Apagão
Por outro lado, a nossa performance nos últimos anos e as sucessivas figuras que temos proporcionado são também razão para as pessoas se desinteressarem do campeonato nacional. Se há alguns anos podíamos estar arredados da luta mais cedo, havia uma luta da qual nunca estivemos arredados: a luta pela verdade desportiva e pela transparência.
Ontem ao jantar, perguntavam-me por quem eu torcia ao que eu dei a minha resposta habitual: “Pelo Sporting. Eu sofro pelo Sporting e não tenho qualquer preferência por qualquer um dos rivais”.
O “apagão” registado também resulta do eclipse leonino no panorama desportivo nacional e que permitiu o acentuar das clivagens entre os outros dois rivais. Naturalmente, não posso dizer-me satisfeito com o sucesso de um clube a que eu me habituei a ter uma vantagem competitiva “invulgar” e pouco clara, ao longo dos 18 anos do nosso jejum. Visto isto, penso que não cometo nenhum erro ao dizer que não se trata de quem gostamos mais mas sim quem menos desgostamos.
Fenómenos como este apagão, decisões disciplinares ou a propaganda jornalística em torno de uma colectividade têm vindo a alimentar sentimentos “Anti-qualquer coisa” nos adeptos leoninos, fazendo-os alhear-se de todo um panorama.
É complicado lidar com as papoilas histéricas que tão depressa se escondem na sua toca quanto aparecem e procuram os defeitos dos outros para camuflar os seus mas a limitação da visão a este prisma será a limitação dos horizontes do Sporting e enquanto visualizamos apenas um “adversário” perdemos noção de quais são todos os nossos oponentes: efectivos, reais ou potenciais.
Assuma-se de vez uma postura de “Lead, do not follow”.
EM FRENTE SPORTING!
Tal e qual, Hugo.
ResponderEliminarJá desisiti desta luta. O anti-(x) primário, seja ele qual for, é quase sempre nocivo para o Sporting. Mas quando se trata de rejubilar com resultados como o de domingo à noite ou o da primeira volta é, para além de nocivo, pouco compreensível para mim.
Depois não se queixem de haver presidentes e adeptos que se satisfaçam com o segundo lugar, desde que o primeiro ou o terceiro sejam "a" ou "b".
Bruno
ResponderEliminarFelizmente que quem rejubilou com o resultado da 1ª volta não foi eleito para a AG.
Hugo,
ResponderEliminarDe há uns anos para cá que digo, e tento alertar outros Sportinguistas para o facto, que fcp e slb são farinha do mesmo saco.
Se o slb é o nosso rival histórico, também é verdade que o nosso principal rival desportivo nos últimos 10 anos é o fcp. Além disso, foi quem mais nos prejudicou nas últimas 3 décadas.
E quanto a comportamentos, são cada vez mais parecidos. A diferença é que uns equipam de vermelho e outros de azul.
Qualquer campeonato que não é ganho pelo SCP mas sim por um dos seus rivais, me é cada vez mais indiferente, ou seja, não tenho uma posição de "Ainda bem que é X e não Y".
Hugo Malcato,
ResponderEliminarEu não distingo entre as agremiações do "capo del nord" e do "capo del sud". Ambas recorrem a todo o tipo de estratagemas ínvios para assegurarem aquilo que as respectivas equipas de futebol possam falhar dentro de campo.
Nessa perspectiva não há como preferir uma à outra. Não são só equipas adversárias dentro de campo, mas também e sobretudo adversárias dos valores que o Sporting tem e deve continuar a ter no seu ADN.
Retomando o exemplo que foi bem apontado pelo Carlos, achei aquelas afirmações do RA disparatadas e absurdas, tal como achei uma completa idiotice afirmações públicas de quem ficava contentinho com segundos lugares.
Mais, o ressurgimento sportinguista não deve passar apenas por uma sólida equipa de futebol, mas sim - tal como foi bem apontado - no panorama desportivo nacional, e aí penso que é fundamental que isso se verifique dentro de campo no futebol e em todas as modalidades que disputamos, mas também no dirigismo desportivo de todas essas modalidades.
Aliás, sempre achei que tendo tanta gente válida em diversos domínios da sociedade, nomeadamente no seio do Conselho Leonino, devíamos desafiar todas essas pessoas a intervir activamente nas federações, associações, liga, etc., pois só dessa forma poderemos agregar à nossa volta os clubes que não se reveem no vale tudo e participar activamente na mudança de mentalidades que neste momento faz perigar o desportivismo e o ideal olímpico.
Hugo,
ResponderEliminarA minha posição é equidistante em relação aos rivais. Mas sou dos que acha que os 3 grandes teriam o seu futuro mais assegurado se, no que lhes é essencial e comum, conseguissem entendimentos. E, se houvesse uma gestão conjunta perspicaz, a visão conjunta não se deveria limitar às questões que lhes são exclusivas mas abarcar a totalidade do futebol nacional, podendo, pela complementaridade, retirar mais dividendos do que o "orgulhosamente sós" actual.
Esse cenário está hoje longe de poder perspectivar pela falta de visão de todos, pelo excesso de belicosidade nas relações entre FCP e SLB e por falta de liderança no Sporting que, infelizmente, não consegue resolver os problemas caseiros quanto mais os da "sua rua".
Anseio por uma direcção do nosso clube forte que possa servir de catalisador de vontades para criar o clima e as condições para andar para a frente.
Mas sou pessimista (mais 1 vez...) porque a norte :) temos uma grande instituição que degenerou à força de tanto perder e passou os últimos 30 anos a assaltar bancos e hoje, de cofres recheados, quer fazer de modelo de eficiência e boa gestão, embora continue com as ligações ao bas-fond que lhe serviu de braço armado para conseguir o que, por outros meios, seria muito mais difícil de alcançar.
Como vizinho temos outra grande instituição que é como o frei tomás: temos que olhar apenas para o que diz e esquecer o que faz. Aquela coisa do "somos os maiores" deixa sempre de fora o substantivo por alguma razão é. Certamente para adaptar à necessidade do momento. Seríamos aliados naturais nestes últimos anos, mas a rivalidade suplanta a necessidade e com isso andamos a contar os troféus que nos passam por debaixo dos olhos.
Convém acrescentar que o SLB, apesar das tentativas, nunca foi um parceiro fiável. Eles querem transparência mas a deles. A da transparência à Lucílio por exemplo. No fundo só não são como o FCP porque não sabem. E aqui tiro grande parte dos adeptos do SLB que conheço e com quem converso e que reconhecem incomodados que LFV gere mal este dossier.
Nós andamos em partilhas e por isso temos muito mais que nos preocupar com o que é apenas nosso. Infelizmente.
Hugo Malcato,
ResponderEliminarSubscrevo o post. A maior atenção dada aos adversários, neste momento, resulta em parte desse fenómeno de eclipse. É normal, até porque o Sporting ainda está por reconfigurar-se, um pouco à semelhança da época passada: deixar correr algumas semanas para cumprir calendário. A luta pelo 3º lugar é importante mas não tira o sono a ninguém nem consome muitos recursos, por parte dos adeptos. Desse modo, a sua atenção vira-se naturalmente para outras paragens.
É culpa do Sporting, este fenómeno. Exclusiva.
Não dos adeptos, mas do Clube.
Subscrevo também a noção de que preferências todos as terão. Uns por um rival, outros por outro, outros por ambos, e outros ainda por nenhum. Não se trata de gosto obviamente, mas antes preferência por aquele de quem se desgosta menos, como dizes. Fazemos isto para todos os campeonatos, para todas as equipas, nos desportos que acompanhamos, porque motivo não veríamos o fenómeno em Portugal? Em 2001/02 ao mesmo tempo que o Sporting se preparava para festejar o campeonato ganho nessa época eu torci todas as semanas para que o Benfica confirmasse o 6º lugar e ficasse pelo 2º ano consecutivo fora da Europa, por exemplo.
Não se trata de sentimento anti.
Eu sou anti-benfiquista mas não é por causa dele que desejei que o Porto se sagrasse campeão na Luz. Este fim-de-semana passado, pelo contrário, desejei a vitória do Benfica. Por alguns motivos, todos relacionados com a esfera extra-desportiva. Não se trata de anti-benfiquismo, ou anti-portismo. Trata-se isso sim de um fenómeno muito simples:
O Sporting é de Portugal mas está em Lisboa.
O Benfica é do bairro de Benfica e também está em Lisboa, perto.
O Porto é do Porto e está lá 300 km mais para cima, longe.
No será por acaso mas até hoje posso dizer que possuo somente, a título pessoal, 2 amigos portistas. 2, só. Porquê? Os portistas concentram-se no Porto e eu nunca vivi no Porto. Vivi em Lisboa e todos os meus amigos - sem excepção - ou eram / são do Sporting, ou do Benfica.
Braga, idem, benfiquistas a torto e a direito, parecem baratas por lá. Mas baratas mesmo. São muitos, e em dia de jogos do Benfica juntam-se todos e impestam os cafés, e desenvolvem muita colónia, para ver o seu Benfica e tudo isso.
Trata-se de contacto, para muita gente, como é o meu caso. Não tenho contacto com o Porto, e portanto é fácil ter uma relação emocional distante para o Porto. Se é distante, não há grandes motivos para se odiar ou desejar mal ao Porto. Com o Benfica não, óbvio. As rivalidades - saudáveis e não-saudáveis - manifestam-se para muitos Sportinguistas a um nível diário, em conversas com conhecidos e amigos, em discussões, e em tudo. É basicamente isto, bastante normal e sem grande mistério. Para um sportinguista que viva no Porto já será diferente claro. Tem um contacto diário com o portismo, e desse modo vai alimentando a sua rivalidade com o Porto todos os dias. Porque no futebol existe isso: rivalidade. Faz parte. Sem ela, não seria futebol. Não temos que ser demasiado moralistas e dizer que devia ser assim ou assado. Não, as coisas são como são e um dos prazeres do Futebol é existirem rivalidades, e ódios. Fenómeno de partilha e pertença a um grupo, grupo esse que rivaliza com outros. São estados primitivos da natureza humana que precisam de ser alimentados, e o Futebol fá-lo, e é por isso que o Futebol é um fenómeno muito básico.
ResponderEliminarNo dia em que não o for, perde muita da sua graça.
Mas Hugo,
No que à nossa questão respeita, porque ela é sem dúvida mais importante do que qualquer apagão. A culpa é do Sporting. Toda. Toda e mais alguma. Não é dos seus adeptos. E a culpa deriva de um fenómeno muito simples que está a espaços desenvolvido aqui, neste texto:
Estranheza. Pura estranheza.
É este o fenómeno que separa os Sportinguistas do seu Clube, neste momento, e não a ausência de resultados ou as prestações desportivas dos 2 últimos anos, em dose maior. Contribui, mas não é nem de perto nem de longe a causa maior.
Aquilo que o José perguntava ontem, no post anterior, e aquilo que o presidente do Sporting tem de ter sempre noção. O Sporting tem de ser um Clube ágil e activo que imponha à sociedade um perfil forte e ambicioso. Isso faz-se pelo meio de algumas opções simples. Somente algumas. Não dá muito trabalho e está ao alcance de qualquer presidente. Um que apresente resultados finais, ou não. Se o Clube não quer que os seus se desviem de si tem de chamá-los, e só o consegue com opções ambiciosas. Não são precisas muitas: 4 ou 5 nomes, onde se inclui o do treinador, 2 ou 3 jogadores, 1 dirigente. Referências e faróis para o Clube, na sua relação com os adeptos. O Sporting, neste momento, não tem quaisquer referências: ao nível do relvado, banco e dirigismo. Quando assim é, as pessoas desinteressam-se, naturalmente.
Abraços.
Sobre as rivalidades:
ResponderEliminarÓdios que não descambem em violência claro, e ódios que não envergonhem a Clube ao serem praticados por dirigentes afectos ao Clube, como esses apagões ou sistemas de rega activados às 11 da noite. Eu quero ver os adeptos do Sporting com os seus níveis de rivalidade sempre no máximo e nos limites mas, não preciso nem quero vê-lo ao nível dos meus dirigentes. Ocasionais palavras de desprezo, pequenas picardias e pequenos actos. Não mais do que isso, nada de fomentar ódios ao nível do Clube e sua representatividade, porque essa prática só desvia energias daquelas que são as suas reais tarefas.
Esse papel, um que alimente rivalidades, amores e ódios, e contribua para que os Sportinguistas se mantenham interessados na causa tem de ser induzido - via opões - pelos dirigentes do Sporting. Induzido, de forma mais ou menos súbtil. Mas a sua prática cabe ao exército de adeptos, e não a si.
Retenho a ultima frase do post “Lead, do not follow”. Os maiores não andam atras de ninguém nem preferem que outro que não eles ganhe...
ResponderEliminarPara além disso, há outro aspecto a reter do apagão e afins que não foi tocado no post, mas que me parece importante. O nível de ódio e violencia a que temos assistido nas ultimas semanas (felizmente sem nos atingirem) são inaceitaveis. Qualquer dia volta a morrer gente num campo de futebol ou em seu redor ou numa qualquer auto-estrada. As declarações que têm vindo a ser feitas por dirigentes daqueles 2 clubes são criminosas e deviam ser punidas severamente pela sociedade civil.
Eu sou e fui sempre anti slb..porque apesar de ser do norte vivo há muitos anos no sul e nesta zona não há portistas..Depois a festa e a alegria dos lamps incomodam e fico de mau humor..Por isso quero sempre que o slb perca já que o meu clube não consegue ganhar ...Volto a repetir que na época passada tive que ir ver um filme a hora da festa vermelha no marquês porque eu não aguentava ver a festa vermelha..será do ódio que sinto por eles..Desde que o meu clube ande sempre a frente deles já me sinto feliz..Se andar a frente dos dois sinto-me duplamente feliz..
ResponderEliminarO renato é o verdadeiro sportinguista, parabéns renato.
ResponderEliminarParabéns também por assumires o que muitos tendem a esconder.
É desse tipo de sportinguistas que o Sporting precisa.
Tenho pena que não tenhas assistido à maior festa de sempre feita em Lisboa.
Espero que ao menos tenhas gostado do filme.
Ca' Rega Benfica!!!!