A questão da Fundação PortoGaia foi de novo trazida para a ribalta,
fruto da avaliação que o Governo mandou fazer relativamente às fundações
que beneficiavam de apoios públicos. Numa escala de 0 a 100, a
PortoGaia conseguiu a distinta classificação de 26,1%, sendo uma das
piores. Vale a pena relembrar alguns factos.
A Fundação
PortoGaia foi constituída em 1999, fruto da associação do município de
Vila Nova de Gaia e do FC Porto, tendo como propósito, de acordo com o
site da autarquia, “promover, patrocinar e realizar atividades de
fomento desportivo junto da população do concelho de Vila Nova de Gaia”.
Se
ninguém questiona a legítima preocupação da Câmara de Gaia com a
formação desportiva das suas gentes, já será, no mínimo, discutível
prosseguir tal desiderato através de uma fundação. Mas se ele até há
fundações para a defesa do Carnaval de Ovar, por que não do desporto em
Gaia?
A PortoGaia não se poupou em esforços, gastou cerca de
16 milhões de euros para construir um moderno centro de estágio, com
cinco campos relvados, bancada para duas mil pessoas, ginásio e centro
de imprensa. Claro que a esmagadora percentagem deste investimento foi
dinheiro público – entre 2008 e 2010, a PortoGaia recebeu 4,234 milhões
de euros.
O que ganhou com isto a laboriosa população de Vila
Nova de Gaia? Nada. Nada, porquanto, de acordo com notícias até hoje
nunca desmentidas, a PortoGaia cedeu, em direito de superfície, o centro
de estágio ao FC Porto, contra a renda mensal de 500 euros (!).
Conclusões: a Fundação PortoGaia é uma fraude, um expediente para
desorçamentação de verbas e devia ser extinta sumariamente, por óbvia
desconformidade entre o seu objeto e a sua atividade real.
O
FC Porto beneficia ilegitimamente de ajudas públicas, ao pagar pela
utilização de um complexo desportivo construído com dinheiros públicos,
uma contrapartida irrisória, que nada tem a ver com o respetivo valor de
mercado. Numa atividade económica altamente concorrencial como é o
futebol, esta prática contraria as mais elementares regras de lealdade,
pelo que as entidades competentes deveriam repor expeditamente a
legalidade.
O Olival pode ser o ticket do dr. Luís Filipe
Menezes para a Câmara do Porto, não discuto. Não é, porém, uma forma
séria de fazer as coisas.
Nem isso, o Olival não passa de uns lugares vip no Dragão, senão veja-se o Rio! Não deixa por isso de ser uma enorme fraude, com muitos lugares assegurados mas é em qualquer estabelecimento prisional num verdadeiro estado de direito democrático. Cá nem isso!
ResponderEliminarFinalmente o dedo na ferida, o SCP teve de pagar as infraestruturas da academia até ao último cêntimo. Sendo que a Academia Puma Sporting deu formou a maioria dos atletas nas mais recentes campanhas da selecção portuguesa e nunca teve qualquer apoio.
ResponderEliminarJá os chicos espertos têm um centro de estágio ao preço da uva mijona porque um sem carácter anda a ver se consegue ir para a Câmara do Porto.
Isto tem de acabar e o FC Porto tem de pagar pela utilização do centro de estágio a preços de mercado ou então construa um já que recebe tantos milhões em vendas de jogadores.
Se estão falidos temos pena mas é o mercado. Isto só demonstra a grandeza do SCP que não sendo ajudado por ninguém de qualquer Câmara ou governo luta contra estes senhores e os dinheiros de Angola.
E não esquecer que quem patrocinou a caixa de fósforos do Seixal foi a CGD (ou seja, nós). Quais os benefícios deste investimento para a CGD (ou seja, para mim e para vocês) ainda estou para perceber. Já os benefícios para o lampião foram evidentes.
ResponderEliminarLdA,
ResponderEliminarE de pensar que nós tivemos milhões de € de custos com juros adicionais devido a não amortização da divida da CML ao SCP na altura da da aprovação do PDM e antes da construção do estádio, só este ano nos começam a pagar os milhões acordados (pela permuta de terrenos) ou seja 10/15 anos depois, tendo ficado o SCP o ónus de anos e anos de juros sobre uma divida que deteria ter sido abatida com esses milhões.
Bota concorrência desleal nisso !!!
Há muito que esta artimanha é conhecida e apenas se lamenta (embora não surpreenda) o silêncio da generalidade da comunicação social em relação ao tema.
ResponderEliminarMais do que concorrência desleal (já por si grave) este esquema configura um crime que lesa todos os contribuintes e que devia ser investigado até às últimas consequências.
Goste-se ou não de Rui Rio, numa coisa tem o meu reconhecimento de não entrar em fretes ao sr das antas, como este estava habituado. Todos nos lembramos do inenarrável Fernando Gomes e do seu delfim que lhe seguiu...
A nossa Academia saiu-nos do lombo... e tb por isso somos diferente. Não precisamos de fretes de ninguém.
Mas devemos exigir igualdade de tratamento e quando algo não estiver conforme a lei, deve ser denunciado, e trazido para tema de conversa, como muito bem aqui foi feito.
SL
finalmente um artigo de opinião numa coluna de jornal, que não é conversa de "encher chouriço", chama claramente os bois pelos nomes, as fundações são também isto, o Estado não pode tolerar também isto, o ataque à Despesa Publica passa também e muito por aqui, o caciquismo é isto, o Menezes, simboliza aquilo que o poder autarquico tem de pior, basta olhar para a situação das camaras mais endividadas e quando ouvirem o PC com fantoches disfarçado de jornalistas estilo Fatima Campos Ferreira (por exemplo), não acreditem no discurso de vitima de quem montou arraiais a mais de 300 km do Terreiro do Paço. Por favor, não acreditem!
ResponderEliminarExcelente artigo!
Vergonhoso.
ResponderEliminarE lembram-se das ajudas da CML ao colo-colo?
Extracto do contrato-programa celebrado em Junho de 2002 entre a CML, representada por Pedro Santana Lopes, e a EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa):
Cláusula Terceira
1. A CML, de acordo com a legislação urbanística e o Plano Director Municipal em vigor, reconhece o direito a uma área de construção de 65.000 m2 nos terrenos actualmente propriedade deste clube, sitos na zona envolvente do Estádio...
2. O SLB compromete-se a alienar à EPUL, em propriedade plena, e esta compromete-se a adquirir, os referidos terrenos... com a área de construção acima referida... pelo preço de 100.000$00 o m2.
* O que significa que a EPUL, empresa da CML, deu ao colo-colo € 32.421.863,31, por terrenos junto ao seu campo da bola que lhe haviam sido doados pela CML sob presidência de Jorge Sampaio para construir equipamentos desportivos e que duvido tenham sido efectivamente objecto de construção para habitação - que é o objecto social da EPUL.
Cláusula Quarta
1. A CML, a EPUL e o SLB comprometem-se a estabelecer um acordo de associação... que terá por objecto a construção de 200 fogos em terrenos sitos no Vale de Santo António...
2. Os eventuais proventos líquidos desta operação serão repartidos em partes iguais pelas aqui contratantes...
* Em terrenos municipais, a EPUL planeava projectar, construir e comercializar 200 fogos, entregando no final um terço dos lucros ao Benfica. Perdoem-me o francês, mas WTF? Sendo certo que por esta operação o colo-colo pediu e foi-lhe deferido pela CML a antecipação da sua parte nos lucros no valor de € 10.000.000,00.
E agora, pasme-se, a construção destes 200 fogos foi inviabilizada pela... CML.
Cláusula Quinta
1. A CML compromete-se a ceder, a título gratuito e em direito de superfície, pelo prazo de trinta anos, prorrogável pelos períodos e duração estabelecidos em acordo a celebrar entre as partes, um terreno sito no Eixo Norte-Sul, destinado à instalação de um posto de abastecimento de combustíveis, que sirva os dois sentidos do referido Eixo... o qual poderá ser explorado por aquele clube directamente ou ser cedido a terceiro...
* O colo-colo vendeu-os à Galp e arrecadou quase € 15.000.000,00. A EPUL suportou os custos relacionados com ramais de acesso, fiscalização e consultadoria.
Ou seja, nós os alegres contribuintes somos os mãos largas. Ninguém foi acusado criminalmente de nada.
Outra situação curiosa foi a construção do centro de estágio do colo-colo em àreas de Reserva Agricola e Ecologica (REN e RAN) que eram da empresa Euroárea, que tinha aqueles terrenos do Seixal, mas que não podia lá construir. O colo-colo chegou e tudo construiu, milagre certamente.
10A,
ResponderEliminarPelo menos esses 10M da EPUL das construções no Vale de Santo António, não tinham sido já considerados por um tribunal qualquer que teriam de ser objecto de devolução?
Chamar a isto de regabofe parece-me muito pouco.
Como é que autarquias e empresas públicas não hão-de estar mais do que afundadas em dívidas?
Visigordo,
ResponderEliminarcomo bem saberás a contabilidade final que interessa são os votos e para os alcançar até se "vendem as mães" se preciso for...
Ora aqui estão, no post e nos comentários, mais motivos de orgulho por pertencer a esta gde família leonina. A diferença, que tanto apregoamos, está aqui bem evidenciada. A nós ng oferece nada. Aos outros dois clubes do 'regime' não só oferecem, como, ainda por cima, o fazem com dinheiro dos outros, isto é de todos nós. No fundo, há mt sportinguista a contribuir para o usufruto do FCP do centro de estágio do Olival e para as 'negociatas' fajutas entre EPUL /CML /CMS / SLB...
ResponderEliminarPq é que pasquinada se 'esquece' de abordar estes temas? Pela mesma razão que está a deixar cair o caso Luisão. Isto está td 'controlado' e a falta de vergonha em Portugal e no futebol em particular, que o que aqui nos interessa, atingiu níveis acima do pico Everest nos Himalaias...
Contra td esta miserável decadência: força SCP!
Visigordo,
ResponderEliminarAcho que não, mas posso estar enganado, sempre eram menos € 10.000.000,00 que o Estado tinha deitado ao lixo. De qualquer forma, mesmo se foram devolvidos também não devem ter pago juros ao contrário do comum dos mortais.
E ainda me esqueci de referir que os pagamentos dos ramais por parte da EPUL (aproximadamente € 8.000.000,00), foram feitos mediante a apresentação de facturas por parte do colo-colo, sendo que mais de três quartos destas facturas eram referentes a consultoria e só um quarto delas tinham a ver mesmo com a construção dos ramais. Muitas delas até tinham data anterior ao contrato-programa. No entanto, não se passou nada.
Virgílio,
No caso do cabeçudo também não vai acontecer nada. A direcção do colo-colo já disse ao empresário que o cabeçudo "tem poucas hipóteses de ser castigado" (http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=580789&tm=28&layout=158&visual=49). Está tudo controlado.
LdA,
ResponderEliminaralgum dia isto terá de acabar.
Algum dia, alguém lá fora dirá que a torneira fechou e então pode ser que as convulsões sociais os coloquem no seu merecido lugar, que é na ponta de uma corda.
A uma escala menor, também na Islândia se julgava aquilo um regabofe.
No que ao nosso caso diz respeito, só há uma coisa a fazer em relação a essas duas agremiações, que é restituir a legalidade.
O Porto ou passa a pagar uma renda de acordo com valores de mercado para usufruto de um espaço desses ou então faz as malas e pôe-se a andar.
Quanto ao Benfica, devolve o dinheiro que recebeu ilegalmente ou então o Estado penhora-lhe o património. Tal como qualquer outro contribuinte que recebe aquilo a que não tem direito e depois não tem como devolver.
Só me apraz dizer que as prostitutas são pessoas muito sérias, já os filhos delas...
ResponderEliminarOutro tipo de concorrência desleal, habitué nos nossos adversários.
ResponderEliminarhttp://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=348380
Surpreende-me, ou talvez não, os resãoponsáveis da Liga não terem visto esse "problema" antes do jogo com o Estoril.
Triste futebol português, onde o Sporting está inserido.
Ed 1963
Não percebi o comentário sobre a Fundação para o Carnaval de Ovar. Como vareiro, nota-se que é um comentário de alguém que não compreende a importância e o significado que o Carnaval tem para a cidade de Ovar. Organizar um evento que chama anualmente mais de meio milhão de pessoas para a cidade, que abrange mais de 40 dias de espectáculos e que envolve milhares de figurantes e diversos grupos carnavalescos e escolas de samba, não é pêra doce. A cidade vive e cresce bastante com este evento cultural e é necessária uma Fundação para a organizar e para garantir infraestruturas como a aldeia do carnaval que ia permitir que os grupos tivessem condições para trabalhar durante o ano para construir os carros e fatos, mas que não vai acontecer por causa do corte da Fundação.
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