Tradição, criatividade e génio
Hoje comemora-se o Dia Mundial da Música, tal como o desporto a música tem uma linguagem universal, é algo que é primitivo à humanidade uma forma de comunicação de massas que nos permite reconhecer sentimentos comuns entre um grupo de precursão tribal e a London Simphony Orchestra. Exige entre outras características, talento, coordenação, perseverança, inteligência, paixão, e muito trabalho.
Este facto deveria significar simplicidade de intercâmbio de experiências e culturas, contudo a realidade não o confirma, há algo mais complexo e difuso num ritmo ou numa partitura que obriga cada interprete a trabalho árduo para evoluir da simples emissão de sons para fazer música.
Para um músico ler uma partitura é um acto natural, mas retirar daquele papel rabiscado uma interpretação, arte, é exclusivo de uma minoria, normalmente este processo passa pelo saber e arte de um maestro. A evolução empresarial do futebol trouxe a miscigenação dos planteis que podia descaracterizar por completo aquela que era a tradição de cada cultura. Nos casos de maior sucesso tal não aconteceu é possível ainda reconhecer nos principais clubes europeus as características próprias do futebol de cada País ou região, o Liverpool ainda é uma equipa Inglesa, o Barcelona Espanhola, o AC Milan Italiana apesar de os interpretes serem das mais variadas proveniências.
É claro que para um grupo de artistas Ingleses será sempre complicado cantar em Crioulo, vão perder-se entoações e temperos tradicionais mas se a interpretação for honesta e a direcção do grupo fiel na transmissão de conhecimento é possível integrar estilos e o resultado final não trair a obra inicial podendo mesmo ser igualmente genial.
Hoje o Sporting joga contra o Hertha de Berlim, na teoria um confronto entre a escola Alemã e a escola Portuguesa, na prática dois conjuntos a procurar uma identidade que não descure a sua tradição e integre de forma harmoniosa as diferentes influências que compõem os dois planteis. O Sporting é hoje no panorama europeu uma equipa atípica porque mantém uma grande maioria de jogadores nacionais (65,4% de portugueses contra 33,3% de jogadores alemães no Hertha), isso dá-lhe particular responsabilidade em executar bem as tradições e vantagens da escola Portuguesa, depois com o saber de um maestro é possível dar corpo a um estilo que não deve desvirtuar o que de bom existe na sua matriz e nos transporte para um nível maior de arte e eficácia.
Logo pela noite em Alvalade há uma boa oportunidade para começar a limpar a má imagem que deixámos no ano passado no confronto com outra equipa Alemã e recuperar níveis de confiança. Contra a força e o poderio físico, pede-se ao Sporting que use e abuse da criatividade, da técnica, do génio, da coragem de ousar onde outros estagnaram.
Maestro pegue na batuta e conduza os seus artistas. Inspirem-se.
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