A derrota inesperada em Vila do Conde - pelos números e pela pálida exibição - não foi o nosso "momento Skënderbeu", nem sequer o "momento Guimarães" da época. A derrota com o Skënderbeu, pela diferença de valor e de prestigio entre as duas equipas, foi dolorosa para o ego mas não significou muito mais do que isso, uma vez que o objectivo então em vista - o apuramento para fase seguinte da Liga Europa - havia de se cumprir. A pesada derrota com o Guimarães, igualmente inesperada e dolorosa, não foi mais do que a confirmação do que já se suspeitava: ainda não estavam reunidas as condições para sermos campeões.
A derrota com o Rio Ave tem um cariz diferente. Não apenas por termos perdido a liderança, porque neste momento precoce da prova ter um ponto de desvantagem é relativamente pouco significativo. Mas tal ganha maior importância se atendermos ao facto que o nosso rival chega à liderança quando se debate com ausências significativas e numerosas, enquanto nós não só não aproveitamos um calendário relativamente favorável, como ainda desperdiçamos pontos. Provavelmente só no final da prova será possível perceber o real impacto destes três pontos, mas é assim que se perdem campeonatos.
Obviamente que nada está perdido e, tal como dizia ontem, não há razões para desesperos, mas há que aprender com os erros para não termos que passar a vida a lamentá-los. E o erro em Vila do Conde foi não levar o jogo muito a sério, como terão que ser levados todos até ao final do campeonato. Mas há algo mais importante a retirar do último jogo e que passou na abordagem aqui ontem feita e que só depois de revisto acabou por me ressaltar à vista.
A já apontada falta de equilíbrio na organização defensiva após a perda de bola e mesmo depois em contenção foi provavelmente a "anomalia" mais estranha, se atendermos ao passado recente e ao que é habitual reconhecer nas equipas de Jorge Jesus. Parece-me evidente que a fórmula para compensação para ausência de João Mário está ainda por encontrar.
Nem Gélson nem Campbell conseguem ler o jogo como fazia o nosso ex-17, isto sem descontar o facto de que ambos são muito mais avançados / extremos de formação que ele. Desta forma, sem as devidas compensações e auxílios à linha média, as tarefas defensivas ficam demasiado dependentes de William e Adrien, o que é manifestamente pouco.
Resolver este desequilibro - que passa também por encontrar uma solução para Alan Ruiz, que é frequentemente "menos um" - acaba por ter um carácter quase estruturante, provavelmente muito mais importante que a substituição de Slimani, aquele que pensávamos ser o pesadelo maior a enfrentar. É que sem organização defensiva eficaz não é apenas a nossa baliza que fica mais vulnerável, é também o ataque que fica comprometido, por não ser possível ter qualidade e quantidade de posse de bola.
Nesse sentido a segunda parte do jogo de Vila do Conde pode ter um carácter enganador, pelo facto da equipa da casa, confortável pela expressão do resultado favorável, nos ter cedido a iniciativa do jogo. Mas, se atendermos à necessidade de golos de então, as oportunidades não só foram reduzidas em quantidade como em termos qualitativos também não abundaram.
É por isso muito provável que a breve trecho voltemos a ver mexidas no onze titular. O regresso de Bruno César ao centro do terreno será a mais natural delas. Ele que, apesar de não ter o destaque e a boa imprensa de outros, tem sido de uma utilidade, preponderância e fiabilidade totais. E a não resolução em definitivo numa solução fiável na esquerda da defesa já está a passar factura, o que é um verdadeiro paradoxo se atendermos ao que foi investido esta época e quando se constata haver em alguns lugares mais de dois jogadores para fazer a posição.
Com o devido respeito, parece-me que é justamente a ausência de Slimani o grande pesadelo da nossa organização defensiva. Para lá de ser um goleador, ele pressionava constantemente os centrais, coisa que nem A. Ruiz nem André sabem o que seja (daí a estranha ideia de os alinhar simultaneamente num jogo fora contra uma das melhores equipas da liga). Não sei se como João Mário em campo teríamos sofrido o primeiro golo contra o Rio Aves, mas tenha a certeza que com Slimani isso nunca teria acontecido. SL! JPT
ResponderEliminarSe há coisa que eu não tenho em futebol é certezas mas concordo com a ideia, obviamente.
Eliminar" Mas tal ganha maior importância se atendermos ao facto que o nosso rival chega à liderança quando se debate com ausências significativas e numerosas" - ainda ontem à tarde (portanto antes do jogo que encerrou a jornada) falava sobre este mesmo assunto com alguns amigos. Chegarem à liderança estando debaixo de uma onda terrível de lesões é de deixar qualquer um apreensivo. Mas mais uma vez (e como aconteceu o ano passado) é muito demérito nosso que ali está espelhado.
ResponderEliminarQuanto ao "há que aprender com os erros" isso parece que só nós por aqui é que damos importância a isso. Repare-se que o Jesus depois de dizer que era o melhor treinador em Portugal (ou do mundo e arredores) disse depois do jogo em Vila do Conde que os jogadores não perceberam aquilo que ele lhes tinha pedido. Mais uma vez a sacudir a água do capote. E ontem lá tivemos o regresso do Bruno de Carvalho, qual comediante residente a dizer que "o leão continua a ser o rei da selva", quando graças a ele, às suas intervenções e a quem o rodeia o Sporting é mais um bôbo da corte. Mas esta gente não se consegue calar e trabalhar em silêncio?!?
Jorge Vicente,
Eliminarprefiro salientar o tom diferente de ontem de BdC para o que foi o da derrota de Guimarães 2014 por ser mais construtivo. Melhor ao que parece é que o Saraiva não tem NET.
Leão,
ResponderEliminartotalmente de acordo.
O que mais me irritou foi que devíamos ter entrado "a matar" nesta Liga, conquistando umas 10/12 vitórias seguidas. Era possível e o calendário era propício a isso. Ainda mais, o FCP ainda não tem personalidade própria e o SLB estava à beira de ser questionado e, assim, abalado.
O que fizemos perante isto? Uma bela de uma cagada. Erros? Não vamos aprender nunca. Porque derrotas assim, são a nossa História.
Face às limitações do plantel (lateral-esquerda e direita - esta última só porque se insiste em Schelloto, um não jogador, quando há Esgaio e J. Pereira), levou-me a defender que B. César era o homem indicado (e único) para o lado esquerdo da defesa. Mas emergiu algo maior e que bem destacas, o 3º homem do meio-campo ou o 2º avançado. Neste momento, terei de concordar e B. César tem de ir para lá frente (tudo menos para médio-esquerdo). Ou num meio reforçado junto a Adrien e William, trazendo garra e qualidade com a bola, ou mais perto do avançado, sendo uma 1ª linha de pressão defensiva, também.
Outro nome a ter em conta, pode ser Elias. E eu não me tinha surpreendido (ou chateado) se ele tivesse sido titular em Vila do Conde. Até esperava isso. Claro que o rendimento dele podia ser negativo, mas isso já não se controla. Pelo desgaste de Adrien e pela qualidade do adversário, teria visto com bons olhos a sua inclusão, mesmo que se tivesse tirado gente atacante ao 11 (que, como se viu, não tiveram lá a fazer nada).
um grande abraço
Cantinho,
Eliminaras limitações do Schelotto são ainda mais evidentes quando o vemos jogar de perto, como acontece no campo do Rio Ave. Depois, do ponto de vista estético tem aquele jeito de correr que parece uma carroça com um roda maior que a outra, o que também não ajuda nada.
Continuamos sem perceber porque se foi buscar Meli e logo de seguida Elias. Não se confia no argentino? No brasileiro? Ou em ambos?
Desde quando jogar em Vila do Conde era ter um calendário propicio?
EliminarTivemos 3 jogos em casa, um contra o Porto.
2 saidas, contra o Rio Ave e Paços, que nao são nem nunca foram adversários fáceis.
Quanto ao que se diz, creio que JJ vai ter que apostar nos jogos fora num sistema com 3 medios: William, Adrien, Elias ou B.Cesar e talvez em casa com adversários mais frageis, jogar apenas com 2.
Leão,
Eliminar"as limitações do Schelotto são ainda mais evidentes quando o vemos jogar de perto".
Na época passada vi o jogo em Alvalade contra o União da Madeira na bancada lateral, nas 1ªs filas (o meu lugar é Sup. Sul). Já tinha indícios que o italiano era mau, ao fim de 20 minutos já estava convencido que era "péssimo", assustador.
Continuo a dizer: Meli, Petrovic, Schelotto e Alan Ruiz eram totalmente escusados.
J.
Eliminarna sexta-feira vamos fazer o 4º jogo em casa, em 6 jornadas. Acha que não é favorável? Depois do FCP (que vinha da ressaca da Champions), o jogo nos Arcos era o grande teste. O SLB, em 6 jornadas, jogará 2 em casa. Já foi ao Nacional, Arouca (equipa que foi à Europa, como o Rio Ave) e a Tondela (onde o FCP não passou).
No final da 1ª volta vamos a Braga e depois teremos, nas 6 jornadas a seguir, 4 saídas (Funchal, Dragão, Moreira de Cónegos e Estoril) e 2 jogos em casa (Paços e Rio Ave). Isso sim, é desfavorável.
Não sei se essa aposta de 3 médios fora será para manter. O que eu digo é que entendia que se tivesse recorrido a 3 médios para este jogo, pelo desgaste da equipa e pelo poder do adversário.
Todos sabemos que já perdemos campeonatos por derrotas assim. O ano passado perdemos por um ponto. Foi na célebre derrota contra o Benfica, a derrota Brian Tuiz como alguns lhe chamam. Mas não terá sido no União da Madeira? Ou em casa com o Tondela? Ou em Guimarães? Estes pontos irão pesar. Mais valia terem sido pontos positivos. Quanto aos ensinamentos a retirar do jogo, temos que esperar para ver. Mas insistir no onze que iniciou o jogo em Vila do Conde dar-nos-á motivos antecipados de desilusão. Concordo com a análise do LA sobre os desiquilibrios que resultam das diferentes características dos homens mais avançados. Para se perceber a importância que J.Mário tinha nesse processo, como LA muito bem salienta, caso alguém já não se recorde, pode ver o resumo dos dois jogos que o nosso ex-jogador jogou pelo Inter. Um assombro.
ResponderEliminarJesus tem as suas ideias e faz as suas apostas. Acredita que tirará de Alan Ruiz coisas que nós os comuns mortais não conseguimos ver. Por outro lado Melli que chegou e pareceu ter um maior grau de competitividade saiu de cena e nada mais se soube dele. O Petrovic que suscita tão elevadas expectativas ao nosso mister, andará por aí. Bom, o melhor é começar a juntar os melhores e somar a esses os que já mostraram poder ajudar alguma coisa. Com critério e moderação.
Já no próximo jogo para acabar com a azia.
Concordo que o nosso presidente esteve muito bem na comunicação. Salientou o desempenho do árbitro e valorizou a justiça da vitória. Cinco estrelas. Espero que não tenha que repetir o exercício de fair-play, pelas razões óbvias.
JG,
EliminarEssa parte da comunicação do presidente escapou-me no comentário acima, somos o primeiro grande a perder pontos e não nos atiramos para o chão a chorar e a protestar contra a arbitragem. É muito bom!
Quanto ao Alan Ruiz, como dizia ontem, ele confia tanto nele que nem o pôs a jogar em Madrid. Se era para dar tempo de jogo que o desse como resultado assegurado ou em vias de.
A aposta no Bruno César atrás do avançado tem de ser para continuar, tal como o jj tem de convencer o bas dost a dar mais ao pedal defensivamente. Por aí a porca não irá torcer o rabo. Zeegelaar na esquerda, estando recuperado, parece também a melhor opção em jogos exigentes. Mas tudo isto aconteceu em Madrid. Jogou a melhor equipa actual. A gestão foi feita no campeonato, não ao contrário. E é isto que me preocupa. E muito.
ResponderEliminarFica bem o discurso do Presidente do SCP, mas não gostei do trabalho do árbitro. Acabou a primeira parte após 15 segundos de descontos, com toda nossa equipa na área deles e quando íamos cruzar para lá (e houve pelos menos 3 paragens na primeira parte... infelizmente). Esteve atento àquela rábula dos nossos foras, mas não viu duas faltas duríssimas sobre o Dost e o Adrien (numa deu cartão… ao Dost). E ainda houve o fora-de-jogo mal marcado a um nosso isolado (Bruno César?), num lance igualzinho ao que ontem deu o golo do Benfica (a bola veio dum defesa que cortou para trás). Concordo, como é evidente, que, com aquela primeira parte, e os golos escandalosamente falhados pelo Bryan e pelo Coates (que ainda nos tinham permitido sonhar com qualquer coisa), fica mal falar no árbitro. SL! JPT
ResponderEliminarEu só me começo a preocupar quando o leão deixar de ser o rei da selva. Ou os kwanzas deixarem cair o mais melhor bom e/ou o demagogo. Até lá siga a campanha eleitoral no partido que as eleições já estão aí à porta.
ResponderEliminarSermos fervorosos adeptos de um clube ha' tantos anos sem ser campeao 'as vezes tolda-nos o raciocinio e deixamo-nos levar em demasia pelo entusiasmo e emocao; da mesma forma que nao eramos horriveis apos os pessimos resultados da pre'-epoca, tambem nao somos ainda uma equipa feita apos as movimentacoes de fecho de mercado. Por algum motivo os 2 jogadores que sairam renderam 30+5 e 40+5. Sao muito bons. Ambos muito dificeis de substituir. La' chegaremos, mas com tempo. Achar que os jogadores que comecaram a treinar em Setembro ja' iam estar a render ao maximo e a equipa nao se ia ressentir e' puro engano. Jesus bem o sabe, vem dizendo que os que ca' estao partem naturalmente 'a frente, e isso viu-se bem no 11 para FCP e RM. No domingo facilitou. Caimos todos no erro de "embandeirar em arco". Creio que antes do jogo comecar, na cabeca de quase todos, a unica duvida era por quantos iriamos ganhar. Custa muito pelos pontos que perdemos, mas foi um banho de realidade que pode ser bem util para o resto da epoca.
ResponderEliminarEm relação ao Petrovic também estou com bastantes duvidas no entanto vendo hoje Matic, Samaris e Fejsa e recordando o mau que se dizia deles na altura que chegaram, devemos confiar em JJ, afinal todo ele é bazofia, mas também não é por um jogo que o Homem deixa de saber do que faz!
ResponderEliminarPeço desculpa repisar este assunto, mas a adoração ao Menino Vitória está ao rubro, a Sic Noticias e o Expresso Online acabam de lançar o Ranking de Treinadores Nacional e só por acaso adivinhem que está em 1 isolado?? Temos de nos manter unidos em torno dos nossos pois a quem tenha "ajudas"!! "da mesma forma que nao eramos horriveis apos os pessimos resultados da pre'-epoca, tambem nao somos ainda uma equipa feita apos as movimentacoes de fecho de mercado." Calma, que sexta-feira está já ai!!
ResponderEliminarSCP, eu sou dos que acho que o JJ é o melhor treinador mas aceito com naturalidade que o treinador actualmente campeão e líder do campeonato e que até fez uma boa campanha na CL o ano passado lidere um ranking da classe. Da mesma forma que o campeão foi um e o melhor futebol não foi.
EliminarSCP, eu sou dos que acho que o JJ é o melhor treinador mas aceito com naturalidade que o treinador actualmente campeão e líder do campeonato e que até fez uma boa campanha na CL o ano passado lidere um ranking da classe. Da mesma forma que o campeão foi um e o melhor futebol não foi.
EliminarHá um erro na sua análise: a saída de João Mário deixou um lugar vago mas o LdA fala de Gelson e Campbel. O João Mário não fechava a direita e a esquerda - ou uma ou outra. No caso de Vila do Conde, sentiu-se o buraco no lado esquerdo, onde era raro João Mário jogar; do lado direito Gelson esteve bem e as falhas aconteceram a Schelloto.
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