Com natural regozijo de todos nós a selecção nacional (como ganhou é de todos nós...) que recentemente se sagrou campeã europeia foi composta maioritariamente por jogadores formados no Sporting. Aos dez jogadores com marca Sporting na origem há ainda que acrescentar Eric Dier que, não fora a surpreendente eliminação do seu país, estava também ele destinado ao protagonismo na competição, tal como o golo de livre directo parecia pressagiar. Um número absolutamente notável, qualquer que seja o ponto de observação.
Antes de ir propriamente dito ao objectivo do presente artigo não ficar sem referência as tentativas de negação desta evidência. E não pode da mesma forma deixar de se salientar como a súbita metamorfose da "selecção de Jorge Mendes" - isto é a selecção dos interesses - na selecção de todos nós até chegar à selecção dos "Aurélios". Haveria muitas considerações a fazer em tudo isto, prefiro ficar-me pela conclusão que ganhar deixa toda a gente feliz. Tem, contudo, muitas vezes um efeito pernicioso: retira o espaço à sempre indispensável reflexão.
O Sporting entendeu (creio que a iniciativa partiu do próprio presidente) homenagear Aurélio Pereira cognominando os nossos "dez magníficos". De seguida ofereceu ainda a primeira página e demais interiores onde, numa extensa entrevista, ele explicou a forma pioneira como o Sporting lançou as bases do trabalho cujos resultados o Sporting e o futebol nacional têm ganho chorudos dividendos. Provavelmente mais até o segundo que o primeiro em termos globais e que nem sempre, ou quase nunca, é reconhecido.
Ambas as iniciativas são justas para com o homenageado e meritórias para quem as tomou. O reconhecimento personalizado em Aurélio Pereira, há que o dizer, deve também ser tributado a muitos que contribuíram para a materialização da ideia de Academia, onde fomos também pioneiros. Nomes que num clube de bem com a sua história deveriam agora também ser lembrados, mas terá que passar ainda algum tempo para o Sporting fazer as pazes consigo mesmo.
Pode até ser hoje inconveniente lembrá-lo, mas os "dez magníficos" de que se fala hoje são o produto de uma visão pioneira e do trabalho excepcional de muitos ao longo de quase duas décadas. É o corolário desse trabalho que vemos já alguns anos passar à nossa frente, sem muitas vezes o valorizarmos devidamente, porque por norma só são lembrados os vencedores.
E esta hegemonia do Sporting no futebol português, e tudo o que lhe foi dando ao longo destes anos, é estranha porque não equivaleu a títulos para o clube, mas cujo nome não se consegue apagar. Incluindo nas notáveis prestações da selecção nacional onde, depois de 2004 os jogadores formados em Alcochete assentaram arraiais. E, no futebol, foi a formação, quer em títulos colectivos, quer no reconhecimento individual, a resgatar-nos das brumas do esquecimento.
Creio que assistimos agora ao fim de um ciclo. Será difícil ao Sporting nos próximos tempos voltar a igualar aqueles números. Consequências de uma evolução natural, mas também do aperfeiçoamento dos nossos concorrentes, que depressa perceberam as virtudes do trabalho por nós efectuado. Mas também seguramente de erros próprios que, no momento em que são cometidos, por serem diferidas no tempo, não são percepcionadas as respectivas repercussões na sua verdadeira extensão. Mas só olhando para dentro é possível compreender verdadeiramente o estado das coisas.
Aurélio Pereira dizia, entre outras coisas importantes, que vinham aí gerações magnificas da nossa formação. De forma honesta mas sintomática não se referiu aos que deveriam estar agora na calha para, saindo dos júniores e da equipa B, se constituírem como reforço do quadro de profissionais da equipa principal no médio prazo. A forma como perdemos qualidade e com isso influência é notória quer na qualidade do jogo nos escalões referidos quer mesmo nas convocatórias das selecções nos respectivos escalões. Em muitos casos passamos de hegemónicos a residuais.
Aos que adoptam a fraqueza da teoria da conspiração como justificação, dando como explicação a influência dos interesses, lembro que mesmo que assim fosse isso equivaleria a assentir que perdemos então um poder que já detivemos. Era importante perceber porque assim foi.
A melhor forma de homenagear Aurélio Pereira era mantermo-nos fieis ao seu legado. A nossa hegemonia construiu-se sobre uma especial apetência na prospecção e detecção de talentos feita precocemente, assente numa teia de observadores, apoiados posteriormente na Academia numa equipa multidisciplinar de profissionais de qualidade reconhecida. Isso foi-se perdendo ao longo dos tempos, numa erosão transversal a toda a organização.
Essa erosão era já grande quando Bruno de Carvalho chegou à presidência e as pessoas a quem ele confiou a gestão da formação aparentemente têm-se entretido em aprofundá-la. O corropio de jogadores a entrar em Alcochete tem sido constante. Alguns deles sem nunca chegarem a calçar ou a vestirem-se para qualquer jogo. O que era "la creme de la creme" da nossa formação, a tal detecção de talentos ou jogadores com elevado potencial, tornou-se na contratação ao quilo.
A progressão "botton-up" dos jogadores, com estes a aprimorarem as suas qualidades, bem como a aprendizagem dos melhores princípios de jogo, foi interrompida pela voragem das aquisições permanentes. Da estabilidade, da paciência, do rigor da programação chegamos agora à mutação permanente, e à qualidade muito duvidosa da prospecção.
Ora isto é a negação dos nossos melhores princípios e o que nos levou à hegemonia. Repare-se em jogadores como Moutinho, Cédric e até Adrien. O seu sucesso actual seria possível se não tivessem eles desfrutado de quase todos eles de mais meia década de aprimoramento? Em pouco tempo subverteu-se a regra de apenas contratar excepcionalmente - um bom exemplo disso é Nani - confiando no trabalho feito em casa, para se tornar a norma.
Diga-se que a contratação de jogadores para estes escalões já acontecia anteriormente como se viu Fokobo, Pallhinha, Wallyson, Carrillo, Rúbio e outros.
Atente-se ao momento em que fomos buscar alguns dos jogadores que nos últimos três anos chegaram a séniores:
Cedric (Sub7), Dier (Sub10), João Mário, Podence e Iuri (Sub11), Ponde e Tobias (Sub12), Patrício, Esgaio e Chaby (Sub13), Adrien, William Matheus e Bruma (Sub14), Ilori (Sub15), Semedo e Gelson (Sub16).
Se com frequência nos ufanamos do valor excepcional da nossa capacidade de formar jogadores porque estamos a recrutar à pazada jogadores de escolas alheias e sem o reconhecimento que a nossa desfruta?
É isso a confissão tácita que já não se trabalha bem em Alcochete?
Nas actuais circunstancias e procedimentos pode ser prometido a liderança e a manutenção da nossa hegemonia no médio / longo prazo?
Poder-se-ia pensar que tal voragem de que aqui se fala se trata de um movimento pontual, mas se nos detivermos nos números das contratações efectuadas desde 2013 percebe-se um movimento de entrada permanente.
2013
B
Samba (E), Matías Pérez (S), Hugo Sousa (S), Lewis Enoh (S), Ousmane Dramé (S), Everton Tiziu (S)
S19
Mama Baldé (B)
S17
Ronaldo Tavares (B), André Serra (S)
S16
Diogo Sousa (S19), Paulo Lima (S19), Jefferson Encada (S19), Janilson Fernandes (S), Tiago Palancha (S)
S15
Tiago Djaló (S19), Al Hassan Lamin (S)
2014
B
Hadi Sacko (E), Ryan Gauld (E), Jorge Santos (S), Jorge Silva (S)
S19
Ivanildo Fernandes (B), Aya Diouf (S19), Luís Elói (B), Rafa Benevides (S), Olávio Gomes (S), Diogo Barbosa (S), José Correia (S), Abou Touré (S), Abdoulaye Dialló (S), Ever Peralta (S), Bruno Pais (S), Khadime Ndiaye (S), Luis Caicedo (S), Paulo Borges (S), Zhang Lingfeng (S), Rúben Varela (S), Bernardo Moura (???)
S17
Gil Santos (S19), Jovane Cabral (S19), Sérgio Santos (S), Muhamed Djamanca (S)
S16
David Tavares (???)
2015
B
Murilo de Souza (S)
S19
Gabriel Pajé (B), Zé Pedro Oliveira (S19), Bruno Fernandes (S19), Sérgio Félix (S19), Francisco Sousa (S), João Coelho (S), Sarbini Martunis (???)
S17
João Pedro Ricciulli (S19)
2016
B
Tomás Rukas (B), Diogo Nunes (B), Eduardo Pinheiro (B), Ricardo Guimarães (B), Fidel Escobar (B), David Sualehe (B), Leonardo Ruiz (B), Budag Nasyrov (B), Betinho (S)
S19
Amânsio Canhembe (S19), Diogo Rodrigues (S19), Pedro Marques (S19)
S15
João Domingues (S15)
Quando falamos da "melhor academia do mundo" o que em valor absoluto não existe e é por isso hiperbólico, está associada a ideia de um lugar de elite, acessível apenas aos melhores. Um pouco como entrar em Yale, Standford, Cambridge, etc. Era um pouco isso que sentiam os tinham sorte de entrar em Alcochete. Hoje parece estar-se tornar numa vulgaridade cujo preço inevitavelmente iremos pagar. O que os podem oferecer de excepcional estes jogadores que agora chegam às carradas, já quase terminada a fase da sua formação?
Creio que o que falha nesta análise é não haver uma referência ao desinvestimento que houve a nível de scouting, observadores e treinadores das nossas equipas de formação. Processo esse que se iniciou ainda durante o "reinado" de JEB e que só agora está enfim a regressar.
ResponderEliminarDe resto, não basta apenas dizer que foram contratados muitos jogadores, alguns deles têm bastante qualidade e já a demonstraram quer na B, quer nos Sub19 (vice-campeões nacionais nos últimos dois anos), e nos Sub17 (campeões nacionais).
A nossa formação actualmente, depois de alguns anos penosos, voltou a estar ao nível da dos nossos rivais, com a aliciante de que, no Sporting é mesmo possível chegar à equipa A, enquanto que no SLB é impossível, e no FCP só mesmo um de dois em dois anos terá essa oportunidade.
Há muitos aspectos a melhorar, obviamente. As contratações têm que ser mais criteriosas e nesse aspecto estamos num caminho bem melhor. As contratações para a B este ano estão a ser muito boas, jogadores com experiência de II Liga e com passagem pelos rivais, jovens e para posições onde estamos carenciados. Se a isto aliarmos a resolução de casos de jogadores que não contam para A nem para a B e que têm rescindido contratos ou sido emprestados/vendidos, vê-se claramente que existe um plano que está a ser posto em acção.
A actual direcção não está a dormir. Aprendeu com os erros e ano após ano veremos melhoria nos resultados e na formação dos nossos atletas. Devemos sempre dar sugestões para melhorar sem entrar em alarmismos.
Quanto às convocatórias para as selecções, é preciso ser-se intelectualmente desonesto para aceitar que os júniores do 6.º classificado estejam em maioria em relação aos restantes clubes. Quem ler este post ainda pensa que ficámos arredados da luta pelo título na primeira jornada e que todos os escalões de formação desceram de divisão.
Subscrevo. Realmente não consigo perceber onde quer chegar o Leão de Alvalade. Toda a gente sabe dos esquemas manhosos nas convocatórias. Basta ver a convocatória para o europeu sub 19. O 6 classificado da fase final do campeonato de juniores (que o Leão de Alvalade deve saber quem é e que ficou a 10 pontos do Sporting e a 11 do Porto) levou 8 jogadores (!), o Porto e Sporting apenas 2.
EliminarFoi efectivamente com JEB que se iniciou o desinvestimento na e formação e continuou impunemente com Godinho. A formação começa a recuperar com o BdC e este ano até fomos campeões nacionais de juvenis. A contratação de jogadores para a equipa B, com alguma rodagem de 2 liga, vem precisamente contrariar essa carência de qualidade, fruto do tal desinvestimento, que ainda vão demorar o seu tempo a recuperar a qualidade que nos habituou.
Parece que agora está na moda e fica bem dizer que o Sporting já perdeu a hegemonia na formação...
Bruno Nogueira,
EliminarVou guardar esta pérola
A contratação de jogadores para a equipa B, com alguma rodagem de 2 liga, vem precisamente contrariar essa carência de qualidade, fruto do tal desinvestimento, que ainda vão demorar o seu tempo a recuperar a qualidade que nos habituou."
Continuo sem perceber qual é o problema. O Leão de Alvalade porventura acha que a equipa B deve apenas ser constituída apenas por juniores da nossa formação? Vê alguma coisa contra contratar jogadores de qualidade e idade jovem a outros clubes para reforçar a equipa B?
EliminarO Leão de Alvalade deve compreender que é para isso que existem departamentos de scouting. A qualidade não se cinge ao Sporting, também existem jovens valores noutros clubes à espera de oportunidades.
Só o regresso da equipa B dá logo uma boa ideia da ordem de grandeza do desinvestimento na formação. Infelizmente ainda ninguém conseguiu concretizar algo tão ou mais fundamental à formação como um plano de carreiras bem alicerçado. Precisamente o contrário de putos com cláusulas de 60M e ordenados de tostões. E que só por si evitava muitas das cegadas a que assistimos todas as épocas. Além do entulho que não pára de chegar.
EliminarA forma como uma selecção nacional muda de cognome já em plena fase final diz tudo do actual Sporting. E o o nome do Aurélio Pereira é para usar e abusar. Como o Saraiva.
ResponderEliminarAdriano,
EliminarO que dizes faltar na análise está lá mas é preciso não ser intelectualmente desonesto para o negar.
«a erosão era já grande etc«
E quais dos jogadores contratados têm demonstrado qualidade e quais das deste ano para a B são muito boas, para devido registo?
Como é possível assegurar que estamos num caminho muito melhor quando os indicadores não o sustentam?
Quanto à referência à convocação sub19 lá está era bom explicar à luz desse raciocínio porque perdemos influência.
Daqueles que conheço e sigo a carreira com alguma atenção:
Eliminar2013
B
Ousmane Dramé (S) – Jogador com qualidade inegável que infelizmente não se afirmou por falta de aposta de Marco Silva.
S19
Mama Baldé (B) – Maior promessa actual para a lateral-direita do Sporting
S17
Ronaldo Tavares (B) – Melhor marcados S19 e boa promessa para o ataque da Equipa B, está a fazer uma excelente pré-época.
S16
Jefferson Encada (S19) – Um dos melhores extremos dos júniores e já a jogar na Equipa B.
2014
B
Ryan Gauld (E) – Continua a mostrar qualidade em campo, aguardar para ver o que faz em Setúbal
S19
Ivanildo Fernandes (B), Luís Elói (B) – Duas promessas, regulares na equipa B
S17
Gil Santos (S19), Jovane Cabral (S19) – Titulares dos Sub19 vice-campeões e com aspirações para continuarem a crescer em Alcochete
2015
S19
Gabriel Pajé (B), Bruno Fernandes (S19) – Bom avançado e melhor médio dos vice-campeões de Sub19
Dos de 2016 ainda é cedo para ver, mas os dois que foram contratados ao FCP e o Edu Pinheiro já mostraram um grande potencial no passado e foram importantes nas suas equipas.
11 jogadores em três anos (sem contar com 2016) para mim parece-me ser uma boa taxa de acerto. Só agora reparei que o Martunis constava na lista. Todos sabemos que ele só foi contratado para ter uma educação em Portugal e para ter melhores condições para crescer como pessoa. É um projecto de ajuda social e não uma aposta num jogador. Não devia constar nesta lista.
Adriano,
EliminarBasta-me ler o inicio. Dramé??? Francamente, até quem o contratou já deu conta do equívoco. Um caso exemplo do que é má prospecção que redundou na ocupação de tempo e lugar quando seria mais vantajoso para o clube que tal fosse dado a quem realmente o merecesse.
Aurélio especificou quais as gerações que serão "magnificas". Não referiu as 2 últimas sub 19, por exemplo.
ResponderEliminarEntre outras, a sub17, campeã nacional, que não teve nenhum titular na selecção campeã europeia. Competição onde não esteve o melhor jogador do Sporting e o melhor jogador da fase final do campeonato de juvenis, para se ter uma ideia do critério.
Nuno,do ponto de vista da seleção com os resultados obtidos a crítica ao critério é de efeito quase nulo, por maior que tenham sido as injustiças cometidas com os nossos jogadores na convocatória.
EliminarNão inibe contudo que os sub17 do Sporting tenham muita qualidade ( onde se incluem "contratações recentes ) e não é pelo título, geração referida por Aurélio como "magnifica", como refere também os sub14 e sub15, se não estou em erro.
EliminarOu seja, talvez a formação do Sporting após 4 ou 5 anos de dificuldades, tenha reentrado nos eixos.
Haja esperança que sim, N. Bispo.
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ResponderEliminarPensava eu que a crítica à Formação do Sporting estava em crise...
Mas há sempre imaginação para criar "novas crises"...
Nunca houve crise na "Formação", apenas na "Informação".
E o pior para todos os "criadores de crises" é que a Academia está a carburar melhor que nunca!
Na próxima época vamos ter equipas de juniores, juvenis e iniciados com
enorme qualidade!
E abaixo destas, prestes a sair do "forno" da EUL, vêm ainda gerações mais impressionantes!
Os de 2002 limparam os torneios importantes todos (Mundialito, pontinha, Ajax cup, etc.), e os de 2003 foram campeões distritais de infantis e limparam os 4 torneios mais importantes (Pontinha, Frielas, Marinhas em Esposende e Pateira Cup, todos derrotando a "melhor geração" do SLB)!
Não vou pôr aqui nomes porque são crianças, mas quem os acompanha conhece-os e sabe do seu imenso talento e sportinguismo!
O que os faz entrar em desespero é que no auge da "Propaganda" da "Crise da (In) Formação" foi quando mais jogadores se lançaram na equipa principal!
Três épocas seguidas a lançar 3 jogadores na equipa principal nunca tinha acontecido!
2013/2014 - William - Wilson Eduardo- Mané
2014/2015 – João Mário - Tobias - Wallyson
2015/2016 - Rúben Semedo- Gelson - Matheus
Esta época estão aí a rebentar o Podence e o Iuri, e os juniores do próximo ano vão deixar água na boca!
Nunca houve "crise" na “Formação”, e muito menos na "linha de produção", sempre saíram talentos para a equipa principal, e nunca tantos como nas últimas 3 épocas, mas é evidente que a lampionagem tentou secar a "fonte" por onde durante décadas brotou o nosso talento (muitas vezes para os rivais, é verdade, só temos de o assumir e garantir que não se volta a repetir), e tentou-o primeiro através de vários grandes golpes de "Espionagem Industrial" (nós temos os "Aurélios", génios da Formação, e eles têm os "Marutas", génios da Espionagem), e depois através de orçamentos milionários, e de milhões e milhões de euros espalhados por "observadores", "espiolhões", “caixas”, “cubos”, “mamarrachos” e “lavandarias” internacionais, e centenas de "paizinhos" burrinhos que preferem receber mensalidades de 800 euros do que acautelar o futuro dos próprios filhos, e não souberam, não sabem, nem nunca saberão distinguir entre uma Academia de Excelência e uma Caixa Cheia de Caganitas de Pombo mas com muitas luzes psicadélicas para enganar os pacóvios...
JMF,
Eliminarainda bem que está tudo bem, incluindo este contratar às carradas, com jogadores a entrarem e outros a saírem sem perceber o que vieram cá fazer. É que, talvez não tenha reparado, era esse o foco do post. É que é claro que se este continuar a ser o procedimento os tais jogadores promissores das gerações promissoras que aí vêm encontrarão o seu caminho barrado por jogadores de qualidade duvidosa que todos os anos chegam à B. Eu não acredito que este seja um modelo potenciador de sucesso.
Acresce que não usei a palavra crise. Como digo no post muitas vezes só nos apercebemos das decisões erradas quando as suas consequências se tornam mais evidentes. Neste caso elas não acontecem no imediato e não ocorrem todas de uma vez. Quanto mais não seja até pela inércia formação do Sporting pode entrar em declinio sem ser de forma imediata e catastrófica, como um daqueles fenómenos meteorológicos extremos mas pode mudar paulatinamente como por exemplo as consequências das alterações climáticas.
Algumas notas:
ResponderEliminar- Estrangeiros colegas de equipa do junior Adrien Silva: Victor Golas, Vinicius Golas, Weliton Matos, Mihai Radut; Owusu, Rabiu, Luis Paez, Yannick Pupo.
- Além do Cristiano Ronaldo, quais foram os colegas de equipa se se afirmaram? O José Fonte, depois de anos a fio a amargar na 2ª liga inglesa.
Até há pouco tempo era aceite que aproveitar 1 ou 2 jogadores por fornada já era muito bom. A excepção a essa regra são estas últimas fornadas.
Há imenso talento na equipa que se sagrou campeã de juvenis. Ainda falta bastante caminho mas desvalorizar estes jogadores é injusto.
P.S. A sério que até o puto indonésio entra nas contas??
FCS,
ResponderEliminarNão me parece que tenha feito alguma menção ao facto de os jogadores serem ou não estrangeiros. Se o fizesse não me teria referido Dier. Creio que não percebeste a ideia central do post. E depois não me recordo de ter desvalorizado os jogadores juvenis.
FCS,
ResponderEliminarNão me parece que tenha feito alguma menção ao facto de os jogadores serem ou não estrangeiros. Se o fizesse não me teria referido Dier. Creio que não percebeste a ideia central do post. E depois não me recordo de ter desvalorizado os jogadores juvenis.
O meu ponto é que sempre se contratou e até em quantidade paras as camadas jovens. Essa geração é exemplo, apesar de existir imenso talento nem por isso se deixou de contratar.
ResponderEliminarDei o exemplo da geração do Ronaldo, só para frisar que há gerações e gerações. Estas ultimas duas dos juniores não serão as mais talentosas mas também aqui há jogadores que se podem fazer.
Leão de Alvalade,
ResponderEliminarBastante esclarecedor texto. Dois comentários apenas, em virtude de já teres dito quase tudo: 101, nº sob qualquer perspectiva excessivo. Como te confidenciei ontem não fazia a mais pequena ideia que seriam tantos. Alguém cobrará em face do perfeito desacordo entre promessas e decisões? Alguém verá no nº de contratações para as equipas de formação um indício de que quem toma decisões tem pouca vocação para o que faz? Já que se fala de formação: alguém cobrará o que se fez ao Rugby e ao Hóquei? Celebrará o Benfica um hexa de pista coberta por há 6 anos e 1 mês ter decidido reforçar-se com atletas séniores (?), ou terá pelo contrário quase tudo a ver com formação? A fortuna (pelo valor em si mesmo) mas sobretudo pela forma como está a ser aplicada nas mais variadas modalidades e estruturas de formação (nalguns casos desfeitas), trará alguma coisa mais do que alguns títulos nos próximos 2 anos? Quando nalguns casos nem isso trará ...
Igualmente Leão de Alvalade, é incomodativo perceber que a vaga ideia mantida sobre a nossa formação (futebol) estava mais ou menos correcta. A ideia de que teremos há muito sido ultrapassados e que hoje esse declínio agrava-se: o falso chavão que via / vê a academia como uma estrutura de qualidade adquirida para a vida - como se a sua excelência pudesse decretar-se - e quando só será possível desenvolver talento se o talento se vir observado e recrutado / seduzido a tempo e horas. Daí, a filosofia adoptada, o conhecimento dos técnicos e a estrutura física são em si mesmos de uma importância tremenda mas não são a condição indispensável.
A condição indispensável é - como dizes no texto - a prospecção.
Os miúdos que ingressam ou têm as qualidades intrínsecas que poderão desenvolver-se e aprimorar-se com a prática e com a ajuda do Sporting, ou não as têm. Se os mais talentosos ingressam noutros clubes serão esses clubes que se destacarão na formação de bons jogadores.
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarE só mais uma achega LdA:
EliminarO que mencionas sobre os chavões e rótulos da selecção é um fenómeno típico. Na SportingTV um dos seus rostos referiu-se ao seleccionador como "Fernando o incompetente Santos". Porventura poucos se terão chocado já que FS afinal não utilizara o trio que compôs o meio-campo do Sporting ...
É de uma parvoíce e hipocrisia completa.
Importante é a imagem e o "sound bite", neste caso com duas agravantes:
- incapacidade para perceber que este título de campeão europeu não espelha seguramente o melhor que a formação do Sporting exibiu / exibe.
- por trás da instrumentalização e tentativa de colagem a feitos de outros (neste caso de jogadores e de Aurélio Pereira enquanto símbolo de uma estrutura), ter o desplante de dentro de portas ser (Sporting) o primeiro em muitos casos a destratar esses "Aurélios", algo que Bruno de Carvalho é só mais um na linha do que outros para trás fizeram.
É ou não verdade que João Mário é ao mesmo tempo um dos elementos mais importantes do Sporting mas está bastante longe de ver a sua importância espelhada na tabela de vencimentos do plantel? E que Eric Dier saiu do Sporting por (muito bem) não se sujeitar ao modelo absurdo que hoje se pratica? Quando o que vale para ele valerá para tantos outros nos últimos 7 ou 8 anos.
A quem apregoa Ricardo Quaresma a sua lealdade? É ao Sporting?