Loira ou Morena?*
Assisti ontem a grande parte da primeira sessão de esclarecimento sobre a revisão estatutária em curso via site do Sporting. Ainda não tive oportunidade de ler a proposta com profundidade e aproveitei para tentar retirar algo para formar uma opinião desta sessão.
Antes de falar daquilo que me parece mais importante dou nota de alguns fait-divers sem grande interesse, a filmagem da sessão foi horrível, devem ter desenrascado um operador de câmara que ia a passar na rua, quando se fala cada vez mais de criar a Sporting TV são pormenores que interessam corrigir. O Dias Ferreira não tem paciência nenhuma para estas coisas, muito menos para explicar e voltar a explicar a mesma coisa por existirem sócios que têm dificuldade de perceber à primeira alguns pontos. Está no seu perfeito direito mas podia poupar a todos os presentes o seu enfado. Por outro lado apreciei bastante as explicações simples e claras de Rui Oliveira e Costa.
Vamos então ao que interessa. Houve três temas fundamentais debatidos, categorias de sócios, votos e quotização, núcleos, filiais e claques, Conselho Leonino (CL) e sua articulação com a Assembleia Geral de Sócios (AGS). Não gostaria de continuar sem dar nota daquilo que se via pela imagem transmitida uma participação diminuta de sócios na sala, em contraste com uma elevada participação via e-mail (centenas de perguntas).
Categorias de sócios, votos e quotização – Há importantes reformas. O fim do sócio correspondente e criação do sócio auxiliar com direito a voto (inferior ao sócio efectivo em número e progressão) e a ser eleito é da mais elementar justiça. Na minha opinião ainda iria mais fundo simplificando as categorias de sócio e direitos de voto. O antigo sócio correspondente (já dou por adquirido que esta aberração acaba) teria direito a 1 voto sem qualquer progressão ao longo do tempo, mas seria em termos de direitos, um sócio pleno, quer institucionalmente, quer comercialmente (aquela gamebox só com 4 jogos para correspondentes tira-me do sério).
A grande discussão entre os dois modelo,s um sócio/um voto e o actual (ou aquele que é proposto) não me é relevante, aceito ambas de bom grado a minha noção de democracia não é afectada por existirem sócios com maior número de votos que outros no seio de uma associação. Já tenho alguma dificuldade em entender porque não se simplificou… Um sócio inicia com 2 votos (?) e “termina” com 19 votos (tomando como exemplo o actual sócio nº1). A paridade é reduzida de 1 para 25 e passará a ser de 2 para 19. Também neste caso ia mais fundo e faria uma progressão de 2 votos por cada 5 anos de associado (2, 4, 6, 8…etc.).
As quotizações serão alvo de actualizações anuais a estabelecer pelo Conselho Directivo até um máximo de 2,5% do valor da quota (no fundo indexado à inflação), parece-me justo e pacífico.
Núcleos, filiais e claques – Tema quente e complexo. A minha primeira intuição seria retirar tudo o que fizesse referencia ao funcionamento (direitos, deveres, acção, etc.) destes elementos da família Sportinguista dos estatutos e atirar todo esse articulado para regulamentos. Salvaguardando sempre um artigo que consagra a sua existência como elementos fundamentais da família Sportinguista. Ora com as reformas que se aproximam de que destaco a descentralização do voto e o incremento da angariação de sócios por estes nossos “pontas de lança” isto não é viável. Dada a disparidade de situações existentes será um trabalho de Hércules criar um modelo funcional eficiente. Urge normalizar e nos Núcleos onde seja possível exercer o direito de voto informatizar em conjugação com os serviços administrativos do clube. Mais do que as alterações propostas, que são as necessárias para realizar a “obra” não gabo a sorte ao director que fique com este pelouro a seu cargo.
Tenho pena de verificar que o Núcleo de Coimbra ficou fora, nesta primeira fase, dos locais com possibilidade de voto, que sirva de incentivo para melhorar e ambicionar subir a essa condição.
Conselho Leonino – Os moldes e os poderes acrescidos que serão delegados no Conselho Leonino prometem ser o maior motivo de discussão desta revisão de estatutos e com razão, dificilmente se encontraram sócios com a mesma opinião sobre o assunto. Vamos por partes, concordo com a delegação de poderes da AGS num grupo menor de sócios eleitos que tenham no seu interior uma disparidade de opiniões que se considere reflectir o sentir global dos Sportinguistas. Se a memória não me falha o funcionamento do antigo Conselho Leonino era similar, reunia-se o grupo de sócios com direito a mais votos e existia uma “pré” votação de diversos assuntos antes da AGS, este formato de Conselho Leonino foi extinto na gestão de Jorge Gonçalves.
Pelo que percebi ontem, hierarquicamente tudo se mantém igual a AGS independentemente das competências e deliberações do Conselho Leonino nas suas novas competências pode sempre anular essas decisões. Estaria eu descansado não fosse a última vez que alguns sócios tentaram reunir uma AGS extraordinária os terem mandado angariar fundos para a executar…
Com base nesse histórico, julgo que seria bastante mais pacífico ter o modelo hierarquicamente correcto, quero com isto dizer o seguinte. Nos estatutos estariam previstos os assuntos que o Conselho Leonino poderia deliberar por delegação de poderes da AGS, na AGS onde esses assuntos fizessem parte da ordem de trabalhos existiria, após apresentação do ponto especifico, uma votação imediata sobre se a discussão e votação seria em âmbito de AGS ou de imediato delegada no Conselho Leonino (perdendo a AGS o direito de posteriormente revogar a decisão do CL).
Continuei a não entender a necessidade de mais conselheiros, sendo que existia uma corrente que pretendia 100, por mim se o objectivo é trabalhar quanto menos melhor, mesmo que esse trabalho inclua discussão entre pontos de vista muito opostos, a justificação de que com 70 a massa associativa tem maior representatividade para mim não é suficiente se uma lista candidata ao Conselho Leonino tiver 90% dos votos o que é que se ganhou em representatividade? Se limitarem o número de candidatos por lista p.ex. a 30 já entendo, desta forma não.
Para finalizar, nota-se grande vontade de cooperar entre “facções”, queremos paz e queremos cuidar do Sporting de modo melhor do que tem sido feito, mas há sinais evidentes de que as desconfianças, as tricas, os grupinhos de sensibilidades ainda andam com “medo do escuro”. Aquilo de que gostei menos foi a diminuta participação de sócios, alguns dos assuntos que hoje se pretende passar para a alçada do Conselho Leonino correspondem a AGS onde por vezes não estão presentes uma centena de sócios (ou seja está um Conselho Leonino ad hoc e não um eleito pelos sócios), se queremos mais do Sporting as pessoas têm de estar presentes, principalmente nestes momentos onde se pode livremente questionar e esclarecer.
Por exemplo a questão do timing foi abordada e justificada pela necessidade de fazer esta reforma fora da época competitiva onde uma derrota ou uma vitória pode condicionar o sentido de voto e não o assunto em causa que nada tem que ver com o árbitro, treinador ou o sentido posicional do Polga. Percebo, mas como sou imune a esses estados de espírito mutantes, não entendo. Será que não devíamos ser já mais crescidinhos?
Independentemente daquilo que cada um pensa ou do modelo que mais gosta, foi feito um excelente trabalho em prol do Sporting. Não está em causa escolher uma loira ou uma morena a base é sempre o Sporting Clube de Portugal e a objecção legítima que exista sobre qualquer ponto não deve por em causa o valor do documento que vai a votação, nem todos os que participaram na sua elaboração devem sentir melindre se os sócios escolher outro caminho.
No final ficará Sporting, apenas e sempre Sporting!
* - Scarlett, meu deus, apenas e sempre Scarlett!
Queria destacar a intervenção do Juvenal, este vai a todas, está no Magriço a beber um copo, está no andebol, no futsal, na AGS, na sessão de esclarecimento, tem dúvidas tem certezas, mas vai e participa. Parabéns.
ResponderEliminarO que eu não percebo é qual é a vantagem do sócio começar logo com 2 votos e não com 1. Para mim, por exemplo, um sócio que ainda não tivesse feito 1 ano de associado no clube não devia poder votar. Assim ficariamos mais protegidos daqueles que se fazem sócios à pressa para poder votar.
ResponderEliminarMike, só ao fim de um ano de associado se pode votar, nesse ponto não há diferença. Sobre os 2 votos julgo ser para diferenciar do sócio auxiliar (antigo correspondente) que ao fim de um ano fica com direito a 1 voto.
ResponderEliminarÉ a única razão que entendo. Mesmo assim a penalização que faria ao sócio auxiliar seria não existir progressão no nº de votos.
Ruiva!
ResponderEliminarObrigado LMGM. Percebi.
ResponderEliminarAcho que o seu último parágrafo traduz bem o trabalho que foi feito ou pelo menos a intenção do mesmo.
ResponderEliminarhttp://conselholeonino.blogspot.com/2011/07/breve-analise-aos-nossos-rivais.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste é um momento único na história. Há propostas nesta alteração com as quais concordo e propostas com as quais discordo. Votarei agora e sempre de acordo com a minha consciência.
ResponderEliminarContudo, recuso-me a aceitar que tentem tornar este acontecimento, com o mérito que ele encerra, numa manobra subversiva e conspirativa.
Aqueles que ainda não perceberam que os tempos são outros, ao ponto de se ter delegado totalmente a elaboração desta proposta num órgão composto por TODAS as sensisbilidades do Clube, não merece o esforço que está a ser feito.
Aqueles que insistem na ideia de que este acontecimento é um momento negro para o Clube por causa de uma (de entre dezenas de propostas) com a qual não concorda e contra a qual pode sempre votar, não estão à altura do privilégio democrático de que podem dispor e usufruir neste momento do Clube.
JPS, não sei se este tempo é único ou não, espero que não, a revisão periódica dos estatutos são/devem ser actos normais na vida das instituições.
ResponderEliminarHaverá sempre pontos de maior acordo e pontos que geram divisão, para cada um interessará mais discutir os pontos com que discorda, parece-me óbvio.
Não há aqui nenhum privilégio democrático, há um direito e um dever estatutário a cumprir pelos sócios. Conseguir formular uma proposta de revisão que seja homogenea já é uma tarefa difícil, conseguir que ela seja unânime é impossível.
Se de cada vez que alguém discorda de algo surgem acusações de toda a índole estamos no mau caminho. Mas qual é o problema de discordar do que quer que seja e manifestar essa opinião atempadamente para que com o debate que se gera corrigir (ou não) a sua posição.
Vota contra mas não digas porquê! É isso?
Desconheço quem ande a "promover" manobras subversivas e conspirativas.
LMGM:
ResponderEliminarRelativamente ao ponto mais polémico... Se os sócios prescindissem de decidir sobre determinado ponto em AGS prévia e delegar esse poder no CL, facultando que este Órgão decidisse sobre esse assunto, seria, penso, mt menos polémico. Mas não foi assim que a coisa foi apresentada, ou foi?
Qt à participação em AGS... Podendo perceber o que nela se passa à distância e podendo votar os pontos de ordem, igualmente à distância, tenderá a aumentar. Tem é que se regulamentar esta possibilidade mt bem. Julgo que não estarei enganado se afirmar que existem bastantes leões que moram longe de Lx e que desejam ser mais activos na vida do clube. Mesmo os moradores na gde Lisboa, poderiam, por diversas razões, estar impedidos de se deslocarem até ao recinto onde decorre a AG, mas assistir num local (núcleo) mais conveniente e de acordo com a sua disponibilidade. Fica mais esta achega.
Abraço.
LMGM:
ResponderEliminarNão me entendeu. Não entendo que alguém ande a "promover" manobras subversivas e conspirativas, mas sim que alguns acham que esta revisão esconde uma manobra subversiva e conspirativa.
Esses são aqueles para quem tudo sempre está mal. São os que acham que os dirigentes (sejam eles quem forem) são uma "corja" subversiva. São os que estão mais preocupados em colecionar indícios de conspiração do que em debater aquilo que nos torna mais fortes.
E dou-lhe um exemplo flagrante de seguida.
A proposta de alteração ao artigo 6º introduz um novo ponto 4.
ResponderEliminarNeste ponto, é obrigatório que seja a AG a dar o sentido de voto ao Clube no uso das acções do tipo A nas SADs, em particular se tal envolver alienação de património imobiliário.
Durante o tempo de Soares Franco demonizaram-se muitos dos pressupostos da reestruturação financeira com o argumento de que o Clube perdia a soberania da SAD e nem as acções do tipo A o salvava, porque o seu sentido de voto dependia do CD e não dos sócios.
Caramba, eu estive nessa batalha. Conheço alguns que "matariam" por esta alteração, agora proposta (perdoe-se o exagero metafórico).
Agora que essa alteração finalmente surge, não lhe ligam. Preferem colocar o foco na delegação de poderes no CL, reduzindo todo o debate a esse ponto, vendo aí uma prova de que há realmente uma conspiração.
Parece-lhe isto uma postura construtiva? Eu acho que, em muitos casos, há mesmo um delírio irreversível. A vontade de ver fantasmas atrás de todas as cortinas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarLMGM:
ResponderEliminarTb concordo que coordenar uma AGS com sócios dentro e fora do recinto será tarefa complicada, principalmente na hora de votar. Julgo, no entanto, que havendo forte vontade em ultrapassar essa situação, tal será exequível. Mesmo se não for possível apurar a votação no próprio dia em q se realiza a AGS, pode-se sp fazê-lo no(s) dia(s) seguinte(s)... Desde que se encontra um método credível…. Só para espantar fantasmas e conspirações…
Eh Páh, ó JPS:
Sinceramente, acho que vieste bater na porta errada...
Coloco aqui a frase do LMGM que prova que, pelo menos por aqui não se liga, nem se crê, nessa tal da conspiração: “Haverá sempre pontos de maior acordo e pontos que geram divisão, para cada um interessará mais discutir os pontos com que discorda, parece-me óbvio.”
Discutir O(s) Ponto(s) com que se discorda… Ora, se todos estamos de acordo com, p. e., a descentralização do voto, o que há mais a acrescentar relativamente a esta alteração? Nada… digo eu…
O que me começa a parecer é que a paranóia dos que não vêm teorias de conspiração, ainda é maior do que aqueles que vêm conspirações por td o lado e têm “ vontade de ver fantasmas atrás de todas as cortinas”…
Queria apenas realçar que, outra razão apontada para a altura da revisão dos estatutos, tem a ver com o facto de algumas alterações poderem produzir melhores resultados financeiros, com impacto já nesta temporada desportiva. Por exemplo, com alteração das categorias de sócio, pode haver maior venda de gameboxes...
ResponderEliminarOutro factor apontado, foi que a Comissão para alteração dos estatutos se teria atrasado 2 a 3 semanas nos seus trabalhos, e por isso é que o período de discussão se tornou muito mais reduzido...
Virgílio:
ResponderEliminarLamento o incomodo. Sobre a minha suposta paranoia, remeto para os comentários do post anterior.
Mas não creio que tenha batido na porta errada. Este é sem dúvida um dos melhores espaços sobrantes da blogosfera leonina. Nesse sentido, porque não começar a debater os aspectos da proposta em si (como este post já indicia) e não o timing da revisão de estatutos? Perde-se menos tempo do pouco que já resta.
Enfim, é só uma sugestão.
Bons dias.
ResponderEliminarAlguem sabe se existe algum documento oficial com o texto integral das propostas? Procurei no nosso site e não encontrei.
Z
JPS:
ResponderEliminarPorta errada no sentido de vir à caça de conspiradores. Acredite que esse discurso produz pc efeito por cá. De resto, pode vir 'incomodar' sp que quiser que sabe que é bem-vindo, aliás, tds os sportinguistas bem intencionados são bem recebidos. Mesmo discordando, como é o caso. A questão aqui, é/foi outra:
Por acaso acho uma boa sugestão remeter consulta para a caixa de comentários do post anterior, o qual até se refere a aspectos da proposta de alteração dos estatutos, por exemplo: a delegação de poderes no CL. Recomendo especial atenção logo ao primeiro comentário de um sportinguista que se mostra tão chocado por existirem outros sócios a criticar o timing e a delegação de poderes no CL. Oh... que pecado, Eia... que crime hediondo!... Realmente merecedor de... choque. Isso só pode ser 'coisa' de conspiradores e de gajos que têm vontade de descobrir fantasmas atrás de qlq cortina. Enfim, é a minha opinião, mas não me pareceu uma primeira abordagem, vá lá, justa.
Z:
no site tb não encontro, apenas o video do primeiro esclarecimento. O jornal do Sporting, que saiu na passada quarta-feira tem o texto completo.
O Sporting Apoio publicou em formato electrónico um caderno que reproduz exactamente o que foi publicado no Jornal Sporting:
ResponderEliminarhttp://www.sportingapoio.com/proposta-de-alteracao-dos-estatutos-completo/
Parece-me natural e nada conspirativo que se se aborde(m) o(s) ponto(s) de discórdia, num debate. Uma reunião, discussão, troca de ideias centra-se quase sempre nas questões que levantam dúvidas ou que são dúbias à partida, de maneira a esclarecê-las e corrigi-las se necessário.
ResponderEliminarO que me parece incorrecto é a postura de que quem discorda, está errado ou não é merecedor de exercer os seus direitos - e não um privilégio democrático - ou a sua opinião não tem qualquer credibilidade / legitimidade. Este tipo de comportamento é que deveria ser, de uma vez por todas, erradicado até por uma questão de respeito.
Isto é uma postura à ROC - que não propõe leis - ou à Dias Ferreira, que se julgam mais que os outros.
É que, pelo menos no meu entender, não existem "notáveis", "verdadeiros" Sportinguistas ou Sportinguistas de 1ª e 2ª, apenas Sportinguistas.
E se há aqueles que vêem teorias de conspiração em todos os lados, existem também aqueles para quem o que hoje é verdade, amanhã é mentira. Sinceramente, incomodam-me mais estes últimos que os primeiros.