Sporting - Moreirense: Promessa de ópera em Alvalade
Havia alguma curiosidade para perceber qual seria a equipa a apresentar no embate ante o Moreirense. Das escolhas de Jorge Jesus perceber-se-ia qual a disposição hierárquica dos jogadores na cabeça do treinador, em particular dos últimos acabados de chegar. A principal atenção era recolhida pelo lugar de avançado de referência, mas não menos pelo destino a dar aos extremos, a quem se reconhece qualidade para trazerem consigo felicidade.
Bas Dost será assim o elemento em quem JJ aposta para o lugar de Slimani, o que é tudo menos uma surpresa. Campbell haveria de preencher a vaga do seu compatriota Ruiz, o que se percebe por duas razões: o facto de Ruiz se ter ressentido de lesão no périplo pela selecção e por certamente, na cabeça do treinador, ter reservado papel de protagonista no próximo compromisso em Madrid. Sem ser tão explosivo como Campbell terá papel determinante na gestão da posse de bola. Ficou a dúvida se as passagens directas de titulares para a bancada dos laterais corresponde à mesma ideia de gestão para Madrid ou para dar rotinas e tempo a Schelotto e Bruno César.
Cedo se fez sentir que a falta de integração nas linhas mais adiantadas e a boa organização do Moreirense trariam dificuldades para a obtenção do triunfo. Este acabaria por ser mais dilatado que as impressões iniciais deixariam supor muito porque a expulsão justa de um jogador do Moreirense, que abusou das faltas, acabaria por facilitar a tarefa.
O golo inicial acabaria por surgir com nota artistica e pincelado a duas mãos. O passe de William é fabuloso - algo que se repetiria no passe de Alan para o golo de Campbell - mas execução final de Gélson não é menos. A tarefa mais difícil estava cumprida e com brilho. Assinale-se também os locais onde Gélson e Campbell aparecem a finalizar, bem na frente da baliza, baralhando as marcações moreirenses, mais preocupados com a presença de Dost. O que se seguiria depois, com a vantagem numérica, foi a confirmação que as opções de Jesus aumentaram consideravelmente e que a promessa de futebol de grande nível está feita, assim os novos jogadores estejam devidamente integrados.
E é sobre os que acabaram de chegar que se impõem o registo das primeiras impressões:
Campbell - Um belo golo mas muito tempo ausente do jogo. Um jogador com a bola que ele tem tem necessariamente que intervir mais no jogo.
Alan Ruiz - Fantástico o trabalho físico feito desde a chegada, sendo notório a melhor adequação do seu peso às necessidades da alta competição. Mas, tal como Campbell, tem que ser muito mais interveniente, tem que jogar melhor entre linhas, tem que se mostrar muito mais à equipa, tem de ser mais rápido a pensar e executar.
Bas Dost - Tecnicamente é muito mais evoluído que Slimani. Nesta estreia, particularmente durante a primeira parte, foi quase sempre um corpo estranho. A equipa não conhece as suas movimentações e ele não conhece a forma como a equipa faz circular a bola. Valha a verdade que, a nível de cruzamentos, o tipo de jogada mais óbvio para chegar até ele, nunca foi bem servido. Mas ainda assim marcou um golo, ainda por cima à ponta-de-lança, pleno de oportunidade.
Elias - Pode ser uma das contratações surpresa, sobretudo face ao seu passado no clube. O problema do jogador nunca foi a qualidade / competência mas sim de oportunidade e compromisso com o clube. Estou certo que vamos ver um Elias diferente, muito mais intenso que a sua versão anterior.
André - Foi a melhor surpresa, apesar do pouco tempo e ter jogado fora do que, segundo JJ, é o lugar dele. Bons pés, procurando oferecer ao portador da bola uma linha de passe e explorar a profundidade ou o espaço entre o central e o lateral. Assim visto pareceria que JJ quereria fazer dele um segundo avançado, a mover-se nas costas da referência atacante. Uma espécie de Lima. Mas talvez seja eu a imaginar coisas, parece que o JJ tem ideias para ele e ainda por cima a compará-lo com Liedson...
Markovic - Não mostrou nada de especial, mas de todos é o que melhor conhecemos e talvez o que de quem mais esperamos.
Nota especial- Quando na conferência de imprensa um repórter quis confrontar Jorge Jesus com as recentes declarações de João Gabriel o assessor de imprensa presente - julgo que Paulo Cintrão, que assim se estrearia - respondeu de forma categórica: o treinador do Sporting não responde a um ex-funcionário do SLB. Como deveria ser sempre, é assim tão difícil?
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