Estão em debate as alterações aos estatutos mas infelizmente o excesso de trabalho impede-me de me debruçar com a profundidade que gostaria sobre as propostas em discussão. Acresce que a falta de formação jurídica dificulta-me uma mais rápida percepção da amplitude da mudança que ocorrerá caso os estatutos venham a ser aprovados. Por isso lamento que a conjunção desses dois factores redundem numa contribuição mais pobre do que a que gostaria de dar ao debate em curso. Mas, tendo em conta a importância de que se reveste uma revisão estatutária, não hesito em voltar ao assunto, mesmo reconhecendo o carácter avulso da minha reflexão.
Timing
Esta é a principal objecção que coloco logo desde o anúncio da proposta de alteração. Mantenho que esta pressa não faz sentido, tendo em conta a importância das matérias. Não apenas por causa da época estival mas, sobretudo, porque todo o processo tem sido conduzido no interior quer das duas comissões constituídas para o efeito, quer no seio do Conselho Leonino. As suas conclusões só agora chegam ao universo leonino, que, diga-se, "tem mais do que fazer" do que debruçar-se de imediato sobre o documento e reflectir sobre as suas consequências nos dez dias que medeiam a sua publicação e a votação. Por maiores que sejam os méritos das propostas esta é desde logo uma derrota para o clube como é sempre que se preconiza uma mudança esquecendo-se de quem devem ser simultâneamente os agentes e os beneficiários da mesma. E é um "erro politico" por fechar os olhos à realidade interna do clube, criando reserva e animosidade sobre um processo que até se tinha tornado consensual há já algum tempo no universo leonino.
Legitimidades
Ninguém poderá deixar de interrogar que legitimidade existirá na aprovação da actual revisão estatutária se ela for votada por um número reduzido de sócios. Que é o que é bem capaz de vir a acontecer, basta ver a aderência à sessão de esclarecimento de ontem. Não creio que, no curto espaço de tempo já acima aludido, tenha havido espaço para a necessária mobilização dos associados, muitos dos quais se encontrarão em período de férias e por norma, há que reconhecê-lo, têm estas questões como pouco apelativas. Não bastará depois lavar as mãos dizendo que participou quem quis.
Controvérsia desnecessária
Se havia algo de consensual na revisão estatutária era a necessidade de alargar a participação dos sócios, permitindo-se a descentralização do voto. Não deixa por isso de ser dificilmente compreensível que se contribua para a aprovação de alterações que, a terem lugar, serão aprovadas por um reduzido número de associados, atendendo ao universo de votantes possíveis, mesmo que representando 75% dos votantes. No meu entender o mais sensato seria ter em conta no imediato a descentralização do voto, o alargamento do direito de voto a todos os associados bem como a ponderação dos votos face à antiguidade. Estes eram os temas sobre os quais se havia percebido a necessidade de mudar e foram estes pelos quais o actual CD deu a cara nas eleições.
Não sou um adepto da democracia directa no que ao País diz respeito, mas a realidade do clube é bem diversa. Não me parece salutar que se preconizem delegação de poderes que estão actualmente nas mãos dos sócios sem que se criem condições para que a maioria de nós se pronuncie sobre o assunto. Pensar que não existe no seio dos associados a maturidade suficiente para a necessária compreensão das matérias em causa para a respectiva tomada de decisão é o mesmo que dizer que os sócios também não sabem quem elegeram para o CL, que é o órgão a quem se pretende delegar os poderes. Delegação essa que apenas passou pela cabeça dos elementos que integraram a comissão, uma vez que o assunto nunca havia sido suscitado antes. Sobram-me muitas dúvidas sobre a necessidade e utilidade deste upgrade a um órgão que ainda por cima ao longo dos anos pouco ou nada o fez por merecer, bem antes pelo contrário.
Confesso que me choca que:
ResponderEliminara) se centre a discussão desta revisão estatutária apenas na delegação proposta ao CL, esquecendo tudo o resto que de modernização ela encerra;
b) se esqueça que as propostas de revisão de estatutos serão apreciadas e votadas separadamente;
c) e que portanto, se esqueça que a soberania é dos sócios que votarem, sejam quantos forem, que aprovarão umas e chumbarão naturalmente outras;
d) que diga que não tem tempo para apreciar a revisão, nem a sua especialização o permita e que o universo leonino "tem mais o que fazer", mas depois atribua os malefícios do timing à época estival;
e) e que por último, afirme desde já que esta revisão estatutária, que finalmente poderá vir a consagrar a descentralização do voto, a reforma do peso da antiguidade, o voto electrónico e por correspondência e até as assembleias referendárias, medidas pelas quais tantos de nós lutamos há anos, sejam agora apelidadas de "uma derrota para o Clube".
Isso sim, é verdadeiramente chocante.
Caro JPS,
ResponderEliminarA possibilidade de descentralização de voto e voto por correspondência já é permitida nos actuais estatutos, artº48. Se nunca foi para a frente, a 'culpa' não é dos estatutos mas de quem os põe em prática.
A delegação de poderes no CL não é um mero detalhe da presente proposta! É a alteração que mais impacto terá na organização do clube.
Finalmente, uma semana e meia para análise da proposta é curto! AG em época estival, é criminoso!
LMAC
JPS,
ResponderEliminarO centro da discussão sobre esta súbita promoção do CL é natural pelo inesperado da proposta.
Independentemente do sentido de voto escolhido pelos associados será sempre para mim lamentável que não haja um quórum que dignifique as escolhas.
Quanto ao "ter mais do que fazer" é obviamente entre aspas e só por má vontade não o compreende.
Quanto à preparação técnica para analisar o documento não afirmei que obstava à compreensão do documento, mas sim à celeridade com o que o posso fazer.
Quando chegar hora de regular o voto electrónico e se levantarem questões técnicas talvez troquemos de campos e aí me perceba melhor.
E mantenho a convicção que por maiores que sejam os benefícios a recolher da revisão estatutária será sempre lamentável se ela for conseguido passando ao lado da atenção e participação de um número elevado de Sportinguistas. Não deixaria de ser até caricato.
LdA
ResponderEliminarConcordo perfeitamente contigo, quanto ao timing. O iluminado Rui Oliveira Costa anda há 3 anos a preparar os novos estatutos, os doutos conselheiros passaram mais 3 meses a afinarem o excelente trabalho de ROC e seus colegas da 1ª comissão, e os sócios, aqueles totós que vão para a bancada aplaudir, que vão para a Loja Verde gastar o que a muitos faz falta no fim do mês, precisam de mais de 10 dias para virem para a AG aplaudir o que os ilustres Sportinguistas já decidiram que está bem feito.
A data é importante porque estamos na altura do “pró ano é que é”, e, pelos anos que já levo disto, um ou dois dias antes da AG, será anunciada uma contratação tipo Messi ou CR7, que nunca sendo confirmada nem desmentida, depois se transforma num qualquer Tiui.
Claro que acredito, e compreendo, que é urgente modernizar os Estatutos.
Se há alterações que são praticamente inócuas, outras que mostram uma maior democraticidade, mas na prática são irrelevantes, outras há que são realmente importantes, e que merecem ser votadas depois de muito bem lidas e discutidas.
Felizmente no site do Clube já está a gravação da 1º sessão de esclarecimento, que vou tentar ver na integra durante o fim de semana, período durante o qual também vou acabar de analisar o documento com as alterações.
Quero novos Estatutos, quero Estatutos modernos, mas quero poder dizer o que me vai na alma e quero votar em consciência, procurando votar no que considero que seja o melhor para o presente e futuro do Sporting Clube de Portugal.
JPS, LdA:
ResponderEliminarQue seja a ultima vez que os sportinguistas ñ 'alfacinhas' fiquem de fora da participação do clube, pq feliz ou infelizmente têm realmente "muito mais que fazer"... não repetindo no tema 'distância' que logo à partida impõe gdes limitações e condicionantes, ainda sobram otros temas como a familia, o trabalho, outros compromissos da "vida moderna"...
Qt à delegação de poderes no CL (e aumento de membros):
Daqui (à distância de 250 Km... lá tinha que ser...) lanço o meu 'chocante' NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! Never, Jamé...
SL
8,
ResponderEliminarDevo confessar a minha reserva mental assim que soube quem era o pai da coisa. É que vendo há anos o que ele defende para o Sporting não nego que existe um abismo ideológico e uma quase alergia o que é made in ROC. E por acaso nem costumo ser dado a este tipo de radicalismo mas, à força de tanta injecção algum dia tinha que ser.
Virgilio,
é "engraçado" que uma das mais proclamadas melhorias dos novos estatutos seja a possibilidade do voto à distância e os principais beneficiários dessa medida, de méritos indiscutíveis, como são os Sportinguistas espalhados pelos núcleos vejam a discussão limitada a Lisboa.
Saúde-e pelo menos a possibilidade de verem via site as sessões de debate.
LdA e Virgilio
ResponderEliminarQuer-se criar o voto descentralizado (e acho muito bem), mas depois votar é só quando houver eleições, porque depois não são precisas AG’s, o CL tem os poderes delegados por ela.
O Pipinho tinha razão:
AG’s? Que chatice. Ter que aturar o Zé Sócio (o cliente)... ?
Os eleitos do CL juntamo-nos à volta do croquete e decidimos tudo o que houver para decidir à nossa maneira e fica o assunto resolvido.
LdA, 8:
ResponderEliminarPois... Agora que finalmente (sócios que residem longe de Lx), poderiamos votar é que vamos ... delegar?
Tem alguma lógica...isto? Ou andamos a brincar aos caubóis? :S
Abraço a ambos-os-dois! hehehe...
A questão da premência das alterações / modernização dos estatutos do SCP não pode ser usada como credível "alibi" que venha ao encontro dos interesses de figuras como Rui Oliveira e Costa e outros apaniguados do CL.
ResponderEliminarBem sei que o que promoveu estas alterações foram questões perfeitamente identificadas, alvo de debate pelas várias listas concorrentes ao ultimo acto eleitoral e que aparentaram sempre um esmagador apoio dos sócios no sentido de alterar a questão da ponderação da antiguidade dos sócios, do voto electronico e descentralizado.
Agora, aquilo que se observa é que se tentou juntar às alterações (mais ou menos) pacificas, outras alterações normativas que não terão sido alvo de debate, nem fariam parte de nenhum dos programas sufragados a 26 de Março.
Podemos nós discutir o principio da representatividade democratica e a forma como a mesma deve ser respeitada pelo Clube, mas o que fica deste processo é a possibilidade de alguns tomarem um poder que não tinham nem lhes foi confiado, acentuando uma lógica de poder com tiques aristocráticos com os quais não me revejo como sócio do Sporting Clube de Portugal.
Para finalizar gostava de colocar um questão e que desde já agradeço a resposta:
- Em caso de aprovação do reforço dos poderes do CL, bem como o alargamento do mesmo, implicaria ou não a demissão automatica dos conselheiros e futura marcação de eleições para o orgão?
Obrigado!
Pedro O.,
ResponderEliminar"Podemos nós discutir o principio da representatividade democratica e a forma como a mesma deve ser respeitada pelo Clube, mas o que fica deste processo é a possibilidade de alguns tomarem um poder que não tinham nem lhes foi confiado, acentuando uma lógica de poder com tiques aristocráticos com os quais não me revejo como sócio do Sporting Clube de Portugal."
Somos 2.
O timing como o post diz e os comentários seguintes confirmam, é tudo menos feliz. E sim, qualquer coisa vinda do ROC - R é de Restaurador também? - é de suspeitar, no mínimo.
LdA e Virgílio:
ResponderEliminarContinua a escapar o essencial: se a delegação no CL é indesejada, vote-se contra. Eu sei que o farei.
Mas nada disso invalida o debate e a votação das restantes alterações.
Pedro O:
Chamar apaniguados de ROC aos outros elementos da comissão é o mesmo que confessar que não conhece as pessoas nem a dinâmica de funcionamento, o que lhe retira toda a legitimidade de opinar. Dou-lhe um exemplo: inclui Zeferino Boal no lote dos apaniguados? e se lhe disser que ele foi um dos Conselheiros mais preponderantes desta comissão?
jvl
Incorre num erro capital: o de achar que auilo que ROC propõe é lei. Não é, bem nunca chegará a ser se os sócios não quiserem.
JPS,
ResponderEliminarTendo em conta a conclusão a que chegou, o erro é seu.
JPS,
ResponderEliminarnão retira legitimidade, não senhor!
A Inside Information que tanto lhe apraz insinuar, não lhe dá nem mais um milimetro de legitimidade para opinar.
Todos sabem que estamos na presença de projectos estatutários, estar a relembrar isso é escusado e completa perca de tempo.
A avaliação dos comentários caberá aos proprios e obviamente poderá ser alvo de discussão e de discordância, mas se entender que a sonegação da informação, ou qualquer outro tipo de previlégio informativo, por principio, não deve ser usado como forma de superioridade (argumentativa, neste caso), entenderá então que estará nos antipodas do bom senso quando avalia de forma tão redutora tudo aquilo que lê.
A semantica de "apaniguado" poderá ser discutivel, mas não tira ao meu comentário um milimetro de legitimidade, isso é que voçê pode ter a certeza.
JPS,
ResponderEliminarDirijo-lhe a questão por ser, de entre os participantes na discussão, aquele que poderá esclarecer:
De que modo se vai processar a tal "votação na especialidade"? Artigo a artigo? Capítulo a capítulo? Por blocos temáticos?
Parece-me boa ideia não fazer uma única votação global, para evitar que se deite fora "o bebé com a água do banho", mas também não estou a ver como se conseguirá votar todos os artigos individualmente.
Não só o resultado poderia ser completamente incongruente (porque há artigos que remetem para ou pressupõem a existência de outros), como o processo seria penoso e demorado.
JPS:
ResponderEliminarE a mim continua-me a escapar o porquê do seu "estado de choque" perante uma critica à proposta, no ambito da alteração estatutária, que prevê a delegação de poderes ao CL...
Ng aqui afirmou, no post ou nos comentários, que rejeita ou que não se deva debater essa e as retantes medidas alvo de alteração.
Por fim, relativamente ao 'timing' tb acho que está mt longe de se aproximar do ideal: nem na época do ano em que ocorre, nem (e aqui reside o principal motivo da minha discordia) o tempo disponível de debate e reflexão. A prova é que se apresentou a proposta de alteração dos estatutos no jornal do clube (e mt bem) no dia 13 e fez-se a primeira sessão de eslarecimento no dia imediatamente a seguir... Mais 'apressado' do que isto, convenhamos que era impossível...