A ideia está expressa no site brasileiro
Trivela, num artigo que merece a pena ler. Os bolds são da minha autoria.
O Sporting penou bastante nas duas últimas temporadas. Não acertou a mão com treinadores e trouxe poucos reforços de real impacto - muitos dos contratados, aliás, de qualidade bem questionável. Tanto que quando Godinho Lopes venceu a eleição presidencial do clube em Março, chegou com o discurso da contratação de nomes fortes e de um técnico local, jovem e ambicioso. Quatro meses depois, não se pode dizer que os Leões não estão se mexendo, ainda que os efeitos dessa "movimentação" sejam uma incógnita.
Do fim da temporada até agora, foram cerca de dois meses (um pouco menos, talvez), e de lá para cá, chegaram 13 reforços, além do retorno de dois atletas (André Martins e João Gonçalves) que serão relacionados Poucos, é verdade, da safra "prometida" por Lopes durante a campanha eleitoral. Mas que desde já evidenciam algo que parecia certo nos últimos tempos, mas que não vinha sendo colocado em prática: era necessário mudar (ou, parafraseando um conhecido comentarista, "mudar de vez).
Segundo o presidente leonino, cerca de 20 milhões de euros - o orçamento previsto era de 30 milhões - já foram investidos em reforços. Ao mesmo tempo, outros jogadores foram liberados, para aliviar a folha de pagamento. Entre os nomes já trazidos, várias surpresas (algumas até positivas, outras passíveis de observação e, claro, jogadores que inicialmente soam como desnecessários) e somente um nome, por assim dizer, esperado (e prometido): o zagueiro peruano Alberto Rodríguez, trazido junto ao Braga.
No gol está o nome que, no primeiro momento, soa inexplicável. O Sporting já vinha com três goleiros e parecia decidido a manter Rui Patrício, Tiago e Vítor Golas. Eis que chega, do Marítimo, o arqueiro Marcelo Boeck. Em tese, para ser o reserva direto de Rui Patrício, mais ou menos nos moldes da vinda de Timo Hildebrand na última temporada. O alemão pouco atuou e não demorou a manifestar interesse em deixar Alvalade. Difícil imaginar em que espaço se situará o brasileiro oriundo da Ilha da Madeira.
A defesa, setor considerado um dos mais delicados da equipe, ganhou uma variedade interessante de opções. Na zaga, além de Rodriguez, chegam o norte-americano Oguchi Onyewu e o jovem colombiano Santiago Arias, de muito bom Sul-Americano Sub-20 pelos Cafeteros. Em princípio, o peruano e Onyewu devem desbancar Anderson Polga e Daniel Carriço e formar uma dupla mais forte do ponto de vista físico e técnico. Nas laterais, há o retorno de João Gonçalves para a direita e a vinda do francês Atila Turan.
No meio-campo, reforços que em sua maioria soam mais como apostas do que efetivamente certezas. O mais conhecido do público é Luís Aguiar, que estava no Peñarol e teve boa passagem pelo Braga. Stijn Schaars, oriundo do AZ, foi capitão do time holandês, destacou-se na campanha do título da Eredivisie em 2008/09 e esteve na Copa do Mundo passada. Tem características de liderança e criação que estavam em falta em Alvalade, mas necessitará acostumar-se ao ritmo do futebol português, já que passou toda a carreira na Holanda.
Mas ambos terão difícil concorrência, já que o russo Marat Izmailov, enfim, parece recuperado das lesões e polêmicas que abreviaram sua vida em Portugal e, em condições normais, é um natural titular. Além disso, há o irregular - mas reconhecidamente bom jogador - Matías Fernandez, provável concorrente de Aguiar - quando este retornar da operação a qual será submetido - e Schaars, caso a equipe atue com três homens no meio e somente um ligando o setor ao ataque. Já outro provável "rival", Simon Vukcevic está de saída.
Já Fabián Rinaudo é um volante que apesar de ter caído com o Gimnasia La Plata para a segunda divisão argentina, fora o grande nome da equipe, sendo até chamado para amistosos da Albiceleste. Deve fazer dupla com André Santos entre os titulares, uma vez que o setor de meias defensivos foi o que sofreu mais perdas, com as rescisões de Zapater, Maniche e Pedro Mendes. Esta última, aliás, talvez a dispensa mais inexplicável, vista a experiência do volante e o rendimento dele ser proporcionalmente melhor que grande parte do time.
À frente, "sobreviveram" Hélder Postiga e Yannick Djaló. Mas a dupla caseira terá séria concorrência. O nome mais rodado é o búlgaro Valeri Bojinov, de bons momentos no Parma nas últimas duas temporadas. Ricky van Wolfswinkel, ex-Utrecht, foi um dos principais goleadores da Eredivisie passada e tem a seu favor a capacidade de jogar também a meia-atacante. Já o peruano André Carrillo, grande esperança do futebol local, desponta como "mineirinho" do ataque. Sabe atuar em todos os lados do ataque, o que lhe pode ser um diferencial.
Mas as grandes perspectivas estão mesmo no banco, com o início da passagem de Domingos Paciência pelo Sporting. As credencias são as melhores, e até por isso, entende-se que o grupo com o qual contará tenha alguns de seus jogadores mais importantes da época de Braga, como os "antigos" João Pereira e Evaldo e os "novatos" Rodriguez e Aguiar. Além disso, o treinador ganhou uma variedade boa (em quantidade e qualidade) para testar na pré-temporada da Holanda, maior do que Paulo Bento (2009/10) e Paulo Sérgio (2010/11) tiveram.
Paciência já mostrou saber do riscado tático - algo que faltou aos Leões na temporada passada - e terá um grupo tecnicamente superior ao do Braga para trabalhar, ainda que com mais peças a encaixar. No entanto, não se pode esquecer que a base com a qual o técnico trabalhou no Minho já era bem experiente em gramados portugueses, enquanto o atual elenco tem diversos "novatos". E se ao norte a cobrança de resultados não era das maiores, sabe-se que, em Lisboa, o tempo e margem de erro serão curtas para repetir o feito no Braga.
Em meio aos reforços, houve o re-empréstimo de Wilson Eduardo, desta vez ao Olhanense. O jovem atacante teve ótima temporada cedido ao Beira-Mar, e tinha condições de ser ao menos testado na pré-temporada. Diogo Salomão, uma grata surpresa de 2010/11, foi emprestado ao Deportivo. Também poderia tranquilamente disputar posição entre os selecionáveis leoninos. Porém, a oportunidade na Espanha e a responsabilidade de ajudar o tradicional time de Coruña a voltar à elite pode ajudar-lhe no amadurecimento.
Depois de um bom tempo, o Sporting inicia uma temporada com alguma perspectiva. A possibilidade mais palpável de retornar à Liga dos Campeões, com a reconquista portuguesa da terceira vaga na competição, é hoje o foco principal da equipe - ainda que o discurso seja o da briga pelo título, atualmente ainda inviável, visto que sairá bem atrás de Porto e Benfica no tocante ao entrosamento do grupo. De qualquer forma, a intensa movimentação sportinguista pré-2011/12 é, já, uma boa surpresa para a temporada.
Muito boa súmula do que tem acontecido...
ResponderEliminarE os teus destaques vão ao ponto!
Leão, onde está escrito no texto "no máximo o 3º" ?
ResponderEliminarNão concordo com isso, da mm forma que tb n concordo com a euforia (ainda q esta seja boa, pq pode levar gente ao estádio).
N concordo c a euforia precisamente pq a unica coisa que tenho como certa é que sairam ralvez os 3 melhores jogadores do Sporting, ainda que n tenham rendido efectivamente o q deviam (Mendes, Vuk e Valdés) e nao sabemos exactamente se os que chegam são melhores que os que partem. E olha que não será fácil, pq esses 3 (e já agora, o Maniche tb n é tão mau como o pintam...) podem realmente dar mt para onde forem.
Vamos ver o que poderá dar o Bojinov cá em Portugal. Pode ser o avançado que faz a diferença (n só em termos de golos como fazia o Liedson) que tanto tem faltado.
Tenho um texto a refrear um pouco os animos na cabeça, mas n sei qd o editarei.
A expectativa inicial, sem ter visto a bola rolar não é perfeita. Acredito que o Sporting fique mais perto dos 2 primeiros que do 4º. Mas, acho mt dificil prometer mais que isso. A menos que alguns reforços surpreendam positivamente (e os de 18,19,20 anos, tenho a certeza que não o farão...pq n terão seguramente maturidade suficiente para garantir rendimento regular)
Achas mt pessimismo!?
PB,
ResponderEliminarO título resulta da minha interpretação do que me parece ir no espírito do autor do artigo.
Não empregaria a palavra euforia antes optimismo. Pessoalmente não me incomoda nada partir como outsider, que me parece ser até o lugar que mais nos convém.
Aquilo que pode ser achado pessimismo parece-me ser realismo indispensável. Cair da cavalo é sempre muito doloroso.
Confesso que dos jogadores que saíram o que me "preocupa" mais é o de Pedro Mendes uma vez que não vejo substituto à altura. E a sua falta é bem capaz de se sentir no relvado e no balneário.
Valdés é de indiscutível classe mas parece-me mais fácil de substituir. Não nego o valor potencial de Vuk mas creio ser evidente o seu fim-de-linha no clube. Vuk nunca mais se reencontrou com o seu melhor depois dos amuos mútuos com Paulo Bento e sair é praticamente inevitável.
Concordo com a análise a Maniche, mas um clube como Sporting não pode pagar o que lhe pagava a um jogador com o seu perfil e preponderância.
Confesso que não estou a ver nenhum dos jovens de 20 anos a ser preponderante a menos que haja uma grande surpresa.
Para mim não Sportinguista este Sporting é a maior incógnita dos últimos anos. Uma autentica revolução o que nos leva na verdade a ficar sem a certeza o que valiam alguns dos jogadores que saíram ou vão sair.
ResponderEliminarGostava de ver Pedro Mendes, Valdes e Vuk numa equipa bem estruturada, com processos claros e com boas dinâmica, parece que isso não vai ser possível mas vamos ver o Sporting com uma base do Braga 2º classificado, e depois com caras um pouco ou quanto estranhas.
Acredito que vocês Sportinguistas acreditem nas pessoas que estão a ir ao mercado, e a verdade que há muitas boas referencias de jogadores como Bojinov, Rinaudo, Schaars e até mesmo Wolfswinkel. Mas de resto estou como o PB sem ver a bola a rolar as conclusões são poucas. Mas estou um pouco curioso para ver este novo Sporting.
Deixem-me ver se eu entendo: o texto começa por desenhar um cenário algo catastrófico, dizendo que os reforços são de qualidade duvidosa e por aí fora, mas depois lendo o miolo afinal todos os contratados até têm qualidade.
ResponderEliminarNão percebi.
O Schaars "que se destacou na Eredivisie 2008/09", o Arias "muito bom sul-americano sub-20", o Wolfswinkel "um dos principais goleadores da Eredivisie passada" e até pode jogar a "meia-atacante" (espectacular!) por aí fora, por aí fora.
Ou seja, o texto é bom e está bem analisado.
É pena a é premissa e a tentativa inicial de opinar. No que diz respeito ao factual e à não "opinação", pois que concordo.
E lendo o texto não fiquei com a ideia que "no máximo o 3º lugar".
Como diz o meu caro aqui em cima, este Sporting é mesmo uma incógnita (e com isso, tanto pode ficar em 1º como em 5º, salvo seja).
Acho uma análise banal e pouco conseguida.
ResponderEliminarAcho que não entender algumas dispensas é inexplicável, acho que todo o mundo entende a necessidade de libertar salários como é o caso de PM.
Acho também especial piada rematarem com a ideia de que as contratações são apostas:
1º Todas as contratações, em todo o lado e de todos os jogadores, são apostas e não mais que isso. Pode correr bem, pode correr mal.
2º Num sentido mais próprio a insegurança não se justifica. A maior parte dos que foram trazidos tem três coisas que não temos tido nos ultimos anos:
1. Provas dadas (todos os jogadores demonstraram qualidade´no sítio de onde vieram)
2. Escolhas do treinador (todos são pedidos/acordados com Domingos, poucos treinadores o conseguiram nos ultimos anos em Alvalade)
3. Qualidade inegável (podem falhar? Sim, mas ninguem pode rejeitar que têm qualidade^)
O Sporting desta vez não tem incógnitas, tem jogadores escolhidos a dedo de quem sabe bem o que quer e que têm o aval do treinador.
Somos outsiders quanto à luta pelo titulo? Sim, os ultimos dois anos o garantiram. E depois? Lutar pelo titulo é perfeitamente possível e meio caminho andado para o ganhar a curto prazo. Acredito sinceramente que pelo titulo lutaremos e que o ganharemos a médio prazo.
Análises como esta que aqui vemos não têm nada, são incongruente e deviam cingir-se ao facto pois quando tentam passar opinião são mais ignorantes que qualquer outra coisa.
Sporting é uma incógnita? Claro, mas não tem incógnitas. O Sporting colectivamente é uma incógnita, os seus profissionais não são incógnita nenhuma
Eu também acho a análise banal, e concordo com o André quando diz que se deve separar o factual daquilo que é opinião.
ResponderEliminarPor exemplo: no que é considerado como inexplicável dispensa de Pedro Mendes, o autor do texto revela desconhecimento da realidade Sporting, pois não tem em conta:
a) o elevado custo salarial do jogador face ao seu rendimento desportivo;
b) a idade elevada que lhe retira qualquer possibilidade de retorno financeiro futuro;
c) e mais importante, o facto de por cada 3 jogos disputados, PM passar 3 meses no estaleiro;
Só isto é suficiente para demonstrar que a gestão desportiva de um clube é um exercício muito mais complicado que os habituais opinadores e paineleiros algumas vez sonharão.
Eu, por mim, confio totalmente na capacidade de gestão de Luis Duque e o seu conhecimento específico deste negócio.
Parece-me que o título do post resulta da seguinte frase:
ResponderEliminar"...com a reconquista portuguesa da terceira vaga na competição, é hoje o foco principal da equipe..."
PB,
Não acho que o SCP tenha perdido os três melhores jogadores, porque os que apontas não o eram, no meu entender. Numa perspectiva geral apontaria como os 3 melhores o RP, Izmailov e Matías. Tendo em conta a época passada, RP, André Santos e Matías.
O Vuk da primeira época já não existe e o argumento de que "com um treinador que tenha paciência para ele" não me convence. Já teve vários treinadores e não conseguiu vingar com nenhum; o Pedro Mendes com grande pena minha, não justifica actualmente o salário que aufere, tendo em conta a sua disponibilidade; o Valdés sai envolvido no negócio Bojinov, que se espera que seja proveitoso.
José Maria,
Concordo quando dizes que todas as contratações são apostas e que tanto podem correr bem como mal.
Claro que há uma diferença entre ir buscar um Koke ou um Schaars mas o sucesso deste último pode ser semelhante ao do 1º.
Fico com a sensação que desta vez não se contratou para fazer número e essa mudança é de enaltecer.
Todos,
Sim o SCP este ano é uma incógnita, como o era o ano passado tendo em conta o treinador escolhido pela dupla maravilha JEB-Costinha, só que com um acréscimo teórico de qualidade a todos os níveis. Só falta a bola começar a rolar.
O autor do texto na Trivela, o Lincoln Chaves é Sportinguista (e Santista, aliás, tal como eu).
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