O Jogo Directo*
Não me quero alongar muito, mas também não pretendo ser indelicado face ao convite feito e, por isso, deixo apenas 3 tópicos para reflexão sobre o actual momento do Sporting.
- Se o Sporting investe (ano após ano, não é isoladamente) menos do que o Porto e Benfica e se, como parece acontecer este ano, ambos os rivais estiverem bem orientados tecnicamente, que hipóteses terá o Sporting de chegar ao título interno?
- Na sequência da evidente (parece-me) resposta à pergunta anterior, não será urgente para o Sporting rever alguns pontos do seu modelo de gestão? Não estará, na situação actual, dependente da incompetência dos rivais para realisticamente poder aspirar ao sucesso?
- A contestação vai inevitavelmente entroncar na figura do treinador. Reconhecendo, como venho fazendo, aspectos que podem ser melhorados na qualidade do actual modelo, a questão que me parece mais pertinente fazer não é se o treinador deve sair. A penalização de um treinador, "tout court" nunca serve os interesses de um clube, apenas alivia o ego de alguns adeptos. O que importa questionar é se existe alguma solução que, com alguma certeza, represente uma mais valia consistente em relação ao técnico actual. Se a resposta for vazia ou mesmo dúbia (como acredito que seja no momento), o que de mais prejudicial pode haver para equipa é uma pressão externa para uma "revolução".
Ás de trunfo! Ter aqui um alinhavado do Filipe é excelente, para mim o blog que ele lidera é um luxo disponível para "bancadistas" profissionais poderem ter um contraditório do seu ego. São várias as vezes que lá vou apaziguar o meu espírito catastrofista e revolucionário. Simplesmente o melhor blog sobre futebol da blogosfera nacional.
ResponderEliminarVamos então aos pontos que ele deixa para reflexão.
1º- O investimento. Tem obviamente piores condições para vencer, utilizando o teu "ano após ano, não é isoladamente", tem principalmente dificuldade de vencer regularmente sem um maior investimento. Um acaso, uma época excelente, o descobrir de um diamante que ninguém viu pode acontecer e resultar numa época de sucesso (vide Braga este ano), mas para se ser bi, tri ou tetra é preciso l'argent.
2º Modelo de gestão. Se é verdade que o nível de investimento "tout-court" é menor do que o dos rivais, também é verdade que a mais valia de aproveitamento da formação é maior, ao Sporting não são contabilizados as apostas em Moutinho, Veloso, Carriço, André Marques, Pereirinha, Saleiro, Adrien, Patricio, D'jálo. Para mudar o modelo de gestão eu devo acreditar em dois pontos:
a) Que o meu está errado e não é sustentável.
b) Que o dos meus adversários está correcto e é sustentável.
Eu não acredito em nenhum dos anteriores, aquilo que falta ao Sporting na minha opinião é fazer ainda melhor uso da pouca capacidade de investimento que tem (ou que quer ter), principalmente investindo mais no nosso campeonato, mesmo que seja na forma de empréstimos como fez com Pepe e João Paulo, desde que posteriormente não os desperdice.
Será que não é viável aliciar alguns dos bons jogadores que por cá andam ou andaram? Porque é que se mudou esta politica e se passou a trabalhar com "tapa-buracos" estrangeiros que necessitam sempre de adaptações e tempo? Na minha opinião a inversão de destino do Sporting passa por se envolver mais e a todos os níveis (empresarial e pessoal) com o futebol nacional.
3º A contestação revolucionaria. Se ainda mantenho a minha opinião de que só se deve trocar de treinador no final de cada época, isso tem muito que ver com aquilo que ouço todos os profissionais do futebol dizer "o treinador do Sporting tem feito um excelente trabalho" e de partilhar da tua opinião que só isso não altera nada em termos de mais-valias. Mas se sou desta opinião, também não sou surdo ao que ouço da bancada, já não se trata de uma contestação pontual a um ou outro ciclo de maus resultados, está em curso uma batalha de trincheiras em torno da figura (e não só do treinador) de Paulo Bento. O que fazer? Pelo meu lado que achei a 1ª Guerra Mundial perfeitamente bárbara, confiar no julgamento da Direcção recentemente eleita. Compreenderei a sua decisão seja ela qual for e aguardo a sua avaliação de resultados.
Concordo inteiramente com o texto. E passando pelos pontos rapidamente, estou de acordo com o LMGM em relação ao ponto 1. E na minha opinião, antes de contratar A, B ou C, deveriamos sim, contratar um gajo que percebesse de mercado, mas que percebesse mesmo, e apesar de gostar muito do Barbosa como jogador, não lhe reconheço qualquer capacidade como director desportivo. Apostar mais no mercado nacional, apesar de achar que o mercado nacional é muito enganador. Porque há muito jogadores que se destacam nas equipas pequenas, por serem pequenas, e depois quando chegam às grandes, passam ao lado. e lembro-me do wender que foi considerado o melhor extremos na liga e no ano a seguir veio para o Sporting e foi um flop, assim como João Alves e mais alguns.
ResponderEliminar2º Em relação ao modelo de gestão, acho que se não queremos passar a ser dos "que gastam mais que recebem e depois logo se vê", por muito que esteja farto de ouvir falar do nosso passivo e que nos asfixia, acabamos de aprovar mais um novo plano financeiro e espero que traga uma maior investimento no orçamento para o futebol.
3º Em relação a este ponto deixo só aqui a uma frase excelente do texto: "A penalização de um treinador, "tout court" nunca serve os interesses de um clube, apenas alivia o ego de alguns adeptos."
Saudações leoninas
Subscrevo.
ResponderEliminarInfelizmente há para aí egos muito grandes.
Norte Leonino
Caro Miguel:
ResponderEliminarConcordo plenamente: a emoção e o descernimento não se casam. Seja no futebol seja na vida em geral. Não posso terminar esta tirada de cariz filosófico sem afirmar que tão mau como as análises feitas sob a pressão do momento ou da emoção é a falta de análise, quer quando as coisas correm bem e o mundo parece perfeito quer quando vão no sentido oposto.
1- Em teoria o Sporting partirá sempre atrás enquanto essa for a sua posição na hora de investir. Por isso a orientação técnica tem a importância que tem: é mais fácil encurtar distâncias por esta via,uma vez que é, em teoria, mais "fácil" conseguir melhor treinador do que plantel equivalente. Mas mesmo em relação ao plantel é possível, tendo uma retaguarda competente, com conhecimento de excepção, atenuar as diferenças criadas pela diferença dos orçamentos. Sendo uma grande limitação não é uma fatalidade. Os campeões não são sempre os mais ricos,mesmo que o sejam mais vezes.
2- Pelo que, dito o que disse acima, o Sporting depende, antes de mais, da sua capacidade de contornar as dificuladades, isto é da eficácia e competência das suas estruturas.
3- Concordo com a tua análise relativamente à questão do treinador em termos genéricos. Por PB, pelo que tem feito, pelo tempo que tem de clube, enfim, pelo clube, o melhor timming da decisão seria sempre o final da época. No caso concreto do actual treinador do Sporting como aqui tenho afirmado, e como o teu artigo de hoje o evidencia, a sua permanência no clube tem sido contraproducente, uma vez que os problemas que afligem a equipa, ao invés de serem minorados, são maiores de jogo para jogo. Estamos a falar de um treinador que está há 4 anos no clube, com os mesmos jogadores. É admissível a equipa encontrar-se no ponto em que está? É expectável que PB consiga mudar? Sinceramente não creio. Da parte que me toca aliviar-me-à o ego ver a minha equipa jogar futebol,confesso. Mas não duvido que seria melhor que PB fosse o autor da mudança. EU não acredito e confesso que me parece que os jogadores também não.
Obrigado pela tua excelente contribuição para esta nossa reflexão.
Norte Leonino:
ResponderEliminarEu acho que há também muita falta de auto-estima, quando se julga que o actual estado não pode melhorar.
LDA,
ResponderEliminarVC sabe qual é minha opinião. Penso que não é com a saida do treinador neste momento que se resolve o problema. quanto ao resto basta que releia o que escrevi http://www.solardonorte.blogspot.com/
SL