários recursos de Dost é de fazer crescer água na boca e fazer-nos sonhar com mais de vinte golos na sua conta exclusiva.
A esses dois há que juntar William Carvalho, aquela "lateralização" para o segundo golo de Dost é para deixar gravada. Foi assim que ele descobriu e inaugurou a A5. Após um ano anterior com inicio particularmente difícil, com a lesão a atrasar a sua participação na equipa, William regressou agora em jeito imperial e Jesus parece estar-lhe a destinar funções muito mais alargadas que um mero "6" posicional, obrigando-o a um papel mais interventivo no momento de sair para o ataque. Dessa forma veremos William a subir com a bola controlada e dessa forma baralhando as posições pré-estabelecidas no bloco defensivo adversário. Ontem fez isso vezes sem conta, parecendo corresponder a uma chamada à linha por parte do treinador.
Haveria ainda tempo para André, primorosamente assistido por Ruiz, se estrear a marcar, o que é bom para elevar os níveis de confiança de um jogador que vivia, no seu clube de origem, uma fase tenebrosa, como é do conhecimento de todos. Pareceu denotar mais à vontade e conhecimento na posição "9", do que a de segundo avançado que Jesus parece querer oferecer-lhe.
Seria por iguais circunstâncias que Jesus estava a dar uma oportunidade a Jefferson, com o brasileiro a demonstrar mais uma vez que já viveu melhores dias. Do outro lado, João Pereira continua a justificar a preferência relativamente a Schelotto, mas em nenhum dos lados da defesa temos razões para descanso.
Uma nota final para a forma assustadora com que Ruiz continua a falhar golos aparentemente fáceis e para a forma displicente como acabamos por sofrer dois golos.
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarJogo tranquilo e uma vitória boa. Gostei da forma como Bas Dost finalizou - salvo erro - o 3º golo. Quanto a William o Sporting é William e mais 10, com mais 2 ou 3 jogadores em bom plano e depois meia dezena que como sempre, nas equipas de Jesus, parecem "melhores" do que são porque colectivamente a equipa é muito forte. O Sporting tem sensivelmente 10 meses para arranjar uma alternativa William - é provável que se veja muito mais cobiçado que João Mário, isto para o caso de ninguém perder a cabeça já em Janeiro.
Nota ainda para Markovic, poderá passar de mera impressão mas parece algo triste. Pouco alegre.
William esteve próximo da perfeição. A determinada altura parece que todo o jogo passa inevitavelmente pelos seu círculo de acção, a partir do qual ele tem uma visão geral do campo e de todos os intervenientes. O passe do segundo golo é genial. Se tem marcado no final do jogo quando fez aquela cavalgada até à área do Estoril, teria sido perfeito. Chutou com força. Tem que fazê-lo com a gigantesca-suavidade e até delicadeza, com que domina o jogo. Passará a marcar muitos golos, fáceis, para ele. Assim como faz os passes teleguiados, embora passem a ser teleguiados para dentro da baliza. Concordo com Manuel HB, sai no final do ano. Vale dois ou três Yaya-Touré. Pelo menos.
ResponderEliminarConcordo com o LA. Alan Ruiz dá-nos uma desagradável sensação de um a menos. Dribla quando o passe era a solução. Perde sucessivas bolas. Não recupera. Não consegue níveis de dinamismo mínimos.
Bas Dost é excelente. Pareceu-me até mais pressionante do que nos jogos anteriores. Nunca tinhamos comprado um ponta-de-lança por este preço. Um jogador feito e muito bom. Excelente.
Gelson a justificar em parte a tristeza de Markovic.