Ser ou Parecer?
Certo dia na faculdade, um professor de Promoção e Publicidade contou numa aula uma história interessante: Um empresário com uma indústria de pequena dimensão conduzia um carro de grande cilindrada, deixando surpreendidos todos os que o conheciam e a sua riqueza. Quando questionado em relação a tal realidade, o homem respondeu: “Sabes, posso ser uma pessoa humilde e sem grandes riquezas, mas pelo simples facto de andar a exibir esta viatura em frente dos meus parceiros de negócio, obtenho logo o rótulo de pessoa de confiança garantindo assim preços mais competitivos e melhores condições de pagamento junto dos meus fornecedores”.
Por esta altura, devem estar a questionar-se porque razão há-de estar uma história deste estilo num blogue relacionado com o Sporting…
Face às crescentes dificuldades financeiras do nosso clube, é cada vez mais evidentes as dificuldades e baixa margem negocial que a nossa equipa tem. Não conseguimos negociar os nossos dispensados nem termos forma de conseguir os reforços que – concorde-se ou não - dizem ser necessários para melhorar a equipa e poder lutar de igual para igual com os principais adversários.
Instados com o que se vê noutros lados e talvez frustrados por não conseguir fazer o mesmo, desesperamos a pensar se somos mesmo os únicos a atravessar dificuldades. Dizem os mais conhecedores que não e que apesar de uns conseguirem negociar mais jogadores e com sucessivas verbas recorde, têm também uma folha salarial e um nível de custos muito superior enquanto outros apesar de conseguirem movimentar muitas verbas e financiar-se das mais variadas formas, têm também um sem fim de buracos por onde escapa a liquidez do clube. Onde está então a diferença?
A diferença está no já conhecido “Somos diferentes”. Nós somos os honestos, os sinceros e os frontais que bradamos aos sete ventos que não temos e não podemos. Nós somos os cumpridores e cavaleiros da virtude que não enganamos ninguém e cumprimos todos os nossos compromissos e respeitamos por completo aqueles que lidam connosco. Obviamente que nada tenho contra o que se pratica mas sim contra o que se prega.
O discurso que se exterioriza vulnerabiliza o Sporting levando o clube para níveis de credibilidade diminutos pois aparentemente estamos tão mal que necessitamos de despachar qualquer jogador para equilibrar as contas, nem que seja a preço de saldo. Por outro lado, aqueles que não pretendemos manter, estão mais que desprestigiados e ninguém se atreve a dar o que quer que seja por eles.
Em linguagem popular, diria que está na moda pregar “barretes” ao Sporting. Somos aqueles que são diferentes e como tal, imbecil é aquele que não se aproveita das nossas debilidades, seja na negociação de um qualquer jogador ou na contagem da electricidade ou pagamento de um qualquer honorário…
Que se lixe a mulher de César pois às vezes mais vale parecer do que simplesmente ser…
Hugo,
ResponderEliminarComo te disse, nós e a nossa "política de verdade", temos contribuído para o enfraquecimento externo do Clube, principalmente quando toca a vender.
Ora se o eu sei que o Clube tem a corda na garganta, precisa de pão (dinheiro) para a boca (bancos) urgentemente e estou interessado no jogador X, que faço eu? Dou menos claro.
Os nossos "ilustres" dirigentes já se deveriam ter apercebido que o discurso do orçamento, além de já enjoar, tem o condão de nos deixar vulneráveis.
Eu não digo que deixemos de ser honestos, e aqui honesto não significa ser anjinho, mas que deixem de passar a ideia que não temos um tusto!
Hugo:
ResponderEliminarO problema é se não será já demasiado tarde para mudar a estratégia... Após tantos anos seguidos a apregoar dificuldades e a espalhá-las aos sete ventos, dificilmente conseguir-se-á alterar essa imagem de pobrezinhos e deseperados... Aliás, quer-me parecer que JEB não só a não alterou como, infelizmente, a tem vindo a incrementar. O que afirmava durante a campanha eleitoral era aquilo que os nossos ouvidos queriam ouvir... A diferença entre o discruso de então e a prática actual é abissal. Qd recordo que se dizia que o gajo da judite é que era demagogo...
Hugo:
ResponderEliminarPertinente a observação que fazes. Continuo a pensar que podemos ser sérios e continuar a parecer sérios, como se exige à mulher de César. Não devemos é ser anjinhos ou otários, o que é bem diferente. Se somos nós próprios a relativizar o nosso valor, como marca, só temos que colher o que andamos a semear. E aí sim, devemos fazê-lo caladinhos uma vez que só nos podemos queixar de nós próprios.
Hugo, concordo 100% com o ponto de vista. Para bom entendedor, o primeiro parágrafo bastaria.
ResponderEliminarO problema é que para quem dirige o Sporting, é mais importante criar condições de desculpabilização sobre os resultados.
Tempos houve em que uma ou outra Taça criavam refúgio suficiente... tempos houve...
SL
RDS, http://sportingseculoxxi.blogspot.com